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André Rocha

Flamengo classificado. Mas por que tanto sofrimento na Libertadores?

André Rocha

08/05/2019 23h56

Os primeiros 45 minutos em Montevidéu foram talvez os melhores do Flamengo no ano em termos de produção ofensiva. Por méritos na construção das jogadas, mas não na finalização. Com jogadores posicionados nas funções onde rendem mais na frente: Everton Ribeiro pela direita, De Arrascaeta centralizado, Bruno Henrique à esquerda e Gabriel Barbosa no centro do ataque. Com a mobilidade natural, até para descoordenar a marcação.

Peñarol que deixou espaços demais entre os setores e defendeu sem a mínima intensidade. Nem lembrou um gigante uruguaio e sul-americano jogando a vida no torneio continental. Só pressionou depois da expulsão de Pará na segunda etapa, mas apenas despejando bolas na área sem organização e criatividade. Difícil entender como o Flamengo foi derrotado no Maracanã por esta equipe que cai na fase de grupos pela nona vez consecutiva.

Pensando melhor, o histórico na Libertadores pode explicar o sofrimento. O time rubro-negro pena porque ainda precisa aprender a dar atenção a alguns detalhes que fazem diferença na Libertadores. Como o capricho nas conclusões em jogos grandes, mais ainda fora de casa. Entre as oito chances desperdiçadas, a de Gabriel Barbosa no primeiro tempo em bela jogada coletiva em rápida transição ofensiva e a de Vitinho, que entrou na vaga de Arrascaeta, no final à frente do goleiro são inadmissíveis.

O Flamengo poderia ter saído do Uruguai com uma goleada, terminou como líder, mas esteve a um gol de ser eliminado, já que a LDU cumpriu a obrigação goleando o San José por 4 a 0. Não repetiu a tragédia de 2017 mais por deméritos do adversário que pelas próprias virtudes. "Arame liso" na frente, tenso atrás, apesar das boas atuações de César, Renê e Cuéllar.

Difícil criar maiores expectativas para o mata-mata, mesmo com a nítida evolução coletiva. Se o sorteio colocar um adversário forte no caminho, a trajetória pode acabar de novo nas oitavas. A menos que exista um curso intensivo para jogar Libertadores. Mesmo sendo um dos campeões, o Flamengo precisa para ontem.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.