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André Rocha

Flamengo de Abel cresce com espaços e Corinthians foi generoso em Itaquera

André Rocha

16/05/2019 01h43

O Flamengo de Abel Braga enfrentou Peñarol pela Libertadores e Corinthians na Copa do Brasil dentro de contextos favoráveis, mesmo fora de casa: o empate bastava em Montevidéu e não seria um mau resultado em Itaquera com o fim do gol "qualificado" como visitante no mata-mata nacional.

Porque o time rubro-negro depende dos espaços cedidos pelo adversário para acelerar e fazer a bola chegar aos seus talentos na frente. Com possibilidades ainda maiores de sucesso quando Abel simplifica o posicionamento inicial de seu quarteto ofensivo: Everton Ribeiro como o ponta articulador pela direita, Bruno Henrique do lado oposto, mas com liberdade para circular e infiltrar. De Arrascaeta circulando do meio para a esquerda e Gabriel Barbosa na frente para atacar a última linha da defesa do oponente.

Por necessidade, o Corinthians cedeu as brechas. Com generosidade surpreendente para a identidade de solidez defensiva do tricampeão paulista. Inicialmente com Love mais próximo de Boselli, quase num 4-4-2 que tinha Mateus Vital e Clayson abertos e Ralf e Sornoza por dentro. Não funcionou pelo vazio no meio-campo e fez Fabio Carille retornar a um 4-2-3-1 mais nítido com Pedrinho pela direita, Jadson como meia central e Love avançado na referência. Sempre tentando adiantar e pressionar a marcação para dificultar a saída de bola "limpa" do Fla.

Mas enfrentando Rodrigo Caio e Cuéllar em outra noite de excelência, com e sem a bola, ficou bem mais difícil. O Flamengo superava a pressão inicial, trabalhava a bola e chegava rapidamente ao ataque. Terminou com 57% de posse, chegou a ter mais de 60%. Cresceu ainda mais quando Diego, descansado e com espaços pelo avanço gradativo do Corinthians, entrou e produziu mais que Arrascaeta. Belo passe do camisa dez para finalização de Bruno Henrique. depois um toque simples para o mesmo atacante colocar a bola na cabeça de Willian Arão. Gol único do clássico nacional em São Paulo.

A mais bem sucedida entre as quatro conclusões no alvo, em um total de dez, do time visitante que ainda precisa ser mais contundente. Contra o Peñarol foi ainda mais alarmante. Porque os espaços cedidos foram generosos. Quando é preciso criá-los a dificuldade fica ainda maior. Só que o Corinthians precisará ser ofensivo no Maracanã para reverter a desvantagem.  Considerando as sete conclusões, só duas na direção da meta de Diego Alves, a necessidade de progressos na produção ofensiva é urgente.

Já o time de Abel mostra evolução e o segundo jogo seguido sem sofrer gols com os titulares é ótima notícia. Sinal de que a proposta de jogo está menos aleatória e dependente apenas da qualidade individual. Com espaços tudo fica ainda mais claro para o Flamengo.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.