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André Rocha

Valencia campeão no centenário. Barcelona em clima de fim de festa

André Rocha

25/05/2019 18h19

O Barcelona tinha a bola no primeiro tempo da final da Copa do Rei no Benito Villamarín. Rodando, tocando, mas sem infiltração. Porque com as ausências de Dembelé e Luís Suárez, lesionados, o ataque perdeu presença de área e profundidade com Messi como "falso nove" e Sergi Roberto e Philippe Coutinho nas pontas.

O Valencia fazia o simples para a ocasião: compactava duas linhas de quatro, recuava Rodrigo Moreno no cerco a Busquets e estreitava a marcação. Jogadores muito concentrados sem a bola e atento às oportunidades para acelerar os contragolpes pelos flancos: à esquerda, Gayá recebeu passe longo de Gabriel Paulista e serviu Gameiro em um golaço. Depois Soler às costas de Jordi Alba servindo Rodrigo. 2 a 0 com menos de 30% de posse de bola.

Messi lutava sozinho porque Arthur e Rakitic não contribuíam por dentro e o time não encontrava o melhor espaço para acionar o gênio argentino. Melhorou com Vidal na vaga de Arthur, que vai precisar de um trabalho de resgate técnico e de confiança na seleção brasileira com Tite. E Malcom na vaga de Semedo, com Sergi Roberto recuando para a lateral.

Com o passar do tempo, a solução do "modo emergência" do Barça desde o lendário confronto com a Internazionale em 2010: Piqué abandona a zaga e vira centroavante. Apenas reforçando a carência tática e também de melhores opções que Kevin-Prince Boateng no ataque. Acabou diminuindo a desvantagem em finalização de Piqué defendida pelo goleiro e Messi conferindo no rebote. Gols do camisa dez em seis finais do torneio, mais um recorde na carreira. Mas não deu o penta ao Barça.

O clima é de fim de festa. O elenco deve ser reformulado e, de fato, é preciso. Mas Valverde precisa repensar algumas ideias e não depender tanto de Messi. Nem sacrificar Alba correndo de uma linha de fundo à outra durante toda a temporada. O time precisa de mais intensidade e vigor físico. Também força mental para jogos decisivos.

Para o Valencia, uma festa espetacular. Conquista improvável no ano do centenário, primeiro título da carreira e primeira vitória sobre o Barça do treinador Marcelino Toral. Todo simbolismo com o ídolo Parejo levantando a taça. Apesar dos problemas do time catalão, o feito é histórico.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.