Corinthians cresce com ataque leve, mas seleções podem prejudicar evolução
Não se esperava tantas oscilações do Corinthians ao longo da temporada com a volta de Fabio Carille ao comando técnico. É claro que o rendimento nos primeiros sete meses de 2017 foi muito fora da curva, com título paulista e uma campanha quase perfeita no turno do Brasileiro. Mas o treinador conhece bem a identidade, o modelo de jogo da equipe e a chance de construir uma rápida estabilidade era considerável.
Sim, o tricampeonato paulista foi um momento importante de afirmação, mas sem inspirar tanta confiança. Na Copa do Brasil, um primeiro tempo contra o Flamengo de muita desorganização e falta de coordenação entre os setores com a tentativa de uma espécie de 4-4-2 com Vagner Love mais perto de Boselli e Ralf abandonando a proteção da defesa para alternar com Sornoza no apoio como meio-campista centralizado.
O retorno ao 4-1-4-1 com a volta de Júnior Urso e Love sendo adiantado como a referência voltou a agrupar as peças, compactar as linhas e até tornar o jogo mais fluido. Nada excepcional, mas um nítido crescimento. Tímido nos 2 a 0 sobre os reservas do Athletico em Curitiba, mais claro na vitória pelo mesmo placar sobre o Deportivo Lara pela Copa Sul-Americana e comprovado na vitória sobre o São Paulo na Arena em Itaquera.
Facilitada pelo gol de Pedrinho logo aos seis minutos. Jogada pela direita, com Fagner buscando Love no pivô e sobrando para o ponteiro finalizar e contando com o desvio em Arboleda. O jovem canhoto atacando com o pé "trocado", o mesmo pela esquerda com o destro Clayson. Mais o suporte por dentro de Júnior Urso e Sornoza, tornando a equipe mais associativa, buscando as tabelas e triangulações. Como nos melhores momentos do Corinthians nos últimos anos, seja com Mano Menezes, Tite ou Carille.
Mesmo com apenas 45% de posse e novamente recuando demais e cedendo espaços a um São Paulo que roda a bola, mas sofre para criar espaços para a finalização mais "limpa". Foram nove, só uma no alvo. Contra 12 corintianas, cinco na direção da meta de Tiago Volpi. Com Gustavo substituindo Love na segunda etapa, mas nos 90 minutos contando sempre com jogadores pisando a área do oponente. Na falta de uma referência com boa estatura, o time de Carille conta com Urso e Danilo Avelar frequentemente se apresentando para o jogo aéreo ofensivo.
Evolução em campo, elevador subindo na tabela. Terceira colocação, a cinco pontos do líder Palmeiras. Mas um problema a partir de agora: jogadores servindo seleções. Perde Pedrinho e Mateus Vital para a olímpica que vai a Toulon já nesta segunda-feira e Cássio e Fagner a partir do dia 5 de junho na principal, ficando de fora dos jogos contra Cruzeiro e Santos e também do importante período de treinamentos durante a Copa América.
O prejuízo poderia ter sido ainda maior caso Sornoza fosse incluído na lista final do Equador. O meia não é brilhante, mas com ele o time sempre equilibra melhor as características no meio-campo: o camisa sete mais passador, Urso entregando intensidade e força física e Ralf com posicionamento preciso entre as duas linhas de quatro. E ainda pode contar com a experiência e o toque diferente de Jadson, poupado no clássico por desgaste.
Mais uma vitória em casa no "Majestoso" – agora são nove triunfos e três empates na história do clássico no estádio alvinegro – aumenta a confiança e reforça a marca importante de time que costuma crescer em jogos grandes. Com ataque mais leve e um pouco mais de imposição técnica sem abrir mão de jogar ao conquistar a vantagem no placar, o Corinthians pode ser forte e brigar por outros títulos em 2019.
Inclusive a Copa do Brasil, mesmo com a missão de correr atrás da vitória no Maracanã sobre o Flamengo irregular de Abel Braga. Difícil, até improvável. Mas como duvidar do time de Carille em momentos decisivos?
(Estatísticas: Footstats)
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