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André Rocha

Cruzeiro sobrevive nos pênaltis, mas Flu tem muito do que se orgulhar

André Rocha

05/06/2019 22h15

O Cruzeiro de Mano Menezes é bicampeão da Copa do Brasil e sempre mais forte no mata-mata que nos pontos corridos. Tanto que muitas vezes consegue avançar mesmo quando é dominado pelo adversário no confronto. Está nas quartas de final e é candidato natural ao tri.

Mas foi inferior ao Fluminense nos 180 minutos das oitavas, sem contar os 4 a 1 impostos pelo tricolor no Brasileiro. O time de Fernando Diniz dominou completamente no Maracanã e teve muita personalidade no Mineirão. Mesmo sem Matheus Ferraz e Yony González, lesionados, e Pedro e Marcos Paulo, à serviço de suas seleções.

Sempre buscando a saída com bola no chão com Allan entre os zagueiros, mesmo correndo riscos, e recuando linhas, mas sem abdicar do jogo, depois que abriu o placar com Paulo Henrique Ganso cobrando pênalti – o VAR auxiliou na confirmação da falta de Dedé sobre Brenner e na repetição por invasão da área por tricolores.

Mantendo o padrão do posicionamento ofensivo com Gilberto pela direita e um ponteiro, no caso Brenner, gerando amplitude. Luciano trabalhando por dentro com os meio-campistas e Caio Henrique, mais João Pedro circulando em busca de espaços na última linha defensiva do oponente.

O Cruzeiro não mostrou grande evolução coletiva. Ganhou mobilidade e perdeu experiência e faro de gol com a saída de Fred, lesionado, para a entrada de Sassá, que perdeu pênalti no segundo tempo. Mas dependeu basicamente das individualidades, especialmente de Thiago Neves. Heroi da virada com dois gols, um de pênalti também confirmado com o uso do VAR.

Com o placar favorável, o recuo excessivo habitual do time mineiro. Apesar das 12 finalizações, sete no alvo. Bem melhor que a vergonha de uma única conclusão, a do gol de Pedro Rocha, no Rio de Janeiro. Fernando Diniz foi corajoso ao tirar os zagueiros Nino e Frazan e colocar Mascarenhas e o garoto Miguel Silveira, de 16 anos. Mais Ewandro no lugar de Brenner. Quando conseguiu o empate de novo com João Pedro no final, Caio Henrique era o jogador mais recuado, na intermediária cruzeirense.

A juventude cobrou caro na decisão por pênaltis, inclusive do fenômeno João Pedro, que parou em Fábio. O Cruzeiro nem foi tão competente assim nas cobranças, mas venceu por 3 a 1 e está classificado. Sobreviveu. No pragmatismo de Mano a missão foi cumprida, mas é preciso evoluir, principalmente pensando em Libertadores contra o campeão River Plate.

Ao Fluminense restam o Brasileiro e a Sul-Americana, mas há muito do que se orgulhar no duelo com o maior campeão da Copa do Brasil.

(Estatísticas: Footstats)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.