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André Rocha

O melhor Brasil possível sem Neymar "cai no colo" de Tite para Copa América

André Rocha

10/06/2019 06h42

Foto: Pedro Tesch/AGIF

Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís; Casemiro; Richarlison, Arthur, Philippe Coutinho e David Neres; Roberto Firmino.

Deve ser a formação inicial da seleção brasileira na estreia da Copa América contra a Bolívia na sexta-feira. É também a melhor possível dentro do grupo que Tite convocou, sem juízo de valor sobre a lista de escolhidos pelo treinador.

Porque combina melhor as características dos jogadores em todas as etapas do jogo. Na saída de bola qualificando o passe com Daniel Alves e Filipe Luís, laterais construtores e mais veteranos, uma dupla de zaga entrosada e ainda Arthur se apresentando como opção, passando curto e fazendo a bola circular com rapidez.

Na etapa da criação há o movimento de Roberto Firmino por dentro recuando às costas dos volantes procurando as combinações com Coutinho, revivendo a dupla no Liverpool, e abrindo espaços para as infiltrações em diagonal dos pontas rápidos e intensos: Richarlison partindo da direita e David Neres, o substituto de Neymar, do lado oposto.

O jovem ponteiro está habituado a atuar no Ajax com Tadic, um "falso nove" com movimentos parecidos com os de Firmino. Ainda supre outra necessidade da equipe: canhoto, dribla e acelera buscando também a linha de fundo. Algo que faltava com Neymar cortando para dentro e sem um lateral rápido e intenso para fazer a ultrapassagem. O jogo fica mais coletivo e menos centralizado no talento, mas também no individualismo, do camisa dez cortado por lesão no tornozelo direito.

Os 7 a 0 sobre Honduras que teve um jogador expulso ainda no primeiro tempo não são parâmetro para uma avaliação real sobre as possibilidades do Brasil na Copa América. O Beira-Rio vazio para os padrões da seleção brasileira viu um treino de intensidade média, mas que serviu para alguns exercícios interessantes, como a pressão no campo de ataque que gerou alguns desarmes. O perde-pressiona na transição defensiva parece ajustado.

A recomposição no 4-1-4-1, com Casemiro entre as linhas de quatro protegendo a retaguarda, ainda precisa ser testada de fato, principalmente a sempre complicada participação de Coutinho sem bola. A estreia contra a Bolívia no Morumbi não deve oferecer maiores resistências. Mas a vitória será importante para aumentar a confiança, tirar as questões de Neymar definitivamente da pauta e reforçar o foco na competição. Importante para quem precisa do título ou de uma boa campanha para ter paz até a Copa do Mundo de 2022.

Tite tinha poucas certezas quando divulgou os 23 convocados no dia 17 de maio. Agora, por força das circunstâncias, um time forte praticamente "cai no colo" do técnico junto com boas opções como Allan, Gabriel Jesus e Everton. Com mais sorte que juízo, a seleção segue como a grande favorita à conquista da Copa América que não vem desde 2007.

O 4-1-4-1 de Tite com a formação que deve estar em campo na estreia da Copa América: laterais construtores, Casemiro na proteção da defesa, Arthur fazendo a bola circular, Coutinho procurando Firmino por dentro e pontas abrindo o campo, mas também infiltrando em diagonal (Tactical Pad).

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.