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André Rocha

Vasco sai do Z-4, agora tem que fugir do "ciclo Luxemburgo"

André Rocha

13/06/2019 23h54

Em um universo de aproveitamento de menos de 30% dos 27 pontos disputados antes da parada para a Copa América, duas vitórias mudam o cenário significativamente. O Vasco venceu Internacional e Ceará com apoio da torcida em São Januário e termina a nona rodada do Brasileiro na 15ª colocação, com o "plus" de deixar o Fluminense entre o time e o Z-4 na tabela.

É claro que não foi apenas o mando de campo que fez a diferença. Vanderlei Luxemburgo simplificou processos, aproveitou semanas cheias de trabalho e organizou uma equipe mais competitiva e com setores mais próximos. Segura atrás com Ricardo Graça absoluto na zaga, consistente no meio-campo e acertando mais os passes com Raul, Andrey e Marcos Júnior. Rapidez e intensidade nas pontas com Rossi e Marrony e mobilidade na frente com Tiago Reis.

Nada excepcional na execução do 4-3-3/4-1-4-1, mas funcional. Amenizou em campo os efeitos da turbulência política que não cessa. Transfere confiança para o período de treinamentos e mostra que a aposta no rejuvenescimento da equipe foi acertada neste primeiro momento.

Mas há um perigo nesta pausa: o "ciclo Luxemburgo". Uma sequência de eventos que tem se repetido e minado os últimos trabalhos do treinador veterano. Embora com algum atraso, o impacto do "fato novo" e do carisma de um dos grandes técnicos da história do futebol brasileiro mudou para melhor o ambiente e os resultados.

Se a competição seguisse talvez seria a continuação do bom momento, em desempenho e resultados. Sem jogos é possível que a segunda etapa do processo já se inicie: Luxa chamando os louros da boa fase para si e aparecendo em programas de TV com a arrogância de sempre. Também jogando a meta do time muito acima das reais possibilidades. Eventualmente se sentindo confortável para voltar a se dedicar a outras atividades além do futebol.

E aí vem a queda. Porque falta conteúdo para variar quando o time é mais estudado pelos adversários. Depois o técnico perde a paciência e começa a transferir responsabilidades pelos resultados negativos, além de descer muito a meta para torná-la possível. Nenhum jogador vai correr por ele neste contexto e vem a demissão.

A missão do Vasco é fugir dessa sina recente de Luxemburgo. Monitorando o comportamento e trazendo o treinador para a realidade cruzmaltina. Ou torcer para que ele mesmo tenha aprendido com seus erros e queira fazer diferente. Ao menos é o que o próprio tem dito em entrevistas recentes. Será melhor para todas as partes. Mas convém duvidar para não errarem de novo. Vasco e Luxa.

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.