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André Rocha

O pecado mortal de Rueda: não se poupa contra o Uruguai de Cavani e Suárez

André Rocha

24/06/2019 22h02

Por mais que o desgaste físico fale alto a esta altura do ano para quem atua na Europa, foi difícil entender a estratégia de Reinaldo Rueda poupando quatro chilenos para o grande jogo do grupo. Mesmo com a chance razoável de terminar em segundo lugar, encarar a forte Colômbia na sexta e ter um dia a menos de descanso.

Já o Uruguai tropeçava no problema grande que a ausência por lesão de Laxalt criou. Sem o lateral esquerdo forte no apoio, a Celeste perdeu profundidade, já que nem Giovanni González, nem o lateral-base Cáceres que inverteu o lado chegam ao fundo. Nem Nández, que começou no banco para De Arrascaeta começar jogando no Maracanã. O meia do Flamengo e Lodeiro afunilavam as ações de ataque numa espécie de 4-2-2-2 "à brasileira" e restava à equipe de Óscar Tabárez insistir novamente no jogo direto para Suárez e Cavani.

A Roja se defendia com cinco na última linha e, sem o auxílio de Arturo Vidal, Aránguiz tentava acionar Vargas e Aléxis Sánchez na frente. Ainda assim se aproveitou das dificuldades do rival na circulação da bola para dominar a posse e controlar o primeiro tempo. Foram seis finalizações, duas no alvo. Contra três uruguaias, nenhuma na direção da meta do goleiro Arias.

Com o passar do tempo na segunda etapa, o Uruguai foi adiantando linhas e colocando intensidade na frente para se impor no volume de jogo. O Chile parecia satisfeito por conter a dupla de ataque adversária. Tabárez trocou Lodeiro por Nández, invertendo o lado de Arrascaeta, que saiu depois para a entrada de Jonathan Rodríguez, que passou a formar um trio na frente.

Simbólico no gol da vitória: Suárez achou Rodríguez, que da esquerda colocou na cabeça de Cavani. Movimento perfeito de um atacante fantástico. Enorme trunfo que o Uruguai sabe usar no momento certo, mesmo quando o desempenho fica devendo. Com 48% de posse e oito finalizações no final, duas a menos que o Chile.

Mas vai encarar o Peru nas quartas, enquanto o atual bicampeão mede forças com a única que fechou a fase de grupos com três vitórias. Os chilenos aprenderam da pior maneira que contra Cavani e Suárez não se pode entregar menos que 100%. Pecado mortal.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.