O que deu errado na intertemporada do Corinthians
As ausências de Cássio e Fagner, a serviço da seleção brasileira na Copa América, pesariam em qualquer clube brasileiro. Ainda mais naquele em que construíram uma história mais que vencedora nos últimos anos. Ao longo do processo a lista ainda ganhou os nomes de Jadson, Gustavo, Ramiro e Everaldo. Mas o baixo desempenho do Corinthians na intertemporada vai bem além dos desfalques importantes.
Fabio Carille segue em seu dilema: como melhorar a produção do ataque sem abalar a solidez defensiva? A equação que teve a melhor resposta recente no primeiro tempo da derrota para o Flamengo no Maracanã pela Copa do Brasil não é simples. O tricampeão paulista está acostumado a aproveitar os espaços cedidos pelo adversário para acelerar.
A construção das jogadas desde a defesa costuma ser complicada. A saída de bola é sustentada e progressiva – ou seja, aposta mais na segurança ao não projetar os jogadores no campo adversário, nem acelerar a circulação da bola para chegar mais rapidamente à frente. Muitas vezes fica rodando entre os zagueiros e volante mais plantado, normalmente Ralf, e facilita a marcação adversária. É preciso ser mais agressivo e criativo.
A ideia de centralizar Clayson e abrir vaga pela esquerda para Everaldo, dentro de um desenho mais próximo de um 4-2-3-1, pode ser interessante porque dá profundidade às ações ofensivas, mas torna o time ainda mais dependente da velocidade. Diante de um oponente mais fechado o problema se mantém, ou até agrava. O que deveria ser rapidez se transforma em pressa, o passe sai errado e o contragolpe pega a retaguarda desarrumada.
Carille só tem uma boa notícia: Régis se mostrou uma opção interessante, pela direita ou por dentro. Não só pelos gols na vitória sobre o Vila Nova por 2 a 1 e no revés diante do Londrina, mas por conta da evolução desde o primeiro amistoso – outra derrota, para o Botafogo-SP por 2 a 1. O meia canhoto de 26 anos, emprestado pelo Bahia, pode ser um ponta articulador ou um meia de chegada à frente. Encorpa o elenco no setor mais necessário: de criação.
O retorno de Gil também é importante pela experiência e a identificação com clube e ideia de jogo. Um zagueiro com qualidade técnica e cultura de vitória pode ser fundamental nesta transição na maneira de atuar. Sem contar o entrosamento e a sintonia com Cássio e Fagner.
É claro que os resultados e o futebol abaixo das expectativas não devem ser tratados como terra arrasada. Valeu ao menos para fazer testes e observações. Notar o que não deve se repetir. Com time completo é possível ser bem mais competitivo e o calendário sem Copa do Brasil entregará algumas semanas cheias a Carille para trabalhar. No nosso futebol resultadista, o período sem metas a curto prazo pode inconscientemente desmobilizar atletas e comissão.
Mas o fato é que essa nova fase de preparação não teve os efeitos desejados e reforçou uma imagem que já era preocupante: a do Corinthians travado quando precisa atacar. Continua insosso, um tanto morno. No nosso jogo intenso e emocional, a desvantagem é ainda maior. Um sinal de alerta já para a volta do Brasileiro no domingo, em casa contra o CSA. Carille ainda tem mais uma semana para achar algum coelho em sua cartola.
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