A noite infeliz de Jorge Jesus em Guayaquil
Talvez a emoção pelo aniversário e a estreia na Libertadores tenham mexido com a cabeça de Jorge Jesus. É claro que o início de trabalho e desfalques importantes como Everton Ribeiro e De Arrascaeta são atenuantes que devem ser consideradas.
Mas que noite infeliz do treinador português em Guayaquil. Primeiro inventou Rafinha pela direita na linha de meias do 4-1-3-2 e posicionou Rodinei na lateral direita, mesmo já ciente dos claros problemas defensivos do camisa dois. Um dos que falharam no primeiro gol do Emelec. Renê permitiu a passagem de Cabezas às suas costas. Inversão de bola para Guerrero, marcação à distância de Rodinei e cruzamento para Godoy entre Leo Duarte e Rafinha mal posicionados.
As atuações de Rafinha, que há três anos não atuava no meio-campo, e Willian Arão, de novo escalado como único volante, foram catastróficas nos primeiros 45 minutos. Diego foi novamente o responsável pela organização das jogadas e por bolas paradas, mas com índice baixo de acertos. Camisa dez que poderia ter perdido espaço depois da cobrança ridícula de pênalti na decisão contra o Athletico pela Copa do Brasil, mas foi salvo pelas lesões de Everton Ribeiro e Arrascaeta.
Só Gabriel Barbosa se destacava, com garra e finalizações. O time equatoriano nem era tão compacto na execução do 4-1-4-1 do treinador Ismael Recalvo, que também assumiu o comando técnico recentemente. Mas controlou bem o jogo até a expulsão do zagueiro Vega no início da segunda etapa.
E aí Jorge Jesus pecou novamente. Na ansiedade de empurrar o time para frente, trocou Cuéllar e Lucas Silva por Arão e Gerson. Já havia substituído Rodinei por Lincoln assim que ficou com um homem a mais. Ou seja, queimou as três trocas. Com a séria lesão de Diego no tornozelo, o Fla perdeu a vantagem numérica.
Pagou caro com o gol de Caicedo, em falha de Léo Duarte e de novo no setor de Renê, que tocou na bola antes de entrar na meta de Diego Alves. O lateral esquerdo foi o "mapa da mina" do Emelec, que com os 2 a 0 abre enorme vantagem. Contra um Flamengo que provavelmente não contará com seus três meias criativos. Mais uma vez o Flamengo sofrendo na Libertadores e pagando por seus próprios erros.
É preciso olhar com carinho para o planejamento do clube na temporada. Mesmo compreendendo que para contratar jogadores que atuam na Europa as melhores oportunidades são na janela de verão, a principal, o contexto é complexo. Rafinha disputou sua terceira partida. Gerson a segunda. Filipe Luís pode nem jogar no torneio continental. Sem contar o treinador estrangeiro que precisaria de um "intensivão" de Flamengo e futebol brasileiro, mas já disputa partidas decisivas.
Jorge Jesus errou. Feio. E o time pode pagar com nova eliminação no torneio sul-americano, a prioridade na temporada. Os personagens mudam, mas o roteiro segue dramático.
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