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André Rocha

O Cruzeiro vai atacar o River Plate no Mineirão?

André Rocha

24/07/2019 08h22

Em 2015, o grande pecado do Cruzeiro na eliminação para o River Plate nas quartas de final foi menosprezar o time argentino depois de vencer por 1 a 0 em Buenos Aires. Os 3 a 0 impostos pelos argentinos foram inapeláveis em Belo Horizonte e simbolicamente encerraram a Era Marcelo Oliveira no clube depois de um bicampeonato brasileiro.

Agora o time mineiro pode até ser eliminado novamente, desta vez nas oitavas. Mas não será por desrespeito. Até porque desde então a equipe comandada por Marcelo Gallardo, que naquela época havia vencido "apenas" a Sul-Americana, faturou a Libertadores daquele ano e na última edição superando o grande rival Boca Juniors na final do Santiago Bernabéu.

Mas principalmente porque Mano Menezes respeita, até demais, qualquer adversário. Esta é a maior virtude e também o grande defeito do time celeste.

Se retrancar no Monumental de Nuñez contra um gigante sul-americano é mais que compreensível. Até pelo momento de instabilidade, com apenas uma vitória nos últimos quinze jogos e a um ponto da zona de rebaixamento no Brasileiro. E a atuação não foi ruim, inclusive com chances de sair com vitória, assim como há quatro anos.

As mesmas linhas de quatro compactas e Thiago Neves e Pedro Rocha mais adiantados para tentar acelerar os contragolpes. Mas foi Marquinhos Gabriel quem colocou a bola nas redes de Armani, no gol bem anulado pela arbitragem, com auxílio do VAR, por impedimento milimétrico. A única finalização no alvo do time visitante, obviamente não contabilizada, em apenas cinco tentativas. Contra 20 dos donos da casa, seis no alvo.

O domínio do River foi maior no primeiro tempo, com os laterais Montiel e Angileri abrindo o campo e os meias De La Cruz e Ignacio Fernández encontrando espaços às costas de Henrique e Lucas Romero. Sem contar os muitos problemas de Egídio na marcação pela esquerda. A posse dos "millonarios" sempre rondou os 60% ao longo da partida. Faltava a infiltração para criar a oportunidade cristalina. E quando chegou perto Dedé foi absoluto cortando todas.

A grande chance, porém, veio no último lance, em pênalti tolo de Henrique sobre Lucas Pratto, que entrou na vaga de Julián Álvarez. Mas Matías Suárez isolou a chance de abrir vantagem no confronto. Ainda assim, levar o empate sem gols para a volta em uma disputa com gol "qualificado" não é ruim.

Eis a questão: o Cruzeiro vai partir para o ataque no Mineirão? Mesmo com estádio lotado e torcida vibrante, Mano Menezes é pragmático o suficiente para repetir a estratégia em casa. Como já fez em outras disputas eliminatórias e inclusive na final da Copa do Brasil de 2017 contra o Flamengo. O treinador sabe que se sair atrás no placar as chances de reverter o quadro diminuem drasticamente.

Este blogueiro não costuma apostar, mas se tivesse que colocar suas fichas em um prognóstico para esse duelo de gigantes na Libertadores seria em outro empate sem gols e disputa de pênaltis. Para a torcida cruzeirense ver novamente seu time no fio da navalha.

Com Mano Menezes este cenário já virou hábito. No mata-mata nacional tem dado certo. Como será na semana que vem?

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.