A eliminação do Cruzeiro e o que sobra do pragmatismo
Assim como em 2015, o Mineirão lotado viu o Cruzeiro ser eliminado pelo River Plate na Libertadores. Time argentino campeão naquele ano e também em 2018. Igualmente favorito para esta edição. Por isso a derrota nos pênaltis depois de dois empates sem gols não é nenhuma tragédia ou um revés que provoque vergonha à equipe brasileira, como os 3 a 0 impostos pelos "milionários" há quatro anos.
Mas será que jogadores, dirigentes, torcedores e até o treinador Mano Menezes, apesar das declarações na coletiva pós-jogo de que o time fez o possível, saíram com a sensação de que nada mais poderia ser feito para conseguir a vitória nos 90 minutos?
Proteger-se no Monumental de Nuñez é mais que compreensível, até recomendável. E a equipe de Marcelo Gallardo, com tempo de trabalho e cultura de vitória, empurra mesmo o oponente para o campo de defesa. Com laterais dando amplitude, muito volume e forte jogo entrelinhas. O time celeste até poderia ter um contragolpe melhor planejado e ao menos finalizado na direção da meta de Armani em noventa minutos. Mas não foi nenhum absurdo.
Incomodou mesmo foi a mudança de Mano na formação inicial: Ariel Cabral ao lado de Henrique no centro do meio-campo e Lucas Romero ocupando o lado direito. Para fechar o meio liberando o corredor para o lateral Orejuela. Robinho começou no banco de reservas. Também um "ponta-volante", porém mais criativo.
Em jogos grandes e eliminatórios a questão mental é importante. Também as sinalizações do treinador para o adversário. Ficou bem claro que o Cruzeiro não utilizaria com intensidade uma arma já usada pela equipe e tão aproveitada mundo afora: a pressão em casa buscando o gol logo no início para aproveitar a torcida quente e tentar desestabilizar o outro lado.
O Cruzeiro até teve sua melhor chance, com Pedro Rocha. Mas em 45 minutos foram apenas três conclusões, duas no alvo. Contra sete dos argentinos, três na direção da meta de Fábio. A impressão de tempo perdido aumentou na segunda etapa, com Robinho, Fred e David em campo. Subiu a posse de bola, que terminou em 42% e finalizou seis vezes, o dobro da primeira etapa.
Em 180 minutos apenas um quarto de superioridade. Não dá para dizer que sair novamente do torneio continental, prioridade na temporada, foi injusto. E o que fica depois do pragmatismo?
Muito pouco. O Cruzeiro não entregou a classificação, nem divertiu seu torcedor ou o espectador da partida. Mais uma participação esquecível, sem brilho. Indigna de nota e não condizente com a tradição de um clube que já alcançou dois títulos na história do principal torneio do continente.
Mano tentou valorizar a campanha na fase de grupos. De fato muito boa, com cinco vitórias e uma derrota. Sabemos, porém, que o mata-mata é outro campeonato. E o River é vencedor porque sempre quer mais. Como time grande sabe que precisa agir mais do que ser reativo. Arrisca e vem se dando bem.
O Cruzeiro se despede sem vexame, mas também sem algo bom para guardar na memória. Porque quando o resultado é o único foco e não vem, o que resta é quase nada. Ou só uma Copa do Brasil, de novo.
(Estatisticas: Footstats)
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