O Internacional maduro e a virtude que virou problema no Cruzeiro
A organização defensiva foi a grande marca, a identidade do Cruzeiro bicampeão da Copa do Brasil comandado por Mano Menezes. A escolha do treinador quase sempre foi mover pouco as peças com a bola para não se descoordenar na transição defensiva. O 4-2-3-1 que se transforma em duas linhas de quatro na recomposição. Cada um no seu lugar.
Funcionava no contragolpe, na bola parada e em um ou outro lampejo. Mas no Mineirão, em meio a uma crise grave dentro e fora de campo, a falta de mobilidade tornou o time mais que previsível. Com Thiago Neves afundando no ataque com Sassá e Robinho sem procurar os espaços às costas dos meio-campistas do oponente.
Restavam as inversões para Pedro Rocha à esquerda, mas bem controlado por Bruno, um dos melhores em campo. De um Internacional inteligente na condução do jogo. Mesmo sem uma referência de velocidade na frente e Sóbis tentando emular a função do suspenso D'Alessandro pelo lado do campo: reter a bola e acrescentar pausas, ficando com a bola.
Edenilson e Patrick mais uma vez foram os motores do 4-1-4-1 de Odair Hellmann. Dando suporte a Rodrigo Lindoso e também se aproximando de Paolo Guerrero, já que Nico López novamente não teve uma noite inspirada. Deu lugar a Wellington Silva, que foi muito mais um auxiliar de Bruno pela direita.
Porque o Inter foi às redes na bola parada. Linda cobrança de falta de Guerrero, defesa espetacular de Fábio e a onipresença de Edenilson no rebote. Depois foi administrar, sofrendo naturalmente com o abafa descoordenado do time mandante, com Fred, Marquinhos Gabriel e Maurício na frente se juntando a Thiago Neves que, no desespero, tentava de qualquer maneira. Apenas uma finalização no alvo em onze. De nada valeram os 58% de posse.
Não podia dar certo. E será ainda mais complicado na volta em Porto Alegre. Agosto só não tem cara de dezembro para o Cruzeiro porque a volta será apenas em setembro. Talvez sem Mano Menezes, com situação quase insustentável no clube mineiro [Atualização: o treinador pediu demissão e encerrou um ciclo de três anos no clube]. Uma vitória em 18 partidas oficiais, oito partidas sem ir às redes. E o pior: sem perspectivas de melhora no desempenho. Porque a virtude virou defeito.
Melhor para o Colorado, que vai ganhando maturidade como visitante em momento importante da temporada. Só uma reviravolta improvável tira a vaga da final na Copa do Brasil. Nas quartas da Libertadores e lutando por G-6 no Brasileiro. Tem que respeitar o trabalho de Odair Hellmann.
(Estatísticas: Footstats)
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