O Manchester United é capaz de furar a bolha de Liverpool e City?
O grande destaque da primeira rodada da Premier League 2019/20 foi a melhor utilização do VAR até aqui nos grandes centros: rápida e transparente, errou ou não em lances objetivos. É claro que haverá equívocos pelo caminho, mas em comparação com o futebol brasileiro se mostrou incomparavelmente mais bem aplicado, principalmente em relação ao tempo de paralisação.
Mas também houve bom futebol e os destaques para as goleadas do bicampeão Manchester City sobre o West Ham por 5 a 0 em Londres no sábado e, na abertura de sexta, os 4 a 1 do Liverpool campeão europeu para cima do Norwich em Anfield.
No caso dos times que sobraram na última edição da liga e são os grandes favoritos na atual, a melhor notícia é não haver grandes novidades. Os trabalhos de Pep Guardiola e Jurgen Klopp seguem com bases montadas buscando aprimoramento. A única estreia foi a de Rodri nos citizens. 62 milhões de libras para a reposição de uma peça fundamental, porém desgastada pelo tempo: Fernandinho, que tende a ser escalado mais vezes em uma função particularíssima que o próprio Guardiola executava no Barcelona: zagueiro sem a bola e volante no início da construção das jogadas.
Os Reds começaram no estilo "vendaval" de Klopp atropelando já no primeiro tempo, com Origi na vaga de Mané, que retornou para a pré-temporada depois por conta da participação na Copa Africana de Nações. O elenco é versátil, porém curto. E já perde Alisson por cerca de oito semanas pela lesão na panturrilha ainda no primeiro tempo da estreia. Mas quem vem de duas finais de Champions e um título continental, além da melhor campanha da história do clube no Inglês, mesmo sem a taça, merece respeito demais.
A surpresa veio justamente da goleada no primeiro clássico do "Top Six": Manchester United 4×0 Chelsea no Old Trafford. Placar um tanto "mentiroso" pelo que foi a partida, especialmente no primeiro tempo. Chutaço de Tammy Abraham na trave do goleiro De Gea, finalizações de Pedro e Barkley e períodos de domínio dos Blues, agora comandados pelo ídolo Frank Lampard.
O United de Solksjaer tinha a tensão natural de uma estreia em casa e a necessidade de aprumar as caras novas da retaguarda: Wan-Bissaka na lateral direita e Maguire, zagueiro mais caro da história, no miolo da defesa. No ataque a busca da sincronia entre os passes de Pogba e a velocidade e intensidade de Rashford e Martial.
Pênalti de Zouma sofrido e convertido por Rashford, confirmando o protagonismo do atacante e camisa dez no segundo gol em contragolpe mortal na segunda etapa que encaminhou a goleada ao ceder mais espaços para Pogba se soltar na frente. Lançamento espetacular para Rashford no terceiro e assistência para Daniel James, 21 anos contratado ao Swansea, completar o placar. O brasileiro Andreas Pereira foi outro destaque, responsável pelo passe para o gol de Martial.
Triunfo para aumentar o otimismo nos Red Devils, principalmente pela firmeza e liderança já demonstrada por Maguire. Mas cedeu muitas finalizações ao rival: 18, segundo o site Whoscored. É preciso ter mais controle, especialmente em casa, para se colocar no patamar dos dois grandes favoritos. Questão de tempo e trabalho.
Na última edição, o City superou o Liverpool por um mísero ponto, mas abriu 26 sobre o Chelsea, terceiro colocado, e nada menos que 32 sobre o rival de Manchester, o sexto na classificação final. Um abismo. A previsão agora é de nova ilha de excelência da dupla que vem sobrando e mais um capítulo da grande disputa do futebol mundial entre Guardiola e Klopp.
Quem pode furar essa bolha? O United mostrou suas credenciais na primeira rodada e desta vez não terá a Champions para dividir atenções. Se não houver nenhuma baixa importante, como Pogba e sua ansiedade por uma transferência para o Real Madrid, tem condições de ser protagonista na disputa com Tottenham, Arsenal e o próprio Chelsea. Também dar trabalho aos gigantes da vez. Convém respeitar o maior campeão inglês.
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