Flamengo, agora líder, está ficando bonito de se ver
Montar um time para jogar em Fortaleza pelo Brasileiro para, três dias depois, decidir uma vaga na semifinal da Libertadores em Porto Alegre não é tarefa simples. Ainda mais perdendo o pouco inteligente e mal assessorado Cuéllar, que se recusou a jogar.
Mas o Flamengo precisava ser competitivo contra o Ceará, ainda mais depois do surpreendente empate do Santos em casa contra o Fortaleza depois de abrir 3 a 0. Valia a liderança e Jorge Jesus foi feliz. Poupou de início os laterais Rafinha e Filipe Luís e mais Everton Ribeiro e Bruno Henrique. Todos, porém, no banco de reservas para qualquer eventualidade.
O resultado foi uma das melhores atuações do time carioca no ano. Depois da variação 4-2-3-1/4-4-2 dos 2 a o sobre o Internacional na quarta-feira, mais um desenho tático se somou ao repertório do treinador português: um 4-1-4-1 com Willian Arão alinhado a Gerson por dentro, muito semelhante ao dos tempos de Abel Braga e dentro de uma proposta reativa que era interessante para esta partida. Ainda mais depois dos 3 a 0 para o Bahia em Salvador dentro de um contexto semelhante.
Primeiro gol em jogada ensaiada na cobrança de lateral. A sacada foi Rodrigo Caio perto da linha de fundo e da meta adversária. Toque para trás, assistência de Berrío e belo chute de Pablo Marí, cada vez mais seguro e comprovando ser um achado de Jorge Jesus.
Depois uma sequência de 19 passes até Renê conduzir por dentro clareando a jogada e Berrío servir Gabriel Barbosa no 12º gol do artilheiro do campeonato – vigésimo quinta na temporada. O colombiano poderia ter se consagrado com um gol além das duas assistências, mas perdeu chance cristalina no primeiro tempo.
Saiu para a entrada de Bruno Henrique. Rafinha e Everton Ribeiro também foram a campo, substituindo João Lucas e Gerson. Cedendo 14 finalizações ao Ceará de Enderson Moreira que lutou o tempo todo, dominou parte do primeiro tempo e teve três gols (bem) anulados. Mas novamente sendo eficiente na frente: dez conclusões, metade no alvo. Três nas redes, repetindo o placar no Castelão em 2018.
Grand finale na bicicleta espetacular de Arrascaeta. Sem exageros, um candidato ao Prêmio Puskas. Compensando alguns momentos de displicência do uruguaio na partida. Pura arte para garantir o topo na tabela de uma equipe bem treinada. Variações táticas, qualidade técnica e muita seriedade. O símbolo é o outrora contestado Willian Arão. Evolução absurda nas mãos de Jesus e um desfalque importante para quarta.
Não garante título, nem mesmo a classificação no Beira-Rio. Mas é a quarta atuação consistente em sequência: Grêmio, Vasco, Internacional e agora Ceará. O Flamengo de Jorge Jesus está ficando bonito de se ver.
(Estatísticas: Footstats)
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