Melhor da prévia de Flamengo x Santos é não ter ideia do que vai acontecer
O título simbólico de "campeão" do primeiro turno do Brasileiro é saudável para promover Flamengo x Santos – não que seja necessário, já que os ingressos para o jogo no Maracanã estão esgotados e é o confronto entre as melhores equipes da competição até aqui. Até pela raridade, só tendo acontecido na edição de 2005, entre Corinthians e Goiás. Mas, a rigor, é uma partida da 19ª rodada. Importantíssima, mas só mais uma da campanha que precisa ser consistente e regular para chegar ao título nacional.
O interessante, de fato, é pensar que, mesmo com uma escalação mais provável no lado rubro-negro que no do alvinegro praiano, é difícil, quase impossível, vislumbrar como as equipes vão se apresentar. Especialmente no desenho tático.
Jorge Jesus começou armando o Flamengo no 4-1-3-2 que é o sistema preferido do treinador, no qual armou a maioria das suas equipes. Mas com o tempo e a convivência com o elenco passou a fazer variações: 4-2-3-1, 4-4-2, 4-1-4-1…
Também modifica o posicionamento dos jogadores: De Arrascaeta já jogou pela direita – contra o Internacional, no Beira Rio -, centralizado ou à esquerda. O mesmo com Everton Ribeiro. Bruno Henrique pode ser atacante ao lado de Gabriel Barbosa ou ponteiro por qualquer um dos lados. Contra o Palmeiras, Willian Arão e Gerson jogaram como dupla à frente da defesa, mas Jesus pode plantar Arão, como no começo do trabalho, e adiantar o companheiro, novo camisa oito, com um meia em linha de três atrás de dois atacantes.
O que não muda: mobilidade das peças, reação rápida já pressionando depois da perda da bola. Rafinha atacando mais aberto e chegando ao fundo, Filipe Luís por dentro se juntando a Arão e Gerson na construção das jogadas que começa na defesa, com os bons passes de Rodrigo Caio e Pablo Marí, além da participação com boa técnica de Diego Alves usando os pés. Um time voltado para o ataque, não por acaso o que mais foi às redes (41 gols) e conta também com o artilheiro disparado: Gabriel, com 15.
Já Jorge Sampaoli tende a mandar uma equipe a campo pronta para se transformar em função do que o adversário propuser. Lucas Veríssimo pode formar uma trinca de zagueiros com Felipe Aguilar e Gustavo Henrique caso Bruno Henrique seja atacante com Gabriel, ou lateral mais preso formando com os companheiros de zaga e Jorge uma linha de quatro. Assim Victor Ferraz poderia compor o meio-campo.
Ou nem começar jogando, caso o treinador argentino opte por Felipe Jonatan, Jean Mota ou Evandro, caso este se recupere de lesão no músculo adutor, e Carlos Sánchez à frente de Alison, o provável substituto do suspenso Diego Pituca. Desfalque sério no meio-campo, mas que não deve mudar muito a postura ofensiva.
Com três homens na frente: Soteldo volta da data FIFA para ocupar a ponta esquerda, dando amplitude e profundidade aos ataques pelo setor. Eduardo Sasha, artilheiro da equipe com oito gols, no centro e uma dúvida pela direita: Marinho, canhoto que corta para dentro e finaliza ou aciona os companheiros, ou Derlis González, também retornando depois de servir a seleção paraguaia, que ataca mais espaços, colabora sem bola e é outra opção para acelerar as transições ofensivas?
Alguns possíveis duelos interessantes, de ótimo nível: Rafinha contra Soteldo, Gerson versus Carlos Sánchez e Everton Ribeiro ou De Arrascaeta contra Jorge. Acima de todos, o do técnico português contra o argentino nas estratégias e possibilidades táticas.
Muitas interrogações, uma única certeza: todos os olhos estarão voltados para o Rio de Janeiro no sábado, até por ser o jogo único das 17h. Ataques mais positivos, times que mais finalizam, dois dos seis que mais ficam com a bola. Qualidade em campo, inquietação e criatividade no comando técnico. O melhor da prévia deste clássico nacional, que decidiu o Brasileiro em 1983, é não ter ideia do que vai acontecer.
Dizem que o mais legal da festa é esperar por ela, mas que role logo a bola no Maracanã!
(Estatísticas: Footstats)
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