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André Rocha

Talles Magno, 17 anos, salva o Vasco e cala a boca de Vanderlei Luxemburgo

André Rocha

15/09/2019 08h55

Foto: Divulgação/Vasco

Entre a passagem pelo Sport em 2017 e a chegada ao Vasco, Vanderlei Luxemburgo ficou pouco mais de um ano e meio desempregado. Presença constante em programas de TV e rádio, o treinador repetia críticas ao futebol brasileiro, especialmente sobre a falta de renovação, que teria como causa a má formação dos jovens atletas.

"Falta ginga, drible", "cadê o improviso?", "a garotada hoje é melindrada, cheia de assessores", "atacante de cintura dura", "treinar em campo reduzido é ruim, tira a criatividade" e outras observações que aproveitavam também os maus resultados da seleção nas divisões de base para ganhar coro na mídia.

No Vasco com dificuldades financeiras, mas bom trabalho com os jovens, incluindo a ótima campanha no vice-campeonato da Copa São Paulo deste ano, Luxemburgo foi obrigado a olhar para a base cruzmaltina. E quem diria que ao final do primeiro turno do Brasileiro a sua equipe dependeria fundamentalmente de um garoto de 17 anos.

Talles Magno é atacante técnico, habilidoso, abusado. Com cabelo lembrando o estilo "black power" da época do Vanderlei jogador e semelhanças físicas com Geraldo Cleofas, o "Assoviador" –  meio-campista talentoso do Flamengo, amigo de Luxemburgo, que faleceu em 1976 aos 22 anos. Muita ginga em campo e até na dança de comemoração dos gols.

Dois pelo profissional. O primeiro abrindo o placar na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo em São Januário, o segundo fechando os 2 a 1 sobre a Chapecoense na Arena Condá, logo depois do time sofrer o empate. Duas vitórias fundamentais que fizeram o Vasco subir para 23 pontos. Cinco à frente do Cruzeiro, 16º colocado. Um pouco mais longe da "confusão"  e dentro da meta do clube de se manter na Série A e buscar uma vaga na Sul-Americana.

Talles Magno cala a boca de Luxemburgo da melhor maneira, para ambos. Até porque com Vinicius Júnior, Rodrygo, Antony, Pedrinho e outros mundo afora, definitivamente a falta de drible e ginga não é o problema do futebol brasileiro. O técnico veterano vai descobrindo na prática, com alívio. Porque um menino está salvando a sua pele em São Januário.

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.