Sarri aposta no "diamante" e a joia Dybala brilha na virada da Juventus
A gênese da Juventus dominante na Itália tem a assinatura de Antonio Conte e sequência com o longo trabalho de Massimiliano Allegri, com a marca de uma equipe "mutante", que conseguia se impor na Série A jogando no ataque, com posse de bola, ou apostando em rápidas transições ofensivas. Sem contar as variações táticas, mudando o sistema para dois ou três zagueiros, muitas vezes sem alterar a escalação – ora Barzagli era lateral-zagueiro pela direita, ora Chiellini fazia a mesma função à esquerda.
Maurizio Sarri foi o grande contraponto da "Vecchia Signora" comandando o Napoli, mas sem conseguir traduzir em conquistas a proposta ofensiva e cativante. Precisou partir para a Inglaterra e ganhar a Liga Europa pelo Chelsea para voltar à Itália com moral para suceder Allegri. Na busca do sonho da Champions que fez o clube abrir os cofres por Cristiano Ronaldo, mas também procurando uma mudança na maneira de jogar para vencer além das próprias fronteiras.
Só que a cultura de futebol da Juve, mesmo nos tempos dos esquadrões de Platini e Boniek nos anos 1980 e Zidane e Del Piero no final dos anos 1990, é de um estilo mais direto, com um "trequartista", o típico camisa dez, fazendo a bola chegar rapidamente aos atacantes. As ideias de Sarri propõem uma revolução na Juve.
E o elenco da octacampeã italiana também promoveu uma transformação em Sarri neste início de trabalho, ao menos no desenho tático. Desfazendo o 4-3-3/4-2-4 de cabeceira do treinador para chegar a um 4-3-1-2 capaz de não perder a função de "regista" – meio-campista fixo à frente da defesa que comanda a saída de bola e o início da construção das jogadas – que era de Jorginho no Napoli e no Chelsea e agora pertence a Pjanic. E ainda agradar Cristiano Ronaldo, que gosta de formar uma dupla de ataque. Nem ponta, nem centroavante.
E agora o "trequartista" não é mais a grande estrela – primeiro Bernardeschi, Bentancur entrando como titular na terceira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.
Contra o Lokomotiv trancado em um 5-3-2 compacto que acelerava os contragolpes com Eder, autor do gol do título da Eurocopa de Portugal em 2016, o compatriota João Mário e o russo Miranchuk, autor do gol que abriu o placar no Allianz Stadium. O time russo negava espaços e oportunidades cristalinas ao adversário, fechando muito bem o funil e vigiando Cristiano Ronaldo de perto.
Até Sarri mexer no time sem alterar a estrutura do "diamante" – a outra nomenclatura para o mais popular "4-4-2 em losango" – e trocar Khedira por Higuaín, que foi fazer dupla com o astro português, porém mais na referência. Já Dybala recuou como "trequartista".
E desequilibrou. Dois gols em três minutos. O primeiro em bela finalização, característica do argentino, e outra no rebote do goleiro brasileiro Guilherme. Para sair dois minutos depois para a entrada de Bernardeschi, retomando um 4-3-1-2 mais clássico, com Rabiot que entrara na vaga de Matuidi pela esquerda. Porque Sarri é ousado e carrega suas convicções, mas sabe fazer concessões se moldando às demandas.
A Juventus, porém, se manteve no ataque até o final. Consolidando o domínio que teve 68% de posse, com 84% de acerto nos passes, e 27 finalizações contra três. Para manter a disputa com o Atlético de Madrid pela liderança do Grupo D que terá a decisão no confronto direto em Turim pela quinta e penúltima rodada.
Provavelmente com a equipe de Sarri utilizando novamente o losango no meio-campo. A dúvida é saber em que função a joia Dybala rende mais. Contra os russos ele brilhou e honrou a função que já foi de Platini, Zidane e Del Piero.
(Estatísticas: UEFA)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.