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André Rocha

Coudet impõe intensidade máxima no Internacional apressado por Libertadores

André Rocha

15/01/2020 11h04

Foto: Ricardo Duarte / Divulgação Internacional

Eduardo Coudet é discípulo de Marcelo Bielsa, o argentino que na virada para os anos 2000 já colocava suas equipes para sufocar os adversários fazendo pressão logo após a perda da bola e se instalando no campo de ataque. Por isso, Pep Guardiola foi conversar com Bielsa antes de começar a carreira de treinador. Uma conexão que passa por Cruyff, Rinus Michels e, no caso argentino, de Cesar Luis Menotti, campeão mundial de 1978 com a seleção utilizando tática semelhante.

Além do perde-pressiona, o modelo de jogo tem como base a movimentação dos jogadores e a circulação rápida da bola. Justamente para fugir da possível pressão do adversário e entrar no campo do oponente com igualdade ou até superioridade numérica. Há um cuidado com a posse e a busca pela precisão dos passes, mas não exatamente para controlar o jogo. O objetivo é ter volume, atacar mais vezes que o rival.

Coudet, campeão argentino com o Racing, impressiona dirigentes e jogadores com seu estilo nos primeiros treinos no Internacional. Até por necessidade, já que o time gaúcho vai disputar a tão temida etapa classificatória da Libertadores, anterior à fase de grupos. No dia 4 de fevereiro, o Colorado já joga a vida contra o vencedor de Unión Española x Universidad de Chile.

Por isso é preciso queimar etapas de preparação no CT do Parque Gigante. Intensidade máxima. Para competir em nível aceitável no início do ano. Sempre um problema para quem já sofre com a pré-temporada curta – a reapresentação aconteceu no dia 8 e a estreia no estadual é no dia 23, contra o Juventude.

Para tornar o cenário ainda mais complexo, o elenco passou por uma reformulação, com muitos jogadores deixando o clube, especialmente no ataque: Rafael Sóbis, Nico López, Tréllez, Neilton, Guilherme Parede e Pedro Lucas. Zeca foi trocado por Moisés com o Bahia. O zagueiro Bruno Fuchs está na seleção pré-olímpica.

O argentino Damián Musto chega para reforçar o meio-campo, que deve ter Edenilson como pilar nesse jogo mais físico, talvez como um meia central no 4-1-3-2 que Coudet costuma armar suas equipes. As outras contratações até aqui: Rodinei na lateral direita, Thiago Galhardo como meia-atacante e Marcos Guilherme para acelerar pelas pontas. Talvez nem todos como titulares.

Paolo Guerrero será a referência na frente, ainda que Coudet goste de atuar com uma dupla de ataque. A dúvida é qual será a função de D'Alessandro. Experiente, ídolo e também "tradutor" das ordens do compatriota para quem não tem intimidade com o idioma do treinador. Mas como se encaixar em uma proposta tão intensa? O camisa dez será o contraponto, alguém para quebrar o ritmo?

Dúvidas que precisam ser resolvidas logo. Porque o Internacional tem pressa e agora um treinador que quer muito e o mais rápido possível.

 

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.