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André Rocha

Liberdade total para Dudu é a primeira novidade no Palmeiras de Luxemburgo

André Rocha

16/01/2020 01h01

Entrar em campo com uma semana de pré-temporada, ainda mais em um torneio internacional, é sempre um risco. Ao mesmo tempo, significa a total falta de parâmetros para análise. Na prática, um treino com camisa oficial.

Por isso é injusto e prematuro fazer qualquer avaliação do desempenho dos titulares do Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo em 45 minutos contra o Atlético Nacional de Medellín pela Florida Cup.

O que se pode afirmar é o óbvio, no futebol e na vida: mudar nunca é fácil. E o time alviverde desenvolveu uma cultura de jogo nos últimos anos – de Marcelo Oliveira a Mano Menezes, com hiatos nas curtas passagens de Eduardo Baptista e Roger Machado – que foi possível notar "ecos", mesmo com a proposta de transformação com a chegada de Luxemburgo.

O recuo de Felipe Melo para a zaga e de Bruno Henrique para a função de volante mais fixo não ajudou na saída de bola com mais elaboração nos passes. Porque o hábito, a "memória" é de uma saída mais direta, com lançamentos. Mano tentou mudar e houve oscilações. No primeiro esboço de 2020, natural encontrar dificuldades.

Também a maior produção ofensiva nas transições rápidas. O ataque que precisa de espaços para acelerar teve uma mudança nítida. A primeira novidade do Alviverde: Dudu joga com liberdade total. Algo também ensaiado por Mano, mas não tão nítido. Sem a bola, o 4-2-3-1 se transformava em um 4-4-2 "torto", com o camisa sete mais adiantado pela direita, alinhado a Luiz Adriano e o jovem volante Patrick de Paula dava suporte a Marcos Rocha no flanco e Lucas Lima recuava para preencher o meio-campo, deixando Raphael Veiga mais à esquerda.

Dudu, para variar, foi o ponto de desequilíbrio. O mais criativo. A dependência permanece e é natural. Mas a liberdade criou um efeito colateral, bem aproveitado em alguns momentos pelo time colombiano: a inversão rápida de bola para Vladimir Hernández, ex-Santos, no mano contra Marcos Rocha. A pressão na saída de bola também dificultou bastante a equipe brasileira.

Tudo muito compreensível, natural. Até porque Luxemburgo perdeu Matheus Fernandes, vendido ao Barcelona, e Gustavo Scarpa, em negociação com o Almería. Valeu a observação no segundo tempo dos reservas, especialmente Gabriel Menino, Wesley e da joia Gabriel Veron no ataque. Na mudança de rota que terá um maior aproveitamento dos jogadores revelados nas divisões de base.

Ah, sim! O resultado. Empate sem gols e vitória nos pênaltis por 10 a 9. Mas é o menos importante, neste caso. Valeu pelas observações, ainda que o Palmeiras, a rigor, tenha mostrado mais do mesmo. Tudo dentro do esperado, apesar das enormes expectativas.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.