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André Rocha

Diego Souza! "Martelinho mágico" de Renato funciona no Grenal 423

André Rocha

15/02/2020 20h06

O trabalho mais longo e estruturado de Renato Gaúcho no Grêmio pesou a favor do Grêmio no primeiro Grenal de 2020, o 423º, valendo pela semifinal do primeiro turno do Gaúcho no Beira-Rio.

Modelo de jogo assimilado, base entrosada. Apesar de uma mudança de características no meio-campo, com jogadores que trabalham mais entre as intermediárias, sem a presença de um típico meia, como Luan e Jean Pyerre. Com Maicon um pouco à frente de Lucas Silva e Matheus Henrique, mas muita movimentação para acionar os ponteiros Alisson e Everton Cebolinha.

E Diego Souza na referência. Aparentemente já em forma física superior à dos últimos anos. Fazendo o pivô, girando mais fácil sobre Bruno Fuchs do que contra Victor Cuesta. Finalizando mal na primeira chance, depois servindo Everton no gol bem anulado, justamente pelo impedimento do novo centroavante gremista. O Cebolinha ainda faria mais um irregular, pela posição de Bruno Cortez ao receber pela esquerda.

Faltou o gol no primeiro tempo bem acima do tricolor sobre um Internacional ainda buscando adaptação ao 4-1-3-2 de Eduardo Coudet. Com Boschilia na vaga do lesionado Patrick, mas desta vez com dificuldades para articular pela meia esquerda, abrindo corredor para Moisés. A maior dificuldade era mesmo no meio-campo, muitas vezes com Musto e Lindoso sofrendo no duelo por dentro com o trio de meio-campistas do Grêmio. A posse de bola era maior, porém inócua para acionar Paolo Guerrero na frente.

Por incrível que possa parecer, melhorou para o Inter no segundo tempo, depois da expulsão de Damian Musto aos 45 minutos da primeira etapa. O volante argentino sofria quando pressionado e com a mobilidade do adversário. Repaginado no óbvio 4-4-1 com um homem a menos, o time coordenou melhor os setores, qualificou a saída de bola e ganhou espaços com o avanço natural do rival.

Coudet tentou aproveitar a velocidade de Marcos Guilherme, que entrou no lugar de Boschilia, mas desta vez o ponta velocista não conseguiu ser decisivo como na Libertadores contra Universidad de Chile. Coudet não foi feliz também na troca de Lindoso por Zé Gabriel, já que o jovem volante errou tudo que tentou e se complicou também no posicionamento defensivo. Para piorar, o cansaço foi aumentando com o tempo. Ainda assim, poderia ter ido às redes em finalizações de Edenilson.

Renato teve o mérito de ser  corajoso para avançar o time progressivamente, mesmo quando enfrentava dificuldades na defesa que não teve Geromel e Kannemann novamente – Paulo Miranda e David Braz foram os titulares. Thiago Neves entrou no lugar de Maicon e cabeceou uma bola na trave. Pepê e Caio Henrique substituíram Lucas Silva e Bruno Cortez.

Circulando a bola mais fácil e com mais gente pisando na área do Inter, o Grêmio reagiu a ponto de reequilibrar as forças. Quando a decisão por pênaltis parecia inevitável, Everton levantou na cabeça de Diego Souza. Gol de centroavante, da aposta de Renato no centro do ataque para a temporada. Para recuperar um jogador em curva descendente na carreira.

O "martelinho mágico" do treinador do Grêmio funciona e coloca o bicampeão em mais uma final de turno.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.