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André Rocha

O melhor e o pior de Vinicius Junior no gol que salvou o Superclássico

André Rocha

01/03/2020 19h46

Um tempo de domínio para cada time no Superclássico do returno de La Liga no Santiago Bernabéu.

Mas parecia que, assim como no turno, a falta de contundência dos ataques puniria Real Madrid e Barcelona com uma marca histórica: nunca houve dois empates sem gols no confronto em uma mesma edição do campeonato espanhol. O zero a zero no Camp Nou já fora o primeiro desde 2002!

Seria ainda mais simbólico com Cristiano Ronaldo presente no estádio. Vendo Messi desperdiçar três chances que em outros tempos e disputas o gênio argentino não perderia. A mais clara, curiosamente, no segundo tempo de superioridade merengue.

Porque na primeira etapa o Barça, armado em um 4-4-2, foi superior com boa movimentação de Arthur, que também perdeu chance à frente de Courtois. Messi circulava e encontrava espaços às costas de Casemiro, que também formava uma segunda linha de quatro no meio do Real, liberando Isco para se aproximar de Benzema e abrindo Valverde à direita para ajudar Carvajal no cerco a Alba.

Em jogada típica do Barça pela esquerda, de novo com Jordi Alba como única opção de profundidade, Griezmann finalizou mal a ação que costuma encontrar Messi como alvo. Definitivamente, uma noite infeliz do time catalão nas conclusões. Foram nove, quatro no alvo.

Contra 13 do Real Madrid. Oito em um segundo tempo de recuperação do time de Zidane, fundamental na mudança tática: desmontou o 4-2-3-1, reorganizou no 4-1-4-1 e puxou Valverde para dentro, adiantando Kroos, plantando Casemiro para fechar os espaços entre as linhas para Messi e abrindo Isco pela direita. Só não mudou a melhor opção ofensiva: Vinicius Júnior pela esquerda.

No primeiro tempo errou ao buscar o fundo quando havia tempo e espaço para infiltrar em diagonal e finalizar. Na segunda etapa, o gol que mostrou o melhor e o pior do jovem atacante: demorou a ler a jogada e só infiltrou quando Toni Kroos sinalizou antes do passe. Mas foi para dentro, sem medo de Piqué à sua frente.

Finalizou mal, fraco e na direção de Ter Stegen. O desvio do zagueiro, porém, colocou força na bola e tirou do goleiro,  premiando a coragem do jovem atacante. Cada vez mais confiante, mas ainda precisando de mais capricho e tranquilidade no acabamento das jogadas.

Discussão para outra ocasião, porque o importante para os merengues foi salvar o clássico de outro zero a zero e acabar de desmanchar um Barcelona que ainda tentou responder com Braithwaite na vaga de Vidal, mas a atmosfera no Bernabéu e o bom desempenho do rival engoliram qualquer possibilidade de reação.

No último ataque, Mariano, que acabara de substituir Benzema, muito mais para Zidane ganhar tempo, disparou pela direita e fechou os 2 a 0 que devolvem a liderança ao Real Madrid e encerram uma sequência de sete clássicos sem vitória. Para redimir do revés contra o City na Champions.

Pode também ser o marco para o salto tão esperado de Vinicius Júnior. Ainda com 19 anos, agora com um feito de respeito no currículo.

(Estatísticas: SofaScore)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.