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André Rocha

Grenal das Américas não foi só pancadaria e Coudet tem mais a comemorar

André Rocha

13/03/2020 00h29

A rivalidade entre Grêmio e Internacional é a maior do Brasil. Não só por dividir uma capital do país, mas pela maior concentração local de torcedores. Um duelo especial.

Na Libertadores mais ainda, até pela tradição copeira de cinco títulos conquistados e uma cultura que valoriza demais as disputas continentais. Por isso tanta expectativa pelo Grenal 424 válido pela competição sul-americana.

Também por isso a carga sufocante de tensão que faz os times aumentarem a concentração para evitar o erro e serem ainda mais intensos para se impor no campo. Desta a vez a Arena do Grêmio.

O mandante com sua proposta de trabalhar a bola com o meio-campo mais controlador – Lucas Silva, Matheus Henrique e Maicon – e o Colorado de Eduardo Coudet mantendo a intensidade como principal característica. Com um jogo de transições por conta do contexto do clássico e da formação, novamente com Boschilia, Marcos Guilherme e Thiago Galhardo.

Só podia resultado em um duelo eletrizante, com as equipes tentando impor o estilo. E Coudet, que era o "fato novo", acabou sendo o grande vencedor da noite, mesmo em um empate sem gols que será mais lembrado pela pancadaria que resultou em oito expulsões. Lamentável e que nunca deve ser incentivada, mas que era até esperada pelas circunstâncias. Uma questão cultural, não só do Rio Grande do Sul. O país é violento.

O Grêmio terminou com mais finalizações – 13 a 10, cinco a um no alvo. O Internacional teve mais a posse de bola (53%), mesmo sem tanto controle. Mas muito volume, ganhando divididas, antecipando, defendendo e atacando com muitos jogadores. E acertando a trave com Edenilson, de novo o destaque como meia onipresente na linha de três no 4-1-3-2, enquanto houve jogo. Lucas Silva, destaque do Grêmio, também chutou no travessão de Marcelo Lomba, mas quando tinha virado uma pelada de oito contra oito no final.

Coudet pode lamentar a chance cristalina desperdiçada por Boschilia no primeiro tempo com uma cavadinha desnecessária e imprecisa. Depois finalizaria na trave à frente de Vanderlei. Renato Gaúcho tem que pensar em uma vaga para Pepê, que entrou na vaga de Alisson e quase marcou um gol antológico em arrancada espetacular rabiscando da direita para esquerda. Luciano perdeu oportunidade clara também.

O Internacional lidera o Grupo E pelo saldo até a Libertadores voltar, se voltar… Até lá, o treinador argentino tem mais a celebrar. Para quem encarou o torneio desde fevereiro, o trabalho vem apresentando evolução de desempenho e resultados satisfatórios na competição que importa neste momento da temporada. Não é pouco.

(Estatísticas: SofaScore)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.