Palmeiras é exceção no futebol brasileiro, mas não deixa de ser exemplo
O Palmeiras empatou sem gols com a Internacional de Limeira no dia 14 de março. Jogo com público, nenhuma preocupação com distanciamento e os treinadores Vanderlei Luxemburgo e Elano se abraçando antes da partida.
Uma irresponsabilidade, mesmo considerando que ainda não havia uma morte oficial no país pela Covid-19. Afinal, praticamente o mundo todo já havia parado com o futebol e as últimas partidas foram jogadas com portões fechados.
Mas a partir da paralisação geral, o Palmeiras tem adotado uma postura correta nas decisões internas e externas.
A começar pelo compromisso de não demitir funcionários e fazer a redução de salários de cima para baixo. Cortou 25% dos vencimentos dos jogadores, do treinador Vanderlei Luxemburgo, do diretor Anderson Barros e do gerente Cícero Souza. Também dividiu o pagamento dos direitos de imagem, pagando a partir de agosto os valores de abril e maio.
Suspendeu contratos de trabalho por 30 dias, prorrogáveis pelo mesmo período, sem perda de remuneração – leia mais AQUI. O clube parou suas atividades e o jogadores treinam em casa, com acompanhamento online. Todo cuidado com as pessoas, evitando a possibilidade de contágio com o devido distanciamento social. Externamente, seguidas manifestações de que só retomará as atividades quando for liberado pelas autoridades e junto com os demais clubes paulistas.
Deveria ser o básico, não digno de elogios. Mas diante de algumas atitudes de seus pares, especialmente o Flamengo pela capacidade de investimento semelhante, o Palmeiras se tornou exemplo de conduta na pandemia.
É claro que o Alviverde é exceção no futebol brasileiro. Conta com a Crefisa, patrocinadora que funciona como "mecenas", não só pagando um alto valor fixo, mas também auxiliando em momentos de dificuldades como empréstimo. Leila Pereira, a presidente da operadora de crédito, tem claras pretensões políticas no clube e sabe da importância de não falhar em um momento de dificuldade.
O Palmeiras também não tem custos com a manutenção do Allianz Parque, já que o estádio é administrado pela WTorre. Perde a receita de bilheteria dos jogos, porém sem o impacto nas contas de pagar por uma Arena sem uso.
Mas mesmo com essas vantagens, o clube paulista poderia ter outro comportamento. Inclusive político. Até pelo alinhamento que demonstrava antes com o governo federal, inclusive com o presidente da república no gramado com os jogadores levantando a taça de campeão brasileiro em 2018. Bolsonaro já demonstrou seguidas vezes que quer a volta do futebol, mesmo com curva ascendente de contágio no país, mas o Palmeiras segue firme no propósito de agir com responsabilidade.
O contexto é diferente dos demais clubes, mas a postura poderia ser parecida com os menos sensíveis à realidade de uma pandemia. Poderia ser elitista e excludente, sem considerar a necessidade dos mais humildes. Cortando onde a mão de obra é de mais fácil reposição. Mas o Palmeiras não entrou na vala comum e merece reconhecimento. Uma questão de princípios.
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