avai – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A gangorra de Palmeiras e São Paulo na sequência maluca de jogos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/03/a-gangorra-de-palmeiras-e-sao-paulo-na-sequencia-maluca-de-jogos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/03/a-gangorra-de-palmeiras-e-sao-paulo-na-sequencia-maluca-de-jogos/#respond Sun, 03 Nov 2019 11:51:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7516

Foto: Gazeta Esportiva

É quase um consenso entre treinadores, médicos e fisiologistas que o cenário de sonhos no futebol profissional em alto nível seria de um jogo por semana. Para combinar descanso, recuperação e treinamentos. Dentro da realidade em praticamente todo o mundo de jogos de liga e copas nacional e internacional, o melhor quadro é de uma semana “cheia” e outra com dois jogos.

Necessário ressaltar que o desgaste do jogador é preciso ser medido dentro de uma disputa em alto nível e em comparação com o adversário. Ou seja, o cansaço que é imposto pela intensidade do oponente. Não dá para comparar com o peladeiro que brinca todo dia. O atleta profissional aguenta jogar de domingo a domingo e muitas vezes faz isso nas férias, mas não com as exigências de uma competição.

Dentro deste contexto é possível notar a loucura que estamos vivendo neste returno de Brasileiro. Mais insano ainda é o calendário do Flamengo, que nas duas semanas livres em outubro decidiu a vida na Libertadores. O Grêmio, adversário na semifinal, também, mas poupando titulares nos dois jogos pelos pontos corridos que antecederam as partidas de mata-mata no torneio continental.

Jorge Jesus acabou fazendo uma espécie de “rodízio natural”, por conta de lesões, suspensões e convocações. Mas, mesmo assim, os titulares começam a dar claros sinais de cansaço e o treinador português já começa a mudar a prática: contra o Goiás, Rafinha e Gerson iniciaram no banco de reservas. E mesmo com o empate por 2 a 2 com o Goiás a sequência de bons resultados com desempenho satisfatório na maioria das partidas é surpreendente.

Porque todos sentem dificuldade. Não só pelo excesso de jogos, mas principalmente por conta da falta de treinamentos para corrigir erros e testar novas soluções. O aspecto mental, com exigência de concentração máxima, vai exaurindo também os atletas.

Por isso São Paulo e Palmeiras viveram uma espécie de gangorra na semana que passou. O atual campeão brasileiro e vice-líder desta edição não foi bem na vitória fora de casa sobre o Avaí por 2 a 1 no domingo passado, atropelou o São Paulo por 3 a 0 em sua casa e, de novo no Allianz Parque, sofreu para vencer um Ceará repleto de reservas por 1 a 0. Com Weverton pegando pênalti e salvando o time com outras duas defesas espetaculares. Sem contar o polêmico gol anulado do time visitante pelo VAR por impedimento bastante duvidoso de Bergson.

A obrigação de vencer para tirar uma diferença que agora é de cinco pontos, mas com um jogo a mais em relação ao líder Flamengo, já seria desgastante. A falta de tempo para treinar e se concentrar no desempenho da execução do modelo de jogo só pode aumentar a oscilação. É claro que o nível dos adversários e o contexto de cada partida ajudam também a criar a instabilidade, mas o caso do Palmeiras foi curioso porque a partida mais tranquila foi teoricamente a mais difícil.

O São Paulo esteve irreconhecível no clássico do meio de semana, depois de boa atuação nos 2 a 0 sobre o Atlético Mineiro no Morumbi. O pior dos times de Fernando Diniz apareceu no estádio do rival: posse de bola inócua e fragilidade defensiva. Para voltar a encaixar um bom jogo no fim de semana, com os 3 a 0 sobre a Chapecoense na Arena Condá. Destaque para a redenção de Antony com um golaço. No caso tricolor, o nível dos adversários pesou um pouco, ainda que a Chape viesse de uma grande vitória como visitante sobre o Galo. Ou seja, todos estão mesmo nessa gangorra.

Porque a exigência de compactação de setores, atenção no gesto técnico quando pressionado e outras demandas do futebol atual pedem o melhor dos atletas. E como trabalhar coletivamente sem exercitar com tempo para correção?

Para muitos é “mi-mi-mi”. Para quem trabalha, porém, é o mínimo para atender as cobranças por resultado e desempenho. Na impossibilidade de responder bem nos dois níveis, os três pontos são a prioridade. O Palmeiras não foi bem em duas partidas, mas somou nove pontos e melhorou o aproveitamento que era de 66% – na média, dois pontos a cada três disputados. Eis a única boa notícia.

Para o São Paulo, a recuperação rápida que mantém a caça ao Santos pela terceira colocação e a vantagem sobre Grêmio, Internacional e Corinthians na disputa pela quarta vaga direta na fase de grupos da Libertadores do ano que vem. Em rodada de Gre-Nal e do grande rival, em crise, indo ao Rio de Janeiro enfrentar o Flamengo.  Quem vai oscilar? Ou todos vão?

O campeonato pode ganhar em emoção, mas perde em qualidade. E ainda vem por aí a última data FIFA, desta vez desfalcando os times apenas dos estrangeiros convocados. Tudo por conta de um calendário inchado pelos estaduais e que agora deveria entregar o filé, mas só resta o bagaço de profissionais esgotados por uma sequência maluca de jogos.

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Nem desfalques importantes tiram a fome do líder Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/07/nem-desfalques-importantes-tiram-a-fome-do-lider-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/07/nem-desfalques-importantes-tiram-a-fome-do-lider-flamengo/#respond Sat, 07 Sep 2019 22:05:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7205 Rodrigo Caio forçou o terceiro amarelo contra o Palmeiras. Bruno Henrique, convocado por Tite, também. Mais De Arrascaeta no Uruguai. Três ausências importantes, uma em cada setor. Mais Berrío, a serviço da Colômbia, que seria uma opção interessante justamente pelos desfalques na frente.

Jorge Jesus então armou o Flamengo em Brasília para enfrentar o lanterna Avaí com Rhodolfo na zaga, Piris da Motta mais fixo à frente da defesa liberando Gerson pela esquerda e o garoto Reinier posicionado mais adiantado, próximo de Gabriel Barbosa. Em números algo próximo de um 4-4-1-1.

Só uma coisa não mudou no líder do Brasileiro: a fome. Intensidade para reagir rapidamente à perda da bola e pressionar e o firme propósito de atacar o tempo todo. Mesmo correndo riscos e fazendo Diego Alves trabalhar com duas belas defesas no primeiro tempo e levar bola na trave no segundo.

Porque havia um problema que foi minimizado ao longo do jogo, também pelas muitas limitações do time de Alberto Valentim: Gerson e Reinier procuravam o centro para trabalhar a bola e isolavam Filipe Luís pela esquerda. Atacando e defendendo. O Fla ficava naturalmente penso à direita, com Rafinha, Arão, Everton Ribeiro, Gabriel…

Mas foi por dentro que Piris da Motta trabalhou com Reinier e a nova joia rubro-negra serviu Gabriel Barbosa para o 15º gol do artilheiro do campeonato. Do lado oposto, cobrança de escanteio de Everton Ribeiro e cabeçada precisa de Pablo Marí no ângulo. Para abrir vantagem de dois gols e definir os 3 a 0 com bela jogada que passou por Arão e Gabriel devolvendo a assistência para o primeiro gol de Reinier pelo profissional. O grande personagem de mais uma vitória por três gols de diferença. A quarta seguida no Brasileiro.

Sem trégua de Jorge Jesus, porém. O treinador português que foi ver a vitória do time catarinense sobre o Fluminense no Maracanã na segunda-feira trocou Piris por Vitinho. Depois tirou Reinier e formou uma dupla de laterais na direita com Rafinha e João Lucas. Por fim, descansou Filipe Luís e mandou a campo Renê. Administrando a média de 60% de posse e nove finalizações contra oito. A diferença na mira: seis no alvo contra quatro.

Para confirmar a impressão das últimas rodadas: está difícil encarar o Flamengo. Mesmo descontando a venda de mando de campo do Avaí, a atuação coletiva foi segura. Com momentos de espetáculo, como o lindo passe de letra de Gerson para Willian Arão chutar no travessão na primeira etapa.

Sempre voltado para o ataque. A pergunta: até onde vai esse apetite?

(Estatísticas: Footstats)

 

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Fluminense começa a se encaixar em um roteiro conhecido e perigoso http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/03/fluminense-comeca-a-se-encaixar-em-um-roteiro-conhecido-e-perigoso/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/03/fluminense-comeca-a-se-encaixar-em-um-roteiro-conhecido-e-perigoso/#respond Tue, 03 Sep 2019 09:52:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7169

Foto: Clever Silva / Agência O Dia

Troca de treinador ainda no primeiro turno, confiança diminuindo a cada jogo. Torcida ainda apoiando, mas já perdendo a paciência. Poucos recursos e escolhas não tão certeiras, falta de opções confiáveis em funções primordiais para o contexto, como goleiro e centroavante. O Fluminense que segue na zona de rebaixamento e agora acumula duas derrotas em casa para os times mais fracos da Série A começa a se encaixar em um roteiro conhecido e perigoso.

Não dá para falar em conflito desempenho x resultado, porque é impossível afirmar que uma equipe que domina as partidas contra CSA e Avaí no Maracanã e não consegue ir às redes durante 180 minutos em um universo de 56 finalizações jogou bem. E Nenê não pode desperdiçar uma chance com o goleiro Vladimir do Avaí já batido…

Porque o futebol não aceita desaforo. Muito menos tirar Oswaldo de Oliveira de sua quase aposentadoria para herdar o estilo personalíssimo de Fernando Diniz. Porque é difícil ver no treinador veterano a capacidade de fazer os devidos ajustes para diminuir os problemas defensivos e de contundência na frente que saltam aos olhos. Também é complicado vislumbrar uma mudança anímica para, na base do pragmatismo, começar a pontuar e fugir da “confusão”.

Mais as dificuldades financeiras do clube que obrigam a negociar Pedro com a Fiorentina e perder um dos melhores e mais promissores atacantes do país, além de não contar com um goleiro confiável para salvar o time nas dificuldades – quem não lembra da agonia do Vasco em 2013 com Diogo Silva, Alessandro, Michel Alves e Jordi se revezando na meta?

A equipe continua ofensiva, até porque é difícil tirar o DNA de Diniz. Mas o que antes era divertido e agradável de se ver já fica preocupante até para quem não torce pelo Fluminense. O turno vai chegando ao fim e as perspectivas não são nada boas, incluindo os dois jogos como visitante contra adversários diretos para fugir do Z-4.

Com uma partida a menos, contra o Palmeiras no Allianz Parque, o time está apenas dois pontos à frente do lanterna Avaí e a seis do Cruzeiro, 16º e primeiro fora da zona de rebaixamento. São 22 rodadas para a recuperação, mas é difícil enxergar a luz. Já vimos esse cenário antes e a história não terminou bem.

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Como o Santos de Sampaoli pode dominar “à europeia” o Brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/29/como-o-santos-de-sampaoli-pode-dominar-a-europeia-o-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/29/como-o-santos-de-sampaoli-pode-dominar-a-europeia-o-brasileiro/#respond Mon, 29 Jul 2019 11:04:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6959

Desde o Corinthians de 2015, com Tite se reinventando como treinador em busca de uma proposta mais ofensiva e criativa dentro de suas convicções inspiradas na escola gaúcha, os campeões brasileiros vêm adotando um estilo mais reativo: Palmeiras de Cuca e Felipão, o Corinthians comandado por Fabio Carille. A velha máxima de que defesas ganham campeonatos impera por aqui na competição por pontos corridos.

Na Europa também, mas nem tanto. É claro que a questão financeira, com orçamentos quase infinitos de alguns clubes, pesa bastante. Porém, a ideia de ser dominante e impor sua maneira de jogar dentro ou fora de casa, que é também consequência da maior capacidade de investimento, é mais eficiente nos pontos corridos.

O Barcelona e os times de Guardiola, Bayern de Munique e Manchester City, são os maiores símbolos deste contexto. Considerando que as copas nacionais não têm o mesmo valor para eles em relação aos times brasileiros com o nosso mata-mata, a liga só fica atrás da Liga dos Campeões em relevância. Com um jogo de posição que tem como premissa básica se instalar no campo de ataque e trabalhar coletivamente criando espaços na defesa adversária, as equipes vencem como mandante e visitante, normalmente com ataque mais eficiente e defesa menos vazada. Porque a pressão logo após a perda da bola afasta os oponentes da própria área.

Assim também acontece com Juventus, PSG e o próprio time bávaro, mesmo sob o comando de Carlo Ancelotti, Jupp Heynckes e Niko Kovac. A cultura de vitória por conquistas seguidas também ajuda a intimidar os rivais. E quando alguém incomoda, como o Monaco na França em 2016/17, lá vão os abastados tirar as estrelas emergentes, fortalecendo seu elenco e praticamente destruindo a concorrência.

No mata-mata, especialmente no equilíbrio da Champions, valem mais a força mental e a estratégia pensando em 180 minutos. Os times adeptos do jogo de posição vêm sucumbindo às propostas mais reativas e/ou de um jogo mais físico, baseado nas jogadas aéreas com bola parada ou rolando. Ou ao “vendaval” do Liverpool, com pressão e muita velocidade dentro de um modelo voltado para o ataque.

No Brasil, o novo líder do Brasileiro não tem o maior orçamento. Longe disso. Mas na retomada da temporada depois da pausa para a Copa América vem se impondo pelo calendário mais folgado por conta das eliminações precoces na Sul-Americana e na Copa do Brasil, mas principalmente pelo modelo de jogo consolidado na intertemporada e ajustado a cada semana cheia para treinamentos.

O Santos de Jorge Sampaoli faturou os nove pontos disputados, enquanto o outrora líder absoluto Palmeiras deixou sete pelo caminho. Com futebol ofensivo dentro e fora de casa. Mesmo variando o desenho tático a ideia é ter a bola e empurrar o adversário para trás. Sempre com triangulações e apostando em posse, amplitude (“abrir” o campo) e profundidade.

Na vitória por 3 a 1 sobre o Avaí na Vila Belmiro, o 4-3-3 que na prática vira 2-3-5 com os laterais Victor Ferraz e Jorge atacando por dentro, Derlis González e Soteldo abertos, Diego Pituca mais organizador e Carlos Sánchez entrando na área adversária para se juntar a Eduardo Sasha. Uma avalanche que encurrala o adversário, mas corre riscos. Depois de abrir o placar com Derlis, o erro de posicionamento de Ferraz, muito por dentro, que abriu o corredor para João Paulo empatar para o time catarinense.

A insistência com Soteldo pela esquerda e a assistência para o gol de Sánchez, na área como centroavante. Aliás, o centro do ataque continua sem a solução desejada por Sampaoli. Sasha tem cinco gols, mas não é o artilheiro para fazer o ataque superar os de Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG e Athletico. Perdeu gol incrível no segundo tempo, mas, ainda assim, contribui mais coletivamente que Uribe, contratação para resolver o problema na frente que foi parar no banco.

Da reserva saiu o destaque da segunda etapa na Vila: Felipe Jonatan, que substituiu o pendurado Alisson e deixou ainda mais claro o 2-3-5: Pituca recuou pelo centro da linha de três “médios” com Ferraz e Jorge e Jonatan foi jogar pela meia esquerda. O setor ganhou ainda mais fluência, com triangulações constantes. Até o belo gol de Jonatan que definiu a vitória e confirmou a chegada ao topo da tabela.

Com 57% de posse, 19 finalizações (11 no alvo) e nada menos que 28 desarmes, mais da metade no campo de ataque. Junto com o Flamengo é a equipe que mais rouba bolas na competição. Lidera sozinha na posse e também nas finalizações, alcançando a combinação ideal no ataque.

É óbvio que a liderança com 12 rodadas não é garantia de título. O clichê é verdadeiro: mais difícil do que chegar à primeira colocação e se manter nela. O Santos terá virtudes e defeitos mais estudados, os adversários entrarão mais concentrados e motivados. E o elenco não entrega tantas opções a Sampaoli em caso de necessidade.

O tempo livre será fundamental. Por isso vale o pensamento positivo para Palmeiras e Flamengo seguirem na Libertadores e, consequentemente, priorizando o torneio continental. Desgastando peças enquanto o alvinegro praiano treina e descansa. Para tentar subverter a lógica brasileira e impor um domínio “à europeia”. Sem os milhões de euros, mas com ideias arrojadas e arejadas para se impor rodada a rodada. Com algo próximo do que estávamos acostumados a apreciar apenas pela TV.

E um treinador argentino que tem competência para estar no Velho Continente, mas as circunstâncias o levaram para a baixada santista. Sampaoli anda de bicicleta, interage com a população, se diverte na praia e nos fins de semana faz seu time competir e entreter. Cenário inédito para o futebol de um país que anda mesmo precisando de boas novas.

(Estatísticas: Footstats)

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Empate com Avaí é lucro na péssima estreia de Luxemburgo no Vasco http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/19/empate-com-avai-e-lucro-na-pessima-estreia-de-luxemburgo-no-vasco/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/19/empate-com-avai-e-lucro-na-pessima-estreia-de-luxemburgo-no-vasco/#respond Mon, 20 May 2019 00:22:16 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6554 São Januário, Rio de Janeiro. Vasco x Avaí. Jogo da quinta rodada da Série A. Vanderlei Luxemburgo e Geninho à beira do campo, Werley em uma zaga e Betão na outra, este enfrentando Maxi López e Bruno César. Em 2019, mas poderia ser há uma década. Dura realidade do futebol brasileiro.

O jogo foi condizente com a posição das equipes na tabela antes do início da rodada: último e penúltimo. Apesar da boa organização do time catarinense num 4-1-4-1 com o volante Pedro Castro entre as linhas de quatro protegendo a defesa e distribuindo o jogo. Superior em boa parte dos 90 minutos, mas ora desperdiçando oportunidades, ora errando no último passe que facilitaria a conclusão.

Ao contrário da equipe cruzmaltina, desorganizada e chamando atenção pela lenta transição defensiva e especialmente pela falta de compactação dos setores. Uma deficiência gritante nos últimos trabalhos do novo treinador. Algo que normalmente se corrige ou melhora muito em três sessões de treinos, ainda mais com os atletas motivados e atentos. O problema de Luxemburgo é a falta de atualização e método. Afinal, para ele “nada mudou”, “já fazia tudo isso aí há muito tempo” e fazer curso na CBF “só se for para dar aula”.

O resultado foi um time espaçado, principalmente no meio-campo. Verdadeiras crateras às costas dos volantes Andrey e Lucas Mineiro e Bruno César muito distante, sem conexão com Maxi López e também com os ponteiros Rossi e Marrony. Para piorar, tensão máxima com a pressão por resultados que geraram 50 passes errados e 31 rebatidas.

Com Valdívia, Fellipe Bastos e Jairinho não melhorou muito no segundo tempo. Seguiu correndo riscos e assustando o torcedor. Se é possível encontrar algo positivo, os problemas defensivos ajudaram na redenção de Sidão, personagem da semana que passou e o melhor do time da casa na partida.

Parecia que o Vasco teria mais sorte que juízo quando Ricardo Graça abriu o placar em bela cabeçada completando cruzamento da direita de Rossi, já meio no “abafa”. Mas a bola pune a incompetência e Fellipe Bastos abusou no incrível gol perdido aos 43 minutos.

Castigo no último minuto dos cinco de acréscimos com Daniel Amorim, substituto de Brenner no ataque. Ganhando no alto de Ricardo Graça na décima sexta e última finalização do Avaí, a sétima no alvo. Contra dez do Vasco, mas apenas duas na direção da meta de Vladimir. Posse de bola dividida, porque os visitantes nunca abdicaram do ataque.

O Avaí jogou para vencer e teve chances para tal. Mas pode celebrar o ponto fora de casa que faz ultrapassar CSA e Grêmio na tabela. Mesmo sofrendo gol no último ataque, os cruzmaltinos devem considerar o lucro de um ponto. Ficou bem claro com a péssima estreia que Luxemburgo terá muito trabalho para recuperar autoestima e organizar minimamente a equipe.

A grande dúvida é se o treinador veterano ainda é capaz, mesmo com a meta tão baixa que é evitar o quarto rebaixamento do Vasco em onze anos. Um absurdo para a história do técnico e do clube. Mas é o que temos para hoje em São Januário.

(Estatísticas: Footstats)

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A terra arrasada que espera por Vanderlei Luxemburgo no Vasco da Gama http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/13/a-terra-arrasada-que-espera-por-vanderlei-luxemburgo-no-vasco-da-gama/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/13/a-terra-arrasada-que-espera-por-vanderlei-luxemburgo-no-vasco-da-gama/#respond Mon, 13 May 2019 09:30:41 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6510

Foto: Rafael Ribeiro/ Site oficial do Vasco da Gama

Vanderlei Luxemburgo foi anunciado como o novo treinador do Vasco da Gama depois de 557 dias sem trabalhar. Na apresentação em São Januário, muita empolgação e a promessa de recuperação da equipe na temporada.

No entanto, por conta de compromissos particulares, inclusive o lançamento de sua marca de cachaça, adiou a estreia para o jogo contra o Avaí em São Januário no próximo domingo, dia 19. Mas esteve presente em um camarote do Pacaembu para observar o time. Difícil compreender…

Intencionalmente ou não, livrou-se de um duelo complicado, contra o Santos de Jorge Sampaoli. Com Marcos Valadares ainda interino no comando, os cruzmaltinos levaram um passeio. Os 3 a 0 saíram bem baratos. Foram 23 finalizações, 11 no alvo, e 58% de posse de bola dos santistas.

Muitas chances desperdiçadas além dos gols de Diego Pituca, Rodrygo e Soteldo. Criadas pelo time paulista ou proporcionadas por atuações constrangedoras da equipe carioca, inclusive do goleiro Sidão – o que não justifica, obviamente, a falta de empatia na entrega de um prêmio ao goleiro de “craque do jogo” que já virou piada pelo voto debochado de internautas.

Mesmo com linha de cinco na retaguarda, o Vasco cedeu espaços demais e foi lento nas transições defensiva e ofensiva. Ainda isolou Maxi López à frente da linha de quatro no meio formada por Rossi, Raul, Lucas Mineiro e Marrony.

Não melhorou muito desfazendo o 5-4-1 com as entradas de Andrey, Valdívia e Bruno César nas vagas de Luiz Gustavo, Rossi e Raul. Ainda teve Danilo Barcelos expulso no final, depois de sofrer demais durante toda a partida contra Rodrygo, Sánchez, Victor Ferraz, Jean Mota e quem mais apareceu no setor esquerdo da frágil defesa vascaína.

Não há qualidade, nem confiança. Apesar da ótima campanha com vice-campeonato na Copa de São Paulo, os meninos vindos da base não parecem prontos para assumir tamanha responsabilidade e os mais veteranos não conseguem liderar uma virada. A lanterna do campeonato somando apenas um ponto, mesmo com apenas quatro rodadas, já é preocupante para um clube de tantas glórias, mas que desceu três vezes ao inferno da Série B nos últimos dez anos.

Porque além de todos os problemas táticos e técnicos – heranças do trabalho sem legado de Alberto Valentim e nenhuma evolução com Valadares, com a exceção da vitória sobre o Santos por 2 a 1 que não impediu a eliminação na Copa do Brasil -, a baixa autoestima de um elenco contestado é evidente. Sem contar as dificuldades financeiras para manter a folha de pagamento em dia e as turbulências políticas no clube.

É terra arrasada o que espera por Luxemburgo. Um cenário que vai precisar do melhor trabalho do treinador veterano em muitos anos. Superior ao no Grêmio em 2012, com a terceira colocação no Brasileiro. Será que ele ainda é capaz?

(Estatísticas: Footstats)

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Campeão da Série B, Rogério Ceni não pode virar as costas para o Fortaleza http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/10/campeao-da-serie-b-rogerio-ceni-nao-pode-virar-as-costas-para-o-fortaleza/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/10/campeao-da-serie-b-rogerio-ceni-nao-pode-virar-as-costas-para-o-fortaleza/#respond Sat, 10 Nov 2018 22:53:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5489

Há um costume cruel no Brasil de só prestar atenção no Nordeste quando o Sul e o Sudeste viram as costas. Preconceito injustificável com uma das regiões mais importantes do país em cultura, história e representatividade nos mais variados segmentos.

Rogério Ceni começou a carreira de treinador se impondo o desafio de trabalhar no São Paulo. O maior ídolo da história do clube sofreu em suas primeiras experiências no comando técnico e, por isso, parecia sem grandes perspectivas. O que fazer depois de iniciar no que deveria ser o ponto final?

O Fortaleza foi o destino escolhido. Depois de penar por oito anos seguidos na Série C, o clube cearense conseguiu o acesso e o clima era de mais paz e otimismo. No Cearense, mesmo com boa campanha na primeira fase, o bicampeonato do rival Ceará foi um baque, mas não a ponto de colocar a sequência do trabalho em risco.

O início da Série B foi de ótimos resultados, mas alguma oscilação no desempenho. Rogério Ceni seguia variando escalações e desenhos táticos dentro da sua ideia de ser protagonista. Até notar que precisava ser mais pragmático para não deixar escapar a possibilidade de acesso que parecia cada vez mais palpável.

Ceni entendeu a necessidade de se adaptar ao contexto e, sem perder de vista o desempenho, priorizar o resultado sendo um pouco mais conservador quando necessário. O futebol mais conceitual deu lugar ao jogo por demanda, de respostas jogo a jogo. Para se manter na liderança por 34 rodadas e sempre no G-4.

Time com mais vitórias (20) e menos derrotas (oito). Melhor saldo de gols (19) e vantagem na tabela para garantir a conquista na antepenúltima rodada com a vitória por 1 a 0 sobre o Avaí. Gol de Rodolfo nos acréscimos. Na 34ª havia confirmado o acesso com os 2 a 1 sobre o Atlético-GO. Duas vitórias fora de casa, afirmando a competitividade do time de Ceni.

Jogando em função de Gustagol, artilheiro do time com 12 gols, a quatro de Lucão do Goiás, o goleador máximo da competição. Mas mantendo o cuidado com a bola. Líder absoluto em posse e passes certos. Mas também o que mais cruza na área adversária. Ataque por baixo e pelo alto. Defensivamente, só desarma menos que o Vila Nova e é o que comete menos faltas entre os 20 times. Time bem posicionado e consciente.

Conquista com autoridade que muito provavelmente colocará Rogério Ceni na roda de especulações de treinadores para clubes do “eixo” pensando em 2019. Mas ainda que apareça uma proposta interessante financeiramente e nas condições de trabalho, o jovem treinador deve seguir no clube que o projetou e agora terá ainda mais moral e autonomia.

Em São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas Gerais, o jovem comandante será cobrado e num período de turbulência pode ter sua imagem atrelada ao São Paulo e a primeira experiência mal sucedida lembrada com mais frequência que o triunfo no Fortaleza.

Não é hora para entrar na vala comum e virar as costas para o Nordeste. Ceni pode e deve fazer diferente.

(Estatísticas: Footstats)

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O “jogo para ganhar” do Corinthians. Falta pouco para o grito de alívio http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/11/o-jogo-para-ganhar-do-corinthians-falta-pouco-para-o-grito-de-alivio/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/11/o-jogo-para-ganhar-do-corinthians-falta-pouco-para-o-grito-de-alivio/#respond Sat, 11 Nov 2017 23:19:30 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3681 De novo o Corinthians sofreu com a posse de bola, que rondou quase sempre os 60%, e a responsabilidade de criar espaços jogando como favorito. Depois de duas vitórias sendo atacado, sem obrigação de protagonismo.

Terminou com 33 cruzamentos, 25 no primeiro tempo. Só não chegou aos 50 porque o de Guilherme Arana aos cinco minutos da segunda etapa encontrou as redes de Douglas depois de esbarrar no peito de Kazim. Substituto de Jô, suspenso pelo STJD. Na meta, o terceiro goleiro Caíque para suprir a ausência do titular Cássio, na seleção, e do lesionado Walter, heroi na Arena da Baixada contra o Atlético Paranaense.

Pelo contexto e por conta do cenário desconfortável é aceitável que o time de Fabio Carille assuma o pragmatismo e a praga do “jogo para ganhar”. Ou seja, o foco no resultado maior que no desempenho. Porque depois de um turno de sonho e um returno pífio com duas vitórias redentoras o foco precisa ser a confirmação do título.

Mesmo que a equipe com Romero e Clayson nas pontas não consiga ser criativa e precise de um Jadson vindo do banco e em má fase para acrescentar uma chama criativa no lugar de Camacho. Embora nem tenha tido tempo de acrescentar algo até o gol salvador.

Com o terceiro goleiro, ao menos a concentração defensiva, especialmente dos homens da última linha, foi alta e a equipe sofreu poucos sustos de um Avaí vivendo de contragolpes esporádicos e tentando algo na bola parada do veterano Marquinhos.

No final, os gritos de “É campeão!” para o hepta que se aproxima e nada parece ser capaz de detê-lo. Mesmo com o anticlímax de atuações fracas na reta final. Porque pela vantagem construída e o misto de desinteresse e incompetência dos concorrentes o título virou obrigação.

Agora é contagem regressiva para a matemática concretizar o que parecia tão certo há tempos, despertou dúvidas e na base do futebol de resultados se aproxima. Não precisava ser assim, mas dá para entender.

Falta pouco para o grito de alegria. Ou de alívio.

(Estatísticas: Footstats)

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Por que o Bahia de Carpegiani é o “time do mês” no Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/09/por-que-o-bahia-de-carpegiani-e-o-time-do-mes-no-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/09/por-que-o-bahia-de-carpegiani-e-o-time-do-mes-no-brasil/#respond Thu, 09 Nov 2017 09:15:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3667

O Corinthians é o virtual campeão brasileiro, o Grêmio finalista da Libertadores com grande atuação na partida fora de casa contra o Barcelona de Guayaquil. O Vasco de Zé Ricardo só sofreu uma derrota, exatamente para o líder do campeonato com o gol irregular e polêmico de Jô usando o braço. O São Paulo de Dorival Júnior conseguiu a redenção com o apoio comovente de sua torcida e o talento de Hernanes.

Mas se um time merece um hipotético crachá ou foto na moldura de “time do mês” no Brasil, este é o Bahia. Mais precisamente desde o feriado de 12 de outubro, na estreia de Paulo César Carpegiani no comando técnico. Empate em 2 a 2 contra o Palmeiras no Pacaembu, buscando uma desvantagem de dois gols. Não fossem as defesas de Fernando Prass e o tricolor poderia ter saído de São Paulo com uma virada histórica. O resultado e, principalmente, o desempenho do atual campeão brasileiro custou o emprego de Cuca. E sinalizou a virada baiana.

A partir daí a equipe fez campanha de recuperação que ocasionou um salto na tabela e a consequente mudança de perspectiva: da fuga do Z-4 para a primeira página da tabela e agora o sonho, ainda improvável, com o G-7 e a vaga nas fases preliminares da Libertadores.

Vitórias sobre o líder Corinthians e Ponte Preta em casa, no clássico contra o Vitória na Fonte Nova e fora de casa sobre o Avaí. Empate com o Fluminense no Maracanã e o único revés diante do Flamengo na Ilha do Governador por 4 a 1 num placar um tanto “mentiroso”. No total, quatro vitórias, dois empates e uma derrota. Dez gols marcados, sete sofridos. Aproveitamento de 66%.

Fruto do amadurecimento de uma maneira de jogar, saindo das linhas de quatro e dois atacantes de Preto Casagrande para o 4-1-4-1 montado por Carpegiani com muita mobilidade e rapidez. Antes com Edson entre as linhas de quatro até o volante se lesionar e dar lugar a Renê Júnior.

Na frente, o quinteto formado por Zé Rafael, Vinicius, Allione e Mendoza na linha de meias e Edigar Júnio como referência móvel é a grande chave da mudança. Trocando posições, tabelando, triangulando, aproveitando a velocidade de Mendoza pelos flancos sempre buscando as diagonais nos espaços às costas da defesa adversária. Os meias trocando passes curtos e rápidos fazem o jogo fluir com incrivel desenvoltura.

A consequência de tanta vocação ofensiva é a dificuldade para compactar os setores em alguns momentos e ceder espaços para os adversários, sem maior controle do jogo mesmo em vantagem no placar. É quando aparece Jean com defesas importantes. O goleiro mais acionado do campeonato. 84 intervenções, média de 2,4. Só inferior aos 2,7 de Fernando Miguel, do rival Vitória. Nada que diminua a importância do arqueiro para evitar que os problemas no trabalho sem a bola se transformem em gols dos adversários. Mesmo com a falha no gol de falta de Marquinhos na Ressacada que obrigou o time a buscar a virada por 2 a 1.

O grande destaque, porém, é Edigar Júnio. Média de um gol por partida desde a chegada de Carpegiani. Sete dos dez que marcou até aqui em 22 partidas. Colocando Hernane Brocador no banco depois da devolução de Rodrigão ao Santos. Exatamente porque sua rapidez de raciocínio e execução combina melhor com a de seus companheiros.

O ataque fica mais leve e envolvente e, mesmo sem funcionar como o típico centroavante, a colocação para finalizar as jogadas vem sendo perfeita. Sem contar a precisão, que ajuda a equipe a ser superada apenas pelo Cruzeiro nas finalizações certas – média de cinco por partida. É o terceiro ataque mais positivo com 45 gols, só atrás de Palmeiras e Grêmio. Futebol que agrada as retinas sem deixar de ser competitivo. Com um treinador veterano, porém antenado. Sim, é possível.

Ao final da 33ª rodada pode ser ultrapassado por São Paulo e Atlético Mineiro e sair da primeira página da tabela. Ainda assim, por todo o contexto e pelas dificuldades de um clube voltando à Série A e fora do eixo financeiro e midiático do futebol no país, o Bahia é o “melhor time de todos os tempos da última semana” no Brasileirão. Ou dos últimos 30 dias.

O 4-1-4-1 do Bahia de Carpegiani, com muita mobilidade na frente, as infiltrações em diagonal de Mendoza, Edigar Junio circulando e os meias Zé Rafael, Allione e Vinicius se aproximando. Sem a bola, quando a vocação ofensiva dificulta a compactação sem a bola, o goleiro Jean aparece para garantir a retaguarda (Tactical Pad).

(Estatísticas: Footstats)

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O recado de Milton Mendes pelo posicionamento de Nenê na vitória do Vasco http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/17/o-recado-de-milton-mendes-pelo-posicionamento-de-nene-na-vitoria-do-vasco/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/17/o-recado-de-milton-mendes-pelo-posicionamento-de-nene-na-vitoria-do-vasco/#respond Sun, 18 Jun 2017 01:05:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2831 O Vasco sofreu mais que deveria em São Januário. Com queda de luz, truculência da polícia e a turbulência política. Também com as oportunidades do Avaí, que finalizou onze vezes e fez de Martín Silva um dos melhores em campo.

Mas dentro da meta inicial, ainda que não assumida publicamente para não criar atrito com o presidente, de se manter na Série A, os três pontos contra um adversário direto foram fundamentais. Também confirmam o mando de campo como trunfo para pontuar e continuar longe do Z-4.

Um detalhe tático, porém, funciona como um recado do treinador Milton Mendes: Nenê foi mantido na equipe depois de atuar como atacante na vaga de Luís Fabiano na derrota para a Chapecoense. Mas com um novo posicionamento, não como o meia central atrás do atacante, sem maiores responsabilidades no trabalho sem a bola.

O camisa dez atuou pela esquerda na execução do 4-2-3-1, com Mateus Vital mantido em sua função nas últimas partidas. Obviamente o meia veterano não tem vigor físico para fazer a ida e volta com a intensidade exigida pelo flanco. A compensação era feita com o lateral Henrique menos agudo e o volante mais fixo – Jean, depois Wellington – auxiliando o zagueiro Paulão na cobertura.

Nenê retornava até a intermediária – com bem mais entrega do que quando atua solto na frente – e ficava pronto para a saída nos contragolpes. Por ali criou toda a jogada do gol único, marcado por Yago Pikachu. Só com a desvantagem no placar o lateral direito do time catarinense, Leandro Silva, passou a se aventurar mais no campo de ataque.

Criou problemas porque o jovem Douglas, que vem atuando mais adiantado como meia nas partidas fora de casa, deixou um buraco na intermediária na recomposição por não retornar para se alinhar a Wellington na proteção da retaguarda e gerou superioridade numérica do oponente da intermediária em direção à área vascaína.

Problema compensado pelos 21 desarmes corretos, contra 11 do Avaí, além das boas defesas de Martín Silva. Milton Mendes trocou Pikachu e Vital, que pecou em alguns momentos pelo individualismo, por Manga Escobar e Andrezinho. Manteve Nenê, mesmo cansado, até o final.

Um claro aviso do comandante, dividido em dois: a prioridade é o trabalho coletivo e não a formação de um time que jogue em função de suas estrelas; quem entender e se sacrificar pela equipe, independentemente de status, “grife” ou salário, terá mais oportunidades.

Milton erra e acerta, como todos os treinadores. Talvez precise ousar mais como visitante. Mas na parelha Série A, o foco na competitividade pode ser um bom norte para desta vez evitar o “bate-e-volta” ao inferno da segunda divisão.

(Estatísticas: Footstats)

 

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