borja – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Palmeiras treina por uma semana para quase nada. Boa campanha, pouca bola http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/17/palmeiras-treina-por-uma-semana-para-quase-nada-boa-campanha-pouca-bola/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/17/palmeiras-treina-por-uma-semana-para-quase-nada-boa-campanha-pouca-bola/#respond Sun, 17 Nov 2019 21:29:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7578 O Palmeiras tinha um cenário favorável na rodada para retomar a disputa pelo título. Uma semana de preparação, o líder Flamengo empatando jogo antecipado e escalando muitos reservas em Porto Alegre contra o Grêmio por conta da final da Libertadores. Sem contar o Bahia em má fase, seis rodadas sem vencer – quatro derrotas, dois empates.

E o que se viu na Fonte Nova foi mais do mesmo. Uma equipe pragmática e persistente, que não se entrega e busca a vitória durante os noventa minutos, porém com repertório limitado demais. Basicamente bola no Dudu, especialmente nos minutos finais. Mérito do ponteiro alviverde, melhor do último Brasileiro, um atleta que se cuida muito para jogar sempre.

Mas é muito pouco para tamanho investimento. Ainda que a ausência de Felipe Melo, com desconforto muscular, sempre pese na saída de bola – apesar da atuação até correta de Thiago Santos. A equipe toca, inverte o lado, tenta as combinações pelos flancos, movimenta o trio de meias do 4-2-3-1 habitual: Dudu, Gustavo Scarpa e Zé Rafael, Lucas Lima e Willian entraram no segundo tempo. Mano Menezes também trocou Deyverson por Borja.

Até consegue as oportunidades para ir às redes, mas a chance cristalina na jogada bem construída é muito rara. Mesmo com 54% de posse e 21 finalizações, seis no alvo. O Bahia nem foi compacto no 4-1-4-1 de Roger Machado, nem intenso na pressão sobre o adversário com a bola e nas transições ofensiva e defensiva. A confiança está lá embaixo e não há muito mais por que lutar na competição.

Achou um gol no primeiro tempo com a falta de Arthur Caike mal cobrada, porém furando a barreira para sair do alcance de Weverton. Gilberto segue no jejum que chega a 12 partidas, Fernandão entrou e pouco acrescentou no ataque. E mesmo com o estádio morno como o jogo, o Palmeiras não arrancou o gol da vitória depois de empatar com Borja.

Por mais que a informação do gol de Gabriel Barbosa sobre o Grêmio fosse desanimadora, havia muito tempo para reviravoltas nas partidas. O Palmeiras parece consciente que não há consistência para a arrancada espetacular em busca do “milagre”. O aproveitamento de quase 69% daria título em outras temporadas, sim. Mas no contexto de 2019 está claro que é insuficiente. Boa campanha, mas pouca bola. Uma semana de treinamentos para quase nada.

A temporada deve terminar sem conquistas. Direção e Mano Menezes têm muito a refletir e planejar para fazer diferente em 2020. O sarrafo subiu e é preciso evoluir. As soluções dos últimos anos não resolvem mais.

(Estatísticas: Footstats)

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Pelas palavras de Felipão, Palmeiras pode vencer. Mas será difícil evoluir http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/25/pelas-palavras-de-felipao-palmeiras-pode-vencer-mas-sera-dificil-evoluir/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/25/pelas-palavras-de-felipao-palmeiras-pode-vencer-mas-sera-dificil-evoluir/#respond Mon, 25 Feb 2019 10:02:30 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6014

Luiz Felipe Scolari costuma ser um treinador transparente em suas declarações públicas. Mesmo com muxoxos, caretas e expressões vagas como “algumas situações”, “certos aspectos” entre outros. É sempre interessante ouví-lo.

Não foi diferente neste sábado, depois do empate sem gols contra o Santos de Jorge Sampaoli. Um intenso confronto de estilos que teve basicamente 45 minutos de domínio para cada equipe e o Palmeiras com oportunidades mais claras. Borja mais uma vez teve desempenho sofrível, se atrapalhando em lances simples.

A média de gols do atual campeão brasileiro não é das melhores em 2019: 0,88 por partida. Entre os times da Série A só é superior à do Athletico, que até aqui disputou o Paranaense com reservas. Números preocupantes para o melhor elenco do país que ganhou contratações para acrescentar opções a uma base que já era muito forte. Especialmente no setor ofensivo.

Disputando apenas o Paulista como grande favorito, o Alviverde vem encontrando dificuldades para infiltrar em sistemas defensivos mais fechados. Até cria as oportunidades, mas sempre da mesma maneira: bola roubada no ataque e transição rápida, jogadas individuais e insistência nos cruzamentos, com bola parada ou não.

É pouco, bem pouco para tamanho potencial. E a julgar pelas palavras de Felipão, o Palmeiras pode até voltar a ser campeão dentro deste estilo, mas será difícil evoluir. Porque a visão de futebol não muda, nem se adapta.

Depois de ironizar o termo “repertório” utilizado pelo repórter na coletiva pós-jogo, o técnico afirmou que está satisfeito porque a equipe tem criado oportunidades e, quando isto acontece, não há do que reclamar. Apenas cobrar o acerto no último toque.

Correto em linhas gerais, mas discutível considerando o que o Palmeiras pode oferecer. Com mais aproximação, tabelas, triangulações ou mesmo uma maior valorização da posse, necessidade detectada no final do ano passado, as chances de gol poderiam ser mais cristalinas. O toque, a infiltração e a finalização mais “limpa” ou o passe para o companheiro livre completar.

Só que a prioridade continua sendo conceder poucas oportunidades ao adversário. Ponto ressaltado por Felipão logo no início da coletiva. Mesmo enfrentando um time misto do Santos, recurso utilizado por Sampaoli para minimizar o desgaste de jogos seguidos na temporada por estadual, Copa do Brasil e Sul-Americana.

Ainda a ideia de atacar com cinco, no máximo seis e garantir superioridade numérica atrás. Mesmo que isto signifique menos opções à frente. A solução continua sendo a bola longa. Quando perguntado se as muitas ligações diretas tinham incomodado, a resposta deixou clara a ideia de futebol saturada de pragmatismo:

“Meu incômodo foi com a forma do lançamento. O Santos marca adiantado, então se acertar o passe longo sempre haverá a chance de um pra um no ataque. Minha indignação foi porque nós treinamos em cima do que o Santos joga. Eles marcam no meio-campo, a gente tinha 30 metros para jogar atrás da defesa”, reclamou o treinador do Palmeiras.

Sempre a reação, nunca a iniciativa ou proposição. Ter como único plano o contragolpe ou passe longo nas costas da retaguarda adversária, com a sensível diferença de capacidade de investimento entre os clubes, reforça a impressão de pobreza de ideias.

A visão resultadista dirá que esta proposta já rendeu muitos títulos. Mas, ao menos em 2018, a competição tratada como prioridade ficou pelo caminho. E foi justamente a semifinal contra o Boca Juniors que deixou a impressão de que a maneira de jogar tinha atingido seu teto. Por mais que o futebol seja caótico e um tanto aleatório, a lógica indica que para uma disputa em nível mais alto este jogo mais “minimalista” não é suficiente.

A julgar pelas palavras do treinador, sempre simples, francas e diretas, as chances de atualizar ou adequar a forma de atuar são remotas. Scolari já pediu que não esperem nada dele além do resultado. Só que para atender aos planos ambiciosos do clube e de seu patrocinador mais forte, a conquista precisa estar mais atrelada ao desempenho. Como consequência natural. O Palmeiras segue devendo.

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Palmeiras na semifinal da Copa do Brasil já com toques do “método Felipão” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/17/palmeiras-na-semifinal-da-copa-do-brasil-ja-com-toques-do-metodo-felipao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/17/palmeiras-na-semifinal-da-copa-do-brasil-ja-com-toques-do-metodo-felipao/#respond Fri, 17 Aug 2018 12:15:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5081

A vitória por 1 a 0 sobre o Bahia no Pacaembu que coloca o Palmeiras na semifinal da Copa do Brasil contra o Cruzeiro é a segunda em mata-mata na volta de Luiz Felipe Scolari. A segunda com titulares num total de três em quatro jogos. Sem sofrer gols. O de Dudu foi o quarto marcado.

Pouco tempo. Mas o suficiente para perceber que já existem toques do “método Felipão” na equipe alviverde.

A começar pelo 4-2-3-1 que aproxima o meia central – Moisés, que deixa Lucas Lima no banco – de Borja, a referência do ataque. Exatamente para ser o jogador que pressiona o volante mais fixo na saída de bola do adversário. funciona como um desafogo na saída rápida em contragolpe e disputa pelo alto nas ligações diretas da defesa palmeirense quando pressionada. Certamente a estatura pesou a favor do camisa dez.

As bolas roubadas no campo do oponente continuam sendo uma arma importante quando surge a dificuldade para criar espaços. O contra-ataque mais perto da meta rival com a retaguarda desarrumada. Um recurso desde o Grêmio nos anos 1990, passando pelo Brasil campeão mundial em 2002. Quase rendeu gol em oportunidade clara de Willian após interceptação de Borja. Moisés também perdeu à frente do goleiro Anderson numa cobrança rápida de falta.

No primeiro tempo, a pressão no campo de ataque rendeu bola roubada por Borja que quase terminou em gol com Willian saindo à frente do goleiro Anderson. Velho recurso dos times de Felipão (reprodução SporTV)

Boas chances, mas construídas com pouco volume de jogo. Muito pela falta de aproximação no setor ofensivo. Willian e Dudu abertos, Moisés se juntando a Borja na maior parte do tempo e o espaço para a articulação sendo ocupado basicamente por Bruno Henrique, com um ou outro movimento de Moisés recuando para auxiliar.

O Bahia de Enderson Moreira no primeiro tempo foi um contraponto. No mesmo 4-2-3-1, porém com bola no chão e mobilidade do quarteto ofensivo. Zé Rafael saia da esquerda para dentro pensar o jogo com Vinícius e Edigar Júnio infiltrava em diagonal para se juntar a Gilberto. Assim saiu a melhor oportunidade na finalização na trave de Edigar, com Gilberto chutando no rebote em cima do próprio camisa onze e perdendo gol feito. Sorte de Felipão.

Antes do primeiro minuto da segunda etapa, Borja perdeu mais uma oportunidade cristalina tentando encobrir Anderson depois de um chutão de Edu Dracena. O Palmeiras voltou do intervalo com mais intensidade e concentração no trabalho defensivo, pressionando o adversário com a bola e melhor posicionado, especialmente Felipe Melo, para impedir a troca de passes na entrada da própria área.

Retomou domínio, ocupou o campo de ataque e chegou ao gol na melhor jogada trabalhada. Pela direita, com Mayke, que deixou Marcos Rocha no banco e foi o melhor passador da partida, tabelando com Moisés e cruzando na cabeça de Dudu. O camisa sete decisivo, mas que participava pouco do jogo. Combinação pelo flanco, cruzamento e ponta do lado oposto pisando na área para concluir, junto com Borja e Willian. Também uma prática comum dos times de Scolari.

Combinação rápida e precisa entre Mayke e Moisés e o cruzamento encontrando três palmeirenses na área adversária. Dudu completou e decidiu o jogo e a vaga nas semifinais da Copa do Brasil (reprodução SporTV).

Depois foi administrar com uma formação inusitada: Thiago Santos entrou na vaga de Borja e Hyoran substituiu Willian. Com isso, o 4-2-3-1 tinha Bruno Henrique como meia central, Moisés à direita e Hyoran mais adiantado. Força na marcação e um atacante descansado para correr sozinho na frente.

Deu certo. Triunfo com 60% de posse de bola, finalizando 13 vezes contra dez do Bahia – seis a quatro no alvo. Desarmando menos (15 a 19), porém interceptando mais (6 a 4). Também menos cruzamentos – 20 a 21 – e lançamentos – 37 a 39. O Palmeiras de Scolari não é exatamente moderno, mas tenta jogar.

Mesmo quando não consegue, tem como mérito nunca desistir. De tanto querer a vitória acaba aparecendo. Mais Felipão impossível.

(Estatísticas: Footstats)

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Palmeiras e Grêmio começam a sobrar no país e tudo parte do meio-campo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/05/palmeiras-e-gremio-comecam-a-sobrar-no-pais-e-tudo-parte-do-meio-campo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/05/palmeiras-e-gremio-comecam-a-sobrar-no-pais-e-tudo-parte-do-meio-campo/#respond Thu, 05 Apr 2018 03:51:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4400 Independentemente do que acontecer nas decisões estaduais em São Paulo e no Rio Grande do Sul e também das campanhas invictas até aqui na Libertadores, a análise de desempenho, com mais ênfase nas atuações recentes, sinalizam que Palmeiras e Grêmio começam a se desgarrar dos demais como os melhores times do país.

Equipes que alternam posse de bola para controle do jogo e intensidade nas transições ofensivas e defensivas e na pressão logo após a perda da bola. Times inteligentes. Consciência que parte do meio-campo.

Reunir Arthur, Maicon e Luan de um lado e Felipe Melo, Bruno Henrique ou Moisés e Lucas Lima do outro, para o nível do futebol jogado no Brasil, é garantir eficácia nos passes desde o início da construção das jogadas e variação de ritmos de acordo com a necessidade.

O entrosamento e a combinação de características fazem o trio do Grêmio render mais e protagonizar belos lances. Sem contar a confiança pelos títulos recentes e o trabalho de Renato Gaúcho já bem assimilado. Roger Machado ainda está no início de seu trabalho e, por consequência, está um passo atrás.

Aliás, curioso observar que os treinadores acabaram influenciando um no trabalho do outro, direta ou indiretamente. Renato recebeu o Grêmio de Roger, manteve a ideia e o modelo de jogo a partir da posse de bola e das triangulações e efetuou ajustes tornando o time mais rápido e contundente na frente, intenso no trabalho defensivo e atento nas bolas paradas.

Exatamente o que Roger vem alterando em seu repertório, agora no Palmeiras. Até pela urgência de resultados para se estabilizar no comando do time mais pressionado do país em 2018. Na impossibilidade de contar com tempo para fazer com que a marcação por zona não seja passiva como aconteceu especialmente diante do Corinthians na fase de grupos do Paulista, o comandante agora estimula os encaixes e algumas perseguições individuais mais longas para garantir a concentração dos atletas.

Um pouco de Renato, outro tanto de Cuca, último técnico campeão no alviverde. Para evitar problemas como os que Alberto Valentim passou. Basicamente, adiantar a última linha de defesa, mas sem fazer pressão no adversário sem a bola e fechar as linhas de passe.

Com a posse, o Palmeiras roda a bola , concentra jogadores de um lado, preferencialmente o esquerdo, até a bola chegar a Felipe Melo ou Lucas Lima quando este recua e acontece a inversão rapidamente buscando o ponteiro do lado oposto. Normalmente Dudu, que vem crescendo de produção no setor direito. Com mais volume de jogo e ações de ataque com profundidade, Borja também cresce como o artilheiro do time no ano.

Assim como Jael, substituto de Lucas Barrios e a mudança mais significativa na virada do ano, aproveita o momento positivo para arriscar cobranças de falta, assistências de letra. Mais os gols, completando as jogadas bem articuladas. O entrosamento com Everton, que infiltra em diagonal para se juntar ao centroavante, só torna os ataques mais fluidos e com momentos de beleza. Coisa rara por aqui.

É óbvio que há ainda muita margem de evolução e alguns jogos pelo estadual – no caso do Grêmio, mesmo na final – não servem como parâmetro seguro para avaliações mais profundas. Ainda assim, a proposta e a execução parecem mais alinhadas, potencializando o talento através do trabalho coletivo. Com o toque diferente no meio-campo.

Domingo ambos podem levantar taças. Para o Grêmio significaria o fim de um período de oito anos sem conquistas na competição. Já o Palmeiras ganharia mais confiança para seguir a sua saga na temporada em que todos não aceitam menos que o máximo em conquistas.

O que se espera é que se algo der errado em termos de resultado o trabalho até aqui não seja descartado. Seria um desperdício. Mais um na terra do futebol de resultados.

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“Ditadura da emoção” estraga primeiro Corinthians x Palmeiras decisivo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/01/ditadura-da-emocao-estraga-primeiro-corinthians-x-palmeiras-decisivo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/01/ditadura-da-emocao-estraga-primeiro-corinthians-x-palmeiras-decisivo/#respond Sun, 01 Apr 2018 04:06:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4377

Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Corinthians e Palmeiras disputam o dérbi do maior centro futebolístico do país. São os últimos campeões brasileiros, terminaram na ponta da tabela na última edição da competição nacional mais importante da temporada. Ou seja, é o maior clássico brasileiro da atualidade. Para muitos a grande rivalidade do país.

Decidindo o Paulista, algo que não acontecia desde 1999. Século passado. Em dois jogos, um em cada arena. O Corinthians havia vencido os quatro últimos confrontos, apesar da maior capacidade de investimento do rival.

Ingredientes para tornar o primeiro confronto em Itaquera muito tenso. Até porque com mando de campo e torcida única a responsabilidade de construir o resultado em casa aumenta exponencialmente em relação aos duelos de antes no Morumbi com torcida dividida.

Mas nada justifica uma disputa de péssimo nível técnico, com 50 faltas cometidas – 22 pelo Corinthians e 28 pelo Palmeiras – e 12 cartões apresentados pelo árbitro Leandro Bizzio Marinho. Vermelhos para Felipe Melo e Clayson após uma confusão geral. A famosa “bulha”.

Nada justifica, mas há um fenômeno que explica tamanha panela de pressão: a “ditadura da emoção”.

É claro que todo clássico vale muito para o torcedor. É a chance da vitória que é a cereja do bolo. No caso do estadual, o duelo fica muito maior do que a conquista em si. Mas a cultura da guerra alimentada por torcedores, dirigentes, jogadores e até muitos jornalistas coloca tudo vários tons acima.

Os jogadores precisam ser guerreiros. Ganhar na bola e na porrada numa disputa que coloca quem é mais machão acima, bem acima de quem é melhor. Para o torcedor, quanto mais sofrido, mais gostoso. Espalham-se nos estádios as caras, bocas e lágrimas de algo que beira a histeria. E a loucura passa para o campo.

Ninguém tenta parar a bola e jogar. Até porque se não entrar no clima bélico pode ser acusado de ter amarelado, ser frouxo, não honrar a camisa. Então tudo se resume a entrar firme nas divididas, apelar para as faltas se perceber que vai perder a jogada, dar carrinho e se houver o desarme ou o perigo for afastado tem que vibrar, bater no peito para mostrar que tem coração e no braço para ressaltar que tem sangue nas veias.

E a cabeça? E pensar o jogo para vencê-lo? A emoção já está na atmosfera. Quem não se envolver em campo num clássico deste tamanho é melhor procurar outro ofício. A vontade de vencer é evidente, ainda mais no país que mede todos os agentes do futebol pelo “ganhou o quê?” Sem contar que a imprevisibilidade do jogo já o torna emocionante ao natural.

Não é preciso inflamar mais porque consome o raciocinio, embota a visão. O jogo fica feio, com chutões demais, ligações diretas porque ninguém quer arriscar um passe que pode dar errado e encontrar o vilão. O resultado prático são 90 minutos de tortura para quem joga, torce e assiste. Quem vence berra e chora. A dúvida é se é de alegria ou de alívio. Porque o jogo em si praticamente não existiu.

Pode ser Corinthians x Palmeiras, mas também Gre-Nal, Ba-Vi, Flamengo x Vasco, Cruzeiro x Atlético, Atle-Tiba. A “ditadura” está lá. Alimentada também pela TV, que fala em emoção o tempo todo e pouco sobre futebol. No slogan, na gritaria dos narradores cada vez mais exagerada, até forçada. Até cobrança de lateral é com o tom lá em cima.

Querem tudo à flor da pele e depois lamentam quando a violência explode no campo, nas arquibancadas ou nas ruas. Não é preciso falar “Matem-se!” Basta resgatar sempre que possível os símbolos da guerra que sempre foram utilizados no futebol. Só que a coisa passou do ponto há tempos. Mais uma vez estragou um jogo decisivo.

O gol de Borja no início da partida condicionou o jogo. Mas controle não houve. Inclusive, Roger Machado promoveu em sua equipe uma mudança na forma de se defender. Para evitar que a marcação por zona pura pudesse provocar uma passividade em seus jogadores, a maior crítica na derrota por 2 a 0 para o Corinthians na fase de grupos, o treinador estimulou seus comandados a fazer encaixes com perseguições mais longas. Mesmo tendo a bola ainda como referência. Tudo para não perder a intensidade. E também agradar a arquibancada. Ou, no caso de hoje, o palmeirense que viu pela TV.

Correria desenfreada, qualquer choque aumentando ainda mais a eletricidade. Há quem defenda essa postura e diga que clássico decisivo não é para jogar, mas vencer. Ainda mais para os que veem o esporte como o último refúgio para a barbárie e a imposição da virilidade através da truculência. Ou o templo da emoção. Sempre ela.

A grande pergunta que fica é onde o futebol, essência que se transforma em um mero detalhe, entra nessa equação? Em Itaquera ele pouco apareceu. Pior assim. Que no Allianz Parque seja melhor.

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Palmeiras é favorito, mas pode dar o que o Santos de Jair precisa: espaços http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/24/palmeiras-e-favorito-mas-pode-dar-o-que-o-santos-de-jair-precisa-espacos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/24/palmeiras-e-favorito-mas-pode-dar-o-que-o-santos-de-jair-precisa-espacos/#respond Sat, 24 Mar 2018 07:00:46 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4347 Um terminou a fase de grupos com a melhor campanha e nas quartas-de-final enfiou 8 a 0 no placar agregado sobre o Novo Horizontino. Tem um dos elencos mais qualificados do país e o artilheiro da competição: Borja, com 6 gols, mas que vai ficar de fora das semifinais pelo absurdo no calendário brasileiro de se jogar em datas FIFA. Melhor ataque, time que mais finaliza, desarma certo e só fica atrás do Corinthians na efetividade dos passes.

O outro ficou com a terceira pior campanha entre os grandes paulistas, um ponto apenas à frente do São Paulo claudicante de Dorival Júnior e no primeiro mata-mata sofreu, não marcou gols sobre o Botafogo de Ribeirão Preto e precisou da disputa de pênaltis, com cobranças bizarras, para conseguir a classificação.

Agora Palmeiras e Santos se cruzam e, obviamente, há um claro favorito. Até por ter vencido por 2 a 1 no Allianz Parque no primeiro duelo de 2018. Mas há um detalhe que tem passado batido nas prévias do clássico: o contexto pode entregar uma arma ao Santos.

O time de Jair Ventura vem sendo criticado pela dificuldade de propor jogo e criar espaços em sistemas defensivos mais fechados. Mesmo com mais dinâmica no meio-campo com Léo Cittadini e Jean Mota nas vagas de Renato e Vecchio, a movimentação não cria jogo entre as linhas do adversário e a equipe fica engessada, previsível. Sem recursos, é a que mais levanta bolas no estadual.

Só que mesmo no Pacaembu com maioria santista no sábado, a tendência é que o Palmeiras busque a ocupação do campo de ataque no ritmo de Lucas Lima, com Marcos Rocha e Victor Luiz apoiando Bruno Henrique e mais o quarteto ofensivo que novamente terá Keno e Dudu pelos flancos e Willian mais centralizado, porém com constante movimentação. Como consequência, deve ceder o que Jair Ventura mais precisa: espaços.

É óbvio que o volume de jogo e a intensidade impostas pela equipe de Roger Machado podem criar muitos problemas para um time ainda buscando ajuste. Mas se conseguir compactar setores num 4-1-4-1 com um bom trabalho de recomposição pelos flancos de Eduardo Sasha e Rodrygo e entrega sem a bola do garoto Diogo Vítor, que deve entrar na vaga de Jean Mota, o Santos pode complicar a provável proposta alviverde.

Especialmente com Gabriel Barbosa, o “Gabigol”, que não estava em campo no jogo da fase de grupos, para cima de Antonio Carlos e Thiago Martins, mesmo com a proteção de Felipe Melo. É atacante inconstante e com dificuldades na leitura de jogo, mas com campo para explorar as costas da defesa adversária ou no um contra um para cortar e finalizar de canhota é um perigo. Já marcou seis gols na história do clássico.

Em tese, o Palmeiras tem tudo para se garantir em mais uma decisão do Paulistão. Mas o Santos de Jair Ventura tem uma chance e os espaços como trunfo. Ainda que não honre o DNA ofensivo do clube, o time merece respeito.

Palmeiras no 4-2-3-1 deve tomar a iniciativa, mesmo no Pacaembu com maioria santista. Mobilidade na frente, Lucas Lima articulando e apoio constante dos laterais Marcos Rocha e Victor Luiz que vai exigir concentração de Sasha e Rodrygo na recomposição. Mas com espaço para acelerar contragolpes, o Santos de Jair Ventura, provavelmente num 4-1-4-1, pode complicar a proposta alviverde com Gabigol para cima de Antonio Carlos e Thiago Martins. Roger Machado vai precisar da maior proteção de Felipe Melo para a sua zaga (Tactical Pad).

(Estatísticas: Footstats)

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Palmeiras vence combinando Roger e Cuca. São Paulo parece sem saída http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/08/palmeiras-vence-combinando-roger-e-cuca-sao-paulo-parece-sem-saida/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/08/palmeiras-vence-combinando-roger-e-cuca-sao-paulo-parece-sem-saida/#respond Fri, 09 Mar 2018 02:28:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4247 O clássico no Allianz Parque mostrou um Palmeiras combinando, intencionalmente ou não, elementos das ideias de Roger Machado com as do campeão brasileiro com Cuca.

Pressão sufocante na saída de bola do adversário e um jogo mais direto e menos construído ao entrar no campo de ataque. Com Lucas Lima mais adiantado, recuando menos para articular. Passando do 4-1-4-1 para um 4-2-3-1 dentro de um modelo que se impôs pela intensidade. Também na jogada aérea que encontrou Antonio Carlos no gol que começou a mudar o clássico. A fração de Cuca.

Já a de Roger é uma saída de bola mais cuidadosa, liderada por Felipe Melo bem assessorado por Bruno Henrique. Também a marcação por zona, sem encaixe ou perseguições longas. Maior controle, tanto dos espaços quanto da posse de bola – terminou com 54%.

A inversão dos ponteiros, com Dudu à direita e Willian pela esquerda, funcionou com o auxílio dos laterais Marcos Rocha e Victor Luis, o melhor em campo com destaque para o voleio que terminou no gol de Borja no rebote. Volume de jogo e variações dentro de uma atuação segura. Os números dos 90 minutos dos 2 a 0 não deixam dúvidas: 16 finalizações contra sete e 25 desarmes corretos contra treze.

Domínio que desequilibrou totalmente o rival. O São Paulo de Dorival Júnior foi empurrado para a defesa, não conseguiu reter a bola, forçou demais as ligações diretas com o goleiro Jean e sofreu. A falta de confiança é nítida. Uma pressão bem feita é suficiente para desarticular tática e mentalmente a equipe.

O tricolor parece sem saída. Com jogadores rodados como Nenê e Diego Souza o time fica muito lento. Já quando escala os mais jovens, ou o “time do Dorival”, a situação do clube joga contra e qualquer obstáculo parece uma montanha. Consequência de uma espiral de equívocos, dentro e fora de campo, que não vem de hoje.

O futuro no Morumbi é duvidoso. Pela lógica brasileira, a derrota no clássico deve custar o emprego de Dorival Júnior. Embora não seja o único culpado, é inegável que o trabalho não evolui com consistência e a impressão é de que não há respaldo real para a reconstrução paciente de um gigante combalido.

Já o Palmeiras parece ganhar um norte para a sequência da temporada, mesmo considerando as fragilidades do rival. Misturando posse e intensidade. Roger e Cuca. Passado e presente. Pode dar bem certo.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Só os 100% garantem a paz de Roger Machado no Palmeiras? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/05/so-os-100-garantem-paz-a-roger-machado-no-palmeiras/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/05/so-os-100-garantem-paz-a-roger-machado-no-palmeiras/#respond Mon, 05 Feb 2018 08:57:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4095

O Palmeiras precisou de oito minutos de pressão e alta intensidade no Allianz Parque para marcar os gols de Antônio Carlos, aos três do primeiro tempo, e Borja aos cinco do segundo, que garantiram a vitória por 2 a 1 sobre o Santos no primeiro clássico do time em 2018. Aos sete da primeira etapa ainda carimbou a trave de Vanderlei na cobrança de falta de Lucas Lima em sua primeira partida contra o ex-clube.

Mas depois o time de Roger Machado abdicou um pouco do seu jogo, permitindo que o Santos tivesse a bola – terminou com 52% de posse, segundo o Footstats –  e ocupasse o campo de ataque. Mesmo finalizando dez vezes contra sete do rival, a postura cautelosa parece muito focada no resultado, que tinha sua importância, mas neste início de temporada não deve ser tratado como prioridade.

Mais valia seguir exercitando a saída de bola com Felipe Melo, o grande destaque individual neste início de trabalho, se juntando aos zagueiros Antônio Carlos e Thiago Martins e liberando os laterais Marcos Rocha e Victor Luís. Ou a troca de Lucas Lima e Tche Tche, com o meia recuando para qualificar o passe e o volante se aproximando do trio de ataque para acelerar as ações no último terço do campo.

Só que Roger sabe que precisa dos resultados para ganhar confiança. O time necessita, mas ele principalmente. “Se as coisas não acontecerem serei cobrado”, disse na coletiva depois do jogo. Escaldado pelo que aconteceu com Eduardo Baptista, ainda que agora não tenha uma sombra do tamanho da de Cuca, que esmagou seu sucessor/antecessor em 2017.

Precisa ser assim sempre? Por mais que time grande, ainda mais com tamanho investimento, viva de vitórias, será que é tão fundamental assim jogar por resultado na quinta partida do ano? Só os 100% garantem a paz do treinador para trabalhar?

Em março de 2015, o Santos venceu o Palmeiras pelos mesmos 2 a 1. Quem lembra deste primeiro clássico, ou mesmo da conquista do Paulista pelo alvinegro praiano nos pênaltis se na final mais importante, a da Copa do Brasil, o alviverde foi o campeão superando o rival? O mesmo vale para a semifinal do estadual em 2016. O Santos levou, mas o palmeirense não vai tratar como um fracasso no ano em que voltou a ser campeão brasileiro depois de 22 anos.

Será que vale dar ouvidos à histeria imediatista de torcedor e parte da imprensa sacrificando a oportunidade de exercitar o modelo de jogo que busca o protagonismo durante os noventa minutos e fazer experiências no estadual em nome dos três pontos que nem eram tão fundamentais assim, já que mesmo com derrota o time seguiria líder do Grupo C?

Impossível não lembrar de Dunga em sua segunda passagem pela CBF em 2014 como treinador. Vitórias em amistosos tratados como verdadeiras finais para “resgatar a imagem do futebol brasileiro” depois dos 7 a 1. De que valeu se no início da disputa das eliminatórias e nas edições da Copa América sua equipe fracassou em desempenho e resultados, fazendo a seleção brasileira perder dois anos de trabalho que podem custar caro a Tite na Rússia?

O próprio Roger teve experiência amarga no Atlético Mineiro. Campeão mineiro, melhor time da primeira fase da Libertadores. O treinador falou em “respaldo para trabalhar”. Mas bastou um começo hesitante no Brasileiro emendado com o vacilo contra o Jorge Wilstermann nas oitavas da Libertadores para vir a demissão. De que serviu o bom primeiro semestre se no dia 20 de julho estava desempregado?

O Palmeiras não precisa estar pronto agora. Pode dar mais minutos para Willian, Borja e Dudu afinarem a sintonia, com o camisa sete agora mais articulador acionando os dois companheiros finalizadores. E quando os ponteiros buscam a diagonal, Tche Tche aparece no espaço para buscar o fundo do campo, alternando com os laterais. Movimentos que precisam ganhar naturalidade até a estreia na Libertadores.

Sem essa urgência insana por vitórias. Quem vai lembrar no final do ano que o time era o único 100% da Série A nos cinco primeiros jogos da temporada se a equipe não for bem nas competições mais importantes?

Não é querer ser “parnasiano”, “romântico” ou “moderninho” por “desprezar” o resultado. Muito menos desrespeitar a história de um dos clássicos mais tradicionais do nosso futebol. Só uma questão de lógica. Estadual é sequência de pré-temporada. A evolução pensando no futuro vale mais que os pontos ganhos hoje. Ou deveria valer.

 

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Gustavo Scarpa é a peça que faltava ao quarteto ofensivo do Palmeiras http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/15/gustavo-scarpa-e-a-peca-que-faltava-ao-quarteto-ofensivo-do-palmeiras/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/15/gustavo-scarpa-e-a-peca-que-faltava-ao-quarteto-ofensivo-do-palmeiras/#respond Mon, 15 Jan 2018 15:39:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4004 Gustavo Scarpa é do Palmeiras por cinco anos. Se o imbróglio com o Fluminense podia ter sido conduzido de uma forma mais transparente, cobrando seus direitos mas dando uma satisfação ao clube que o projetou, a escolha do destino não podia ter sido melhor.

O meia é a peça que faltava ao 4-2-3-1 que Roger Machado vai ensaiando na curta pré-temporada. Vai formar o quarteto ofensivo com Lucas Lima, Dudu e Borja. Partindo da direita para ajudar na articulação e abrindo o corredor para o apoio de Marcos Rocha. Do lado oposto, Dudu será o ponta mais agudo, chamando lançamentos para os contragolpes e buscando as infiltrações em diagonal para se juntar ao centroavante, que terá três ótimos passadores a servi-lo.

No último Brasileiro, segundo o site Whoscored.com, o trio ficou entre os seis jogadores que mais criaram ocasiões de gol: Lucas Lima em primeiro com 82, Scarpa em segundo com 79 e Dudu em sexto com 57.

Fica a dúvida quanto à intensidade dentro da proposta de pressionar logo após a perda da bola, ainda mais se a dupla de volantes for Felipe Melo e Moisés. Todos terão que participar mais na transição defensiva. Talvez Tche Tche acabe virando titular, também pela velocidade na saída para o ataque.

Mas em termos de combinação de características o encaixe de Scarpa deve ser imediato. Dois ponteiros com pés “trocados”, um meia central que pensa correndo como Lucas Lima e um centroavante móvel e rápido abrindo espaços, inclusive para si mesmo, e mais focado na finalização. Sem contar as várias opções no banco, especialmente Keno e Willian Bigode.

Vejamos no campo se dá liga. Mas é impossível negar que a contratação foi certeira. O Palmeiras foi bem mais uma vez ao mercado. Sem tanta fome, porém fazendo as escolhas certas no cardápio.

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Um Palmeiras ainda “híbrido” sofre diante do Cruzeiro, o teste mais forte http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/10/30/um-palmeiras-ainda-hibrido-sofre-diante-do-cruzeiro-o-teste-mais-forte/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/10/30/um-palmeiras-ainda-hibrido-sofre-diante-do-cruzeiro-o-teste-mais-forte/#respond Tue, 31 Oct 2017 00:30:11 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3610 A expectativa e a pressão pela vitória em casa sobre o Cruzeiro que deixaria o Palmeiras a três pontos do líder do Brasileiro e maior rival atrapalharam mais uma vez. O favoritismo continua pesando nesta edição do campeonato.

Mas o que atrapalhou mesmo o atual campeão brasileiro foi o processo de mudar uma maneira de jogar e de pensar futebol na reta final da temporada. É quase como virar do avesso sair do estilo Cuca para o que Alberto Valentim quer para a equipe.

Principalmente no trabalho sem a bola, na transição defensiva. Porque quem está acostumado a marcar perseguindo o adversário vai sofrer para defender tendo a bola e o espaço como referências. Do “cada um pega o seu até o fim da jogada” para a marcação por zona é uma mudança radical.

Ainda mais com a última linha de defesa tão adiantada como quer Valentim para empurrar o adversário para o próprio campo. É um trabalho coletivo que depende muito da pressão que se exerce sobre o oponente que está com a bola para dificultar o passe. Mas como saber se tem que pressionar no setor se antes a ordem era pegar o jogador?

Toda a complexidade deste processo se viu nos dois gols cruzeirenses. No passe longo com liberdade para Diogo Barbosa receber atrás de Mayke e cruzar para Juninho, correndo para evitar a finalização, jogar nas redes de Fernando Prass. Gol contra na única “conclusão” na direção da meta alviverde no primeiro tempo.

Porque com a bola o Palmeiras mostrou a evolução dos últimos jogos. Troca de passes, revezamento de funções entre Jean, Tche Tche e Moisés, embora este sempre ficasse mais adiantado na linha de meias; mobilidade de Keno e Dudu buscando o centro para se juntar a Borja, que novamente encontrou problemas para fazer o jogo associativo – tabelas, trabalho de pivô, preparar jogadas. Mas estava na área para buscar o empate duas vezes.

A primeira em jogada pela esquerda com Egídio, depois o centro de Dudu da direita encontrando o camisa nove. Cruzamentos rasteiros, um em cada tempo. Ainda que as jogadas aéreas continuassem presentes, principalmente na necessidade de criar espaços e atacar. Foram 46 cruzamentos no total. Outra herança do “Cucabol” difícil de largar – se esta é a intenção de Valentim, diga-se.

A defesa adiantada com o lento Edu Dracena foi furada no segundo gol, de Robinho, que acabara de entrar na vaga de Rafael Marques. No Cruzeiro de Mano Menezes bem posicionado, com linhas próximas e saída em velocidade. Bem mais perigoso na segunda etapa de cinco finalizações, todas no alvo. Subindo a posse de 37% para 40%. Outro protagonista de um belo duelo.

Palmeiras das 21 finalizações que transformaram Fabio no grande destaque individual da partida. Que partiu para o abafa no final com Roger Guedes na ponta, Borja e Deyverson na área celeste, porém não conseguiu o objetivo que mudaria oficialmente o discurso de G-4 como meta para a realidade: a chance do bicampeonato nunca pareceu tão palpável.

São cinco pontos de diferença para o dérbi em Itaquera. Uma vitória com autoridade diminuiria para três e minaria ainda mais a confiança do abalado Corinthians ao longo da semana. Agora é confronto aberto, imprevisível. Alberto Valentim tem cinco dias para fazer ajustes e deixar o Palmeiras mais com sua assinatura do que a do antecessor. Não o time “híbrido” que sofreu no teste mais forte até aqui.

(Estatísticas: Footstats)

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