buffon – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 United faz “milagre” em Paris, mas pressão massacrante só atrapalha o PSG http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/06/united-faz-milagre-em-paris-mas-pressao-massacrante-so-atrapalha-o-psg/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/06/united-faz-milagre-em-paris-mas-pressao-massacrante-so-atrapalha-o-psg/#respond Thu, 07 Mar 2019 00:02:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6070 O Manchester United tinha nove desfalques, incluindo o craque Paul Pogba, um treinador que não sabe se fica para a próxima temporada, dois a zero contra em casa no jogo de ida e nenhuma expectativa para 2018/19 depois da terra arrasada deixada por José Mourinho. Nada a perder no Parc des Princes.

Já o PSG estava tranquilo, mesmo com o gol sofrido no primeiro minuto em contragolpe que encontrou Lukaku. Empatou com Bernat completando assistência de Mbappé, tinha a bola e finalizava mais. Com Daniel Alves e Bernat bem abertos, três zagueiros controlando Rashford e Lukaku e Di María encontrando espaços entre a defesa e o meio-campo do adversário. Compensando a atuação bem abaixo de Draxler. Mais uma.

Tudo virou no segundo de Lukaku. Em falha de Buffon, um dos nomes contratados para dar peso e experiência em jogos grandes. Ali alguma coisa ruiu e veio a pressão massacrante sobre um projeto ainda capenga, embora tenha avançado com Thomas Tuchel. A falta de desafios na França transforma qualquer jogo decisivo na Champions em uma prova complicada, torturante até.

O que se viu na segunda etapa foi um time apressado, com Mbappé tropeçando em ataques que poderiam ser decisivos, erros tolos de passe diante de duas linhas de quatro compactas e que ganharam uma saída mais rápida pela direita quando Dalot entrou na vaga do zagueiro Bailly, Ashley Young foi ocupar a lateral direita e Lindelof fazia a zaga com Smalling.

O tempo passando com os 2 a 1 no placar sem o gol salvador foi aumentando o pânico nos donos da casa. Desespero que só não era maior  porque os Red Devils praticamente não ameaçavam. Mas mesmo pela tela do celular era possível perceber que havia algo no ar, uma forte impressão de que o feito épico do maior campeão inglês viria. Ainda mais com a entrada de Greenwood e Chong, jovens da base para correr pelos flancos, ajudando na marcação e acelerando as transições ofensivas. Uma formação mais que improvisada.

Tuchel tentou melhorar a produção pela direita e no meio com Meunier e Paredes. Um jogo normal pareceria controlado, mas era eliminatória de Liga dos Campeões. A obsessão do PSG que não permite falhas e, por isso, é máquina de moer cérebros. O espírito e a fibra das outras partidas foram se apagando, mesmo com posse rondando os 70% e terminando com 68% e 11 finalizações, quatro na direção da meta do goleiro De Gea. Talvez acontecesse até com os lesionados Neymar e Cavani em campo.

A desgraça chegou com o pênalti no chute de Dalot que bateu no braço de Kimpembe. Como o critério hoje é não ter critério, o VAR apontou a possível penalidade e o árbitro esloveno Damir Skomina confirmou – este que escreve não marcaria, por não perceber a imprudência do defensor francês. Rashford cobrou e colocou o United nas quartas de final. Na quinta finalização. Quatro no alvo e três nas redes.

Um “milagre”. Assim como o protagonizado pelo Ajax, um feito histórico e até heroico pelo contexto de uma camisa pesada. Mas a serenidade de quem não tinha maiores responsabilidades ajudou a fazer acontecer. Naturalmente.

O PSG precisa repensar. O projeto de orçamento infinito e ambição imposta. Lembrar que o Chelsea realizou o sonho em 2012 quando ninguém esperava. Com Di Matteo no comando, efetivado como Solksjaer no United. Nos pênaltis como zebra na final contra o Bayern em Munique.

Sem o peso do mundo nas costas. O mesmo que derrubou o time milionário que precisa ganhar casca e o hábito das grandes noites de Champions.  Mais uma terminou com ares de tragédia.

(Estatísticas:UEFA)

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Revolução de Tuchel no PSG passa por estratégia, mas também pelo espírito http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/13/revolucao-de-tuchel-no-psg-passa-por-estrategia-mas-tambem-pelo-espirito/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/13/revolucao-de-tuchel-no-psg-passa-por-estrategia-mas-tambem-pelo-espirito/#respond Wed, 13 Feb 2019 06:04:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5907

É injusto afirmar que as ausências dos lesionados Cavani e Neymar facilitaram o trabalho de Thomas Tuchel para armar um PSG mais disciplinado taticamente para enfrentar o redivivo Manchester United de Ole Gunnar Solksjaer no Old Trafford pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões.

No triunfo sobre o Liverpool por 2 a 1 em Paris pela fase de grupos, que praticamente sacramentou a vaga para o mata-mata, o time francês mostrou organização e entrega na execução do plano de jogo. Com Neymar voltando para formar a segunda linha de quatro pela esquerda e, muitas vezes, Cavani recuando para ajudar no combate e liberar Mbappé para acelerar nos contragolpes.

A revolução de Thomas Tuchel no Paris Saint-Germain, porém, não apresenta seus efeitos em todas as partidas. Até porque há um abismo de vantagem na Ligue 1, a ponto do time se desconcentrar e acabar eliminado na Copa da Liga para o Guingamp. No confronto seguinte pela competição por pontos corridos, 9 a 0 no mesmo adversário, com o pé no acelerador durante praticamente todo o jogo. Para não deixar dúvidas de quem é o melhor time.

Eis o segredo: espírito. Se ao longo da temporada o PSG não se depara com grandes desafios, o grupo precisa estar preparado para quando chegar a partida importante, ou com algo em jogo além dos três pontos. A falta de hábito não pode ser um “álibi” a cada eliminação, senão o sonho europeu ficará sempre comprometido diante de clubes que participam de ligas mais fortes.

Na vitória por 2 a 0 em Manchester, o time de Tuchel foi vibrante, intenso, concentrado. Também valente, como Di María que enfrentou as provocações da torcida do seu ex-time sem se deixar intimidar e foi o destaque da partida com assistências para os gols de Kimpembe e Mbappé. Quando Ashley Young jogou o argentino em uma grade de proteção fora do campo, Marquinhos e seus companheiros chegaram junto para mostrar que na força e no grito o time da casa não venceria.

Pode parecer conversa fiada de quem diz no Brasil que “Libertadores é guerra”, mas no caso do PSG é bastante emblemático. Porque nas últimas eliminações, os gigantes Barcelona e Real Madrid passaram por cima. O primeiro com ajuda da arbitragem, sim, mas ambos na capacidade de se impor, fazer o oponente sentir medo. E o time francês dobrou os joelhos.

Agora não. Ou não tem sido assim nos jogos grandes. É claro que lendas como Buffon e Daniel Alves dão “casca” a qualquer time do mundo. O adversário respeita. Mas não é só isso. O PSG com Tuchel está diferente.

No duelo entre os treinadores, Solksjaer parece ter atingido seu teto. Depois do efeito do “fato novo”, de reintegrar Pogba e repaginar o time, a impressão é de que faltou repertório ao United quando se viu diante de uma equipe que conhecia suas virtudes e defeitos e tinha qualidade para responder em alto nível. Perdeu a invencibilidade logo no duelo mais importante.

Também  perdeu com Lingard, o atacante que mais trabalha sem bola e que muitas vezes recua para compensar a “desconcentração” de Pogba na fase defensiva, aberto pela direita. Provavelmente para acompanhar Bernat e não permitir a formação de uma dupla com Di María para cima de Young. Rashford acabou sacrificado entre os zagueiros.

Depois de um primeiro tempo equilibrado, o gol de Kimpembe deixou a disputa à feição do PSG. Os Red Devils adiantaram a marcação, mas muitas vezes deixando de pressionar o homem da bola e dividindo o time em dois setores e deixando um grande buraco na intermediária. Era sair da pressão e chegar com vantagem numérica do ataque. Na descida mais bem coordenada, passe longo para Di María e assistência para Mbappé.

Não importa muito se o desenho tático era o 3-4-3 ou o 4-1-4-1. O mais relevante foi a estratégia de posicionar Marquinhos esperando Pogba e Kehrer, Thiago Silva e Kimpembe atentos aos movimentos de Rashford e Martial, depois Alexis Sánchez. Porque Lingard, depois Mata, estava preocupado com Bernat, que abria o campo pela esquerda e Daniel Alves à direita. Verratti organizava e Draxler participava da construção e tentava se juntar a Mbappé. A joia  francesa foi o terror dos zagueiros Bailly e Lindelof na velocidade e podia ter definido o confronto num contra-ataque que De Gea parou com grande defesa.

PSG se impôs com organização e estratégia, negando espaços a Pogba com Marquinhos atento às brechas entre as linhas defensivas e Bernat atacando o setor de Lingard. Daniel Alves abria o campo do lado oposto e Mbappé acelerava contra Bailly e Lindelof (TacticalPad).

Vitória com autoridade pelo segundo tempo impecável e vaga nas quartas encaminhada, ainda mais com a expulsão de Pogba no final do jogo. Para confirmar a guinada do PSG. Se falta camisa e tradição na Champions, cabe ao time construir sua fortaleza e impor respeito aos adversários jogo a jogo, disputa a disputa. Com ou sem Neymar, Cavani ou qualquer outro.

Thomas Tuchel vem mostrando que sabe como fazer. Na tática e no olhar faminto de seu time. Convém respeitar.

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Onde há fome de Champions, lá está Cristiano Ronaldo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/onde-ha-fome-de-champions-la-esta-cristiano-ronaldo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/onde-ha-fome-de-champions-la-esta-cristiano-ronaldo/#respond Wed, 11 Jul 2018 10:05:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4901

Foto: Divulgação/ Juventus

O fim da relação entre Cristiano Ronaldo e Real Madrid é a prova de que até os casamentos mais bem sucedidos passam por desgastes. Os mortais, os comuns normalmente aceitam uma vida sem o desafio da conquista diária. Colocam outras vantagens, inclusive a estabilidade e a ciência das virtudes e defeitos da parceria.

Não para Florentino Pérez, certamente incomodado pela falta de negociações nas últimas janelas de transferências por conta da sede de entrosamento e sintonia de Zinedine Zidane. Bi da Liga dos Campeões repetindo a escalação em duas finais, algo inédito. Mais ainda para um clube comprador e um presidente viciado em times galácticos.

Muito menos para o CR7. Competitivo em tudo. Quer sempre o topo. Dos prêmios individuais, da artilharia, entre os mais bem pagos. Também quer ser amado. E os aplausos da torcida na Arena Juventus depois de seu gol antológico de bicicleta certamente pesaram na hora de escolher a Juventus. Ainda que seja um negócio de 105 milhões de euros por um jogador de 33 anos.

Ou melhor, um atleta. De força inesgotável, foco inigualável. Treinamento, alimentação, repouso, força mental. Tudo cuidado com profissionalismo, sem concessões. Gestão de carreira impecável. Para seguir no mais alto nível até quando for possível – e como é difícil imaginar até quando isto vai durar com tamanha disciplina e uma estupenda mentalidade vencedora.

Acima de tudo, para continuar vencendo o principal torneio de clubes do planeta. O grande trunfo na disputa pelo prêmio de melhor do mundo. Está claro que Cristiano Ronaldo quer desenhar uma história única na Champions. Ser o maior vencedor e por clubes diferentes para que ninguém duvide que a força está com ele, não com o time. Ainda que o atacante cada vez mais dependa dos companheiros para decidir com sua ímpar capacidade de concluir as jogadas.

Mesmo para o gigante Real Madrid de 13 títulos será difícil manter o espírito competitivo depois de um tricampeonato. O tetra pode até vir, mas em um elenco renovado, com protagonistas querendo acrescentar a conquista no currículo. Com Ronaldo ficaria a impressão de uma fé no “piloto automático” que não existe no mais alto nível.

Foi assim na saída do Manchester United sem forças para rivalizar com o Barcelona de Guardiola e Messi e já caminhando para o fim da Era Alex Ferguson. Na época, o Real estava há sete temporadas sem vencer a Champions e encarava uma sequência de eliminações nas oitavas de final. Ele chegou e reescreveu a história.

Agora a escolha do português não podia ser melhor. A Juventus rica e estruturada, mas já saturada de conquistas nacionais com um hepta da Série A italiana vai focar tudo na Liga dos Campeões que não conquista desde 1996. A presença de Ronaldo e toda a visibilidade embutida aumentam o poder de atrair outros talentos, incluindo colegas de Real. Difícil até vislumbrar uma formação titular de Massimilano Allegri com a nova estrela.

É óbvio que é impossível prever se haverá química entre craque, clube e companheiros. Os títulos podem demorar um pouco, como aconteceu em Madri. A saída de Buffon é baixa importante, na história e no vestiário. Mas em tese a presença de alguém tão vencedor vai estimular o crescimento de todos, especialmente Dybala. Falta ao argentino de 24 anos a chama que sobra no maior artilheiro da história da seleção portuguesa e do Real Madrid.

Para quem ama o esporte, fica o “luto” pelo fim da maior rivalidade local de todos os tempos entre gênios de uma mesma época. Messi e Cristiano Ronaldo disputando a mesma liga nacional com dois duelos garantidos por temporada em gigantes como Barcelona e Real Madrid. Um roteiro de filme. Acabou. Pelo menos não haverá remorso de quem curtiu cada embate sem a preocupação de ficar desqualificando um para exaltar o outro.

Buffon partiu lamentando que o CR7 tivesse encerrado por duas vezes o sonho continental da Velha Senhora. Agora o gênio da grande área do século 21, de impressionantes 451 gols em 438 jogos no time merengue vai se testar em Turim. Porque onde há fome de Champions, lá está Cristiano Ronaldo.

 

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Juventus foi gigante, mas ninguém merece mais a semifinal que o CR7 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/11/juventus-foi-gigante-mas-ninguem-merece-mais-a-semifinal-que-o-cr7/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/11/juventus-foi-gigante-mas-ninguem-merece-mais-a-semifinal-que-o-cr7/#respond Wed, 11 Apr 2018 21:14:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4425 Quando Buffon afirmou depois do jogo em Turim que seu sonho de vencer a Liga dos Campeões era impedido pelo melhor, em referência a Cristiano Ronaldo, parecia que a Juventus tinha jogado a toalha e se concentraria na conquista do hexacampeonato italiano.

Mas um gigante da Europa não vai se curvar fácil. Massimiliano Allegri apelou para uma estratégia clara e simples, mas eficiente, para surpreender o bicampeão europeu: forçar o jogo pela direita no setor de Marcelo e cruzar a bola procurando Mandzukic na segunda trave para ganhar pelo alto de Carvajal. Além disso, o que se espera de uma equipe no futebol atual precisando reverter um 3 a 0 é adiantar marcação e pressionar o adversário com a bola.

Tudo perfeito na primeira etapa. Com gol logo aos dois minutos do croata e Higuaín perdendo chance clara aos seis. A produção italiana pela direita melhorou ainda mais com a entrada de Lichtsteiner no lugar do lateral De Sciglio. Centro do substituto, mais um de Mandzukic.

O clima de confiança, quase amistoso antes da partida, morreu de vez e o gol de Matuidi em falha grotesca de Navas no segundo tempo fez o sonho parecer possível. Zidane tinha arriscado tudo na volta do intervalo com Lucas Vázquez e Asensio nas vagas de Bale e Casemiro. A saída do brasileiro era bem questionável, principalmente pela ausência de um zagueiro no banco de reservas – Sergio Ramos, suspenso, foi substituído pelo hesitante Jesús Vallejo. Se houvesse qualquer problema o volante brasileiro poderia ser adaptado ali.

Mas o Real Madrid teve mais sorte que juízo. A desconcentração poderia ter custado caro. O desgaste e a possibilidade de uma prorrogação, porém, fizeram a Juventus recuar, transformando o 4-3-3 num 4-1-4-1. Os espaços às costas de Modric e Kroos deixaram de ser explorados e o time merengue ficou menos desconfortável na partida.

No ataque final, a bola esticada. Cristiano Ronaldo, obstinado e, mesmo numa noite pouco feliz, inesgotável na busca pelo gol, ajeitou de cabeça uma bola quase perdida na segunda trave e Benatia empurrou Vázquez dentro da área. Força muito desproporcional. Pênalti marcado. Qualquer jogador surtaria com a chance de uma classificação histórica escapando pelos dedos no último lance. Buffon acabou expulso.

Szczesny entrou com uma missão impossível. Mas a margem de erro do português em lances decisivos costuma ser zero. Cobrança forte no ângulo. Sem chance. Real Madrid na semifinal. Décimo primeiro jogo com gol do português no torneio continental.

No apito do atrapalhado árbitro Michael Oliver, a festa tímida de uma torcida assustada. Calada até Cristiano Ronaldo regê-la e pedir a devida comemoração para a vaga na semifinal. A oitava consecutiva. Ainda carregando favoritismo e certamente mais alerta, independentemente do adversário que será apontado pelo sorteio.

A Juventus foi gigante. Atuação para guardar na memória. Mas nos 80 minutos ninguém mereceu mais essa classificação do que o CR7. A saga pelo sexto prêmio de melhor do mundo e pelo tricampeonato europeu continua.

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Ventura? Itália brinca com a sorte e pune geração nem tão fraca assim http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/14/ventura-italia-brinca-com-a-sorte-e-pune-geracao-nem-tao-fraca-assim/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/14/ventura-italia-brinca-com-a-sorte-e-pune-geracao-nem-tao-fraca-assim/#respond Tue, 14 Nov 2017 11:44:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3693

Foto: Divulgação/FIGC

A Itália não tem uma geração talentosa para duelar com a renovada Espanha por uma vaga na Copa do Mundo. Mas não precisava de tanto assim para superar uma Suécia sem Ibrahimovic na repescagem das eliminatórias.

Buffon na meta, uma defesa experiente, Jorginho e Verratti no meio-campo e bons nomes como Bernardeschi, Belotti e Insigne na frente. Mais que suficiente para colocar a Azzurra em mais uma Copa do Mundo. O que aconteceria na sequência dependeria do sorteio e de como a seleção chegaria à Rússia.

Em 2010 chegou na África do Sul em crise. No Brasil em 2014, o calor e o grupo complicado, com a surpreendente Costa Rica terminando na liderança, frustraram os planos.

Mas há uma referência mais recente que mostra que a crise não deveria ser tão feia: a Eurocopa 2016. Da grande atuação contra a então envelhecida Espanha e do belo duelo tático contra a Alemanha nas quartas-de-final. Perdendo apenas nos pênaltis para a atual campeã mundial. Há pouco mais de um ano, com praticamente os mesmos jogadores. E Antonio Conte no comando técnico.

Eis o ponto de desequilíbrio. Ainda que a saída do treinador para o Chelsea tenha sido traumática, a escolha do sucessor não podia ter sido tão aleatória. Giampiero Ventura, aos 69 anos, assumiu a seleção quatro vezes campeã mundial com a seguinte sequências de times no currículo nos últimos dez anos: Verona, Pisa, Bari e Torino.

Com todo respeito que essas equipes merecem, principalmente a história do clube de Turim, é muito pouco para o peso do cargo. Ainda que se compreenda a lógica diferente na Europa, na qual os melhores treinadores trabalham em clubes e não nas seleções, a federação italiana foi, no mínimo, infeliz. Com um Maurizio Sarri ali tão perto…

O resultado prático foi uma seleção armada num 4-4-2 com jeito de 4-2-4, com o meio-campo esvaziado logo diante da Espanha de Busquets, Isco, Iniesta, David Silva.. Se não há tantas opções de qualidade é obrigatório fazer o simples: organização e eficiência nas transições, defensivas e ofensivas. O que a Itália ensinou para o mundo e virou sua marca, até um clichê para falar do futebol praticado no país. Difícil entender.

Na decisão contra a Suécia no San Siro, a escolha de Immobile, um atacante de velocidade que precisa de espaço para receber às costas da retaguarda, para enfrentar uma equipe com sistema defensivo posicionado na maior parte do tempo para administrar a vantagem mínima construída no jogo de ida. Nos minutos finais, a imagem patética do volante De Rossi apontando para Insigne, talvez o mais talentoso atacante, como o jogador que deveria entrar e não ele. Apenas mostrando o óbvio.

É claro que, ainda assim, era possível fazer dois gols nos suecos em Milão e ao menos garantir o básico. Mas a Itália brincou com a sorte ao escolher Ventura. Agora paga com as lágrimas de Buffon, que não merecia se aposentar com tamanha decepção, e um dos grandes vexames de sua história. Repetindo o insucesso de 1957 ao perder a vaga para o Mundial da Suécia para a Irlanda do Norte e superando o papelão da constrangedora eliminação para a Coréia do Norte na Copa de 1966.

Vão falar em “geração fraca”, crise no Calcio e outras teses apocalípticas. Mas a liga, apesar do domínio da Juventus, tem mostrado evolução no futebol jogado, não só por causa dos estrangeiros. Basta ver o Napoli para notar que os conceitos mais atuais do jogo estão presentes. O erro maior foi a falta de cuidado e respeito com a própria história na hora de definir quem lideraria um dos maiores patrimônios do futebol mundial à beira do campo. Pecado mortal.

 

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Um Messi ligado e intenso não dá chance para ninguém. Nem à Juve de Buffon http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/12/um-messi-ligado-e-intenso-nao-da-chance-para-ninguem-nem-a-juve-de-buffon/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/12/um-messi-ligado-e-intenso-nao-da-chance-para-ninguem-nem-a-juve-de-buffon/#respond Tue, 12 Sep 2017 21:03:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3308

A Juventus parecia mais ajustada no primeiro tempo no Camp Nou, mesmo com as mudanças na defesa e no meio-campo – De Sciglio, Matuidi, Bentancur e Douglas Costa na manutenção do 4-2-3-1 de Massimiliano Allegri que perdeu Bonucci para o Milan, Daniel Alves para o PSG e estava sem Chiellini, Khedira e Mandzukic. Linhas muito próximas sem bola e saída em velocidade para Dybala acionar Higuaín.

O Barcelona buscava se aprumar à troca de Neymar por Dembelé que inverteu o lado do ponteiro no trio ofensivo. Com isso, Iniesta e Suárez passaram a ocupar mais o setor esquerdo, porém abrindo o corredor para Jordi Alba. Liberado para apoiar e contando com a cobertura de Umtiti, mais rápido que Piqué. Este protegido por Busquets e Nelson Semedo com postura mais conservadora pela direita. Com Ernesto Valverde, o mesmo 4-3-3, porém com variações para equilibrar os setores.

No centro, com liberdade total…Messi. Meio “falso nove”, meio enganche. O mais importante: ligado, intenso, ciente de que não pode se entregar às marcações mais duras, que negam espaços. Também que este Barcelona precisa demais dele nesta transição e o argentino necessita de uma equipe forte para buscar através das conquistas coletivas a Bola de Ouro, depois do inevitável empate com Cristiano Ronaldo que deve se concretizar até o fim do ano. Cinco a cinco.

Primeiro cobrou falta por baixo acertando a barreira e Suárez fazendo Buffon trabalhar. Depois a arrancada, tabela com Suárez e o chute sem força, mas suficiente para tirar o “lacre” da meta do goleiro italiano no final do primeiro tempo. A senha para o time catalão ganhar confiança e sobrar na segunda etapa.

Finalização na trave antes de acelerar numa rara incursão à direita, rebote de Benatia e gol de Rakitic. Depois a jogada característica, cortando da meia direita para dentro limpando adversários até tirar de Buffon no canto esquerdo. Descomplicando e transformando jogo duro contra o grande rival no grupo em um 3 a 0 com autoridade.

Já são sete gols de Messi em quatro partidas depois da depressão pela saída de Neymar e a sova do Real Madrid na Supercopa da Espanha. 96 gols em 116 jogos pela Liga dos Campeões. Porque quando o camisa dez, maior artilheiro do clube e um dos gênios da história do esporte está 100% conectado e disposto a ser decisivo é difícil segurar. Até para o mito Buffon.

O 4-3-3 do Barcelona ganha nova dinâmica com Dembelé à direita, Iniesta e Suárez dando suporte ao apoio de Alba do lado oposto com a cobertura de Umtiti e Semedo e Busquets protegendo o lento Piqué. Messi com total liberdade destruiu a Juventus no mesmo 4-2-3-1 do vice da Champions da temporada passada, porém com ausências sentidas e sofrendo contra o argentino genial (Tactical Pad).

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Juventus x Real Madrid: os camaleões atrás da orelhuda http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/02/juventus-x-real-madrid-os-camaleoes-atras-da-orelhuda/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/02/juventus-x-real-madrid-os-camaleoes-atras-da-orelhuda/#respond Fri, 02 Jun 2017 13:58:24 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2768 Quando José Mourinho e Pep Guardiola polarizaram o futebol mundial no início da década, em especial nos duelos entre Real Madrid e Barcelona, criou-se também uma dicotomia: posse de bola x jogo reativo. Ainda que Lionel Messi tenha definido o superclássico espanhol pela semifinal da Liga dos Campeões 2010/2011 em um contragolpe e o time merengue comandado pelo português tenha batido o recorde de pontos no Espanhol na temporada seguinte atropelando os adversários.

O tempo mostrou que o radicalismo nos conceitos de jogo podem criar dilemas complicados. Como o Bayern de Munique de Guardiola tentando jogar no campo de ataque e deixando espaços para o trio MSN do Barça no auge em 2015. Ou o Chelsea de Mourinho, no mesmo ano, pagando pela cautela excessiva, em casa e com um homem a mais, contra o PSG pelas oitavas de final da Champions.

O primeiro campeão europeu a sinalizar que a flexibilidade na proposta de jogo seria a melhor solução foi o Bayern de Jupp Heynckes em 2012/13. A equipe que faturou a tríplice coroa podia atacar com fúria e volume, mas também com paciência. Na temporada, só o Barcelona de Tito Vilanova/Jordi Roura, sucessores de Guardiola, teve mais posse. No duelo entre os dois, o time bávaro pulverizou o catalão com 7 a 0 no agregado e média de 40% do tempo com a bola. Contragolpe na veia. Quando foi preciso.

O Real Madrid de Carlo Ancelotti de “La Décima” em 2014 e a Juventus finalista em 2015 também se mostraram equipes “híbridas”. Saindo de trás com a classe de Xabi Alonso e Pirlo, mas sabendo acelerar na frente com o trio “BBC” nos merengues e colocar intensidade com Vidal, Tevez e Morata.

Agora, espanhois e italianos se encontram na final do principal torneio de clubes do planeta atingindo a excelência na proposta de se adaptar conforme a necessidade. Ser um time “camaleão”. Ambos sabem trabalhar com posse para abrir defesas fechadas – embora não estejam entre as cinco melhores no controle da bola nesta edição do torneio continental. Mas se preciso abrem ferrolhos no jogo aéreo, com bola parada ou rolando. Também ficam confortáveis jogando em contra-ataques.

Para a decisão em Cardiff, a dúvida é quem tomará a iniciativa de início, propondo o jogo e adiantando a marcação. Talvez o Real Madrid, seguro e confiante por ser o atual campeão e ter a mesma base com duas conquistas nas últimas três temporadas. Também por ser o melhor ataque, com 32 gols, e a equipe que mais finaliza, a segunda que mais acerta passes (88% de efetividade).

Provavelmente com Isco sendo o “enganche” do 4-3-1-2 montado na ausência do lesionado Gareth Bale e que deu tão certo que deve manter o galês no banco, mesmo numa final disputada em seu país. A mudança trouxe mobilidade na frente e desafogo para o meio-campo. O meia circula às costas dos volantes adversários nas ações ofensivas e retorna por um dos lados na recomposição formando duas linhas de quatro. Se pela direita, Modric e Casemiro fecham o centro e Toni Kroos abre à esquerda. Se Isco inverte o lado, é Modric a abrir à direita e Casemiro e Kroos ficam no meio.

Deve ser esta a opção de Zinedine Zidane. Modric, mais rápido, fecha a subida de Alex Sandro enquanto Carvajal fecha a diagonal de Mandzukic em busca da zona de conclusão fazendo dupla com Higuaín. Isco volta, mas nem tanto, contra Barzagli e Marcelo se encontra no setor com Daniel Alves.

Porque a Juventus de Massimiliano Allegri, que sofreu apenas três gols em 12 partidas, deve repetir a ideia vencedora na semifinal da UCL em 2014/15: duas linhas de quatro bem compactas. Pelas características e dentro do contexto, podem ter cinco defensores. Com Barzagli por dentro e Daniel Alves como lateral. Para evitar a circulação de Isco, vigiar as descidas dos laterais Carvajal e Marcelo e não ser surpreendida pela mobilidade de Benzema e Cristiano Ronaldo na nova configuração do ataque, em dupla.

Na transição ofensiva, caberá a Pjanic o primeiro passe e a Dybala o último. O argentino tende a procurar mais o lado direito para trabalhar com a canhota e dar suporte a Daniel Alves. Mesmo na marcação por zona padrão da Europa, Casemiro terá a função de negar espaços ao meia que atua mais solto, próximo a Higuaín.

Atenção na bola parada. O Real tem Kroos em faltas laterais e escanteios buscando Sergio Ramos e Cristiano Ronaldo nas cobranças diretas. A Vecchia Signora conta com Pjanic, Daniel Alves e Dybala. Na área adversária, Bonucci, Chiellini, Mandzukic e Higuaín. Junto com o Bayern de Munique, são os três times que mais completam cruzamentos no torneio. Assim a Champions pode ser definida.

A Juventus tem mais “fome”, mas a pressão de dar uma Liga dos Campeões ao mito Buffon e de não falhar na nona final, depois de apenas dois títulos em oito decisões, pode jogar contra. Mesmo com tanta experiência e o supercampeão Daniel Alves do lado italiano.

Já o Real Madrid entra mais relaxado. A obrigação era “La Decima”, depois de 12 anos sem sequer alcançar uma final. É o maior e atual campeão, já venceu a liga espanhola, que era a conquista que faltava depois de cinco anos. Pode encher de confiança, mas também arrancar o “sangue nos olhos” e a indignação com a derrota que constroem os campeões.

Não há favorito no duelo de camaleões atrás da orelhuda. Mas o blogueiro se permite um palpite, sem muita convicção: a Juventus leva desta vez. Talvez nos pênaltis.

Real Madrid no 4-3-1-2 com Isco tentando circular às costas dos volantes e retornando pela esquerda, com Modrc do outro lado fechando a segunda linha de quatro. Juventus novamente deve alternar o 4-4-2 e o 5-3-2 com Barzagli lateral ou zagueiro e Daniel Alves fazendo o corredor pela direita. Na esquerda, Mandzukic volta na recomposição e busca a diagonal para se juntar a Dybala e Higuaín (Tactical Pad).

(Estatísticas: UEFA)

 

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Juventus, o time de verdade que o Monaco ainda não tinha enfrentado http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/03/juventus-o-time-de-verdade-que-o-monaco-ainda-nao-tinha-enfrentado/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/03/juventus-o-time-de-verdade-que-o-monaco-ainda-nao-tinha-enfrentado/#respond Wed, 03 May 2017 20:58:29 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2631 O jovem e ofensivo Monaco encanta na temporada europeia pela volúpia ofensiva, o estilo leve e solto nas duas linhas de quatro que se transformam num 4-2-2-2 à brasileira quando os meias Bernardo Silva e Lemar ganham liberdade para criar por dentro.

A equipe de Leonardo Jardim tem todos os méritos por voltar a uma semifinal de Liga dos Campeões depois de 13 anos. Mas, a rigor, tinha enfrentado até aqui no mata-mata do torneio continental dois times jovens, que também têm seus momentos de encanto. Mas oscilam demais.

Só que o Manchester City de Pep Guardiola pecou pela irregularidade e pelos gols perdidos de Kun Aguero e o Borussia Dortmund, no mundo ideal e alheio ao “the show must go on”, não podia ter encarado partida decisiva um dia depois de sofrer o atentado que mandou seu zagueiro Bartra para o hospital. Não há força mental que resista.

Concentração foi exatamente a arma da Juventus no jogo de ida. Alternando o 5-3-2 com as duas linhas de quatro e Dybala se aproximando de Higuaín. Com Daniel Alves sendo lateral, meia e ponta. Também o assistente que consagrou Messi no Barcelona. Desta vez, dois passes espetaculares para Higuaín enfim ser decisivo na reta final da Liga dos Campeões.

O trio Barzagli-Bonucci-Chiellini teve algum trabalho com Falcão e Mbappé, mas quando foram superados havia Buffon pela frente. Explica muito os míseros dois gols sofridos pela Juve na Champions. Nenhum no mata-mata.

Mas não só. Coletivamente é fortíssima. Com e sem a bola. Melhor exemplo é a jogada construída desde a defesa no primeiro gol até a assistência de calcanhar de Daniel Alves para o argentino que se atrapalhou em dois lances grotescos. Mas decidiu.

Mesmo. É praticamente impossível o Monaco reverter em Turim. Só não é 100% porque estamos falando de futebol. E de um Monaco que marcou 95 gols em 34 partidas na liga francesa. Mas desta vez enfrentou um time de verdade. Sólido, vivido, consciente. Envolvente e quase intransponível.

Se não houver nenhuma aberração na volta, que final teremos em Cardiff entre Real Madrid e Juventus!

 

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