cassio – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Comparação mais justa nos Mundiais de 12 e 19 não é entre Fla e Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/18/comparacao-mais-justa-nos-mundiais-de-12-e-19-nao-e-entre-fla-e-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/18/comparacao-mais-justa-nos-mundiais-de-12-e-19-nao-e-entre-fla-e-corinthians/#respond Mon, 18 May 2020 11:50:52 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8508 As reprises na TV Globo da conquista do Mundial de Clubes 2012 pelo Corinthians, para São Paulo, e da Libertadores do ano passado pelo Flamengo despertaram nas redes sociais uma rivalidade que nunca fez muito sentido para este que escreve, que viveu a época da “Fla-Fiel”, de torcedores engrossando a massa do “parceiro” em disputas interestaduais.

Uma união de times extremamente populares que foi minada primeiro pelo bairrismo crescente em programas de TV que deveriam ser de âmbito nacional e depois pela internet, com a tola “polêmica” sobre qual a maior torcida do país.

Apesar do jogo exibido do time carioca ter sido contra o River Plate em Lima, muitos corintianos fizeram questão de lembrar da derrota do Flamengo para o Liverpool no Mundial em dezembro. Mantendo o clube paulista como o único sul-americano a vencer o torneio organizado pela FIFA nesta década.

Méritos inquestionáveis de uma conquista invicta desde a Libertadores da equipe comandada por Tite. E a comparação não faz sentido também porque o registro que fica para os corintianos é de uma festa apoteótica no Japão e dos rubro-negros de tristeza no Catar, apesar do orgulho pelo desempenho do time. Celebração só em 1981, com os 3 a 0 sobre o mesmo gigante inglês em Tóquio, na conquista reconhecida pela FIFA como Mundial.

Mas a comparação correta para avaliar apenas os desempenhos dos times brasileiros deve ser entre os adversários. Qual time impôs mais resistência: o Chelsea de Rafa Benítez há quase oito anos ou o Liverpool de Jürgen Klopp há cinco meses?

Bem, os Blues não eram o melhor time da Europa nem quando conquistaram a tão sonhada Liga dos Campeões. Apesar do heroismo de resistir ao Bayern na final em Munique e ter eliminado o Barcelona de Guardiola na semifinal, os comandados de Roberto Di Matteo, liderados em campo por Didier Drogba, foram o grande azarão e não tiveram uma grande atuação para chamar de sua no período.

Em dezembro, sem Drogba e com Rafa Benítez, era um time ainda mais fragilizado. Eliminado por Juventus e Shakhtar Donetsk na fase de grupos da Champions 2012/13, terminaria em terceiro lugar na Premier League, 14 pontos atrás do campeão Manchester United, e sem faturar nenhuma copa nacional.

Só a Liga Europa contra o Benfica, mas pela capacidade de investimento de Roman Abramovich à época, não passou de um prêmio de consolação. Tanto que Benítez acabou demitido no final da temporada para o clube londrino repatriar José Mourinho.

No Mundial, vitória protocolar sobre o Monterrey por 3 a 1 na semifinal. Impondo a enorme superioridade técnica de um time que ainda contava com Cech, Ivanovic, David Luiz, Ashley Cole, Lampard, Hazard e Fernando Torres.

É óbvio que o Corinthians não venceu qualquer um. Nem foi uma vitória por acaso, abrindo mão de jogar futebol. Se cuidou na execução do 4-4-1-1 que tinha Danilo pela esquerda e Emerson se aproximando de Paolo Guerrero, autor do gol do título. Para depois compactar setores marcando por zona, uma novidade à época nos times brasileiros, e contar com as defesas de Cássio para segurar o campeão europeu estelar.

Inegavelmente um feito histórico e único nos últimos dez anos, de domínio cada vez maior dos times do Velho Continente. Não só pelo abismo financeiro, mas por conta da evolução constante dos métodos e do rendimento no mais alto nível.

Eis o mérito do Flamengo, mesmo sem levantar a taça. Encarou de fato o melhor time europeu e do planeta naquele momento. Classificado para o mata-mata da Liga dos Campeões e líder absoluto da Premier League, com título praticamente encaminhado já em dezembro.

Com Alisson, Van Dijk, Alexander-Arnold, Robertson, Henderson, Salah, Firmino e Mané. À beira do campo, o melhor treinador do planeta na atualidade. Mesmo considerando a intensidade mais baixa na disputa do Mundial e o susto na semifinal contra o Monterrey usando time misto, os Reds eram favoritos absolutos.

Ainda mais em tempos recentes, com sul-americanos eliminados nas semifinais em 2013, 2016 e 2018 – sem contar o “pioneiro” Internacional contra o Mazembe em 2010. O Flamengo ao menos cumpriu a obrigação contra o Ah Hilal, apesar do susto e da necessidade de virar o jogo para 3 a 1.

Na decisão, o mérito da equipe de Jorge Jesus foi tentar jogar, utilizando conceitos atuais que surpreenderam até Alisson e Firmino, brasileiros que atuam no Liverpool. Duelando pela posse de bola e ocupando o campo de ataque em vários momentos.

Nunca saberemos se o Flamengo, caso tivesse aberto o placar, também se fecharia como o Corinthians. E é preciso considerar o maior desgaste por ter se dedicado e vencido também o Brasileiro, enquanto o time paulista praticamente abandonou a principal competição nacional e respirou Chelsea desde a conquista da Libertadores em julho.

O cansaço cobrou uma conta alta na prorrogação e o gol de Firmino fez justiça ao melhor time da decisão. Que criou chances cristalinas e fez Diego Alves trabalhar quase tanto quanto Cássio em Yokohama. Não há o que contestar, apesar da chance desperdiçada por Lincoln no último ataque dos 12o minutos.

Tudo isso em um trabalho de cinco meses, bem menos que os mais de dois anos de Tite. Um no início, outro no ápice. Mas fundamentalmente com adversários vivendo momentos bem distintos.

O Corinthians conseguiu o objetivo final, a vitória. O Flamengo ficou com a esperança de retornar, abafada agora pela pandemia. Para o histórico de vexames internacionais nos últimos tempos, o título da Libertadores já foi uma conquista espetacular, ainda mais com a virada no final sobre o então campeão River de Marcelo Gallardo com os gols de Gabriel Barbosa.

Mas como vivemos tempos de comparações descabidas para provocar e gerar “engajamento”, forçaram um paralelo que, como tudo, precisa de contextualização para ser melhor compreendido. Sem o simplismo de apenas olhar o placar final e arrotar “verdades”. Felizmente o futebol é bem mais que isso.

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Com Bruno Henrique ligado é mais difícil resistir ao Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/03/com-bruno-henrique-ligado-e-mais-dificil-resistir-ao-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/03/com-bruno-henrique-ligado-e-mais-dificil-resistir-ao-flamengo/#respond Sun, 03 Nov 2019 21:29:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7519 Difícil precisar se Bruno Henrique estava esgotado ou disperso nos jogos contra CSA e Goiás, depois da descarga emocional e por atuar no limite físico nos históricos 5 a 0 sobre o Grêmio. Mas o fato é que o atacante, exceto por escorar para Rodrigo Caio marcar o segundo gol sobre o Goiás, errou muito e foi bem menos participativo.

Mas bastou assumir a responsabilidade de substituir Gabriel Barbosa no centro do ataque, com Reinier entrando na frente no 4-1-3-2 móvel do Flamengo, para Bruno Henrique despertar e chamar para si o protagonismo no Maracanã. E com o camisa 27 ligado o líder do Brasileiro fica muito mais forte.

Apesar da impressionante concentração defensiva do Corinthians no primeiro tempo, lembrando os melhores momentos dos últimos anos. Ora no 4-1-4-1 com Pedrinho voltando pela direita e Ramiro fechando por dentro, ora no 4-2-3-1 com Pedrinho centralizando mais próximo de Gustavo na frente. Finalizando mais que o rival carioca nos primeiros minutos e criando problemas ao explorar os espaços às costas da última linha defensiva do Flamengo. Gustavo fez Diego Alves trabalhar.

Porque a equipe de Jorge Jesus pressionava pouco o adversário com a bola e não conseguia criar espaços. Dava a impressão de que seria a repetição da baixa intensidade das duas últimas partidas, mas nos últimos 15 minutos aumentou a rotação, a posse de bola foi ficando mais efetiva e o volume de jogo mais sufocante.

Até o pênalti de Cássio sobre De Arrascaeta. Em um ataque que não daria nem nada, mas efetivamente o goleiro tocou no pé do uruguaio. Bruno Henrique não é o cobrador oficial e nem bateu mal, mas Cássio fez bela defesa. Só que a tarde começava a sorrir com o rebote caindo nos pés do atacante para abrir o placar.

Com o Corinthians zonzo e, enfim, cedendo espaços entre os setores, Gerson ganhou de Ralf e encaixou passe primoroso para Bruno Henrique infiltrar livre e tocar na saída de Cássio. E a intensidade não diminuiu na volta do intervalo. Com 23 segundos, arrancou como ponteiro em diagonal a partir da esquerda e tocou na saída do goleiro corintiano.

Três a zero e Vitinho na vaga de Reinier. Um natural relaxamento e o espaço para Fagner acionar Pedrinho no lado forte do time de Fabio Carille e o cruzamento da direita encontrar Mateus Vital nas costas de Rafinha, que ficou com Junior Urso. Depois um pênalti de Everton Ribeiro não marcado pelo árbitro Jean Pierre Gonçalves de Lima. Mais uma infração marcável porque as novas orientações da FIFA parecem exigir que os jogadores não tenham braços dentro da própria área – este que escreve não marcaria também, pela pequena distância entre o rubro-negro e o adversário na disputa da bola.

Foi a senha para o Flamengo retomar intensidade e atenção. E Vitinho, que havia perdido uma oportunidade livre em infiltração pela esquerda bem parecida com a de Bruno Henrique no segundo gol, tirou da cartola uma de suas finalizações improváveis para resolver o jogo de vez. O Corinthians lutou com dignidade, mas poucos recursos. Quando precisa trabalhar a bola sofre demais. Ainda perdeu Cássio, lesionado. Com a goleada, Carille acabou demitido do comando técnico logo após o apito final.

O Flamengo deu minutos a Diego Ribas e descansou Rafinha, que sentiu o rosto em disputa com Gil. Rodinei desta vez não comprometeu, nem havia como…O resto foi posse de bola rubro-negra (66%) administrando os 4 a 1 já pensando no Botafogo, jogo da quinta-feira no Estádio Nílton Santos. Mais um no Rio de Janeiro, sem desgaste de viagem. Provavelmente descansando mais dois jogadores e Gabriel, suspenso, e Filipe Luís, que ficou no banco, desta vez em campo.

Se Jorge Jesus decidir poupar Bruno Henrique será uma boa recompensa ao jogador mais decisivo da melhor equipe do país. Mas o recomendável é deixá-lo no banco para qualquer emergência. Porque quando o vice-artilheiro do Brasileiro com 15 gols entra ligado é bem mais difícil resistir ao Flamengo que mantém os oito pontos na dianteira do campeonato.

(Estatísticas: Footstats)

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Pior versão da “identidade Corinthians” ainda consegue ser competitiva http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/04/pior-versao-da-identidade-corinthians-ainda-consegue-ser-competitiva/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/04/pior-versao-da-identidade-corinthians-ainda-consegue-ser-competitiva/#respond Fri, 04 Oct 2019 12:04:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7372

Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

Em 2013, o Corinthians viveu a ressaca do ano mais glorioso de sua história, com os títulos da Libertadores e do Mundial. Tite pecou por um dose exagerada de gratidão ao seu grupo de jogadores e o clube se limitou a vencer o Paulista e a Recopa Sul-Americana sobre o rival São Paulo.

No Brasileiro, apenas a décima colocação de uma campanha preguiçosa, mas que se destacou por terminar com a defesa menos vazada, com larga vantagem – 22 gols sofridos e o Grêmio, segundo no quesito, com 35. Por outro lado, o ataque marcou 27, só acima do lanterna Náutico com 22. Números inusitados para uma equipe vivendo realidade muito particular.

Tite saiu, veio Mano Menezes, o precursor de toda essa saga desde a campanha da volta à Série A em 2008. Depois Tite voltou repaginado e adicionou criatividade e ímpeto ofensivo ao que se convencionou chamar de “identidade Corinthians”. Essa capacidade de competir com organização, pragmatismo e resiliência. O “saber sofrer” para ser vitorioso.

Espírito resgatado por Fabio Carille, auxiliar dos dois treinadores “galácticos” e efetivado depois de algumas experiências como interino. Após um hiato de Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira em 2016, quando Tite partiu para a seleção brasileira. Um 2017 surpreendente com conquistas do Paulista e do Brasileiro e o bi estadual no ano seguinte antes do treinador partir para uma aventura no Al Wheda, da Arábia Saudita.

O retorno em 2019 para o tri paulista, mas muita dificuldade na montagem da equipe. Também uma concorrência mais forte que há dois anos no cenário nacional. Agora Jorge Jesus e Sampaoli, com Flamengo e Santos, puxaram o nível para cima e o Palmeiras, com sua forte cultura de pontos corridos e a chegada de Mano Menezes, retomou a luta pelo título.

Mas com as vitórias sobre Vasco e Chapecoense por 1 a 0, o Corinthians se desgarra de Internacional, São Paulo e Bahia e consegue encostar no pelotão da frente. Com os mesmos 41 pontos do Santos, a cinco do Palmeiras e oito do Flamengo. Com 16 rodadas pela frente, a frieza dos números aponta chance real de título, ainda mais com o líder envolvido com Libertadores e sofrendo baixas importantes nas próximas rodadas.

Sem o “radicalismo” de 2013, o time novamente tem a defesa menos vazada (13 gol sofridos). O ataque, porém, é o menos efetivo do G-6: 25 gols marcados. Entre os dez primeiros só foi às redes mais vezes que o São Paulo (23). Porque o desempenho oscila demais. Carille alterna as peças na execução do quase imutável 4-1-4-1, o que é importante nesta sequência de dois jogos por semana, mas não consegue encontrar a formação ideal, a grande virtude da campanha vitoriosa dois anos atrás.

A última linha de defesa ganhou qualidade e experiência com o retorno de Gil ao clube, mas o meio-campo não encaixa os melhores parceiros para Ralf, o volante fixo na proteção da retaguarda. Cenário que ficou ainda mais dramático com a queda brusca na produção de Júnior Urso ao voltar de lesão. O treinador vai alternando Ramiro, Matheus Jesus, Sornoza, Mateus Vital, Jadson…Mas objetivamente o jogo não flui.

Pedrinho e Clayson entregam mais movimentação e imprevisibilidade pelas pontas, mesmo com a irregularidade deste último. Com os pés “invertidos”, cortando para dentro e buscando as combinações com o centroavante que pode ser Vágner Love, artilheiro do time no Brasileiro com cinco gols, Boselli ou Gustavo. Eventualmente, Carille escala dois centroavantes para tentar aumentar a presença física na área adversária, porém o rendimento do ataque não melhora.

O time ainda depende de momentos das individualidades. Já foi Clayson, Pedrinho, Vital… Quase sempre a regularidade de Fagner, o escape pela direita e a grande referência dessa identidade vencedora. O lateral já tem o modelo de jogo mais que assimilado e exerce liderança natural sobre os companheiros. Peça fundamental que Carille desta vez não terá a infelicidade de perder para a seleção brasileira na data FIFA de outubro.

Mas no triunfo sobre a Chapecoense na Arena Condá com gramado impraticável pela forte chuva, o Corinthians viveu mesmo das defesas de um Cássio iluminado e do gol de bola parada de Danilo Avelar, vice-artilheiro na temporada com sete gols. Sofreu, novamente jogou pouco, mas levou para São Paulo os três pontos que precisava para se recolocar na briga. Nem que a meta realista hoje seja a permanência no G-4.

Porque mesmo em sua pior versão, a identidade vencedora consegue ser competitiva. Carille vai penando, mas seu time pontuando. Nada mais Corinthians nesta década.

 

 

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Corinthians não brilha, mas evolui no ataque e se afirma no G-6 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/07/corinthians-nao-brilha-mas-evolui-no-ataque-e-se-afirma-no-g-6/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/07/corinthians-nao-brilha-mas-evolui-no-ataque-e-se-afirma-no-g-6/#respond Thu, 08 Aug 2019 00:45:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7009 Não foi uma atuação brilhante em Itaquera e o Goiás deu trabalho com Michael pela direita para cima de Carlos Augusto. Mais onze finalizações, quatro no alvo e uma na trave direita de Cássio. Ainda o gol bem anulado do habilidoso ponteiro em impedimento por centímetros.

Mas o Corinthians conseguiu se impor, mesmo descansando no banco Danilo Avelar, Sornoza e Vagner Love. E o primeiro gol sinaliza a evolução ofensiva da equipe de Fabio Carille: bela combinação pela direita com participação de Fagner e Gabriel – sim, o volante em tese mais fixo na execução do 4-1-4-1 trabalhando próximo à área adversária. Assistência de Clayson, invertendo temporariamente o posicionamento com Pedrinho, e gol de Júnior Urso, entrando na área para se juntar a Boselli. Quinto gol do meio-campista infiltrador.

Algumas dificuldades defensivas, também por méritos do time goiano. Mas trabalhou melhor a bola, com 62% de posse, e concluiu 18 vezes. Um terço na direção da meta do goleiro Tadeu. Com mais precisão na finalização e no último passe era possível vencer com menos sustos.

Jadson e Everaldo entraram nas vagas de Mateus Vital e Clayson e mantiveram o ritmo das transições ofensivas. Mas Junior Urso, mesmo mais contido pelo posicionamento mais avançado de Jadson, apareceu para sofrer o pênalti no final convertido por Boselli.

É possível e até necessário evoluir. No empate por 1 a 1 no dérbi precisou demais das defesas de Cássio para não sair derrotado em casa contra o Palmeiras. Mas as triangulações pelos lados e os meio-campistas aparecendo para criar e finalizar são bons sinais. Assim como a afirmação no G-6. Ainda a oito pontos do líder do Santos, mas agora a quatro do Palmeiras e apenas um de Flamengo e Atlético-MG – o São Paulo foi ultrapassado, mas agora é o tricolor o time com um jogo a menos.

O Corinthians de Carille está de volta à briga. Convém respeitar o campeão de 2017.

(Estatísticas: Footstats)

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O que deu errado na intertemporada do Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/08/o-que-deu-errado-na-intertemporada-do-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/08/o-que-deu-errado-na-intertemporada-do-corinthians/#respond Mon, 08 Jul 2019 09:55:55 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6823

As ausências de Cássio e Fagner, a serviço da seleção brasileira na Copa América, pesariam em qualquer clube brasileiro. Ainda mais naquele em que construíram uma história mais que vencedora nos últimos anos. Ao longo do processo a lista ainda ganhou os nomes de Jadson, Gustavo, Ramiro e Everaldo. Mas o baixo desempenho do Corinthians na intertemporada vai bem além dos desfalques importantes.

Fabio Carille segue em seu dilema: como melhorar a produção do ataque sem abalar a solidez defensiva? A equação que teve a melhor resposta recente no primeiro tempo da derrota para o Flamengo no Maracanã pela Copa do Brasil não é simples. O tricampeão paulista está acostumado a aproveitar os espaços cedidos pelo adversário para acelerar.

A construção das jogadas desde a defesa costuma ser complicada. A saída de bola é sustentada e progressiva – ou seja, aposta mais na segurança ao não projetar os jogadores no campo adversário, nem acelerar a circulação da bola para chegar mais rapidamente à frente. Muitas vezes fica rodando entre os zagueiros e volante mais plantado, normalmente Ralf, e facilita a marcação adversária. É preciso ser mais agressivo e criativo.

A ideia de centralizar Clayson e abrir vaga pela esquerda para Everaldo, dentro de um desenho mais próximo de um 4-2-3-1, pode ser interessante porque dá profundidade às ações ofensivas, mas torna o time ainda mais dependente da velocidade. Diante de um oponente mais fechado o problema se mantém, ou até agrava. O que deveria ser rapidez se transforma em pressa, o passe sai errado e o contragolpe pega a retaguarda desarrumada.

Carille só tem uma boa notícia: Régis se mostrou uma opção interessante, pela direita ou por dentro. Não só pelos gols na vitória sobre o Vila Nova por 2 a 1 e no revés diante do Londrina, mas por conta da evolução desde o primeiro amistoso – outra derrota, para o Botafogo-SP por 2 a 1. O meia canhoto de 26 anos, emprestado pelo Bahia, pode ser um ponta articulador ou um meia de chegada à frente. Encorpa o elenco no setor mais necessário: de criação.

O retorno de Gil também é importante pela experiência e a identificação com clube e ideia de jogo. Um zagueiro com qualidade técnica e cultura de vitória pode ser fundamental nesta transição na maneira de atuar. Sem contar o entrosamento e a sintonia com Cássio e Fagner.

É claro que os resultados e o futebol abaixo das expectativas não devem ser tratados como terra arrasada. Valeu ao menos para fazer testes e observações. Notar o que não deve se repetir. Com time completo é possível ser bem mais competitivo e o calendário sem Copa do Brasil entregará algumas semanas cheias a Carille para trabalhar. No nosso futebol resultadista, o período sem metas a curto prazo pode inconscientemente desmobilizar atletas e comissão.

Mas o fato é que essa nova fase de preparação não teve os efeitos desejados e reforçou uma imagem que já era preocupante: a do Corinthians travado quando precisa atacar. Continua insosso, um tanto morno. No nosso jogo intenso e emocional, a desvantagem é ainda maior. Um sinal de alerta já para a volta do Brasileiro no domingo, em casa contra o CSA. Carille ainda tem mais uma semana para achar algum coelho em sua cartola.

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Corinthians de Carille reforça a imagem de time para jogo grande http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/11/corinthians-de-carille-reforca-a-imagem-de-time-de-jogo-grande/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/11/corinthians-de-carille-reforca-a-imagem-de-time-de-jogo-grande/#respond Mon, 11 Mar 2019 08:06:11 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6104 Antes do clássico entre Corinthians e Santos em Itaquera, o clichê “confronto entre estilos opostos” envolvendo Jorge Sampaoli e Fabio Carille correu solto pelo noticiário. De fato fazia algum sentido, apesar do exagero de colar no treinador campeão brasileiro de 2017 e bi paulista o rótulo de “retranqueiro”.

Visão que foi pulverizada assim que a bola rolou. O Corinthians adiantou e pressionou a marcação para sufocar a saída “lavolpiana” do rival com Alison como terceiro zagueiro pela direita ajudando Gustavo Henrique e Aguilar. Também fechava o lado forte do Santos, o direito com Victor Ferraz e Carlos Sánchez, agrupando Clayson, Sornoza e Danilo Avelar, mais a cobertura do zagueiro Henrique. Sem marcação individual, é claro.

Induziam o passe para Jean Lucas, a novidade na escalação, para dar o bote. O jovem meio-campista ex-Flamengo, de porte elegante, mas frágil no jogo físico, lento e com dificuldades nos passes longos, perdia  a bola e viabilizava os contragolpes do time da casa.

Isto acabava forçando Diego Pituca a inverter o jogo procurando o setor esquerdo de Felipe Jonatan, Jean Mota e Derlis, bem vigiados por Pedrinho, Júnior Urso e Fagner com a cobertura de Manoel. Bola roubada, aceleração pelos flancos e cruzamentos procurando Boselli, a referência na frente do 4-1-4-1 de Carille. Assim o Corinthians dominou o primeiro tempo.

Por consequência, obrigou Sampaoli a mudar. Sem Jean Lucas e Alison e com Cueva e Rodrygo, o Santos adiantou as linhas, melhorou a troca de passes e foi ligeiramente superior na segunda etapa. Teve a bola do jogo na saída errada de Cássio com os pés que Cueva não aproveitou.

O Corinthians só cresceu quando Love entrou na vaga de Pedrinho e criou problemas com infiltrações em diagonal. Uma disputa interessante que merecia gols para dar sentido, emoção e ainda mais possibilidades de variações ao longo da partida.

De novo o Corinthians de Carille foi superior ao oponente mesmo com posse de bola inferior: 40%. Finalizou 12 vezes contra nove, duas para cada lado no alvo. Deixou o time de Sampaoli desconfortável, como o próprio técnico argentino admitiu na entrevista. O Santos rebateu 42 bolas e apelou 50 vezes para o lançamento. Demais para quem valoriza a posse e o trabalho com passes curtos.

A rigor foi o sétimo jogo relevante do Corinthians na temporada. Vitórias nos clássicos sobre Palmeiras e São Paulo nesta primeira fase meramente protocolar do estadual, os jogos eliminatórios na Copa do Brasil, contra Ferroviário e Avenida, e os dois na Copa Sul-Americana diante do Racing. Não saiu derrotado em nenhum e contra o Avenida, mesmo com um desempenho ruim, mostrou poder de reação para virar um 0 a 2 tenso em casa com quatro gols e evitar uma tragédia.

Em sua Arena cumpriu sua melhor atuação coletiva no último dos quatro jogos que não venceu. Os três pontos seriam importantes na tabela e também para aumentar a confiança. Talvez tenha faltado o toque final de Gustavo. Mas valeu pela consistência. A força mental e a capacidade de competir em bom nível. Foi a marca da equipe vencedora nos últimos anos com Carille.

Na coletiva pós-jogo, o técnico ressaltou a necessidade de rever o calendário pelo excesso de jogos e falta de tempo para treinar. Discussão antiga, mas que é sempre importante fazer eco e exigir mudanças. Com pré-temporada mais longa e menos partidas o nível tende a subir. Em técnica, tática e intensidade. Só não vê quem não quer ou tem interesses escusos.

Em campo, o Corinthians de novo responde bem quando testado de fato. Reforça a imagem de time para jogo grande. Não está pronto, mas parece no caminho. É o que vale, ao menos por enquanto.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Thiago Neves desequilibra. Corinthians de Jair não acerta alvo fora de casa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/10/thiago-neves-desequilibra-corinthians-nao-acerta-alvo-fora-de-casa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/10/thiago-neves-desequilibra-corinthians-nao-acerta-alvo-fora-de-casa/#respond Thu, 11 Oct 2018 02:46:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5342 Mais uma decisão tensa e de briga por espaços no futebol brasileiro. O contexto, jogo de ida em casa, empurrando o Cruzeiro para o campo adversário e o Corinthians repetindo a estratégia da semifinal contra o Flamengo: radicalizando o trabalho defensivo com o objetivo único de minimizar danos e levar a decisão para a Arena em São Paulo.

Sem De Arrascaeta, a serviço da seleção uruguaia no absurdo de uma disputa de final nacional durante as datas FIFA, Mano Menezes abriu Rafinha pela esquerda. Surpreendeu com Ariel Cabral titular no meio-campo em busca de um passe mais vertical, deixando Lucas Silva no banco. No 4-2-3-1 habitual adiantando Thiago Neves para jogar mais próximo de Hernán Barcos.

Time de Jair Ventura concentrado sem a bola, num 4-1-4-1 com Ralf entre linhas de quatro, Mateus Vital alinhado a Gabriel por dentro e Jadson mais adiantado, circulando às costas dos volantes cruzeirenses. Mas quase sempre sem companhia na frente, até porque os ponteiros Romero e Clayson recuavam demais e se movimentavam pouco para garantir o posicionamento correto em caso de perda da bola para não deixar os laterais Fagner e Danilo Avelar desprotegidos.

A grande virtude do Cruzeiro foi a paciência para rodar a bola e esperar a chance de fazer uma transição ofensiva rápida nas poucas vezes em que o adversário adiantou as linhas. Conseguiu em um chute de fora de Thiago Neves. O grande destaque do jogo que impressiona pela personalidade em jogos grandes.

Quatro finalizações no primeiro tempo. Três no alvo, uma na trave de Cássio. Também a cabeçada de Henrique para incrível defesa do goleiro corintiano. Até Thiago Neves inverter para Egídio, que levou vantagem sobre Romero e cruzou. A bola passou por Barcos, mas não pelo camisa 30 que desequilibra.

Segunda etapa com times cuidadosos. O fim do gol “qualificado” não alterou tanto as propostas das equipes quando é hora de decidir. O Cruzeiro esperando o Corinthians em seu campo para administrar vantagem e encontrar menos obstáculos à frente da área adversária. O time visitante claramente temendo sofrer o segundo gol e se desmanchar. Logo contra o atual campeão da Copa do Brasil que costuma ser forte como visitante.

Jogou para achar um gol. Com Pedrinho, Araos e Emerson Sheik nas vagas de Clayson, Vital e Jadson. Sem mexer na estrutura. Mas também não conseguiu reagir, criar um fato novo. Agora são 180 minutos na Copa do Brasil fora de casa com Jair Ventura sem uma mísera finalização no alvo. Mesmo subindo a posse de bola para 54% de posse. A ideia deu certo contra o Flamengo “arame liso”. Agora quem sabe?

O Cruzeiro poderia ter ampliado a vantagem e encaminhado o sexto título, segundo consecutivo. Foram nove finalizações, quatro no alvo. Teve chances com Dedé e Barcos no jogo aéreo. Tentou acelerar com Raniel na vaga do centroavante argentino e David no lugar do exausto Thiago Neves, centralizando Robinho e invertendo o lado de Rafinha, com o substituto pela esquerda.

No final, Rafael Sóbis no lugar de Rafinha muito mais para ganhar tempo e tentar prender adversários no campo de defesa. Para tranquilizar, a expulsão de Araos nos acréscimos. Primeira vitória como mandante na competição. Fim da invencibilidade do time paulista.

Em Itaquera, a inversão de papeis. Cenário complexo, mesmo para o Corinthians da cultura da vitória e com o apoio da massa. O Cruzeiro está cômodo. Experiente e forte mentalmente, terá o duelo final à sua feição. Thiago Neves pode ser a diferença mais uma vez. O favoritismo ficou ainda maior.

(Estatísticas: Footstats)

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A “identidade Corinthians” resiste, mas até quando? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/18/a-identidade-corinthians-resiste-mas-ate-quando/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/18/a-identidade-corinthians-resiste-mas-ate-quando/#respond Fri, 18 May 2018 12:30:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4597 A goleada por 7 a 2 sobre o Deportivo Lara, talvez pela profunda crise na Venezuela, fez lembrar os confrontos com os times semiamadores do país de décadas passadas. Mas o Corinthians cumpriu seu papel goleando e, com o resultado, garantindo a vaga nas oitavas de final da Libertadores e encaminhando a liderança do Grupo 7.

O que segue impressionando é a capacidade de reinvenção da equipe dentro da já decantada “identidade Corinthians”. Até Mantuan, inseguro e hesitante na reposição ao lesionado Fagner, vai ganhando confiança pela direita. Tanto na composição da linha de quatro quanto no aproveitamento do corredor deixado por Pedrinho. Joia da base enfim alçada ao profissional e acrescentando drible e inventividade ao quarteto ofensivo.

Ataque que perdeu Jô, pivô eficiente e que fazia a equipe jogar, e se adapta à dinâmica sem centroavante. Na Venezuela, a veia de artilheiro ficou com Jadson e seus três gols. Rodriguinho, melhor finalizador, parece fadado aos gols decisivos, não em jogos fáceis. Sidcley entrou na vaga deixada por Guilherme Arana e é mais um que rende no time ajustado. Gol e assistência para Jadson.

O modelo é a chave que os concorrentes começam a entender e buscar. Se há uma maneira de jogar que não é definida de acordo com o treinador da vez fica mais fácil assimilar os movimentos. Desde a posição corporal na hora de defender a meta de Cássio. Balbuena ensina Mantuan, Henrique e Sidcley e são protegidos pela linha de quatro mais à frente, porém compacta, com os volantes e ponteiros.

Na saída para o ataque, a busca pelas triangulações e a já famosa concentração para não desperdiçar oportunidades. Por isso, mesmo com o decréscimo no nível técnico com a perda de peças o desempenho médio não cai.

Ao menos por enquanto. Porque a proposta do Al-Hilal por Fabio Carille pode levar também alguns titulares. Maycon vai para o Shakhtar Donetsk depois da Copa do Mundo, Cássio e Fagner estarão no período de preparação da seleção brasileira com o Brasileiro rolando e a janela europeia também pode fazer um estrago no elenco.

O Corinthians sofre ao não transferir a organização e a competência dentro de campo para a gestão. Ainda que seja complicado, em qualquer cenário, competir com a moeda e a economia mais fortes de outros centros, o clube deveria resistir mais. Tem receitas para isto. Mas a dificuldade de gerir as finanças com um estádio caro para pagar é obstáculo para um domínio que podia ser maior e corre o risco de evaporar a qualquer momento.

A alternância de poder no Brasil costuma ser implacável. A concorrência aprende com quem está dominando e o time vencedor do período se acomoda nas velhas fórmulas ou paga a conta de um investimento sem sustentação do orçamento. O São Paulo tricampeão brasileiro e hoje decadente é o exemplo mais clássico e duradouro.

O Corinthians respira e segue vencendo. Os sustos, porém, devem vir pelo caminho. Osmar Loss pode ser a nova solução caseira e o elenco ser reciclado mais uma vez. Ao menos o clube aprendeu com o hiato de Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira o que não deve fazer. Mas até quando resiste a identidade do maior vencedor do país nesta década?

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Corinthians, Botafogo e Cruzeiro: títulos serão ilusão ou redenção? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/09/corinthians-botafogo-e-cruzeiro-titulos-serao-ilusao-ou-redencao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/09/corinthians-botafogo-e-cruzeiro-titulos-serao-ilusao-ou-redencao/#respond Mon, 09 Apr 2018 03:49:45 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4410 Não adianta em abril ou maio lembrar ao torcedor que no final do ano é bem provável, a menos que aconteça algo épico, que ninguém lembre do título estadual. Porque o prazer de vencer o rival numa final ainda badalada em termos midiáticos e levar uma taça para casa inebria, entorpece.

Não funciona falar em excesso de jogos, poder das federações, enfraquecimento do próprio time de coração. O triunfo e a chance de tripudiar do colega de trabalho, do vizinho ou de qualquer um que vista as cores do rival valem mais do que qualquer análise racional. Logo passa, porque começa o Brasileiro emendando com Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana. Calendário inchado é isso.

Mas desta vez, por coincidência, as conquistas estaduais em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram algo em comum: premiaram times contestados pelas próprias torcidas e que acabaram beneficiados pelos contextos das decisões para se superar.

O Corinthians entra no caso citado no primeiro parágrafo. Vencer no tempo normal e nos pênaltis dentro da casa do milionário Palmeiras, que contava com torcida única e vantagem do empate, é um feito histórico e certamente será lembrado pelo corintiano no fim do ano, a menos que alguma tragédia aconteça até lá.

Mas o desempenho segue preocupante. O time de Fabio Carille se classificou contra o São Paulo também na disputa de pênaltis depois de achar um gol de Rodriguinho em um escanteio nos acréscimos. A decisão foi muito mais brigada que jogada e o Palmeiras se perdeu emocionalmente pela cobrança gigantesca por títulos que façam valer o altíssimo investimento para a realidade brasileira.

Valeu a cultura da vitória construída pelos muitos títulos na década. De novo no gol de Rodriguinho, desta vez no primeiro minuto do clássico. A confusão pelo pênalti que não existiu de Ralf sobre Dudu, mas foi marcado e depois invalidado pela interferência do quarto árbitro, só aumentou o caos emocional dos palmeirenses em campo e na arquibancada.

Mais uma vez Cássio garantiu pegando as cobranças de Dudu e Lucas Lima na decisão por pênaltis. A comemoração no Allianz Parque é imagem emblemática e inesquecível para o torcedor. Mas a conquista não tem o simbolismo de 2017, consolidando um trabalho que ganharia ainda mais força e maturidade no turno do Brasileirão que encaminhou a sétima taça do Corinthians na competição.

Agora o rendimento vem oscilando demais, apesar de uma boa nova como Matheus Vital e o resgate de Maycon, que havia perdido a vaga para Camacho na reta final de 2017 e bateu com precisão a última penalidade. Há espasmos da solidez defensiva que caracteriza a identidade corintiana e também boas triangulações e volume de jogo. Nada muito inspirador, ao menos por enquanto.

Já o título carioca do Botafogo veio numa sequência de acontecimentos que desafia o tradicional e já folclórico pessimismo do torcedor alvinegro. Péssimo início sob o comando de Felipe Conceição, eliminação precoce da Copa do Brasil para o Aparecidense. Chega Alberto Valentim ainda aparentando abimaturidade e a dificuldade para montar o sistema defensivo que apresentou no Palmeiras. Linhas adiantadas, pouca pressão na bola…gols dos rivais.

Não venceu nenhum turno, teve a pior campanha geral entre os grandes, levou 3 a 0 do Fluminense na final da Taça Rio e parecia ser apenas um figurante na fase decisiva. Mas uma atuação pluripatética do Flamengo que custou o emprego de muita gente, inclusive do treinador Paulo César Carpegiani, fez o time alcançar a vitória na única jogada bem engendrada em toda a semifinal em jogo único, finalizada por Luiz Fernando.

Vaga improvável na decisão e de novo o status de “zebra”, até pelo bicampeonato do Vasco em 2014/15 sobre o mesmo adversário e o trabalho mais consolidado do treinador Zé Ricardo. A vitória no primeiro jogo por 3 a 2 e depois a boa atuação no Mineirão contra o Cruzeiro pela Libertadores transferiam um favoritismo natural aos cruzmaltinos.

Mas Fabrício foi expulso aos 36 minutos na primeira etapa por entrada sobre Luiz Fernando quase tão criminosa quanto a de Rildo em João Paulo há três semanas. O vermelho condicionou toda a partida. O Botafogo insistiu, mas com enorme dificuldade para criar espaços. O time é limitado e perdeu organização e criatividade sem João Paulo. Obrigado a atacar pela necessidade e por conta da vantagem numérica acabou se complicando. O Vasco fechado num 4-4-1 e arriscando um contragolpe aqui e outro ali.

No ataque final, já nos acréscimos, a confusão na área e o chute de Joel Carli. Lance fortuito, meio ao acaso. Bola na rede, explosão da torcida e confiança em Gatito Fernández na disputa de pênaltis. Ele não decepcionou e pegou as cobranças de Werley e Henrique. 21º título alvinegro, festa pela conquista inesperada… Mas dá para confiar em boa campanha no Brasileiro?

Uma expulsão no primeiro tempo também mudou a história da decisão mineira. Logo de Otero, por cotovelada em Edilson aos 21 minutos. O meia que desequilibrou na bola parada no Independência. Vitória por 3 a 1 na primeira partida que fez eco durante a semana, encheu o Galo de confiança para a goleada por 4 a 0 sobre o Ferroviário pela Copa do Brasil e abalou o ânimo do Cruzeiro, que empatou sem gols e podia ter sido derrotado em casa pelo Vasco na Libertadores.

Com um a menos ficou mais difícil segurar o rival em casa e os gols do uruguaio De Arrascaeta e de Thiago Neves ratificaram a melhor campanha ao longo do campeonato. Mas de novo o time de Mano Menezes não apresentou um desempenho consistente. Faltou nas duas partidas pelo torneio continental e na primeira da decisão.

O contexto favoreceu, mas há muito a ser questionado. Mesmo com a lesão grave de Fred, a grande contratação para a temporada, há qualidade para apresentar mais e Mano se sente à vontade mesmo dentro de uma proposta mais pragmática e de controle de espaços e reação aos ataques do oponente. Na hora de criar em jogos mais aparelhos a coisa complica.

A grande questão depois das comemorações em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais é como os campeões reagirão. Se haverá a falsa impressão de que os times estão prontos para desafios maiores, mesmo com atuações que não inspiram confiança, ou se a conquista será tratada como a alavanca que combina paz para trabalhar e um clima de mais leveza para investir na evolução dos modelos de jogo. Vencer para crescer e não estacionar.

Ilusão ou redenção? Eis o questionamento que fica para a sequência de trabalho dos vencedores. Consciência da própria realidade é receita simples, mas sábia. Pode valer muito lá no final do ano, quando as taças não passarão de uma lembrança agradável, sem o êxtase de agora.

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O “jogo para ganhar” do Corinthians. Falta pouco para o grito de alívio http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/11/o-jogo-para-ganhar-do-corinthians-falta-pouco-para-o-grito-de-alivio/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/11/o-jogo-para-ganhar-do-corinthians-falta-pouco-para-o-grito-de-alivio/#respond Sat, 11 Nov 2017 23:19:30 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3681 De novo o Corinthians sofreu com a posse de bola, que rondou quase sempre os 60%, e a responsabilidade de criar espaços jogando como favorito. Depois de duas vitórias sendo atacado, sem obrigação de protagonismo.

Terminou com 33 cruzamentos, 25 no primeiro tempo. Só não chegou aos 50 porque o de Guilherme Arana aos cinco minutos da segunda etapa encontrou as redes de Douglas depois de esbarrar no peito de Kazim. Substituto de Jô, suspenso pelo STJD. Na meta, o terceiro goleiro Caíque para suprir a ausência do titular Cássio, na seleção, e do lesionado Walter, heroi na Arena da Baixada contra o Atlético Paranaense.

Pelo contexto e por conta do cenário desconfortável é aceitável que o time de Fabio Carille assuma o pragmatismo e a praga do “jogo para ganhar”. Ou seja, o foco no resultado maior que no desempenho. Porque depois de um turno de sonho e um returno pífio com duas vitórias redentoras o foco precisa ser a confirmação do título.

Mesmo que a equipe com Romero e Clayson nas pontas não consiga ser criativa e precise de um Jadson vindo do banco e em má fase para acrescentar uma chama criativa no lugar de Camacho. Embora nem tenha tido tempo de acrescentar algo até o gol salvador.

Com o terceiro goleiro, ao menos a concentração defensiva, especialmente dos homens da última linha, foi alta e a equipe sofreu poucos sustos de um Avaí vivendo de contragolpes esporádicos e tentando algo na bola parada do veterano Marquinhos.

No final, os gritos de “É campeão!” para o hepta que se aproxima e nada parece ser capaz de detê-lo. Mesmo com o anticlímax de atuações fracas na reta final. Porque pela vantagem construída e o misto de desinteresse e incompetência dos concorrentes o título virou obrigação.

Agora é contagem regressiva para a matemática concretizar o que parecia tão certo há tempos, despertou dúvidas e na base do futebol de resultados se aproxima. Não precisava ser assim, mas dá para entender.

Falta pouco para o grito de alegria. Ou de alívio.

(Estatísticas: Footstats)

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