copadaligainglesa – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Manchester City voa baixo, roda elenco e aquece turbinas para Champions http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/22/manchester-city-voa-baixo-roda-elenco-e-aquece-turbinas-para-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/22/manchester-city-voa-baixo-roda-elenco-e-aquece-turbinas-para-champions/#respond Mon, 22 Jun 2020 20:53:15 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8675 Com as vitórias em casa por 3 a 0 sobre o Arsenal no jogo que faltava na 29ª rodada e 5 a 0 sobre o Burnley, o Manchester City fez cair para 20 pontos a vantagem do Liverpool na liderança da Premier League. Mas com 24 pontos ainda em jogo, o título dos Reds é questão de tempo e matemática.

Mais importante que garantir o “pódio” novamente, uma característica dos trabalhos de Pep Guardiola em todas as ligas que disputou desde 2008 – a pior colocação foi o terceiro lugar na estreia na Inglaterra em 2016/17 -, é retomar rapidamente o ritmo para atingir dois grandes objetivos.

O primeiro é um tanto circunstancial: já que é praticamente impossível manter a hegemonia nos pontos corridos, a luta pelo bicampeonato do mata-mata nacional ganhou muita importância. Depois de “unificar” as conquistas em 2019, os citizens mantiveram o domínio na Copa da Liga Inglesa e estão nas quartas da Copa da Inglaterra contra o Newcastle.

A grande meta, porém, é, claro, o título inédito da Liga dos Campeões. Primeiro administrando a vantagem sobre o Real Madrid construída fora de casa com os 2 a 1 no Bernabéu. Sem a presença da torcida no Etihad Stadium, mas com a possibilidade de gerir melhor o elenco em relação ao time merengue, que acabou de assumir a liderança do Espanhol e vai lutar pela recuperação do domínio da liga. Até pela obsessão do treinador Zinedine Zidane, que valoriza demais a superioridade nos pontos corridos.

Guardiola também pensa assim, mas sabe que desta vez terá que ser forte nas disputas eliminatórias para tornar a temporada histórica e atingir o ápice antes da provável punição da UEFA, afastando o clube de competições europeias por dois anos, acusados de burlar o fair play financeiro.

Por isso tenta nivelar o grupo de jogadores por cima. mantendo apenas Ederson, David Silva e Mahrez na formação de um jogo para outro na volta. Revezando Cancelo/Walker e Mendy/Zinchenko nas laterais, Eric Garcia/Otamendi e Laporte/Fernandinho na zaga; Rodri/Gundogan e De Bruyne/Bernardo Silva no meio. Aguero/Gabriel Jesus no centro do ataque e Sterling/Foden nas pontas. Ainda Leroy Sané, que volta de séria lesão e sairá no final da temporada, mas está à disposição do treinador.

A mesma valorização da posse com linhas adiantadas e pressão logo após a perda da bola, porém com momentos de aceleração e intensidade máximas. Sempre com triangulações em todos os setores, mas também jogadas mais longas, como o passe de Fernandinho para Mahrez no segundo gol sobre o Burnley. Muita gente chegando ao ataque no sistema base 4-3-3, mas com rotações – pontas, laterais e meias alternando abertos e por dentro nas ações ofensivas – e volume de jogo que tontearam os dois adversários até agora.

Oito gols marcados, 68% de média na posse de bola, acerto acima de 90% nos passes, 39 finalizações (19 no alvo), nenhuma na direção da meta de Ederson em 180 minutos. Mesmo relativizando o nível dos adversários, não é pouco. Até porque o Burnley vinha de sete partidas de invencibilidade e apenas três gols sofridos.

O City retorna voando baixo e aquece as turbinas para competir forte no que resta em 2019/20. Temporada problemática pelo contexo, mas que ainda pode ser gloriosa e histórica.

(Estatísticas: Whoscored.com)

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Gabriel Jesus chega a 101 gols. Agora falta decidir mais jogos grandes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/11/gabriel-jesus-chega-a-101-gols-agora-falta-decidir-mais-jogos-grandes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/11/gabriel-jesus-chega-a-101-gols-agora-falta-decidir-mais-jogos-grandes/#respond Wed, 11 Dec 2019 21:37:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7710 Como quase tudo no Brasil, Gabriel Jesus é alvo de análise extremistas. Com 22 anos, já tem título brasileiro, participação em Copa do Mundo, duas conquistas de Premier League e três temporadas sendo comandado por Pep Guardiola. Nada mal para um início de carreira.

Com os três gols marcados sobre o Dinamo Zagreb no encerramento da fase de grupos da Liga dos Campeões, o atacante brasileiro chegou a 101 na carreira. Em 204 partidas, mais 27 assistências. Bons números para quem nunca foi titular absoluto no time inglês, até pela concorrência com o ídolo e artilheiro Kun Aguero. E foi o segundo “hat-trick” no torneio continental, já que também havia marcado três gols sobre o Shakhtar Donetsk nos 6 a 0 em 2018.

Não é gênio, o novo Ronaldo…nem “lixo”. Um bom atacante, com oscilações naturais dentro de um processo de evolução e amadurecimento. Na ausência de craques que rivalizem no topo com Messi e Cristiano Ronaldo, feito que seria complicado até para os grandes brasileiros da história do esporte, a exigência sobre qualquer talento emergente no país é imensa. Sem gols na Copa disputada na Rússia, o mundo caiu também sobre os ombros de Jesus. Mais um exagero no nosso apocalipse diário.

Cabe, porém, uma crítica ao Gabriel. Ou uma observação pensando na projeção de carreira: está na hora de ir às redes também em jogos verdadeiramente decisivos do Manchester City. Ate porque já deu boas respostas no Palmeiras e na seleção brasileira em partidas decisivos. Mesmo entrando durante os jogos. Excetuando as copas nacionais, o desempenho cai em grandes duelos por Premier League e mata-mata de Champions.

O grande momento até aqui foi na semifinal da Copa do Liga Inglesa, marcando quatro no Burton Albion. Em partidas com maior responsabilidade dá a impressão de que a ansiedade que se transforma em afobação faz errar mais que o habitual. Natural, compreensível. Mas algo a melhorar, até porque Aguero não será eterno nos citizens.

Por ora, vale a vitória para compensar a queda brusca na liga nacional, ficando a 14 pontos do líder Liverpool. Nesse cenário, os gols de Gabriel Jesus são um alento e também esperança. Quem sabe as coisas mudam até fevereiro e, enfim, a Champions vira prioridade para Guardiola e o lado azul de Manchester vai atrás do título tão sonhado para mudar de patamar na Europa?

Se Jesus for, enfim, protagonista, certamente a visão sobre ele no Brasil será diferente. Não sem os exageros habituais. Porque é assim que funciona por aqui.

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Qual José Mourinho volta ao futebol para suceder Pochettino no Tottenham? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/21/qual-jose-mourinho-volta-ao-futebol-para-suceder-pochettino-no-tottenham/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/21/qual-jose-mourinho-volta-ao-futebol-para-suceder-pochettino-no-tottenham/#respond Thu, 21 Nov 2019 11:59:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7597

Imagem: Reprodução / Sky Sports

O desgaste após cinco anos e meio empurrou Mauricio Pochettino para fora do Tottenham. O treinador argentino que já na temporada passada, mesmo chegando à final da Liga dos Campeões, já deixava transparecer a insatisfação por ser cobrado pela excelência do próprio trabalho, evoluindo jogadores como Harry Kane e Son, e não conseguir mudar de patamar com uma grande conquista.

Muito por conta da resistência da diretoria de ir ao mercado com mais agressividade, mesmo com o novo estádio já em funcionamento e não necessitando  dos investimentos que antes inviabilizavam mais contratações.

O péssimo início de temporada, com eliminação da Copa da Liga Inglesa para o Colchester United, time da quarta divisão, o aproveitamento ridículo na Premier League – 39% dos pontos e apenas a 14ª colocação – e a irregularidade na Champions, com direito a uma goleada histórica em casa para o Bayern de Munique por 7 a 2, custou caro e precipitou a saída.

Apesar da demissão, Pochettino tem mercado para permanecer na Europa, ainda mais depois de decidir a última Liga dos Campeões. A relação com o Espanyol e a cultura do Barcelona de não demitir treinador no meio da temporada devem impossibilitar um retorno a Catalunha neste momento.

Talvez Bayern de Munique, que demitiu Niko Kovac ou até o Manchester United, com Ole Solksjaer sempre parecendo balançar. Seleção argentina? Com a efetivação de Lionel Scaloni e a nítida evolução da albiceleste parece improvável no momento. Até porque quem chega ao alto nível da Europa não costuma se deixar seduzir por seleções.

Chega José Mourinho, quase um ano depois de ser demitido do Manchester United. Contrato até 2023. Uma recolocação no mercado como o português desejava, ainda dentro da Premier League. Por isso recusou a proposta do Lyon, mesmo revelando publicamente enorme incômodo por estar parado, longe da rotina de um clube.

A contratação deixa claro que os Spurs querem títulos e relevância. Inclusive midiática, com a presença de um técnico popstar e que atrai muitas atenções para si. Mesmo em passagem conturbada, Mourinho deixou os Red Devils com três conquistas: Liga Europa, Copa da Liga Inglesa e Supercopa da Inglaterra. Com a Copa da Inglaterra 2015/16 sob o comando de Van Gaal, as únicas depois da Era Alex Ferguson.

Mas qual Mourinho volta ao futebol? O que peca no mais alto nível pelo exagero na proposta defensiva e se desgasta até a exaustão na gestão de elenco? Ou um redivivo, que teve tempo para ver futebol, refletir, sofrer pela perda do protagonismo para Jurgen Klopp na rivalidade com Pep Guardiola e, inteligente, agora se propor a rever alguns pontos em suas ideias e seus métodos de jogo?

Se mantiver a versatilidade da equipe londrina – capaz de dominar pela posse, mas também protagonizar duelos intensos e alucinantes com os gigantes ingleses – e adicionar sem exageros a consistência defensiva que fez falta, por exemplo, na decisão da Champions contra o Liverpool em Madrid, Mourinho pode, de fato, mudar o Tottenham de patamar.

Com mentalidade vencedora, mas sem esmagar os comandados pela pressão sufocante que exerce, normalmente escolhendo uma estrela do elenco como alvo para manter a autoridade sobre o resto, estratégia que nunca funcionou. Com 56 anos é hora de mostrar maturidade nas relações humanas. O grupo do Tottenham, mesmo com a reformulação que deve começar já na janela de inverno, em janeiro,  precisa dos estímulos certos para buscar as conquistas que faltam para marcar um período de transformação.

Parece a última chance para o português se mostrar ao mundo ainda como um profissional capaz de contribuir para a evolução do jogo que cada vez é mais adaptável às demandas dentro de um modelo bem definido. Exigindo dos atletas, sim, porém na dose certa, sem sobrecargas. Também sem o “ônibus” na frente da área que, pela velocidade do jogo, não consegue mais fechar todos os caminhos dos principais concorrentes.

José Mourinho virou aposta e o Tottenham está pagando para ver se a parceria rende frutos e taças. Que ambos saiam melhores do que estão entrando agora. Pochettino também, no novo desafio que deve aparecer muito em breve. O futebol só tem a ganhar.

 

 

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A grande virada de Maurizio Sarri, o novo treinador da Juventus http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/17/a-grande-virada-de-maurizio-sarri-o-novo-treinador-da-juventus/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/17/a-grande-virada-de-maurizio-sarri-o-novo-treinador-da-juventus/#respond Mon, 17 Jun 2019 09:31:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6709

Imagem: Juventus/Divulgação

Quando o Chelsea perdeu a final da Copa da Liga Inglesa para o Manchester City, com o goleiro Keppa se negando a ser substituído no final da prorrogação por Caballero e Maurizio Sarri evitando cumprimentar Pep Guardiola depois da disputa nos pênaltis, a saída por baixo do treinador em sua primeira temporada na Inglaterra parecia uma certeza. Talvez fosse demitido já no vestiário em Wembley.

Mas Sarri resistiu e terminou a temporada com um honroso terceiro lugar na Premier League, considerando as campanhas de exceção de City e Liverpool, e o bonus do título da Liga Europa. O primeiro da carreira do técnico em uma divisão principal. Na festa ainda no gramado em Baku, Sarri parecia uma criança celebrando o novo brinquedo. Com goleada sobre o Arsenal, grande rival de Londres.

Confirmando a evolução profissional que passou por duros aprendizados, não só para lidar com a pressão moedora de treinadores dos Blues com Roman Abramovich, mas também na adaptação de seu estilo personalíssimo ao futebol jogado na Inglaterra. Mantendo a construção paciente desde a defesa, passando pelo “regista” Jorginho e acelerando na frente para aproveitar todo o talento de Eden Hazard, craque que foi ganhando cada vez mais liberdade no jogo de posição adequado à demanda da liga mais competitiva do planeta.

Agora Sarri sai por cima, voltando à Itália que encantou com o Napoli, mas para comandar a octacampeã Juventus. De Cristiano Ronaldo e a cobrança por título da Liga dos Campeões. Sucedendo um trabalho sólido de Massimiliano Allegri com a missão de acrescentar suas ideias, mas mantendo a proposta de ser um time versátil, capaz de trabalhar a bola com paciência no campo de ataque e também ser letal nas transições ofensivas. Como o Chelsea conseguiu na reta final da jornada 2018/19.

O ex-bancário de 60 anos que acreditou no sonho de viver de futebol e chegou à elite de seu ofício consegue uma virada que parecia improvável. Típica de quem aprendeu a se virar com as limitações do contexto, dirigindo equipe semiamadoras, mas sem abandonar ideias e ideais. Retorna ao seu país com mais pompa e também responsabilidades. Mas nada mais parece impossível depois do “batismo de fogo” na Inglaterra.

O “Sarrismo” agora tem o respaldo de uma taça e a sobrevivência com honra no olho do furacão. Não é pouco. A Juventus que quer tudo aposta alto. Seu novo comandante parece pronto para qualquer desafio.

 

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Datas-FIFA são o tormento do City de Guardiola em busca de feito inédito http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/18/datas-fifa-sao-o-tormento-do-city-de-guardiola-em-busca-de-feito-inedito/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/18/datas-fifa-sao-o-tormento-do-city-de-guardiola-em-busca-de-feito-inedito/#respond Mon, 18 Mar 2019 10:40:45 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6173

Foto: Clive Mason (Getty Images)

Kompany, Laporte, Mendy, Fernandinho, De Bruyne, David Silva e Aguero. Mais Otamendi lesionado e cortado da seleção argentina. São os oito jogadores do Manchester City não convocados para as datas-FIFA que param o futebol de clubes na Europa de 18 a 26 de março. Com exceção do zagueiro argentino que inicia recuperação, os demais ganham folga.

Pep Guardiola sempre demonstra preocupação nessas pausas. Não só pelo risco de perder jogadores contundidos, mas também por conta do desgaste de mais partidas na temporada ou, ao contrário, de atletas que não jogam e treinam nas seleções sem a intensidade do clube. Principalmente por conta de uma desmobilização em torno dos objetivos da equipe.

No caso dos citizens não são poucos. O time disputa a Premier League ponto a ponto com o Liverpool, está nas quartas de final da Liga dos Campeões contra o Tottenham e ainda marca presença nas semifinais da Copa da Inglaterra diante do Brighton.

Campeão da Copa da Liga Inglesa, o time azul de Manchester vai atrás de um feito inédito: até hoje nenhum clube do país venceu a Liga dos Campeões e as três competições nacionais – sem contar a Supercopa vencida em agosto sobre o Chelsea por 2 a 0, gols de Kun Aguero. O Liverpool passou perto em 1984, conquistando o torneio europeu, a liga nacional e a Copa da Liga. O United também, em 1999. Campeão inglês, da Europa e da Copa da Inglaterra.

A missão, porém, é duríssima e o mês de abril já se apresenta bastante agitado. Um pouco antes, no dia 30 de março, sai para enfrentar o Fulham pela liga. No dia 6 encara o Brighton na semifinal da Copa em Wembley. Por conta disto, o jogo em casa contra o Cardiff pela 33ª rodada foi adiado, talvez ainda para uma data de abril.

No dia 9, duelo com os Spurs também em Wembley pela Champions. No dia 14 visita o Crystal Palace e três dias depois fecha as quartas do torneio continental contra o Tottenham no Etihad Stadium. Justamente o adversário do dia 20 pelo campeonato nacional, no mesmo estádio.

Clássico de Manchester no Old Trafford contra o United no dia 24 – jogo adiado da 31ª rodada. Quatro dias depois, visita o Burnley na penúltima rodada do campeonato inglês. E se estiver na semifinal da Liga dos Campeões entrará em campo já no dia 1º de maio contra Juventus ou Ajax.

Dez ou onze jogos em 32 dias. Um a cada três dias. Para o padrão brasileiro do calendário inchado pelos estaduais pode parecer normal, mas na Europa e numa reta final de temporada é pesado pelo nível de competição muito alto. Mesmo com elenco qualificado em um orçamento quase infinito. Se cumprir todos os objetivos pode chegar a 64 partidas em 2018/19.

Obcecado pelo ciclo treinamento-jogo-alimentação-repouso-recuperação, Guardiola deve estar com a cabeça a mil buscando soluções para minimizar o desgaste físico e mental. Ainda mais com a atuação ruim contra o Swansea pelas quartas da Copa. Levou 2 a 0 e virou no “abafa” com a utilização de titulares que iniciaram no banco de reservas e o benefício de erros da arbitragem – pênalti mais que duvidosos sobre Sterling e impedimento de Aguero no gol da vitória.

Tudo que ele precisava era estar com seus jogadores treinando e orientando. Lembrando os movimentos trabalhados ao longo da temporada. Justamente o tempo que não terá agora. Nem depois com a sequência de jogos. Um tormento para o técnico de sede inesgotável de vitórias e taças.

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Mais Gérsons, menos Kepas. A independência necessária do jogador de futebol http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/26/mais-gersons-menos-kepas-a-independencia-necessaria-do-jogador-de-futebol/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/26/mais-gersons-menos-kepas-a-independencia-necessaria-do-jogador-de-futebol/#respond Tue, 26 Feb 2019 16:17:39 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6023

“Agora vamos ouvir o que o professor vai falar para a gente virar esse jogo no segundo tempo”.

Não é raro ouvir esta frase de algum jogador brasileiro na saída para o intervalo. Quase sempre deixa a impressão de que o time que saiu perdendo ao final dos primeiros 45 minutos cometeu erros que os atletas não conseguiram corrigir em campo. É claro que as paradas para hidratação aos 20 minutos minimizam esta ideia, mas a imagem segue forte.

Quem lê este blog sabe que o saudosismo não tem muita voz por aqui. Mas é impossível negar a saudade dos tempos em que os jogadores tinham mais autonomia ou iniciativa para se acertar em campo e encontrar soluções para os problemas criados pelo adversário.

O exemplo mais clássico é o de Gérson, o “Canhotinha de Ouro” campeão mundial em 1970. Nas imagens disponíveis e nos próprios relatos dele e de seus colegas, era possível ver o meio-campista conversando, gesticulando e às vezes até pegando o companheiro pelo braço para reposicioná-lo.

Na semifinal da Copa de 1970 contra o Uruguai, ao se perceber muito marcado, Gérson aproveitou uma paralisação no jogo e propôs uma troca, sem consultar Zagallo: ele faria a função de volante e liberaria Clodoaldo para apoiar Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivelino. Tabelando com Tostão, infiltrando e pisando na área, o camisa cinco marcou o gol de empate no final do primeiro tempo. O início à virada por 3 a 1 que colocou o Brasil na final do Mundial no México.

Mudança que partiu do jogador, que nem era o capitão da seleção. Ninguém se sentiu melindrado ou com a autoridade questionada. A liderança se fazia natural para melhorar o trabalho coletivo. Pela inteligência do Gérson, mas também porque havia o costume do jogador interferir diretamente na tática e na estratégia.

Infelizmente, nos últimos tempos a manifestação mais notável de independência do atleta em relação ao treinador, no Brasil e no exterior, tem sido a recusa de ser substituído. Não é frequente, mas quando acontece chama muito a atenção. De Paulo Henrique Ganso pelo Santos contra o Santo André na decisão do Paulista de 2010 ao goleiro Kepa pelo Chelsea na final da Copa da Liga Inglesa contra o Manchester City.

No evento mais recente, um desrespeito do jogador a Caballero, o substituto que já estava pronto para entrar. Mas também ao técnico Maurizio Sarri. Por conta da ascendência quase total do treinador sobre seus comandados, a atitude de Kepa é mais chocante. Gera repercussão principalmente porque escancara a insubordinação. No caso de Sarri, também a falta de moral dentro de um cenário de crise.

Por outro lado, se houvesse um Gerson em campo pelos Blues talvez o problema fosse solucionado por um interlocutor. Apenas David Luiz se dirigiu a Kepa. Só Rudiger tentou acalmar Sarri. Pouco diálogo que pode ser a prova material de um elenco rachado. Mas também da cultura recente de jogadores que não participam do processo descisório em campo. Só em casos extremos. Mesmo com bom entendimento e estimulado a tomar decisões no jogo.

Culpa dos treinadores também, que passaram a centralizar decisões e aceitar por conveniência um aumento da exposição e também da responsabilidade. Na ponta do lápis, vale mais a pena, inclusive financeiramente, ganhar os louros nas vitórias e o chicote nas derrotas. Se for demitido, dependendo do contrato, ainda pode receber uma multa gorda pela rescisão ou até seguir na folha de pagamento do clube por um bom tempo.

Um equívoco, sem dúvida. Ninguém defende a liderança caótica, com todo mundo gritando e ninguém com a razão. Mas deixar todas as decisões por conta do treinador e da comissão técnica é até contraproducente na maioria dos casos. Um tempo perdido que pode comprometer desempenho e resultado.

Por exemplo, a mudança do Brasil no segundo tempo contra a Bélgica na Copa de 2018. Não há imagens de um companheiro acalmando Fernandinho depois do gol contra. Por que só no intervalo houve a definição de uma marcação individual sobre os três atacantes do oponente na transição defensiva – Fagner em Hazard, Fernandinho sobre De Bruyne, Miranda duelando com Lukaku e Thiago Silva fazendo uma espécie de sobra?

Poderia ter evitado o desequilíbrio que gerou vários contragolpes belgas, inclusive o do segundo gol. Tite revezou o capitão, estimula as lideranças polifônicas, mas a cultura segue lá. Só agir depois de “ouvir o professor”.

É pouco em um futebol tão profissional. Precisamos de mais iniciativa com visão do todo e menos rebeldia irresponsável, egoísta. Mais Gérsons e menos Kepas. A independência que se faz necessária em nossos campos.

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City campeão e Sarri sem estilo, título e moral. Terá emprego no Chelsea? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/city-campeao-e-sarri-sem-estilo-titulo-e-moral-tera-emprego-no-chelsea/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/city-campeao-e-sarri-sem-estilo-titulo-e-moral-tera-emprego-no-chelsea/#respond Sun, 24 Feb 2019 20:04:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6012 O Manchester City é campeão da Copa da Liga Inglesa. Vitória nos pênaltis, apesar de uma atuação pouca inspirada da equipe de Pep Guardiola. Com domínio pela posse de bola (61%), mas muitos erros técnicos e dificuldades para infiltrar. Em 120 minutos, correu riscos diante de um adversário em nível inferior na temporada e vivendo uma crise que ficou ainda mais nítida na decisão em Wembley.

Maurizio Sarri abriu mão de seu estilo e aderiu ao pragmatismo. Nítido temor de sofrer outra goleada, depois dos 6 a 0 pela Premier League, que seria ainda mais histórica por acontecer numa decisão. Compreensível até, mas um sintoma da complexidade do contexto no time londrino.

No 4-1-4-1, deixou Hazard na frente para jogar por uma bola na velocidade dos contragolpes. Difícil entender a presença de Jorginho atrás de Kanté e Barkley, se a proposta era priorizar o trabalho defensivo. Acabou pagando com o pênalti perdido pelo meio-campista brasileiro naturalizado italiano. David Luiz carimbou a trave de Ederson e praticamente sepultou as chances dos Blues. Sterling converteu a última cobrança, a do sexto título do City da competição. Quatro nas últimas seis edições.

Era a possibilidade mais palpável de conquista do Chelsea na temporada, apesar da classificação para as oitavas da Liga Europa – enfrenta o Dynamo de Kiev. Seria o primeiro título da carreira de Sarri. Muito oportuno para recuperar alguma confiança da direção do clube afundado numa crise, incluindo a punição da FIFA, que proibiu o clube de contratar até o final de janeiro de 2020 por não ter respeitado o regulamento das transferência de jogadores menores de idade.

Mas o pior para o treinador italiano foi a prova material da falta de moral como comandante nos últimos minutos da prorrogação. O goleiro Kepa sentiu um problema físico e Sarri mandou Caballero aquecer e entrar. Com a substituição pronta, a placa preparada para subir, o goleiro titular fez o gesto de negativo – lembrando Paulo Henrique Ganso na final do Paulista de 2010 contra o Santo André – e se negou a sair.

Sarri ficou possesso, mas foi contido pelo auxilar Zola e depois pelo zagueiro Rüdiger. Caballero não recolocou o agasalho, nem voltou para o banco, dando a impressão que o treinador faria valer a sua autoridade e trocaria no fim da prorrogação. Kepa ficou para a decisão nas penalidades e não se dirigiu a Sarri. Só defendeu a cobrança de Sané e deixou a bola passar embaixo do seu corpo na cobrança ruim de Aguero.

Difícil prever as consequências de tudo que aconteceu em Wembley. Ou servirá apenas para confirmar o que hoje parece inevitável: a saída de Sarri. A dúvida é se acontecerá agora ou no final da temporada. Porque a tensão chegou no seu nível máximo e o técnico italiano vive uma situação humilhante: sem estilo, título e moral. Ainda terá o emprego?

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É triste ver José Mourinho parado no tempo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/03/e-triste-ver-jose-mourinho-parado-no-tempo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/03/e-triste-ver-jose-mourinho-parado-no-tempo/#respond Wed, 03 Oct 2018 13:38:55 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5301

Foto: Lee Smith/Reuters

José Mourinho foi indiscutivelmente e com alguma sobra o melhor treinador do mundo de 2004 a 2010. O grande divulgador da periodização tática – resumindo bastante, uma metodologia em que todos os treinamentos, até os físicos, contribuem para a construção e manutenção de um modelo de jogo.

Nos tempos de Chelsea, em que os números do sistema tático eram mais valorizados e debatidos, o português afirmava em entrevistas que o 4-3-3 e o 4-3-1-2 eram os que melhor distribuíam os jogadores em campo. Mas na Internazionale mudou para o 4-2-3-1 e ganhou a tríplice coroa em 2009/10. Seu maior mérito era formar equipes intensas, com a coordenação quase perfeita entre os setores, linhas compactas e muito rápidas nas transições ofensiva e defensiva.

Nos  bastidores, seus “jogos mentais” que começavam na coletiva da véspera ou antevéspera de uma partida decisiva tiravam o foco e a pressão de seus jogadores, pilhavam os adversários e suas equipes, mais concentradas, quase sempre levavam vantagem também no aspecto emocional. Assim venceu Arsene Wenger, Alex Ferguson, Rafa Benítez e tantos outros, também colecionando inimizades.

Quando desafiado por Pep Guardiola, o outro grande expoente dos últimos 15 anos, radicalizou no trabalho defensivo, montou uma linha de handebol guardando a própria área e talvez tenha influenciado mais o futebol jogado no mundo que o rival catalão. Afinal, é mais fácil vermos equipes colocando em prática essa compactação defensiva do que o complexo jogo de posição. Na última Copa do Mundo ficou bem nítido.

Por tudo isso é muito triste ver Mourinho parado no tempo. Seu Manchester United é chato de ver jogar. Lento na circulação da bola, pouco intenso na pressão pós perda, sem ideias. Um elenco milionário que vive essencialmente de lampejos de Pogba e das vitórias pessoais de Lukaku contra a defesa adversária em bolas longas ou jogadas aéreas. Os movimentos em diagonal dos ponteiros – seja Rashford, Martial, Lingard ou Alexis Sánchez – são previsíveis. Só há alguma criatividade ou movimento quando joga Juan Mata, que não consegue manter uma consistência nas atuações. Há qualidade no meio com Fred e Andreas Pereira, mas Mourinho insiste com Fellaini…

Para complicar, o treinador repete em sua terceira temporada um fenômeno que vem desde o Real Madrid em 2012/13: exaure seus atletas mentalmente e desgasta a gestão de grupo com cobranças exageradas, muitas vezes públicas. Elege inimigos no vestiário, pressiona as estrelas com a intenção de desafiá-las e extrair melhor rendimento. Não funciona e ele insiste no erro.

A impressão que passa é de que Mourinho não conseguiu se livrar do personagem. O malvado, o “lado negro da força”, o expoente máximo do futebol pragmático. Ou seja, o anti-Guardiola. É como se obrigasse a ser a antítese do futebol ofensivo.

Sem notar que mesmo o treinador que comanda o rival dos Red Devils em Manchester vem mudando o seu estilo. Saindo de um extremo e vindo para o meio. Compreendendo que o futebol atual exige equipes versáteis e inteligentes. Que jogem por demanda, se adaptem a qualquer cenário.

O raciocínio é lógico: um grande time, com camisa pesada e tradição, terá que ser ofensivo na maioria das partidas. Afinal, o número de clubes de menor investimento e envergadura sempre será maior dentro de um campeonato. Até na Liga dos Campeões. Então a equipe precisa saber trabalhar a bola para criar espaços em sistemas defensivos cada vez mais organizados e fechados. Mas também deve estar preparada para jogar com transições ofensivas rápidas e matar o adversário nos contragolpes. Ou nas bolas paradas.

Assim Jupp Heynckes levou o Bayern de Munique à tríplice coroa em 2012/13 e o Real Madrid se consagrou com Carlo Ancelotti e depois Zinedine Zidane. Diego Simeone vai tentando adaptar o seu estilo a essa nova realidade no Atlético de Madrid. O mesmo com Jurgen Klopp no Liverpool. Cada um à sua maneira. Até o City de Guardiola busca definir as jogadas de maneira mais rápida, utiliza mais os contra-ataques e a bola parada.

Mourinho segue agarrado às suas convicções. Parece não aprender com as críticas dentro e fora do clube. Sua equipe não evolui nem encontra soluções. Como tem qualidade no elenco consegue se manter competitivo. Mas sem o salto não chega ao topo. Para um clube que disputa com Barcelona e Real Madrid o posto de mais rico do planeta é muito pouco.

Para quem foca tanto em resultados este início de temporada é decepcionante. Derrota para o Tottenham por 3 a 0, empate com o Wolverhampton, eliminação vexatória na Copa da Liga Inglesa para o Derby County e empate sem gols em casa pela Liga dos Campeões contra o Valencia, perdendo a liderança do Grupo H. É apenas o décimo colocado da Premier League.

Mourinho não repete escalação há 43 partidas. Parece perdido, embora tente manter a imagem de líder frio e inabalável. A pergunta é até quando o Manchester United será capaz de suportar. A julgar pelas vaias da torcida e críticas de ídolos do clube, o futuro não parece tão promissor.

 

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Futebol inglês: ou muda calendário e tradições, ou vira piada na Europa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/03/16/futebol-ingles-ou-muda-calendario-e-tradicoes-ou-vira-piada-na-europa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/03/16/futebol-ingles-ou-muda-calendario-e-tradicoes-ou-vira-piada-na-europa/#respond Thu, 16 Mar 2017 09:10:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2406

Entre os oito classificados para as quartas-de-final da Liga dos Campeões, apenas um representado a Inglaterra: o Leicester City, atual campeão. Clube que teve como trunfo na temporada anterior estar totalmente focado na Premier League.

Agora, acusado de economizar suor na competição nacional por conta dos problemas de relacionamento com o ex-treinador, Claudio Ranieri, teve gás sobrando para a disputa do torneio continental e despachou o Sevilla no King Power Stadium.

O Chelsea, líder e virtual campeão inglês desta temporada, também leva vantagem na disputa da liga por não dividir atenções com nenhuma competição europeia. Segue vivo na Copa da Inglaterra depois de eliminar o Manchester United.

Time de José Mourinho que não deve ter reclamado muito. Campeão da Copa da Liga e o único do país ainda envolvido com a Liga Europa, luta para alcançar a zona de classificação para a próxima Champions League.

O campeonato inglês da primeira divisão é considerado o mais importante do planeta. Pelo equilíbrio de forças que passa fundamentalmente por uma divisão da receita mais justa e um aumento substancial das cotas de TV. Disputado em intensidade altíssima, num jogo físico que dura os noventa minutos e atrai os olhos do mundo pela imprevisibilidade.

O grande gargalo, porém, é o calendário, ainda fincado em tradições que fogem do contexto atual. Enquanto o mundo pára no final do ano, a bola rola no Boxing Day e em jogos encavalados. Tudo isso com o intuito de atrair os olhos do mundo, mas também garantir datas para as duas copas nacionais, enquanto a grande maioria dos países disputa uma só.

E ainda preservam o “replay”, jogo extra disputado em caso de empate na Copa da Inglaterra. O Manchester City perdeu tempo de preparação para a sequência da Premier League e da Liga dos Campeões para enfrentar o Huddersfield Town, da segunda divisão, pelas oitavas de final. Ao menos para esta temporada acabaram com os jogos extras nas quartas de final.

Mas é preciso rever ainda mais o calendário. Porque mais tradicional que as copas e os jogos na virada do ano é ver os times ingleses fortes na Liga dos Campeões. De 12 títulos, mas o último em 2012 com o Chelsea. Conquista improvável e baseada exatamente na prioridade dada ao torneio.

Desde 2008/09, quando colocou United, Chelsea e Arsenal nas semifinais, mas o título ficou com o Barcelona, só conseguiu emplacar um time entre os quatro primeiros: título com os Blues, vice dos Red Devils em 2011, o Chelsea de Mourinho entre os quatro em 2014 e o Manchester City na semifinal inédita na última edição contra o Real Madrid.

Para piorar, o Arsenal de Arsene Wenger leva um 10 a 2 no agregado do Bayern de Munique e é eliminado nas oitavas de final pela sétima vez consecutiva. Mesmo com alguns erros gritantes da arbitragem em Londres, não deixa de ser um vexame.

É muito pouco. Suscita dúvidas da real força da Premier League ver os espanhois dominando o continente há três temporadas com Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid, mais o Sevilla tricampeão da Liga Europa. A Alemanha colocando Bayern de Munique e Borussia Dortmund novamente entre os oitos melhores.

E a Inglaterra apenas com o Leicester City, maior azarão do sorteio das quartas. Inusitado, mas tragicômico. O perigo é o futebol jogado no país virar piada na Europa.

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