coritiba – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Matheus Cunha é mais um na fábrica brasileira de ótimos coadjuvantes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/28/matheus-cunha-e-mais-um-na-fabrica-brasileira-de-otimos-coadjuvantes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/28/matheus-cunha-e-mais-um-na-fabrica-brasileira-de-otimos-coadjuvantes/#respond Thu, 28 May 2020 15:47:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8568

Foto: Divulgação / Hertha Berlin

Com a Bundesliga como única grande liga de volta, um brasileiro ganhou destaque: Matheus Cunha, do Hertha Berlin. Contratado ao Leipzig por cerca de 20 milhões de euros no último dia da janela de inverno na Europa, o atacante de 21 anos marcou quatro gols em sete partidas.

No retorno da competição, dois belos gols contra Hoffenheim e Union Berlin. Contra o ex-time, na data do seu aniversário e quatro dias depois do nascimento do filho, Levi, não foi às redes. Mas sofreu as duas faltas que resultaram na expulsão de Halstenberg e sofreu o pênalti que definiu o empate por 2 a 2.

Matheus já havia se destacado no Pré-Olímpico, como campeão e artilheiro, com quatro gols. É atacante versátil, pode trabalhar nas quatro funções ofensivas do 4-2-3-1: referência, pelos lados ou atrás do centroavante. Trabalha bem fazendo parede ou atacando espaços às costas da defesa. Mas gosta mesmo de tabelar vindo de trás para finalizar.

Sua história é a mesma de tantos, cada vez mais comum: revelado pelo Coritiba, descoberto pelo Sion, após uma boa participação na Dallas Cup, foi para o futebol suíço com 18 anos. Sem criar raízes no Brasil, amadureceu na Europa. Marcou dez gols em 29 jogos e foi para o Leipzig. Ganhou notoriedade por um golaço sobre o Bayer Leverkusen, que concorreu ao Prêmio Puskas no ano passado.

É bom atacante e pode vislumbrar uma oportunidade na seleção principal. Provavelmente estará na Olimpíada de Tóquio, se e quando ocorrer. É certo que já está no radar de Tite. Parece ter boa cabeça e profissionalismo.

Mas alguém consegue imaginar Matheus Cunha como protagonista no mais alto nível europeu? Decidindo Champions e fazendo história?

Difícil. Assim como o cenário internacional para brasileiros parece reservar lugar apenas para ótimos coadjuvantes, com exceção de Neymar. Até Firmino, destaque no Liverpool, não é exatamente um jogador “disruptivo”. Desequilibrante, de exceção.

Quem lê o blog sabe que aqui há espaço para saudades, nostalgia. Saudosismo, não. Mas é possível refletir sobre a “nova ordem mundial” em relação ao Brasil: descobrir cada vez mais cedo, levar logo para a Europa, trabalhar o atleta dentro dos conceitos mais atuais e discipliná-lo no jogo coletivo.

Positivo, claro. Até porque os mais “peladeiros” vêm sofrendo bastante – como Lucas Paquetá no Milan, por exemplo. Vinicius Júnior vai lutando contra deficiências crônicas em finalização e tomada de decisão no Real Madrid. E é possível que a seleção brasileira volte a ser campeã mundial casando características de bons jogadores, mesmo sem nenhum extra-classe. Ou apenas Neymar.

Mas é cada vez mais difícil termos um jogador com o currículo do craque do PSG. Neymar poderia ter partido ainda adolescente para o Real Madrid. Ficou, brilhou no Santos, fez gol em final de Libertadores e foi para o Barcelona já acostumado com o protagonismo. Assumindo o papel de desequilibrante, mesmo que a estrela máxima fosse Lionel Messi.

Matheus Cunha se espelha em Ronaldo e Romário. Mas em seu discurso nota-se que quer ser apenas mais um. Outro que pode sentir o peso da responsabilidade em jogo grande de Copa do Mundo e não tentar nada diferente. Será que um pouco de egocentrismo, de “me dá a bola aqui que eu vou resolver” não faz falta em determinados momentos?

A França foi campeã do mundo em 2018 com Griezmann, Mbappé e Pogba assumindo responsabilidades. E o treinador Deschamps mexendo na equipe para potencializar os talentos, que deram a devida resposta. Com a “casca” de reveses doídos, principalmente a derrota como anfitriã para Portugal na final da Eurocopa 2016.

O Brasil tem bons valores, mas o teto parece baixo. Porque é possível formar uma seleção competitiva, porém naquela partida eliminatória tensa, condicionada mais à força mental e à personalidade que às questões técnicas/táticas, é difícil achar em quem se possa confiar. E o futuro parece menos promissor.

É a fábrica de coadjuvantes brasileiros. Todos ótimos, mas com papeis secundários. Na hora do aperto o que se vê é um deserto. Matheus Cunha é a bola da vez, enquanto os olhos estão voltados para a Alemanha. Quem será o próximo?

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Carpegiani no Flamengo em 2018 é aposta maior que em 1981 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/09/carpegiani-no-flamengo-em-2018-e-aposta-maior-que-em-1981/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/09/carpegiani-no-flamengo-em-2018-e-aposta-maior-que-em-1981/#respond Tue, 09 Jan 2018 05:19:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3967

Ao desembarcar no Rio de Janeiro, Reinaldo Rueda disse que foram irresponsáveis e precipitados os que divulgaram a negociação em curso com a federação do Chile. Para horas depois confirmar a saída do Flamengo para comandar a seleção campeã das últimas Copas América.

Se esperou demais pela resposta do treinador colombiano, ao menos o clube agiu rápido e anunciou seu substituto: Paulo César Carpegiani.

68 anos, vindo de um trabalho até interessante no Bahia, embora tenha assumido a equipe na 14º e entregado na 12ª no Brasileiro. Mas nem esta passagem, nem a também curta pelo Coritiba em 2016/17, ambas com a missão de livrar as equipes do rebaixamento, são parâmetros para a sua nova empreitada.

Os motivos são óbvios: visibilidade tão grande quanto as cobranças e maior capacidade de investimento. Mas principalmente a obrigação de jogar como protagonista, no campo de ataque e com posse de bola. Por mais que Coxa e o tricolor baiano tivessem uma proposta ofensiva em muitos momentos, não é o mesmo que carregar a responsabilidade de se impor.

A passagem vitoriosa em 1981/1982 serve ainda menos como referência. Estreante na nova função com apenas 32 anos, comandando aqueles que tinham sido seus companheiros de treinos, jogos e concentrações poucos meses antes. Sucedendo Dino Sani para resgatar os conceitos e a maneira de jogar consagrada por Cláudio Coutinho. A única mudança significativa foi a escalação de Lico montando uma equipe móvel e de toque curto liderada por Zico e com conceitos avançados para a época: sem pontas de ofício, com os laterais Leandro e Júnior liberados para apoiar ao mesmo tempo e um centroavante, Nunes, que não ficava fixo na área e abria espaços para os companheiros que chegavam de trás.

Time que em maio de 1982 “unificou” os títulos, algo só alcançado pelo Santos de Pelé vinte anos antes. Era o último campeão estadual, brasileiro, sul-americano e mundial. Todas as conquistas com Carpegiani. Mas era outro esporte se comparado com o atual. Mais lento, menos intenso e dinâmico.

A segunda passagem, em 2000, foi polêmica pela demissão inexplicável de Carlinhos, campeão estadual e da Copa Mercosul no ano anterior e querido por todos na Gávea. Os jogadores não derrubaram Carpegiani, mas sentiam falta do antigo comandante e, mesmo com o investimento da ISL, um 5 a 1 aplicado pelo Vasco na rodada final da Taça Guanabara com show de Romário num domingo de Páscoa resultou em demissão e fez voltar Carlinhos, que seria bicampeão carioca.

Alguns bons trabalhos, como no Cerro Porteño que o credenciou a comandar a seleção paraguaia na Copa de 1998. Mas também a fama de “Professor Pardal” por improvisações mal sucedidas. Participou da campanha do rebaixamento do Corinthians em 2007. Último título em 2009, o estadual pelo Vitória. Com as transformações recentes no esporte, ainda que no Brasil elas aconteçam de forma bem mais vagarosa, não há como vislumbrar a linha de trabalho do velho/novo treinador rubro-negro.

Carpegiani aprecia jogadores versáteis e exige mobilidade e agilidade na frente. Mas seus times costumam render aproveitando o espaço cedido pelo adversário e não criando brechas para infiltração. Assim foi na execução do 4-1-4-1/4-2-3-1 no Bahia. Ou seja, o mesmo problema dos tempos de Zé Ricardo que Rueda não conseguiu encontrar uma solução.

Sua vantagem em relação à maioria de seus contemporâneos é ser mais antenado com a dinâmica do futebol atual. No Flamengo, o risco de ser tratado com desdém pela lógica boleira de “ganhou o quê?” é menor por ter sido o comandante nas conquistas mais importantes do clube. Foi companheiro no meio-campo e depois treinador de Zico. Certamente terá a aprovação e críticas mais brandas dos ídolos daquela geração, sempre chamados a opinar sobre os rumos do futebol.

Ainda assim, hoje é uma aposta maior do que era há quase 37 anos. Naquele período, sua missão era dar continuidade ao que funcionava. Agora é transformar o jogo burocrático, sem ideias, em algo criativo e moderno. O Flamengo precisava de ruptura, uma guinada de 180 graus na visão de futebol. Na urgência resolveu olhar para o passado, o mais glorioso de sua história.

Uma incógnita do tamanho da missão de Carpegiani.

 

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Flamengo: a lenta agonia do time que não dá liga http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/17/flamengo-a-lenta-agonia-do-time-que-nao-da-liga/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/17/flamengo-a-lenta-agonia-do-time-que-nao-da-liga/#respond Fri, 17 Nov 2017 11:57:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3701

A derrota para o Coritiba no Couto Pereira foi mais uma típica do Flamengo no Brasileiro 2017: domina a posse de bola (65%), finaliza mais que o adversário – 11 a 5, 4 a 1 no alvo – mas não consegue traduzir em gols o controle do jogo.

As críticas sobre jogadores e o treinador Reinaldo Rueda giram em torno do comodismo, de aceitar a derrota com um discurso conformado, de uma apatia que se mistura à indiferença. Protestos com alguma razão, mas os problemas vão um pouco além disso.

O fato é que o time não dá liga. Ou seja, as características dos jogadores não combinam entre si, por mais que Zé Ricardo e depois Rueda tentassem e ainda tentem um encaixe.

É um efeito dominó. Everton Ribeiro foi contratado para ser o ponta articulador. O meia que sai do lado do campo para se movimentar às costas do volante, criar superioridade no meio e criar as jogadas. Mas para isso o ideal é que, como Ricardo Goulart fazia no Cruzeiro bicampeão brasileiro com o próprio Everton, o meia central no 4-2-3-1 que não se alterou com a mudança no comando técnico se aproxime mais do centroavante e se comporte como uma espécie de segundo atacante.

Diego Ribas não faz isso. Por costume, recua para ajudar na armação ou procura os lados do campo. Quando pisa na área sempre é mais útil, mas prefere voltar à intermediária. Pior: prende demais a bola, dá sempre um ou dois toques a mais e quase sempre atrasa a transição ofensiva. Tenta compensar com vontade, liderança positiva e qualidade nas cobranças de faltas e escanteios, mas coletivamente o saldo quase sempre é negativo.

Para aproveitar o espaço que o camisa sete deixa à direita, um lateral de velocidade daria uma opção interessante para buscar a linha de fundo. Não é Pará. Seria Rodinei, mas este tem sérios problemas de leitura de jogo e, principalmente, no posicionamento defensivo.

Porque os zagueiros, embora experientes e de bom nível técnico, são lentos. Para evitar os muitos gols sofridos nas costas da última linha no final do trabalho de Zé Ricardo, Rueda prefere os laterais com um posicionamento mais conservador.

Também para encaixar Cuéllar no meio-campo, à frente da retaguarda. Mas o colombiano, embora tenha bom passe, não é o organizador que o setor precisa nesta ideia de ser protagonista, jogar no campo adversário e controlar as partidas com posse de bola. Nem ele, nem Willian Arão, que eventualmente até acerta alguns passes em profundidade, mas tem como principal virtude a infiltração. O camisa cinco, porém, é um atleta que nitidamente se permite afetar pelas instabilidades do time e sente as cobranças. Sem contar a dispersão no trabalho defensivo.

Por isso Márcio Araújo acaba jogando mais do que deveria. Com Zé Ricardo e agora ganhando chances com Rueda em algumas partidas. No Couto Pereira, o gol de Cléber logo aos sete minutos fez com que a presença do volante se tornasse ainda mais desnecessária por sua nulidade na construção das jogadas. Só deixou o campo aos 13 minutos da segunda etapa. Joga porque defende melhor que Arão e protege a zaga sem velocidade. Romulo não justificou a contratação e o jovem Ronaldo, sem oportunidades, foi ganhar rodagem no Atlético-GO.

Na frente, outro problema: Guerrero não é o típico centroavante, que fica na área e finaliza com bom aproveitamento. O peruano sempre foi muito mais de circular e trabalhar coletivamente. No Fla se destaca pelo trabalho de pivô, por conta de todos os problemas do meio-campo na criação. Recua, faz a parede e procura os ponteiros. Muitas vezes não dá tempo de chegar na área. E dificilmente recebe a bola com chance clara de concluir com liberdade porque as jogadas não fluem, há poucas infiltrações em diagonal.

Porque os ponteiros não têm essa característica. Nem Berrío, agora lesionado, nem Everton. O ponta pela esquerda até vem aparecendo na área e já fez dez gols na temporada. Mas poderia ter feito bem mais se nas muitas vezes em que Guerrero recuou ele penetrasse no espaço certo. Não tem o hábito.

Assim como Filipe Vizeu, o substituto de Guerrero, parece não ter aprendido nas divisões de base a fazer a proteção da bola para a aproximação dos companheiros. Nem fazer a leitura do espaço que precisa atacar para chegar em melhores condições para finalizar. Não é o centroavante para a proposta rubro-negra. Por isso a improvisação de Lucas Paquetá, que não é exatamente um goleador e, apesar da luta, desperdiça oportunidades cristalinas como a que o goleiro Wilson salvou no primeiro tempo em Curitiba.

O encaixe mais promissor foi quando Rueda utilizou Orlando Berrío pela direita com Pará e Everton Ribeiro à esquerda. Se Trauco e Renê também não são laterais rápidos na chegada ao fundo, ao menos a movimentação do meia abria espaços para o deslocamento de Guerrero, que prefere buscar aquele setor e não faz o mesmo movimento à direita. Mas o colombiano teve grave lesão e só volta em 2018 e o peruano está suspenso por doping e também só deve retornar no ano que vem.

Todo esse cenário desfavorável, sem que os treinadores encontrem soluções, é que parece ser o responsável por esse desânimo que se vê em campo. Os jogadores percebem que não combinam entre si e se acomodam. Começa a se espalhar a ideia de “fazer o seu e, se não dá certo, a culpa não é sua”. A desclassificação na fase de grupos na Libertadores foi um golpe na confiança que vinha em alta com a boa campanha no Brasileiro do ano passado e o título estadual.

As críticas e protestos de torcida e parte da mídia, porém, são justas porque nos clássicos cariocas, por conta de uma mentalidade provinciana que impera no clube há algum tempo, aparece a indignação com a derrota. Algo fundamental quando as coisas não vão bem. Um nível mais alto de concentração, fibra e entrega para compensar os problemas. Em jogos “comuns”, ainda mais numa competição por pontos corridos e que nunca foi tratada como prioridade ao longo da temporada, volta a apatia.

Quem deve ser responsabilizado? Todos no clube, mas principalmente a direção. Por erros de planejamento, como ter apenas Alex Muralha e Thiago como goleiros em boa parte da temporada, escolha que acabou prejudicando demais o time na final da Copa do Brasil. Diego Alves chegou tarde.

Também por não perceber as necessidades reais da equipe e contratar Berrío, sendo que o pedido de Zé Ricardo tinha sido um ponteiro driblador e com bom poder de finalização para deixar o ataque menos “arame liso” – cerca, mas não fura – em jogos grandes ou confrontos mais parelhos.  Vinícius Júnior pode até vir a ser este atacante rápido, criativo e com boa finalização, mas é injusto cobrar de um menino de 17 anos, já negociado com o Real Madrid, que seja o pilar ofensivo de um time grande recheado de jogadores experientes e rodados.

O ambiente acaba se tornando um tanto permissivo e morno. Uma falsa sensação de estabilidade, sem grandes cobranças. Talvez por não ter entregado o seu melhor, a direção não se sinta confortável para exigir. Mesmo com salários em dia e melhor estrutura no CT. Vez ou outra ecoa uma voz dissonante, como Juan ou Everton Ribeiro, que na saída de campo no Couto Pereira reclamou que “todo jogo é assim”.

Rueda tem perfil mais administrador, não de ruptura, criativo, ousado para encontrar saídas. A impressão é de que vai tentar o título da Sul-Americana, mas já pensa em reestruturar o elenco para 2018 dentro do que pensa sobre futebol. A dúvida é se será suficiente. Nas coletivas diz não conseguir encontrar explicações para o mau momento. Será que enxerga?

Por tudo isso o Flamengo vive essa lenta agonia em 2017. Ainda com chances de conseguir pelo Brasileiro a vaga nas fases preliminares na Libertadores – insatisfatório diante de tanto investimento. Vivo na semifinal do torneio continental contra o Junior Barranquilla.

Mas que não desperta confiança. Porque os jogadores não combinam e parecem cansados fisicamente e sem força mental para buscar algo que não veio durante toda a temporada. Restam a frustração e a revolta da maior torcida do país. Um desperdício.

(Estatísticas: Footstats)

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Gol de braço só diminui saldo negativo da arbitragem com o Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/18/gol-de-braco-so-diminui-saldo-negativo-da-arbitragem-com-o-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/18/gol-de-braco-so-diminui-saldo-negativo-da-arbitragem-com-o-corinthians/#respond Mon, 18 Sep 2017 09:48:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3343

Imagem: Reprodução TV Globo

O esporte preferido do brasileiro, em geral, não é o futebol, mas desmerecer as conquistas alheias, em todas as áreas. Sempre há um porém, um asterisco, uma crítica depreciativa. No esporte bretão, quando a conquista é do maior rival, então, vem invariavelmente com um selo de “roubado”. E quanto maior a torcida, mais ódio desperta nas demais.

Mesmo para o torcedor, que não tem nenhum compromisso com a verdade na conversa de boteco, qualquer tentativa de colocar uma mancha na liderança do Corinthians até aqui no Brasileiro só por causa do gol irregular de Jô na vitória sobre o Vasco em Itaquera soa absurda.

A campanha espetacular e invicta no primeiro turno poderia ter ganhado mais dois pontos não fosse o impedimento inexistente de Jô anotado pela arbitragem no empate sem gols fora de casa contra o Coritiba.

No 1 a 1 com o Flamengo, o impedimento de Jô, que estava por três metros em condição legal e colocou nas redes até pode ser relativizado em termos de resultado porque o próprio atacante em seguida faria o gol e não há como garantir que o time marcaria os dois, até pelo recuo excessivo e a pressão do time carioca na segunda etapa. Mas não deixou de ser um equívoco grave.

Graças à competência do time de Fabio Carille outros erros grosseiros não custaram pontos, como o gol de Luis Fabiano a favor do próprio Vasco visivelmente utilizando o braço na vitória corintiana por 5 a 2 em São Januário.

Falhas inquestionáveis dos apitadores e suas equipes, sem margem para interpretação. Não contando lances discutíveis, como o pênalti sobre Jô no primeiro tempo do triunfo sobre os cruzmaltinos em São Paulo. Outros também que poderiam ter sido marcados contra o líder absoluto do Brasileiro.

Ainda assim, se a partida tivesse terminado empatada em 0 a 0, o Corinthians seguiria no topo da tabela e aumentaria sua vantagem para oito pontos.

O que se questiona disso tudo é como a arbitragem, cada vez com mais auxiliares no campo para minimizar os erros, é capaz de vacilar num lance que nem precisa de replay para ser constatado. E a polêmica só cresceu porque o envolveu Jô, que discursou em favor do fair play de Rodrigo Caio e não foi coerente na atitude quando teve a chance.

Fora isso, o saldo da arbitragem com o Corinthians nesta edição do Brasileiro segue negativo. Se o “mimimi” de favorecimento ao líder não costuma fazer sentido, desta vez soa como puro choro de perdedor.

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É difícil vencer esse Corinthians. E também a barbárie http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/18/e-dificil-vencer-esse-corinthians-e-tambem-a-barbarie/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/18/e-dificil-vencer-esse-corinthians-e-tambem-a-barbarie/#respond Sun, 18 Jun 2017 16:30:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2837 São 34 partidas oficiais em 2017 e apenas duas derrotas. Só vinte gols sofridos. Porque é difícil vencer esse Corinthians.

Mesmo sem Jadson, poupado, e perdendo Marquinhos Gabriel ainda no primeiro tempo. Entrou Clayson, pela esquerda, e Romero inverteu de lado. Sem mexer na estrutura do 4-2-3-1 sem a bola que mantém Rodriguinho mais próximo de Jô e do 4-1-4-1 quando ataca em bloco e Maycon se adianta para ficar alinhado ao meia.

O camisa oito serviu Jô atrás da linha da bola no gol mal anulado na segunda etapa que podia ter dado a sétima vitória corintiana consecutiva em oito rodadas. Sobre um Coritiba que vinha se caracterizando pela proposta ofensiva. Mas Pachequinho mudou para enfrentar o líder.

Sem Kléber, suspenso, a opção por Alecsandro no centro do ataque. Mas mantendo Tiago Real e Tomas Bastos no banco, invertendo o lado de Rildo e posicionando Mateus Galdezani pelo lado esquerdo para fechar o setor de Fagner. Com auxílio de Henrique Almeida, que teve a melhor oportunidade da equipe no primeiro tempo.

Eis o problema para vencer esse Corinthians. Quando consegue superar os setores compactos, a última linha de defesa posicional com movimentação quase perfeita dentro do conceito de “bola coberta x descoberta” – ou seja, adianta se há alguém pressionando a bola e dificultando o passe do adversário ou recua quando este tem liberdade – lá está Cássio, novamente em forma, para garantir a meta invicta. Ainda que nos números a defesa menos vazada da Série A seja a do Coxa.

Empate que pode custar a liderança se o Grêmio vencer o Cruzeiro na segunda-feira, mas mantém a equipe com a capacidade de competir dentro ou fora de casa.

Difícil é conseguir conter a violência. Ou a barbárie que aconteceu no entorno do Couto Pereira. O valor da vida está tão relativizado que a divulgação de uma morte, que vai atingir em cheio uma mãe e uma família, não precisa de certeza absoluta para ser feita de forma oficial.

Dentro deste contexto, pedir trabalho inteligente e preventivo é utopia. Mais uma tragédia anunciada. Tão previsível quanto a dificuldade de vazar e vencer o Corinthians de Fabio Carille.

 

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Atletiba cancelado pode ser, enfim, o início do fim da inversão de valores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/02/20/atletiba-cancelado-pode-ser-enfim-o-inicio-do-fim-da-inversao-de-valores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/02/20/atletiba-cancelado-pode-ser-enfim-o-inicio-do-fim-da-inversao-de-valores/#respond Mon, 20 Feb 2017 09:15:59 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2313 As federações só existem porque um belo dia os clubes de futebol decidiram que precisavam de uma entidade mediadora para ajudar a tomar decisões, organizar competições e solucionar conflitos. As emissoras de TV só se mobilizaram para transmitir jogos porque há o interesse dos torcedores que não podem ou optam por não ir ao estádio acompanhar seu time e geram audiência.

Com o tempo, e por culpa da desorganização dos clubes, estes agentes que só existem por causa dos times e de seus fãs inverteram a hierarquia e tomaram o poder para si. Como Brian Epstein e o Coronel Tom Parker, diante da ingenuidade dos jovens garotos de Liverpool e do menino Elvis Presley, se tornaram chefes de quem tinha talento, carisma e milhões de apaixonados. Os que faziam a roda girar na música do seu tempo.

Como estamos no país do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, a situação se agrava e os dirigentes têm certeza que podem tudo. Inclusive impedir a transmissão de uma partida envolvendo os maiores times de uma região, o grande clássico de um estadual, com a desculpa esfarrapada de falta de credenciamento de jornalistas.

Só que não. E Atlético-PR e Coritiba deixaram isso claro na Arena da Baixada. Se os clubes não quiserem não há jogo, nem televisionamento. Porque federações e emissoras não têm torcedores, não despertam paixões. Logo, não decidem. Ou não deveriam.

Essa inversão de valores só acontece porque até hoje os clubes se contentam com migalhas. Seja uma aliança para garantir um mando de campo aqui, uma decisão favorável ali, uma arbitragem mais conivente acolá. Seja o adiantamento de cotas de TV para tapar o buraco de orçamentos mal planejados e executados.

Que a revolta em Curitiba com o Atletiba cancelado seja, enfim, o início de uma revolução que não veio com a Copa União nos anos 1980, nem com a Primeira Liga agora. Ver dois rivais históricos unidos e alinhados na proposta de buscar o melhor para si e, consequentemente, para os demais renova as esperanças em dias melhores e mais democráticos.

Será desta vez?

 

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Palmeiras é a melhor notícia do início insosso da Série A do Brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/05/15/palmeiras-e-a-melhor-noticia-do-inicio-insosso-da-serie-a-do-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/05/15/palmeiras-e-a-melhor-noticia-do-inicio-insosso-da-serie-a-do-brasileiro/#respond Mon, 16 May 2016 00:39:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=901 O Santa Cruz de Milton Mendes foi eficiente no Arruda: 4 a 1 no Vitória com 46% de posse de bola. Sete finalizações, cinco no alvo. Quatro nas redes, dois de Grafite. O Fluminense teve 62% de posse no Independência. Impôs seu estilo sobre o América de Givanildo, com formação ofensiva e vertical no último terço. Mas, para variar, quem decidiu foi Fred.

Atlético Mineiro e São Paulo saíram com lucro enorme: reservas, foco na Libertadores…e vitórias! Melhor para o tricolor, que somou três pontos fora sobre um Botafogo já preocupante. Bom também para o Coritiba de Kleber Gladiador que aproveitou o Cruzeiro ainda sem Paulo Bento no comando no jogo do sábado às 21h que honrou sua tradição de ser muito chato.

Muricy já jogou a filosofia Barcelona para o alto oficialmente. Não por acaso, vitória pragmática e sem sal do Flamengo sobre o Sport. Menos ruim que os três empates sem gols e sem graça. A rigor, uma primeira rodada insossa na Série A, com saldo negativo em desempenho. A exceção foi o Palmeiras de Cuca. A melhor notícia, ainda no sábado.

Time das variações táticas, de Tche Tche alternando com Jean na lateral e no meio. De Roger Guedes e Gabriel Jesus nas pontas buscando as diagonais nos espaços deixados por Lucas Barrios. Do volume de jogo que já impressionou. 61% de posse, 22 desarmes certos. Três de Gabriel Jesus no campo de ataque. Tão importantes quanto os dois gols do jovem talento alviverde nos 4 a 0 no Allianz Parque.

Equipe de Cleiton Xavier, o meia organizador que recuava para auxiliar na saída de bola e aparecia na frente para servir seus companheiros. Com bola parada ou rolando. Duas assistências. A peça para dar liga numa equipe veloz, elétrica, com jogadas ensaiadas. Que não deu chances a um Atlético sem intensidade, velho problema das equipes de Paulo Autuori que parecia resolvido pelas atuações no paranaense e na Primeira Liga.

Em um campeonato imprevisível, parelho, com várias “etapas” influenciadas por negociações, seleções e oscilações, começar bem pode ser um sinal. Na rodada inicial, o otimismo pertence ao Palmeiras.

(Estatísticas: Footstats)

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