cristianoronaldo – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pênaltis e CR7 salvam Juventus, mas Atalanta dá prova de força que faltava http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/11/penaltis-e-cr7-salvam-juventus-mas-atalanta-da-prova-de-forca-que-faltava/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/11/penaltis-e-cr7-salvam-juventus-mas-atalanta-da-prova-de-forca-que-faltava/#respond Sat, 11 Jul 2020 22:02:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8757 Não é fácil vencer a Juventus em Turim pela Série A italiana. Camisa pesada, cultura de vitória de um octacampeonato. Força que intimida também arbitragens em lances duvidosos, com margem nas regras cada vez menos claras do jogo, especialmente nos toques com mãos e braços dos defensores dentro da área.

E também Cristiano Ronaldo, que mesmo bem vigiado por Rafael Tolói na linha de três zagueiros da Atalanta fez o goleiro Gollini trabalhar e converteu os dois pênaltis que garantiram o empate por 2 a 2 e levaram o português a 28 gols na liga, um atrás de Immobile, da Lazio.

Mas a Atalanta chegou bem perto e deu a demonstração de força que faltava, mesmo encerrando a série de 11 vitórias consecutivas. Um recital no primeiro tempo, com sete finalizações a três, 56% de posse de bola na casa do time dominante na Itália, agora ainda mais perto do nono título consecutivo.

No ritmo de Papu Gómez, novamente o organizador do 3-4-2-1 que desta vez teve Ilicic de início e Pasalic entrando no segundo tempo. Na frente, Zapata deixou o jovem holandês De Ligt zonzo com a combinação de força física e mobilidade.

Deslocamento, finalização precisa do colombiano e justa vantagem para a equipe de Gasperini nos primeiros 45 minutos. Levando ampla vantagem também pelos flancos, fazendo sofrer Cuadrado e Danilo, os elos fracos da retaguarda de Maurizio Sarri.

No segundo tempo, porém, a intensidade na execução do modelo de jogo cobrou o preço pela sequência de jogos sempre no limite. E o peso do oponente também contou nos cuidados defensivos e momentos de posse de controle, tirando a velocidade.

A Juve cresceu com Alex Sandro e Douglas Costa, além da entrada de Higuaín dando mais presença física na área adversária. Cristiano Ronaldo ganhou companhia e teve a chance da virada em bela finalização, depois de converter o primeiro pênalti.

Mas a Atalanta mostrou também contar com elenco heterogêneo. Além de Pasalic, entraram também Muriel, Tameze, Caldara e Malinovskyi. E foi o ucraniano, substituto de Papu Gómez, que fez o ataque recuperar ritmo, circulação de bola e também presença ofensiva. Assim marcou o segundo gol que parecia o da vitória. Triunfo que seria justo pela manutenção da superioridade em posse  (51%) e finalizações (13 a 9).

Mas o toque de Muriel em lance com Higuaín deu a chance do empate que provavelmente não aconteceria em outras condições, contra outro adversário, outra camisa. Mas era a Juventus, que encaminha mais uma conquista nacional.

E a Atalanta soma um ponto que não deixa de ser importante na disputa pela vaga na próxima Champions. Torneio continental que parece cada vez mais um sonho possível de chegar bem longe. O PSG de Neymar que se cuide. Até por não ostentar no cenário europeu o tamanho que a Juve tem na Itália.

(Estatísticas: Whoscored.com)

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Sincerão – Olimpo do futebol só tem três: o rei, o artista e o arquiteto http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/01/sincerao-olimpo-do-futebol-so-tem-tres-o-rei-o-artista-e-o-arquiteto/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/01/sincerao-olimpo-do-futebol-so-tem-tres-o-rei-o-artista-e-o-arquiteto/#respond Wed, 01 Jul 2020 14:07:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8707

Foto: Acervo FIFA

Este colunista participou do quadro Sincerão do UOL Esporte e muitos questionaram por que Pelé, Maradona e Cruyff não foram citados no Top 5 de meio-campistas, nem de atacantes.

Justo. Talvez tenha sido mesmo um equívoco, mas há duas razões para tal.

Primeiro porque vejo esses três gênios como pontas-de-lança, exercendo aquela função híbrida de meia e atacante. O “camisa dez” que arma e finaliza. Zico, meu ídolo de infância e outra ausência sentida por muitos, se encaixa igualmente neste perfil. Messi também, mas em campo sempre funcionou mais como atacante, partindo da direita para dentro em busca da finalização ou da assistência.

Mas também porque os três fazem parte do Olimpo do futebol. Só eles, ao menos por enquanto. Ainda que o Olimpo abrigue doze deuses do panteão grego, É claro que Messi e Cristiano Ronaldo são candidatíssimos a pleitear vagas neste grupo muito seleto, mas é preciso esperar o fim de suas carreiras para que o distanciamento histórico entregue à dimensão dos feitos da dupla dos gênios do Século 21 até aqui.

Pelé é o rei. Entregou desempenho e resultados a longo prazo como nenhum outro. Colocou o Santos no mapa da bola e foi campeão e protagonista em duas Copas do Mundo, na época o grande parâmetro para medir os maiores. Transformou o jogo sendo um atleta completo que jogava futebol. Artilheiro implacável, domínio de todos os fundamentos do esporte.

Maradona é o artista. Genial, inquieto, imperfeito, errático. Capaz de lances espetaculares no campo e comportamentos nada exemplares fora dele. Quando quis ser competitivo foi a estrela máxima em uma edição de Copa do Mundo, no México em 1986. E também colocou um time outrora minúsculo no imaginário popular. Por isso é Deus em Napoli, assim como na Argentina. O grande ídolo da história do esporte.

E Johan Cruyff é o arquiteto. Craque cerebral, treinador dentro do campo, frasista nato. Pensou e reinventou o futebol muitas vezes, ancorado em princípios inegociáveis, como ter a bola para controlar o jogo. A conexão Holanda 1974 – Barcelona de 1992 – Pep Guardiola é única e pedra fundamental para o futebol há meio século.

É claro que há outros craques e gênios, e rankings são sempre discutíveis. Mas para este que escreve só esses três merecem ocupar o topo. Por seus feitos e legados. Esclarecido?

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Volta do futebol na Europa escancara drama do PSG e de Neymar na Champions http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/15/volta-do-futebol-na-europa-escancara-drama-do-psg-e-de-neymar-na-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/15/volta-do-futebol-na-europa-escancara-drama-do-psg-e-de-neymar-na-champions/#respond Mon, 15 Jun 2020 13:50:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8652

Foto: Reuters

O Manchester City entra em campo na quarta, dia 17, para enfrentar o Arsenal em jogo adiado da 28ª rodada da Premier League. Exatos 99 dias depois da última partida antes da pandemia: derrota para o rival United por 2 a 0 no dia 8 de março. Serão nove rodadas que devem confirmar o título do Liverpool, mais a Copa da Inglaterra que retorna nas quartas-de-final e tem a decisão marcada para 1º de agosto. O time de Guardiola já faturou a Copa da Liga Inglesa.

A Juventus voltou na sexta-feira empatando sem gols com o Milan e se classificando para a decisão da Copa da Itália contra o Napoli. Final na quarta, em Roma, e retomada da liga no dia 22, para mais 12 rodadas até o início de agosto. O time de Cristiano Ronaldo, para variar, lidera o campeonato, mas apenas um ponto à frente da Lazio.

Times com realidades opostas. O City praticamente cumpre tabela na liga e vai se dedicar à copa nacional até a volta da Champions, definindo a vaga nas quartas contra o Real Madrid depois de vencer na ida por 2 a 1. A Juventus define logo o mata-mata e depois parte para um guerra buscando manter a hegemonia no país. Ambas competindo forte até agosto, ou bem próximo disso.

O Paris Saint-Germain disputou a última partida no dia 11 de março, quando eliminou o Borussia Dortmund e conseguiu ultrapassar a barreira das oitavas da Liga dos Campeões na “Era Neymar/Mbappé”. Foi declarado campeão francês quando as autoridades francesas proibiram atividades esportivas até setembro.

Com o retorno das principais ligas, o PSG – e também o Lyon, o outro francês que disputa o torneio continental e venceu a Juventus na ida por 1 a 0 – se depara com o maior obstáculo, no momento, para o sonho de disputar com chances reais o maior título de clubes do planeta: a inatividade.

Com a possibilidade de disputa das quartas e semifinais em jogos únicos em sede fixa (provavelmente Lisboa), o time francês estaria objetivamente a três partidas da grande obsessão do clube. Mas como ser competitivo com quase seis meses sem jogos oficiais?

O clube busca uma flexibilização, com a possibilidade de realização de amistosos e da decisão da Copa da França, contra o próprio Lyon, no dia primeiro de agosto. Ainda assim, a distância do nível de competição seria gigantesca. Não só em relação aos exemplos citados, de City e Juventus.

O próprio Bayern de Munique, outro grande favorito ao título europeu pelo desempenho mesmo antes da parada, decide a Copa da Alemanha no dia 4 de julho contra o Bayer Leverkusen. Antes disso deve confirmar o octacampeonato da Bundesliga que, com apenas 18 clubes, termina no dia 27. Só uma partida em julho, mas ainda com grande vantagem sobre o PSG.

É claro que, por exemplo, uma lesão grave de um Cristiano Ronaldo ou Lewandowski neste processo pode relativizar e muito a vantagem dos times que estão jogando. Mas o contexto do gigante francês hoje é único. Nenhum time ficou tanto tempo sem jogar oficialmente.

Para piorar, a insatisfação com a direção do futebol, especialmente Leonardo, por conta do anúncio das saídas de Thiago Silva e Cavani. Clima tenso e sem partidas para dividir atenções e tornar as pautas sobre o clube menos negativas.

Como estarão Neymar, Mbappé e companhia quando entrarem em campo para o jogo mais importante da história recente do Paris Saint-Germain? Eis a maior incógnita do futebol desde a Segunda Guerra Mundial. E a resposta ainda vai demorar.

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CR7 perde pênalti na volta, mas nem assim domínio da Juventus é ameaçado http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/12/cr7-perde-penalti-na-volta-mas-nem-assim-dominio-da-juventus-e-ameacado/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/12/cr7-perde-penalti-na-volta-mas-nem-assim-dominio-da-juventus-e-ameacado/#respond Fri, 12 Jun 2020 21:27:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8642

Cristiano Ronaldo salvou a Juventus no jogo de ida da semifinal da Copa da Itália no San Siro. Cobrando pênalti aos 45 minutos do segundo tempo. No longínquo 13 de fevereiro, empate por 1 a 1 com o Milan, que abriu o placar com Rebic. Time rossonero que ficou com um a menos a partir dos 27 minutos da segunda etapa com a expulsão de Theo Hernández.

Noventa e cinco dias de inatividade depois, o retorno do futebol italiano após o pico da pandemia. Na Allianz Arena, estádio que desde a inauguração em 2011 não viu uma vitória do Milan sobre os donos da casa. A última em todas as competições aconteceu em 2016.

O Milan não é mais o mesmo e a Juventus domina o futebol do país com um octacampeonato da liga e quatro conquistas nas últimas cinco edições da Copa nacional. O duelo seria desigual, mas o contexto tornou tudo um pouco mais equilibrado.

E o “milagre” pareceu mais possível quando o fenômeno Donnarumma tocou levemente na bola que bateu na trave direita em cobrança de pênalti de Cristiano Ronaldo aos 15 minutos de jogo. Mas pouco depois, Rebic, atacante único no 4-2-3-1 armado por Stefano Pioli, foi expulso por entrada tresloucada em Danilo. O “heroi” da ida prejudicando o Milan na volta.

A Juventus já dominava, no 4-3-3 habitual de Maurizio Sarri. Com Dybala mais fixo pela direita buscando as incursões da ponta para dentro e Cristiano Ronaldo alternando mais com Douglas Costa no meio e à esquerda. Bem apoiados no meio por Pjanic, Bentancur e Matuidi, que concluiu dentro da pequena área na melhor oportunidade criada com bola rolando em um primeiro tempo de 67% de posse da Juventus e 13 finalizações contra apenas uma. No alvo, porém, foram poucas: três da Juventus, nenhuma do Milan.

Pioli repaginou sua equipe em um básico 4-4-1 adiantando Bonaventura como referência, mas voltando para fechar espaços no próprio campo. A saída era buscar as inversões de Çalhanoglu pela esquerda e Lucas Paquetá à direita. Mas a transição ofensiva era lenta e não melhorou na segunda etapa com o jovem Rafael Leão na frente, substituindo Bonaventura.

A Juventus temeu pelo desgaste por conta da longa inatividade e procurou administrar fôlego e a vantagem pelo gol marcado fora. Seguiu rondando a área adversária, Sarri arriscou quatro substituições – Bernardesci, Khedira, Rabiot e Cuadrado, escancarando a diferença de qualidade do elenco diante de qualquer outro rival na Itália – e a melhora nos minutos finais possibilitou a repetição das 13 finalizações na segunda etapa, com quatro no alvo. Nenhuma do Milan na direção da meta de Buffon, mas ao menos tentou cinco vezes. Subiu a posse para 37% e buscou o ataque. Pura necessidade.

Não foi o suficiente para surpreender a “Vecchia Signora” que se impõe mesmo em noite infeliz de Cristiano Ronaldo. Com o empate sem gols, vai à final contra Napoli ou Internazionale para retomar o domínio depois do título da Lazio na temporada passada. Ou para confirmar uma supremacia que já se aproxima de uma década. Mesmo quando não joga bem. Em qualquer cenário.

(Estatísticas: Whoscored.com)

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Dezoito dias, quatro jogos. O maior evento esportivo do século 21 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/27/dezoito-dias-quatro-jogos-o-maior-evento-esportivo-do-seculo-21/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/27/dezoito-dias-quatro-jogos-o-maior-evento-esportivo-do-seculo-21/#respond Mon, 27 Apr 2020 12:18:08 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8390

Foto: AP

Os dois maiores times do mundo e grandes rivais do mesmo país. Com os dois melhores treinadores e os dois grandes craques do planeta com forte antagonismo. Decidindo liga e copa nacionais e ainda uma vaga em final continental. Tudo isso em menos de um mês. Dezoito dias, para ser mais preciso.

Um sonho para qualquer fã de futebol, não? Pois é, aconteceu há nove anos. E como o ápice no duelo mais marcante em um dia 27 de abril como hoje.

Barcelona e Real Madrid. Pep Guardiola versus José Mourinho. Lionel Messi contra Cristiano Ronaldo. Em 16 de abril no jogo mais importante do campeonato por pontos corridos, quatro dias depois decidindo a Copa do Rei. Nos dias 27 de abril e três de maio, definindo uma vaga na decisão da Liga dos Campeões contra o Manchester United.

Para aumentar o fogo da panela de pressão, em novembro o Barça havia enfiado 5×0 no Camp Nou. A “maneta” humilhante que mostrou para Mourinho que, mesmo com elenco estelar, não era possível encarar de peito aberto a equipe de Guardiola. Como fizera com a Internazionale da tríplice coroa na temporada anterior em Milão, no San Siro: vitória por 3 a 1 em disputa equilibrada.

A receita para o próximo encontro era encontrar um meio termo entre a proposta corajosa em casa e a retranca “handebol” do time italiano depois que perdeu Thiago Motta no jogo de volta em Barcelona e administrou a derrota por 1 a 0 que garantiu vaga aos neroazzurri na decisão da Champions 2009/10.

O problema era enfrentar o time catalão em sua melhor versão. No 4-3-3 e com o jogo posicional que tinha o comando de Xavi Hernández e o ponto de desequilíbrio com Messi voando na função de “falso nove” totalmente assimilada e destruindo os adversários nas entrelinhas, entre a defesa e o meio-campo. Quem marcaria o gênio argentino: os volantes ou os zagueiros?

Mourinho definiu que um jogador ocuparia esse espaço e o negaria ao craque do rival. Primeiro foi Pepe, depois Xabi Alonso. Quem não preenchesse a “zona Messi” fecharia com Khedira por dentro a linha de quatro no 4-1-4-1 compacto que tinha Ozil e Di María pelas pontas e Cristiano Ronaldo na frente.

Mas o treinador português sabia que não bastava o duelo técnico e tático. Os “jogos mentais” seriam muito necessários para desestabilizar o outro lado. Provocações antes e durante as partidas tensas, com momentos de violência no jogo e fora dele. Entre atletas e comissões técnicas, Uma guerra.

Apesar da surpresa com a mudança radical de estratégia do rival, o Barcelona se deu melhor no primeiro duelo: empate por 1 a 1 no Santiago Bernabéu, gols de pênalti de Messi e Cristiano Ronaldo, na partida que manteve os oito pontos de vantagem e encaminhou o tricampeonato de La Liga. Resultado comemorado, mesmo sem conseguir manter a vantagem no placar e numérica depois da expulsão do zagueiro Albiol na penalidade máxima cometida sobre Villa.

No entanto, a única partida valendo taça ao final da disputa foi vencida pelo Real Madrid. Na prorrogação, a Copa do Rei em Valencia, no Estádio Mestalla. Gol de Cristiano Ronaldo completando de cabeça um cruzamento de Di María pela esquerda.

Com o time branco incomodando ainda mais o rival com coragem, objetividade nas ações ofensivas e uma entrega absoluta sem a bola. Concentração total e resiliência para buscar a vitória, mesmo com a consciência de que não teria mais que 35% de posse no jogo. Faturando um título depois de três anos. O primeiro decidido por Cristiano Ronaldo em sua mítica passagem por Madri.

Tudo isso foi levado para a disputa mais importante, pela Champions. A ida no Bernabéu, há exatos nove anos, foi novamente muito nervosa. Aditivada por novas provocações de Mourinho que Guardiola prometeu responder no campo.

A solução de Pep foi proteger mais a bola e a defesa. Com Puyol improvisado na lateral esquerda e Keita entregando mais vigor físico no meio-campo. Também invertendo os ponteiros, com Villa à direita para cima de Marcelo e Pedro pela esquerda contra Arbeloa. O Real tinha Lass Diarra na vaga de Khedira no meio-campo, com Alonso fazendo o papel de negar a entrelinha a Messi e Pepe fazendo a função de meia por dentro à esquerda. Mais dinâmica na marcação, menos qualidade nas transições ofensivas.

O duelo mais importante, pela Liga dos Campeões no Bernabéu, teve o Barcelona no 4-3-3 com Puyol na lateral esquerda, Keita no meio-campo e inicialmente ponteiros invertidos – Villa à direita, Pedro pela esquerda. Mais posse e cuidados defensivos contra o Real no 4-1-4-1 de Mourinho, mas com Xabi Alonso entre as linhas vigiando Messi e a melhor saída pela esquerda, com Di María e Marcelo (Tactical Pad).

O escape de Mourinho de novo era o lado esquerdo com Marcelo fazendo Villa voltar para ajudar sem bola e Di María incomodando Daniel Alves. O lateral, que nunca teve a marcação como grande virtude, teve problemas e exagerou nas faltas. Até demorou a levar o cartão amarelo. E o pau quebrou também na saída para o vestiário, com o goleiro reserva do Barça, Pinto, dando um tapa no rosto de Arbeloa e jogadores e membros das comissões participando da briga.

A tensão seguiu no segundo tempo até a expulsão de Pepe pela entrada, no mínimo, imprudente em Daniel Alves. Força desproporcional que rendeu o cartão vermelho e o domínio do Barcelona sobre um Real que tinha voltado melhor no segundo tempo com Adebayor na vaga de Ozil. E Cristiano Ronaldo sempre dando trabalho para o goleiro Victor Valdés.

Com um a mais e o Real também sem Mourinho, expulso de tanto reclamar da arbitragem, a posse e a movimentação da equipe de Guardiola enfim encontraram espaços para acionar Messi.  Affelay entrou na vaga de Pedro, que havia voltado ao setor direito. Por ali o holandês com a camisa vinte aproveitou falha de Marcelo e cruzou para Messi abrir o placar.

O golpe final veio na arrancada irresistível do argentino passando por Diarra, Sergio Ramos, Albiol e Marcelo antes de tocar na saída de Casillas. Gol antológico que praticamente sacramentou a vaga na final europeia, confirmada com o empate por 1 a 1 no Camp Nou – gols de Pedro e Marcelo. O último e menos memorável dos quatro duelos históricos. O Barça venceria a Champions novamente contra o United, repetindo 2008/09. Desta vez com triunfo maiúsculo por 3 a 1 em Wembley. O grande recital do “Pep Team”.

Mas nada foi maior que aquela sequência de superclássicos. No esporte no século 21. Nem as Copas do Mundo ou Jogos Olímpicos. O mundo parou para ver o grande embate, o clássico ficou ainda maior com o passar dos anos, assim como o protagonismo de Messi e Cristiano Ronaldo.

Em tempos de bola parada pela pandemia, a saudade só aumenta.

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Tá com saudades de um joguinho ao vivo, né, minha filha? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/17/ta-com-saudades-de-um-joguinho-ao-vivo-ne-minha-filha/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/17/ta-com-saudades-de-um-joguinho-ao-vivo-ne-minha-filha/#respond Fri, 17 Apr 2020 11:23:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8312

Foto: Zanone Fraissat / Folhapress

Há algum tempo eu me peguei pensando sobre a razão de muitos jogadores em atividade não receberem o devido valor. Seria só por conta da memória seletiva do saudosismo, da necessidade de um distanciamento histórico para uma análise mais criteriosa ou porque Messi e Cristiano Ronaldo subiram o sarrafo do nível de exigência?

Por exemplo, um craque multicampeão como Toni Kroos muitas vezes ser colocado abaixo de outros alemães que não foram tão talentosos, nem vencedores. Como Wolfgan Overath, lenda do Colônia e o meia criativo da seleção campeã mundial de 1974. Ou Bernd Schuster, campeão da Eurocopa em 1980 e que fez história no futebol espanhol, porém sem o brilho do atual camisa oito e maestro do Real Madrid.

Ou James Rodríguez ser menos reconhecido que Carlos Valderrama na Colômbia. Mesmo que o meia do Real Madrid tenha o cabeludo como ídolo, já o superou há tempos, inclusive nos feitos em Copas do Mundo. Nem vou citar Neymar no Brasil, humilhado diante de muitos jogadores apenas bons do país que atuaram há décadas.

A minha conclusão foi que vimos pouco do passado e tendemos a guardar os melhores momentos, selecionar as impressões e sensações, enquanto os que estão (ou estavam) jogando são dissecados duas vezes por semana com estatísticas e análise de desempenho mais criteriosa.

Então me questionei se não víamos jogos demais e se isso era saudável ou matava a nossa capacidade de sonhar. A fantasia tão necessária ao amor pelo jogo. Como será que gênios como Pelé, Maradona, Cruyff, Di Stéfano e Garrincha passariam por esse escrutínio diário? Será que termos acesso diário a partidas de futebol, espalhadas para encher grades de programação de emissoras de TV, não estaria banalizando o esporte?

E agora estamos aqui…Entendendo perfeitamente a gravidade da situação, até pelas notícias do mundo todo chegando em tempo real e fazendo parte das nossas vidas e preocupações…mas com aquela saudade IMENSA de um joguinho ao vivo.

Sem saber o resultado final, muito menos os herois e vilões. Ainda que rever os jogos do passado sempre nos permita um novo olhar, mais crítico ou condescendente, a abstinência da incerteza que nutre o esporte mais apaixonante começa a pesar.

O último jogo analisado neste blog foi a vitória do Fluminense sobre o Vasco no Maracanã com portões fechados. No dia 15 de março, praticamente há um mês. Parece que foi ano passado. E mesmo com a consciência de que o futebol só deve voltar quando liberado por autoridades conscientes, amparadas pela Ciência, não pressionados por questões comerciais e priorizando as vidas, a ansiedade já bate na porta.

Mesmo sem torcida e com jogadores voltando de um período que já supera as férias anuais. Em um clima diferente, talvez até fúnebre ou mórbido. Só aquele joguinho que às vezes por excesso de oferta era até descartado. Sabe aquela máxima surrada de que só se valoriza quando perde?

O título deste post virou meme, quase sempre apontando banalidades do cotidiano que não podemos fazer por estarmos trancados em casa para preservar a nossa vida e a do próximo. Mas estão fazendo falta, justamente porque fazem parte da vida.

Confesso que hoje eu precisava mesmo era de um abraço. Do Drauzio Varella ou de qualquer pessoa com empatia. Por tantas incertezas sobre o futuro, mas também pela falta do futebol. Matéria-prima do ofício, mas fundamentalmente um objeto de paixão. A saudade tá grande, né, minha filha?

 

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As dez maiores duplas de ataque da história http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/15/as-dez-maiores-duplas-de-ataque-da-historia/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/15/as-dez-maiores-duplas-de-ataque-da-historia/#respond Wed, 15 Apr 2020 11:10:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8305

Dupla de ataque é diferente de dupla de atacantes. Aqui entram jogadores que eram os mais avançados de suas equipes ou, dentro de um 4-3-3 ou 4-2-4, os que mais se procuravam para tabelas – o centroavante e o ponta-de-lança. Então duplas como Garrincha-Pelé, Ronaldo-Zidane ou Neymar-Messi, por exemplo, não fazem parte da lista. Questão de critério.

Então vamos ao “Top 10”, desta vez indo da décima à primeira colocação para os preguiçosos e/ou ansiosos ao menos passarem os olhos até o final.

[E, sim, este que escreve reconhece há um pouco de “pachequismo” envolvido, neste caso.]

10º – Bergkamp & Henry – Dos “Invincibles” de Arsène Wenger em 2003/04. Talento, velocidade, explosão, elegância e muita eficiência diante dos goleiros. Responsáveis por 34 gols e 17 assistências naquela campanha mágica.

9º Maradona & Careca – Um gênio e um grande centroavante fazendo história no Napoli mais vencedor, com título italiano e da Copa da UEFA, que hoje corresponde à Liga Europa. Foram a maior dor de cabeça de Arrigo Sacchi nos grandes duelos com o Milan no final dos anos 1980.

8º Ronaldo & Romário – Efêmera, porém espetacular, com os dois maiores atacantes do futebol brasileiro depois da Era Pelé, protagonistas nos dois últimos títulos mundias da seleção. Um bom entendimento em campo, especialmente no ano mágico de 1997.

7º Messi & Suárez – Desde 2014, viveram o melhor momento no Barcelona formando o tridente com Neymar que venceu a tríplice coroa e o Mundial de Clubes, mas ainda sintonizados e vencedores nas temporadas seguintes, com quatro ligas e quatro Copas na Espanha.

6º Cristiano Ronaldo & Benzema – Nada menos que quatro títulos de Liga dos Campeões em cinco temporadas. Demoraram a engrenar, já que chegaram juntos ao Real Madrid para a temporada 2009/10. Afinaram a sintonia com Ancelotti e arrebentaram com Zidane.

5º Ronaldo & Rivaldo – Nem tanto por 1998, já que Bebeto é que formava a dupla com o Fenômeno. Mas em 2002 eram os mais avançados e acionados por Ronaldinho Gaúcho. Marcaram 13 dos 18 gols da seleção de Luiz Felipe Scolari e resolveram na decisão com a Alemanha.

4º Gullit & Van Basten – Ganharam tudo no Milan e ainda a Eurocopa de 1988 com a Holanda de Rinus Michels. Entendimento no olhar, movimentação inteligente, inteligência nas tabelas e força no jogo aéreo. Não fossem os muitos problemas físicos e teriam sido ainda mais espetaculares.

3º Di Stéfano & Puskas – Dois dos maiores jogadores da história vencendo juntos duas Copas dos Campeões da Europa e quatro títulos espanhois pelo Real Madrid. Sintonia perfeita em campo, com um abrindo espaços para o outro e ainda forte amizade na vida pessoal. Monstros.

2º Bebeto & Romário – Carregaram nas costas a responsabilidade de acabar com um longo jejum de títulos da seleção brasileira. Primeiro em 1989, na Copa América em casa; cinco anos depois o Mundial nos Estados Unidos. De quebra uma prata olímpica em 1988. Se entendiam no olhar e sem o suporte de grandes meio-campistas.

1º- Pelé & Coutinho – Sem eles essa lista talvez nem existisse. Criaram no imaginário popular do Brasil e do mundo o simbolismo da dupla de ataque, com tabelas espetaculares, gols em profusão e muitos títulos pelo Santos. Faltou o protagonismo de Coutinho também na seleção, mas ainda assim viraram lendas.

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Luizão foi um bom camisa nove, mas errou feio ao falar sobre centroavantes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/06/luizao-foi-um-bom-camisa-nove-mas-errou-feio-ao-falar-sobre-centroavantes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/06/luizao-foi-um-bom-camisa-nove-mas-errou-feio-ao-falar-sobre-centroavantes/#respond Mon, 06 Apr 2020 11:35:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8257

Foto: Pedro Ivo Almeida / UOL

“O Brasil não tem centroavante hoje. Não temos e sentimos muita falta disso. O Brasil foi pentacampeão mundial sempre com um 9, uma referência. […] Gabriel Jesus e Firmino não começaram a carreira como centroavantes. Eles são adaptados ali”.

Palavras do ex-jogador Luizão no programa “Última Palavra” no canal Fox Sports. Campeão mundial em 2002 e um bom centroavante, artilheiro e vencedor por Palmeiras, Vasco, Corinthians, São Paulo e Flamengo.

Mas errou feio ao falar sobre a sua posição. Em relação ao passado e aos tempos atuais. E não venham com o velho, surrado e furado papo de “ele jogou, você nunca chutou uma bola e não pode criticar”. Posso, sim. Primeiro pela liberdade de expressão, segundo porque ele já parou de jogar e está ali analisando o cenário futebolístico. E precisa ter conhecimento para não dizer bobagem.

E ele disse. “O Brasil foi pentacampeão mundial sempre com um 9, uma referência”. Quem era a referência em 1970, justamente a seleção considerada a melhor não só brasileira, mas de todas as Copas?

A resposta: ninguém. Tostão era um meia-atacante, um “ponta-de-lança”. Na equipe montada por Zagallo tinha a função de se movimentar, abrir espaços. Procurar o lado esquerdo, ajudando Rivellino, já que o lateral Everaldo praticamente não atacava. Deixava o corredor central para Pelé e as infiltrações em diagonal de Jairzinho.

Fez apenas dois gols no Mundial, na vitória por 4 a 2 sobre o Peru nas quartas de final da Copa no México. Foi muito mais importante, porém, facilitando o trabalho dos companheiros. Muito longe de ser o tal “homem-gol”.

A rigor, o único centroavante típico campeão mundial pelo Brasil foi Vavá, em 1958 e 1962. E mesmo ele também se movimentava. Com Zagallo mais recuado, ele dava dois passos para o lado esquerdo para que o jovem Pelé entrasse para concluir. Quatro anos depois, também ajudou com mobilidade para que Garrincha brilhasse.

Ronaldo e Romário foram craques geniais, atacantes completos – ou quase, já que o Fenômeno, por conta de um trauma por bolada, passou a ter medo de cabecear. Não atuavam exatamente na referência. Em 1994 o ataque era uma dupla, com Bebeto. Ambos criavam e finalizavam. No último título mundial brasileiro, o 3-4-3 da primeira fase precisou ser desmontado e Rivaldo ganhou mais liberdade para sair da esquerda e também formar uma dupla com Ronaldo.

Em algumas Copas, ter uma referência mais atrapalhou que colaborou. No Mundial de 1982, na Espanha, o grande time de Telê Santana contava com Serginho Chulapa. Artilheiro do Brasileiro daquele ano pelo São Paulo ao lado de Zico, mas com menos jogos. Um típico homem-gol, jogador do último toque para as redes. Alto, forte, sempre rondando a área adversária.

E perdeu gols de forma constrangedora. O mais grave justamente na derrota para a Itália, no primeiro tempo, tomando à frente de Zico. Livre, na cara do goleiro Zoff. Fora as muitas chances desperdiçadas nos demais jogos, especialmente na estreia contra a União Soviética. Apenas dois gols, contra a semiamadora Nova Zelândia e diante da Argentina, completando com total liberdade um cruzamento perfeito de Falcão.

Para muitos analistas, se a seleção tivesse um típico ponta pela direita em alto nível, o ataque e o time ficariam mais equilibrados com Sócrates e Zico se alternando como “falso nove”. Ou jogando com um atacante mais móvel, como Careca ou Nunes, que se deslocasse para a direita, no espaço deixado pelo “quadrado mágico” no meio. A referência não colaborou em nada.

O mesmo em 2014. Fred chegou ao Mundial longe do bom momento de 2012, quando foi campeão e artilheiro do Brasileiro com o Fluminense, e 2013, também vencedor e goleador da Copa das Confederações pela seleção. Na Copa, apenas um gol, nos 4 a 1 sobre Camarões. E uma falta de mobilidade que facilitou a marcação, sobrecarregou Neymar e desequilibrou a equipe de Felipão até a tragédia dos 7 a 1.

A crítica a Gabriel Jesus na última Copa do Mundo é válida. De fato, terminar o Mundial sem gols não é para se orgulhar. Os citados acima, em má fase ou não jogando como centroavante, ao menos foram às redes. A juventude do atacante de 21 anos atenua, mas não justifica a falta de contundência.

Mas fazer gols não era a única função de Jesus. Assim como Tostão em 1970, sem comparações, a tarefa era facilitar com mobilidade o trabalho de Neymar e Philippe Coutinho, as duas grandes estrelas. Algo muito comum no futebol mundial, como Suárez trabalhando para Messi no Barcelona e Benzema para Cristiano Ronaldo no Real Madrid tri da Liga dos Campeões.

E Giroud na França campeã mundial. O camisa nove alto e forte não marcou gols no torneio disputado na Rússia, assim como Gabriel Jesus. No entanto, o posicionamento no centro do ataque empurrou as defesas adversárias para trás e criou os espaços que Mbappé, Griezmann e Pogba precisavam para desequilibrar.

Roberto Firmino, também criticado por Luizão, é o nove do Liverpool, atual campeão da Champions e virtual da Premier League, se houver um final para esta edição do Inglês. Faz gols, mas a função principal é recuar, articular e deixar brechas para as infiltrações em diagonal de Salah e Mané.

Jogar exclusivamente para um goleador no centro do ataque é coisa do passado. As equipes hoje são muito mais móveis e dinâmicas, até pela falta de espaços. O ideal é tirar a referência justamente para dificultar a retaguarda do oponente. Lewandowski, Cavani, Diego Costa, Icardi, Aguero…Todos marcam gols, mas também se mexem bastante.

Assim como Luizão, que nos anos 1990 já procurava os flancos e deixava Rivaldo, Muller e Djalminha brilharem no lendário Palmeiras de 1996. O mesmo no Vasco campeão da Libertadores de 1998 com Donizete e Ramon ou Pedrinho e no Corinthians campeão brasileiro e mundial em 1999/2000 com Marcelinho Carioca, Edilson e Ricardinho. E aparecendo na área para ser decisivo e colocar o Brasil no Mundial de Japão/Coreia do Sul com dois gols sobre a Venezuela na última rodada das eliminatórias, em 2001.

Jogava bem, mas mandou mal na análise sobre a sua posição. Mais uma prova de que jogar e comentar são tarefas distintas. Uma não é, nem pode ser, consequência natural da outra. Só o feeling não basta, é preciso saber.

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Saudosistas x “Geração Z”: uma briga insuportável http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/03/saudosistas-x-geracao-z-uma-briga-insuportavel/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/03/saudosistas-x-geracao-z-uma-briga-insuportavel/#respond Fri, 03 Apr 2020 12:06:16 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8249

Foto: AFA

Sem jogos e noticiário mais quente sobre futebol, as pautas e os debates se voltam um pouco para o passado e é muito comum a comparação entre passado e presente.

E como quase todo debate neste país, a polarização aparece. Se na política ela é até necessária porque o conflito está (ou deveria estar) intrínseco, no futebol muitas vezes surge para marcar território. Com todos se comunicando e produzindo conteúdo ao mesmo tempo, a radicalização é uma ferramenta para chamar atenção.

É daí que costuma emergir a guerra entre saudosistas e a “Geração Z”, ou aqueles que já nasceram dentro do mundo globalizado e conectado e acha que tudo que existia antes é jurássico e desconectado na realidade atual.

Ambos podem ser insuportáveis na discussão sobre futebol. Porque a nostalgia é mais que saudável. Se deixar transportar para momentos mais lúdicos, de proximidade com entes queridos que muitas vezes nem estão mais entre nós. A experiência infantil de ir ao estádio com o pai, de não ter preocupações no cotidiano e passar uma semana pensando naquele clássico.

Hoje o peso da responsabilidade de ganhar o dinheiro do ingresso (ou do plano de sócio-torcedor), de onde vai estacionar o carro e como vai garantir a segurança dos filhos, de fato, é capaz de tirar um pouco o prazer do programa. Sem contar o olhar adulto, que sabe do muito de podre que há por trás do esporte no campo. Não mais as retinas encantadas que só reparavam na grandiosidade do estádio, na festa das torcidas e nos movimentos dos craques.

Os agentes da época também têm suas razões para sentir saudades. Estavam no auge físico, no esplendor, na crista da onda. Eram procurados, tinham prestígio. Natural um jornalista mais experiente defender os profissionais veteranos ainda na ativa, ainda que ultrapassados. Questão de identificação.

Tudo isso é compreensível. Só não pode contaminar a observação sobre o jogo. Se aquele tempo era bom para você, indivíduo, não quer dizer que tenha visto um futebol melhor. O nosso narcisismo ajuda a colocar a época em que vivemos mais intensamente o esporte como algo superior e inalcançável para as gerações seguintes. “Quem viu, viu. Eu vi!”

Assim como os jovens que acham que o mundo começou no ano em que nasceram e tratam qualquer coisa que estejam testemunhando na TV e na internet como “maior da História”. Os craques, os jogos, as competições. Tudo é grandioso e precisa crescer ainda mais na histeria coletiva das redes. Para engajar.

E a cada semana surge um novo fenômeno sem precedentes, porque são movidos a hiperestímulos. E como precisam causar, chamar atenção, é obrigatório desafiar os ícones do passado.  E quase sempre descontextualizando e achando que a realidade atual sempre existiu.

Então se o Pelé não jogou em um grande time europeu, como ele poderia ser o melhor do mundo se hoje todos os premiados atuam no Velho Continente? Maior da história ganhando estaduais e Copa do Mundo, mas sem vencer a Liga dos Campeões? Impossível!

É aí que aparece o saudosista colocando o pé na porta e dizendo que os craques que brilham hoje no futebol europeu não conseguiriam sequer ser titulares nos times pequenos de São Paulo que enfrentaram o Pelé. Que o futebol era mais técnico e hoje é só físico. Daí para a falsa dicotomia “Raiz x Nutella” é um pulo. Cansativo…

O esporte evolui, como tudo. O que vemos como consequências que podem ser tratadas como negativas são resultados da complexidade. Se com a internet a informação está disponível e não há mais segredos nem surpresas, é natural que o jogo seja mais dinâmico e haja menos espaços. A evolução na preparação também contribui, o que gera uma reação em cadeia que influencia todo processo e cria novos problemas para resolver.

A “Geração Z” acha isso tudo natural e interessante. O saudosista até acompanha, mas como seu coração está em outro tempo a tendência é reclamar.

O fato é que nunca saberemos se Gerson, o “Canhotinha de Ouro” da Copa de 1970 que fazia aqueles lançamentos de trinta metros quase parado e com muito tempo para pensar, hoje seria um meio-campista de alto nível internacional ou um jogador anacrônico, como Paulo Henrique Ganso, por exemplo. Pela inteligência a chance de vingar seria grande, mas o atleta é um todo, cada vez mais mental. Como ele lidaria com o cenário atual?

Assim como é difícil imaginar Messi ou Cristiano Ronaldo na realidade dos anos 1960/70. Com uniformes de baixa qualidade, bola pesada, gramados maltratados, menos proteção de arbitragem agora com VAR e as múltiplas câmeras de TV em jogos transmitidos para o mundo todo. Poderiam suportar e vencer ou simplesmente desistir lá no início da trajetória.

Comparar o futebol de épocas diferentes só vale como diversão. Ou para alimentar o sonho de ver os craques juntos. Como jogariam Messi e Maradona na seleção argentina? Ou como seria uma dupla de ataque formada por Cristiano Ronaldo e Di Stéfano no Real Madrid. Ou tentar pensar na livre circulação dos talentos do passado se houvesse Lei Bosman. Ou o gostoso exercício de adivinhação sobre quem ganharia em um jogo entre um esquadrão de quarenta anos atrás e um timaço atual.

Dá para entender a irritação de quem viu muitos craques testemunhar na internet os mais jovens desprezando tudo que não conhecem. E com jogos na íntegra disponíveis essa falta de curiosidade (ou preguiça mesmo) incomoda muito. Pior ainda é outro hábito dessa geração: opinar sem conhecer. O achismo se naturalizou e tudo virou questão de opinião.

Mas o nariz permanentemente torcido e o desdém dos saudosistas também são difíceis de aturar. É de se questionar como seguem torcendo ou até trabalhando com futebol se não há mais nenhum prazer envolvido. Muitos veem apenas para ter como argumentar contra e manter seus ídolos em um pedestal. Deve ser triste viver assim…

Impossível ter respostas exatas. Ainda bem. A única certeza é que essa briga, virtual ou real, é chata demais. Fuja dela, mesmo não tendo muito o que fazer trancado em casa. É inútil e só irrita.

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Champions volta com CR7 voando e ameaça norueguesa ao brilho de Neymar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/18/champions-volta-com-cr7-voando-e-ameaca-norueguesa-ao-brilho-de-neymar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/18/champions-volta-com-cr7-voando-e-ameaca-norueguesa-ao-brilho-de-neymar/#respond Tue, 18 Feb 2020 11:46:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7998

Foto: Marco Bertorello / AFP

A Liga dos Campeões volta para o mata-mata com um favorito óbvio: o Liverpool avassalador na Inglaterra e que, com 25 pontos de vantagem sobre o Manchester City (um jogo a mais), pode administrar os pontos corridos e dividir atenções com a busca do bicampeonato europeu. Já a partir do duelo contra o hesitante Atlético de Madrid, de Diego Simeone.

Difícil vislumbrar neste momento um concorrente ao título no jogo coletivo, mas individualmente há talentos que podem desequilibrar.

Neste momento um deles se destaca: Cristiano Ronaldo. O “Mr. Champions”, maior artilheiro da história do torneio e cinco vezes campeão. Na oscilante Juventus de Maurizio Sarri. Líder da Série A italiana, como de costume nos últimos anos, mas desta vez com forte concorrência de Lazio e Internazionale.

Talvez pela necessidade, o português voa como há tempos não se via. Aos 35 anos recém completados. Não só pelos 20 gols no mesmo número de jogos pela liga, mas por conta da movimentação que muitas vezes lembra mais o atacante dinâmico, habilidoso e criativo dos tempos de Manchester United do que o finalizador implacável que fez história no Real Madrid.

Alternando a parceria no ataque com Dybala e Higuain, outras vezes formando um trio com os argentinos. Sempre procurando os flancos para infiltrar em diagonal e chutar – é quem mais finaliza no campeonato nacional – ou buscar o fundo para servir um companheiro.

É o trunfo da “Vecchia Signora”, favorita destacada no confronto com o Lyon pelas oitavas do torneio continental. O sorteio foi generoso e, com a estrela máxima em ótima forma, é possível sonhar alto.

Como o PSG de Neymar e Mbappe almeja o fim do “tabu” das oitavas desde que o projeto do clube deu um salto nos investimentos, buscando protagonismo na maior competição de clubes do planeta.

Agora com o craque brasileiro disponível, sem as lesões que o tiraram de combate em outros momentos. Como meia pela esquerda na espécie de 4-2-2-2 armado por Thomas Tuchel. A dúvida é se o desenho tático escolhido para abrigar as estrelas será mantido. Porque há uma séria ameaça já neste primeiro duelo contra o Borussia em Dortmund: Erling Haaland.

O norueguês de 19 anos é vice-artilheiro da Champions pelos oito gols que marcou na fase de grupos pelo Red Bull Salzburg em seis partidas, duas saindo do banco de reservas.

Contratado pelo Dortmund na janela de inverno, Haaland pode disputar a Champions por conta da flexibilização do regulamento que permite a inscrição para o mata-mata de três novos jogadores, sem restrições.

Na Bundesliga mantém os números impressionantes já neste início. Nenhum problema de adaptação ao novo clube e oito gols em cinco jogos, dois também saindo do banco. O centroavante tem 1,94 m e 87 kg, mas não é lento. Faz o pivô usando o corpo, mas também sabe jogar em rápidas transições ofensivas. Impressiona pelo posicionamento na área e eficiência nas conclusões.

É o grande trunfo do time alemão para tentar fazer jogos “malucos” com a equipe francesa. Ambos frágeis defensivamente. Intensidade máxima, “trocação” de golpes e muitos gols.

Entretenimento puro para matar a saudade e divertir os fãs da Champions. Enfim a bola volta a rolar!

(Estatisticas: Whoscored.com)

 

 

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