cruzeiro – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 De Ronaldo a Adriano, 2009 foi o ano “The Last Dance” no futebol brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/05/de-ronaldo-a-adriano-2009-foi-o-ano-the-last-dance-no-futebol-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/05/de-ronaldo-a-adriano-2009-foi-o-ano-the-last-dance-no-futebol-brasileiro/#respond Fri, 05 Jun 2020 13:38:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8601

Foto: Folha Imagem

“The Last Dance” (“Arremesso Final” no Brasil) é a série da Netflix que apresenta com incríveis registros de bastidores a trajetória do Chicago Bulls de Michael Jordan  na conquista de seis títulos da NBA em oito anos. A “última dança” é a temporada 1997/98, definida em lendária cesta de Jordan contra o Utah Jazz. O brilho final de um mito dos esportes em todos os tempos.

Difícil encontrar história semelhante no esporte nacional, até por nuances como a pausa de Jordan para jogar beisebol em 1994, depois da morte do pai, e o anúncio do manager Jerry Krause, antes da última temporada começar, de que o treinador Phil Jacskon não seguiria na franquia. Sem contar a aposentadoria da estrela maior até a aventura no Washington Wizard de 2001 a 2003.

Mas o futebol brasileiro teve um ano especial que consagrou em seus campos pela última vez grandes estrelas do esporte. Cada um dentro de sua escala de grandeza.

2009 começou com Ronaldo Fenômeno voltando ao Brasil para liderar o Corinthians na sua volta à Série A e marcando um processo de reconstrução que levaria o time mais popular de São Paulo às maiores conquistas de sua história.

Mesmo com problemas físicos por conta das sérias lesões nos joelhos e a dificuldade de manter o peso ideal, Ronaldo foi protagonista nas conquistas do Paulista, este de forma invicta, e Copa do Brasil. Os últimos títulos da carreira de um dos maiores atacantes da história do futebol mundial. Com direito a gol antológico encobrindo Fabio Costa contra o Santos na Vila Belmiro pela decisão estadual.

Se o primeiro semestre foi do Corinthians do Fenômeno, o segundo reservou uma grande surpresa: o Flamengo campeão brasileiro depois de 17 anos, comandado por Adriano Imperador, que deixou a Internazionale para jogar pelo time de coração. Bem assessorado por Petkovic, de volta ao clube aos 36 anos para receber uma dívida ainda da primeira passagem, entre 2000 e 2002.

Apesar da gestão caótica, com direito à efetivação do interino Andrade depois da demissão de Cuca, o time conseguiu uma impressionante arrancada no returno que aproveitou as oscilações de São Paulo e Internacional para alcançar o título. O derradeiro protagonismo da dupla improvável e também o único do ídolo que virou treinador.

O ano do futebol no Brasil ainda teve o Mineirão como palco da última conquista de Libertadores do tetracampeão Estudiantes de La Plata. Vencendo o Cruzeiro por 2 a 1 depois de um empate sem gols na Argentina.

Liderado por Juan Sebastián Verón. Ou “La Brujita”, por ser filho de “La Bruja”, o também ídolo Juan Ramón Verón, tricampeão continental de 1968 a 1970. Aos 34 anos comandou o meio-campo na virada histórica com gol de Mauro Boselli. A última grande conquista de uma carreira com indas e vindas, assim como a de Jordan – sem comparações, é claro.

2009 foi o ano “The Last Dance” no futebol brasileiro.  Se não efetivamente da despedida dos campos de Ronaldo, Adriano, Petkovic ou Verón, marcaram os últimos momentos memoráveis de suas carreiras. De contribuições decisivas em conquistas relevantes. Para cada um, a “última dança” inesquecível.

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Palmeiras-1996 e Santos-2010, os “meteoros” de 100 gols e futebol mágico http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/03/palmeiras-1996-e-santos-2010-os-meteoros-de-100-gols-e-futebol-magico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/03/palmeiras-1996-e-santos-2010-os-meteoros-de-100-gols-e-futebol-magico/#respond Wed, 03 Jun 2020 14:39:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8584

Foto: Ricardo Saibun / Santos

Em 2014, Djalminha foi o convidado do “Bola da Vez” na ESPN Brasil e respondeu a este blogueiro sobre a montagem do Palmeiras de 1996. Segundo o próprio meia, o melhor time pelo qual atuou se encaixou muito rápido: “Foi mágica. No primeiro treino a gente já se olhava rindo, sem acreditar. Começamos goleando times amadores em jogos-treinos, mas quando começou o Paulista continuamos passando por cima de todo mundo”.

O entrevistado esqueceu de mencionar os 6 a 1 em Fortaleza sobre o Borussia Dortmund, campeão alemão de 1994/95 e que venceria a Liga dos Campeões de 1996/1997. Era janeiro e o Palmeiras já conquistava a Copa Euro-América.

Um “click”. Por mais que se cobre, com toda razão, que clubes e seleções respeitem processos e valorizem trabalhos a longo prazo, às vezes acontece de um time se encaixar muito rapidamente e jogar futebol encantador. A história mostra que o “efeito colateral” é durar pouco também.

Chega e vai logo embora. Um “meteoro”. Assim foi o Palmeiras comandado por Vanderlei Luxemburgo. O time de Cafu e Júnior voando pelas laterais, Djalminha organizando, Rivaldo infiltrando no espaço deixado pelo “pivô” Muller e Luizão na área para finalizar. Volúpia ofensiva compensada por Amaral e Flávio Conceição, os protetores dos zagueiros Sandro e Cléber. Velloso na meta.

Palmeiras de Luxemburgo no 4-2-2-2 típico dos anos 1990, mas com volúpia ofensiva incomum (Tactical Pad).

Combinação perfeita de características que fez tudo fluir no Paulista e até a decisão da Copa do Brasil. Foram 102 gols em 30 partidas no Paulista, mais 24 na Copa do Brasil. 27 vitórias, dois empates e apenas uma derrota no estadual. 83 pontos em 90 possíveis, 28 a mais que o vice São Paulo. Goleadas marcantes como os 7 a 1 sobre o Novorizontino, 8 a 0 no Botafogo, 6 a 0 no Santos. Apenas 19 gols sofridos. Estética e eficiência. Um time que fez o blogueiro faltar algumas aulas e também deixar de ver o time de coração.

No mata-mata nacional, 8 a 0 no Sergipe, 8 a 1 no agregado sobre o Atlético Mineiro nas oitavas, 5 a 1 no Paraná nas quartas. 100% de aproveitamento até cruzar com o Grêmio de Luiz Felipe Scolari, campeão da Libertadores no ano anterior e que venceria o Brasileiro naquele mesmo 1996. Vitória por 3 a 1 em São Paulo e revés por 2 a 1 em Porto Alegre. Na decisão contra o Cruzeiro, empate em Minas por 1 a 1 que fez do Palmeiras o favorito absoluto para a volta no Parque Antárctica.

A ausência de Muller, porém, diminuiu consideravelmente a fluência ofensiva. O “garçom” do ataque preferiu voltar ao São Paulo e foi desfalque sentido. Mesmo assim, o ataque palmeirense fez de Dida o melhor da final vencida pelo time mineiro comandado por Levir Culpi. De virada por 2 a 1. Foi o que faltou ao Palmeiras para tornar mais marcante aquele primeiro semestre espetacular.

O Santos teve melhor sorte, 14 anos depois. Mais um “raio” que caiu na Vila Belmiro. Novamente o clube sem capacidade para investir em grandes contratações resolveu investir nos jovens formados no clube. Paulo Henrique Ganso, com 20 anos, mas desde os 18 atuando no profissional, e Neymar, com dezoito completos em fevereiro, eram as esperanças da equipe comandada por Dorival Júnior, contratado no final de 2009.

De novo o “click”, o engate quase imediato. Em entrevista ao Uol Esporte, o treinador revelou uma conversa com o elenco antes do primeiro treinamento: “Reuni os jogadores embaixo de uma mangueira que temos lá no centro de treinamento do Santos e falei: ‘Quero falar uma coisa para vocês aqui, hoje, no nosso primeiro dia de trabalho. Esse time pode marcar a história do Santos Futebol Clube’.”

Com Robinho, emprestado pelo Manchester City, fazendo um papel parecido com o de Muller no Palmeiras em 1996. Um facilitador para os companheiros. Alternando com Neymar pelas pontas, se aproximando de Ganso para tabelas e contribuindo para um volume de jogo sufocante. André se mexia também, embora ficasse mais na área adversária para finalizar.

Pará e Alex Sandro nas laterais, Arouca um pouco mais fixo na proteção a Edu Dracena e Durval e Wesley se juntando ao quarteto ofensivo. Mas até o camisa cinco aparecia na frente. Dorival tentava fazer o time reagir rápido sem bola pressionando para recuperar logo a posse e voltar a atacar. Quando encaixava era arrebatador. E bonito de ver.

O Santos voltado para o ataque comandado por Dorival Júnior. No 4-2-3-1 que tinha Ganso na articulação e Robinho como um facilitador, alternando nos flancos com Neymar (Tactical Pad).

No Paulista, 15 vitórias, dois empates e duas derrotas na primeira fase. 61 gols marcados, média superior a três por jogo. Dez pontos na frente do Santo André, que seria o vice-campeão em uma final mais equilibrada que o previsto, até pelo “sapeca” santista sobre o São Paulo na semifinal: 6 a 2 no agregado. Na decisão, uma vitória por 3 a 2 para cada lado, título santista pela melhor campanha geral. No total, foram 72 gols marcados e 31 sofridos.

Na Copa do Brasil, os 10 a 0 sobre o Naviraiense foram o destaque logo na primeira fase, mas o time passou por Remo (4 a 0 sem necessidade de volta), Guarani – com destaque para os 8 a 1 na ida – e Atlético Mineiro antes da final contra o Vitória. Assim como na semifinal contra o Grêmio, derrota como visitante e vitória em casa, se impondo no saldo de gols. Um time instável, mas bem sucedido naquele período.

Também superando os 100 gols. Foram 105 nas duas competições. E, mais importante, levando as taças para a Baixada Santista. Ciclo encerrado com a demissão de Dorival depois de briga pública com Neymar. Mas consolidado como time histórico com Muricy Ramalho, ganhando pragmatismo e solidez defensiva que equilibrou o talento na frente. Já sem Robinho, mas com um Neymar mais maduro para decidir a Libertadores de 2011. O Palmeiras seguiu caminho parecido a partir de 1997 com Luiz Felipe Scolari, mas só alcançou a consagração no continente em 1999.

O encantamento, porém, ficou com os “meteoros”. Times que atraíam os olhares até de torcedores de outros clubes. Pelo arrojo, por atacar como se não houvesse amanhã. Sem administrar resultado, com ímpeto incomum. Por isso tão difícil de esquecer.

 

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Se fosse empresa, Cruzeiro já seria insolvente. A torcida vai salvar? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/09/se-fosse-empresa-cruzeiro-ja-seria-insolvente-a-torcida-vai-salvar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/09/se-fosse-empresa-cruzeiro-ja-seria-insolvente-a-torcida-vai-salvar/#respond Mon, 09 Dec 2019 10:29:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7701

Foto: Felipe Correia / Estadão Conteúdo

O Cruzeiro é o primeiro grande clube brasileiro rebaixado sem a proteção da cota de TV que permanecia de Série A no primeiro ano na B. Agora vai despencar: mesmo optando pelo modelo pay-per-view e não o fixo, que é de seis milhões e mais dois milhões de logística, a receita deve girar em torno de 15 milhões de reais.

Só pelos 40% da cota fixa, sem contar resultado esportivo e audiência, o Cruzeiro em 2019 recebeu 22 milhões. E vai ficar sem os 30% relativos à posição na tabela do Brasileiro em 2019, valor que só é pago até o 16º colocado. Algo em torno de 11 milhões de reais.

Considerando que em agosto o presidente Wagner Pires de Sá adiantou 58 milhões de cotas – seriam 70 milhões, mas abriu mão de 12 milhões para receber imediatamente – das cotas de 2022, a situação é mais que dramática. A dívida total do clube mineiro, segundo Zezé Perrella, gira em torno de 700 milhões. E o balanço de 2018 ainda nem foi apreciado pelo conselho deliberativo…

Isso sem contar o elenco caro que deve ser desfeito e, com salários e direitos de imagem atrasados, certamente vai gerar uma explosão de causas trabalhistas e, futuramente, mais dívidas milionárias. Sem credibilidade no mercado para buscar acordos e novos investidores por conta da imagem de mau pagador e péssimo gestor, além da profunda crise política.

Se fosse empresa, o Cruzeiro já seria considerado insolvente e com processo de falência inevitável, liquidando a companhia e pagando aos credores. Culpa de dirigentes que acreditaram em velhas máximas como “elenco caro se paga com titulos”, “não quero ser campeão de planilhas e balanços”, “futebol se faz com dívidas que ficam para a oposição”. A conta chegou e muito alta, praticamente impagável.

E o “praticamente” é só por ser um clube grande de futebol, que normalmente conta com privilégios de federações e poder público para seguir sobrevivendo. Com o descenso, não é absurdo pensar que o processo na FIFA pela dívida com o clube ucraniano Zorya Luhansk na compra de Willian não possa ser revertido, com ajuda da própria CBF. Mas mesmo assim o cenário é desolador. O Cruzeiro já agoniza, um dia depois do rebaixamento. É impossível pensar no que fazer a partir de 1º de janeiro.

Só a torcida é capaz de salvar o clube, mas em uma mobilização inimaginável e sem precedentes no país. Terá forças para isso? Vai confiar futuras contribuições a esses cartolas? Terá paciência para lidar com uma queda brusca na qualidade do time e, consequentemente, nas pretensões a partir do ano que vem?

O futuro é duvidoso e as perspectivas trevosas. O Cruzeiro não caiu, desabou.

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Garotada gremista afunda time “cabaço” de veteranos. Que fase do Cruzeiro! http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/06/garotada-gremista-afunda-time-cabaco-de-veteranos-que-fase-do-cruzeiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/06/garotada-gremista-afunda-time-cabaco-de-veteranos-que-fase-do-cruzeiro/#respond Fri, 06 Dec 2019 11:42:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7691

Foto: Vinícius Costa / BP Filmes

Na reta final do primeiro tempo na Arena em Porto Alegre, o Cruzeiro teve três jogadores advertidos com cartões amarelos: Ariel Cabral, Edilson e Egídio. Todos pendurados e agora suspensos para o jogo contra o Palmeiras no domingo.

Adilson Batista precisou tirar o argentino de campo antes do intervalo, com medo de ficar com um homem a menos. Acabou terminando o jogo com nove, por conta da expulsão de Egídio e da lesão de Robinho depois de fazer as três substituições permitidas na ansiedade de tentar melhorar o desempenho de seus comandados.

Robinho, que, por pura precipitação, perdeu a grande chance na partida da equipe mineira. Aquela que se vangloriava por ter um elenco experiente, um time “cascudo”. De veteranos prontos para enfrentar qualquer cenário. Será?

Com o inferno do rebaixamento cada vez mais próximo, apesar da derrota do Ceará para o Corinthians que adiou a definição do 17º e último do Z-4 para a rodada derradeira, a bola vem “queimando”no pé dos cruzeirenses. Até de Fred, que viveu cenário parecido há dez anos com o Fluminense e, bem mais jovem, liderou o tricolor no “milagre” da permanência na Série A.

Ainda mais doloroso foi ver mais um duro revés, o 15º em 37 rodadas, ser construído pelo Grêmio com seus jovens vindos das divisões de base: Ferreira, que entrou na vaga do vaiado Diego Tardelli, abriu o placar e Pepê sofreu e converteu com serenidade o pênalti que definiu os 2 a 0. Patrick entrou com personalidade no meio-campo e o atacante Isaque ganhou minutos entre os profissionais.

Os meninos de Renato Gaúcho conseguiram se destacar mais que Everton Cebolinha, estrela da equipe que parecia disperso e perdeu boa chance à frente do goleiro Fabio. Ainda que o fim de temporada do time gaúcho seja tranquilo, com a vaga garantida na fase de grupos da Libertadores 2020, não deixa de ser simbólico o contraste com o desespero dos “vividos” cruzeirenses.

Depois do jogo, Edilson chamou o time de “cabaço” por não ter pressionado o árbitro para consultar o VAR e ver o toque de Luciano no rosto do lateral, que reclamou além da conta e acabou levando o terceiro amarelo. Esquecendo que Ariel, já com amarelo, segurou um adversário e não foi expulso. Adilson Batista reclamou da postura dos atletas, não deixando para resolver os problemas dentro do vestiário.

Que fase do Cruzeiro! A campanha já é de rebaixado, podendo chegar, no máximo, a 39 pontos. A última esperança é que a possível, mas não provável, vitória sobre o Palmeiras seja o suficiente para descer o Ceará, que enfrenta o Botafogo no Estádio Nílton Santos só precisando de um empate. Porque venceu dez vezes e o Cruzeiro apenas sete.

A conta dos muitos erros dentro e fora de campo, inclusive de virar as costas para o Brasileiro enquanto sobreviveu nas disputas de mata-mata, chegou forte. E o time caro e experiente não parece pronto para encarar a missão, nem emocionalmente. A tragédia anunciada pode se concretizar domingo, no Mineirão.

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Corinthians dá sobrevida ao Cruzeiro. Ceará de Argel não se ajuda http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/04/corinthians-da-sobrevida-ao-cruzeiro-ceara-de-argel-nao-se-ajuda/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/04/corinthians-da-sobrevida-ao-cruzeiro-ceara-de-argel-nao-se-ajuda/#respond Thu, 05 Dec 2019 00:46:16 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7681 O Corinthians foi melhor durante todo jogo no Castelão. Controlou posse de bola (63%), finalizou 17 vezes contra apenas nove do Ceará muito focado em jogar por uma bola, mesmo em casa. Argel Fucks cometeu o mesmo erro que custou o emprego de Adilson Batista: não buscou protagonismo na partida, nem por necessidade.

O time de Dyego Coelho tinha alguma dificuldade na construção, mas produzia ofensivamente quando a bola chegava a Fagner pela direita e Janderson do lado oposto. A melhor chance do primeiro tempo, porém, foi na bola parada, com Eduardo Brock salvando o chute de Mateus Vital no rebote.

Argel perdeu 45 minutos com Thiago Galhardo como “falso nove”, se movimentando, mas ninguém aparecendo para preencher a área adversária no espaço deixado pelo atacante, justamente por conta do time muito recuado. Trabalho facilitado para Manoel e Gil. Mas nem na volta do intervalo com Fellipe Cardoso substituindo Felipe Baixola e enfim ocupando a referência do ataque, o time criou problemas para a defesa corintiana.

Piorou com a expulsão de Lima aos 25 do segundo tempo. Argel repaginou o time no básico 4-4-1 e abdicou de vez do ataque, trocando Cardoso por Chico. Coelho percebeu a chance da vitória fora de casa importante para buscar o G-6 e a vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2020. Tirou Ramiro e Junior Urso e colocou Gustavo e Clayson. Em um 4-2-4 achou o gol no escanteio cobrado por Clayson na cabeça do “Gustagol”.

O Corinthians tomou conta do jogo até o final. Tenso e limitado, o time da casa errava até o mais simples nas transições ofensivas. O que acrescentou a mudança no comando técnico? O Ceará definitivamente não se ajuda.

É o problema da ansiedade, o grande mal dos nossos tempos. Assim como muita gente apressada condenou prematuramente o Cruzeiro ao rebaixamento. A campanha é mesmo ridícula e os erros são inúmeros, mas sempre é possível que quatro caiam no lugar do time grande. Foi assim, por exemplo, com o Flamengo em 2010 e o Palmeiras em 2014.

Agora o Corinthians dá uma sobrevida à equipe mineira, que não deixa de viver situação desesperadora. Se perder para o Grêmio em Porto Alegre vai depender de si em casa contra o Palmeiras e do Botafogo contra o Ceará no Nilton Santos pela rodada derradeira. A única boa notícia para os cruzeirenses é que a definição do último rebaixado vai ficar mesmo para a 38ª rodada. Melhor esperar do que tentar prever.

(Estatísticas: Footstats)

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Trabalho de Ceni no Fortaleza supera os “feitos” de Renato Gaúcho em 2019 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/trabalho-de-ceni-no-fortaleza-supera-os-feitos-de-renato-gaucho-em-2019/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/trabalho-de-ceni-no-fortaleza-supera-os-feitos-de-renato-gaucho-em-2019/#respond Mon, 02 Dec 2019 09:56:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7668

Foto: Alexandre Guzanshe / EM / DA Press

Depois dos 3 a 0 sobre o São Paulo em Porto Alegre que garantiram o Grêmio novamente na fase de grupos da Libertadores, Renato Gaúcho voltou a exaltar a campanha do time gaúcho em 2019.

– O ano do Grêmio foi maravilhoso. Poderíamos ter vencido mais? Sim, poderíamos. Mas quantos clubes ganharam algo além do estadual? O Flamengo gastou R$ 200 milhões, e ainda foi eliminado pelo Athletico. Teve clube que gastou muito e está fora do G-6, ressaltou o treinador.

Pela enésima vez, citou os gastos do Flamengo. Mais uma prova de que ainda não entendeu o que o atingiu em três vitórias, uma por 5 a 0, e um empate no qual foi dominado em dois terços da partida. E por mais um ano coloca título estadual e vaga na Libertadores como grandes feitos.

Sem dúvida não são desprezíveis e superam os de muitos outros grandes clubes no país, como São Paulo, Corinthians e o rival Internacional. Mas para quem durante quase todo ano encheu a boca para dizer que seu time jogava “o melhor futebol do Brasil”, repetir as conquistas de 2018, excluindo a Recopa Sul-Americana que disputou e venceu no ano passado, não deixa de ser uma decepção. Ou passar uma imagem de estagnação.

E há um trabalho que, pelo contexto, está acima do realizado por Renato e só fica abaixo de Flamengo e Athletico na temporada:

Rogério Ceni em 2019 venceu o estadual, a Copa do Nordeste e agora, mesmo com um hiato na mal sucedida passagem pelo Cruzeiro, coloca o Fortaleza na Sul-Americana, primeira competição internacional do time cearense. Ainda com chances, embora remotas, de alcançar a última vaga das fases preliminares da Libertadores dentro do G-8 – precisa tirar quatro pontos do Corinthians em duas rodadas.

Poderia estar mais próximo, considerando o aproveitamento do Fortaleza apenas sob o comando de Ceni: 48,9%. Acima dos 45,4% da campanha geral e pouco abaixo dos 49,1% do Corinthians. Foram 28 jogos, com 12 vitórias, cinco empates e 11 derrotas. 39 gols a favor, 37 contra.

E não é absurdo dizer que a passagem relâmpago por Belo Horizonte comandando o Cruzeiro por sete partidas fez bem ao treinador na volta a Fortaleza. Até a 13ª rodada, o aproveitamento era de apenas 36%. Foram quatro vitórias, dois empates e sete derrotas. Marcou 14 gols, sofreu 20.  Voltou na 22ª e até aqui acumulou oito vitórias, empatou três e perdeu quatro. Foi às redes 25 vezes, levou 17 gols. Faturou 60% dos pontos disputados.

Os números refletem a evolução da equipe e o amadurecimento de Rogerio, que mantém a proposta agressiva, especialmente no Castelão, mas também sabe jogar em rápidas transições ofensivas. Como as que surpreenderam o também “emergente” Goiás no Serra Dourada. Vitória por 2 a 1, gols de Bruno Melo e Osvaldo. O ponteiro que acelera com Edinho pelos flancos, Wellington Paulista ou Kieza na referência e Romarinho se aproximando.

Se a meta era manter o Fortaleza na Série A, Ceni a superou. E ainda entrega dois troféus importantes, que afirmam a equipe como a melhor do Nordeste. Não é pouco. E o feito merece um maior reconhecimento. Inclusive de Renato Gaúcho, que adora relacionar resultados com orçamentos. Se for assim, Ceni gastou menos e conquistou mais que o técnico do Grêmio em 2019.

 

 

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Argel “estreou” no Ceará pelo CSA contra o Cruzeiro. É o futebol brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/29/argel-estreou-no-ceara-pelo-csa-contra-o-cruzeiro-e-o-futebol-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/29/argel-estreou-no-ceara-pelo-csa-contra-o-cruzeiro-e-o-futebol-brasileiro/#respond Fri, 29 Nov 2019 10:28:17 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7651 É claro que todos os deméritos esportivos da derrota no Mineirão são do Cruzeiro, que era de Abel Braga, cujo pedido de demissão foi aceito pela diretoria celeste, e agora é de Adilson Batista. Dispensado pelo Ceará por conta da derrota por 4 a 1 para o campeão Flamengo no Maracanã – alguém entende? – e transformado em solução para tentar salvar o time mineiro do primeiro rebaixamento de sua história. Em três jogos.

O mesmo número de partidas que terá Argel Fucks para manter o Ceará na Série A. Ou seriam quatro?

Porque não é absurdo dizer que o treinador, que acertou com o “Vozão” na quinta, comunicou ao CSA e anunciou oficialmente depois da vitória da equipe alagoana por 1 a 0 em Belo Horizonte, já trabalhou para o novo time. Uma espécie de “estreia”.

A pergunta que fica: será que se não houvesse interesse do Ceará no resultado do CSA, o técnico, que abandona o clube de Maceió ainda com chances matemáticas de se salvar, ficaria para um último jogo já fechado com outro? Na beira do campo, desligado do time que comandava, mas interessado nos três pontos que ajudariam a nova equipe?

O futebol brasileiro é tão louco e “salve-se quem puder” que a questão ética fica de lado. Por isso é cada vez maior a necessidade da CBF regulamentar o limite de trocas de treinadores na Série A, mesmo considerando a liberdade que todo profissional precisa ter para exercer seu ofício. E agora, com esse episódio, podendo criar também uma barreira até determinada rodada do Brasileiro.

Para evitar bizarrices como a do “Caso Argel”. Vale tudo pelo tal “fato novo”. A desculpa para Abel pedir demissão abandonando o barco afundando no Cruzeiro, a solução para o Ceará não voltar à Série B. Em três jogos. Ou seriam quatro?

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Por que é quase impossível um time construir hegemonia no Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/27/por-que-e-quase-impossivel-um-time-construir-hegemonia-no-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/27/por-que-e-quase-impossivel-um-time-construir-hegemonia-no-brasil/#respond Wed, 27 Nov 2019 10:04:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7634

Foto: Agencia Lance

2017 foi o ano em que Palmeiras e Flamengo aumentaram o nível investimento em contratações. Borja e Guerra, campeões da Libertadores pelo Atlético Nacional, foram os grandes símbolos da virada alviverde; Diego Alves e Everton Ribeiro, no segundo semestre, os reforços rubro-negros de peso naquele ano.

Especialmente no caso do time paulista, campeão brasileiro no ano anterior, começou a ecoar aqui e ali um tema recorrente no futebol nacional: a possibilidade de construção de uma hegemonia ou dinastia. Um clube dominante vencendo os principais títulos durante muitos anos.

Veio Fabio Carille resgatando a “identidade Corinthians” depois da saída de Tite para a seleção brasileira e, mesmo com dificuldades financeiras, vencendo Paulista e Brasileiro. E o Grêmio, longe de ter o maior orçamento do país, faturou a Libertadores e foi ao Mundial enfrentar o Real Madrid. Palmeirenses e rubro-negros viram pela TV.

É apenas o exemplo mais recente de que essa expectativa quase sempre é frustrada. Se buscarmos na história veremos outros que, de formas mais ou menos aleatórias, ajudaram a destruir essa tese que é difícil de ser sustentada no Brasil.

No final de 1994, o Palmeiras era bicampeão paulista e brasileiro. Com o patrocínio forte da Parmalat, sinalizava um domínio regional e nacional. Mas no ano seguinte, Vanderlei Luxemburgo e Edmundo foram seduzidos pelo projeto megalomaníaco de Kléber Leite no Flamengo que repatriou Romário e o Yokohama Flugels, time japonês “emergente” que seria extinto em 1998, levou César Sampaio, Zinho e Evair. Desmanche que custou um ano sem conquistas.

O campeão brasileiro foi o Botafogo de Túlio Maravilha, que convivia com salários atrasados, e o Grêmio levou a Libertadores com um time forte montado por Luiz Felipe Scolari, porém sem grandes investimentos. Equipes que deram liga e, no caso dos gaúchos, deram sequência a uma série de conquistas até a Copa do Brasil de 1997.

Pulando no tempo para o tricampeonato brasileiro do São Paulo. O Soberano, que não tinha a maior receita de TV, mas era o clube mais organizado e estruturado do país. Planejou virar o “Lyon brasileiro” em 2008 e até teve a pretensão de equiparar em poucos anos o número de torcedores com Flamengo e Corinthians dentro de um projeto nacional.

Com o domínio no país, a Libertadores era a obsessão. Mas depois do título em 2005 e do vice no ano seguinte, o time do Morumbi viu o Grêmio em 2007, dois anos depois de disputar a Série B, chegar à final continental com o Boca Juniors. Em 2008, o Fluminense, com o investimento da Unimed em jogadores e não na estrutura, eliminou o próprio São Paulo, que repatriara Adriano Imperador, e também foi vice da Libertadores para a LDU.

Em 2009 foi a vez do Cruzeiro, sem nenhum grande aporte financeiro, também despachar o São Paulo e ser derrotado na decisão sul-americana pelo Estudiantes.  No final do ano, o Flamengo caótico administrativamente, que contratou Petkovic para quitar dívidas trabalhistas com o próprio jogador e realizou o sonho de retorno do Adriano ao time de coração, tomou a liderança do São Paulo na penúltima rodada do Brasileiro e evitou o tetracampeonato.

Domínio financeiro no Brasil é ilusão por conta da fragilidade da moeda. Assim como o mercado japonês fez a limpa no Palmeiras em 1995, agora, por exemplo, a China e o “mundo árabe” podem levar peças importantes do Flamengo, o clube da vez que alimenta essa ideia de hegemonia.

O time rubro-negro ficou seis anos sem conquistas relevantes desde a Copa do Brasil de 2013. Tudo poderia ter dado muito errado em função de uma escolha no início do ano, mesmo com as contratações certeiras de Rodrigo Caio, De Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa. Com Abel Braga no comando técnico, o Flamengo ficou a um gol do Peñarol para ser eliminado novamente na fase de grupos da Libertadores. E deixou pontos importantes pelo caminho na competição nacional por pontos corridos ao escalar reservas, seguindo a estratégia de Felipão no Palmeiras em 2018, porém sem o mesmo equilíbrio no elenco. Abel quis poupar contra o Fortaleza e começou o desgaste que terminaria com o pedido de demissão.

A chegada de Jorge Jesus combinada com as contratações de Rafinha, Pablo Marí, Filipe Luís e Gerson poderia não alcançar encaixe imediato. Uma infelicidade na disputa de pênaltis contra o Emelec impediria, por exemplo, a participação de Filipe Luís no torneio continental. Acabou dando tudo certo. Um “click”. As peças deram liga e o time virou um “meteoro” que varreu Libertadores e Brasileiro.

Mas tudo pode mudar em 2020. Não faltam rumores sobre propostas para Jorge Jesus e outros jogadores podem se deixar seduzir pelo dinheiro fácil de centros alternativos. Ou decidirem retornar ao mercado europeu. Ou ainda simplesmente o “click” se dar em outro clube, menos rico. Quem sabe o próprio Athletico, campeão da Copa do Brasil e segundo melhor time da temporada, sem contar com um dos maiores orçamentos do país. A crença está no longo prazo. Mas pode dar muito certo em seis meses.

No final de 2014, Alexandre Kalil, então presidente do Atlético Mineiro e hoje prefeito de Belo Horizonte, disse em um programa de TV: “Se arrumar o Flamengo, acabou o futebol brasileiro”. É uma esperança que alimenta os apaixonados pelo time de maior torcida do país e desespera os rivais, locais e nacionais. De fato, o clube se estruturou, conseguindo hoje ter na grande receita de TV apenas 33% de seu orçamento. Dívidas equacionadas, CT cada vez mais equipado, fama de bom pagador e até ampliando a capacidade de mobilização de uma torcida gigantesca através de redes sociais e ações de marketing.

Mas se conseguir será um cenário inédito. Porque o equilíbrio no futebol brasileiro sempre se deu pelo caos. E mesmo com investimentos dos grandes cada vez maior em inteligência e tecnologia para diminuir as aleatoriedades é difícil vislumbrar um time acertando sempre mais que os outros. Sem se acomodar ou simplesmente ser infeliz nas escolhas da reposição constante nessa janela de mercado que nunca se fecha.

A nossa cultura quase impossibilita uma ascendência como a do Bayern de Munique na Alemanha, a ponto de fazer a grande maioria dos concorrentes na Bundesliga, talvez com exceção do Dortmund e, a médio prazo, do projeto da Red Bull, estipularem outras metas na temporada, sem contar com o título nacional. Aqui sempre haverá um grande clube disposto a uma loucura de curtíssimo prazo para tentar beliscar uma taça. E conseguindo.

Não é só dinheiro, nunca foi e dificilmente será. Aqui o “pra sempre” acaba mais cedo.

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Flu empurra Cruzeiro para o precipício. Número de vitórias é drama celeste http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/flu-empurra-cruzeiro-para-o-precipicio-numero-de-vitorias-e-drama-celeste/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/flu-empurra-cruzeiro-para-o-precipicio-numero-de-vitorias-e-drama-celeste/#respond Tue, 26 Nov 2019 10:32:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7624

Eduardo Carmim / Photo Premium

O Fluminense venceu o CSA em Maceió por 1 a 0, gol de Yonny González. Subiu para 38 pontos, com dez vitórias. Mesmo número de triunfos do Ceará, o 16º colocado com um ponto a menos que o tricolor. O Botafogo, com 39 pontos, venceu 12 vezes. Já o Cruzeiro terminou a 34ª rodada no Z-4 com 36 pontos.

Em uma rodada complicada, levando 4 a 1 do Santos na Vila Belmiro, seria compreensível, pelo contexto, a descida à zona de rebaixamento, mas se mantendo com esperanças na briga para fugir do inferno nunca frequentado pelo time celeste.

O que está complicando a vida dos mineiros é o número de vitórias, primeiro critério de desempate em caso de igualdade nos pontos. Apenas sete em 34 rodadas. Duas com Mano Menezes em 15 rodadas, o mesmo número nos sete jogos sob o comando de Rogério Ceni e três em 13 partidas depois da chegada de Abel Braga.

Um número ridículo. Mascarado inicialmente pelas campanhas no mata-mata, prioridade do clube. Depois agravado pela escolha infeliz por Ceni, para o Cruzeiro e também na carreira do treinador. Agora já no desespero, vendo o pesadelo se aproximar, a confiança está mais que abalada. Mesmo com elenco experiente, a perna “encurta” na hora de decidir e a equipe acaba apelando para cruzamentos a esmo. O abalo emocional torna tudo ainda mais complicado.

É obrigação vencer em casa o CSA virtualmente rebaixado, tentar se aproveitar da baixa mobilização de Vasco e Palmeiras, sem grandes aspirações na competição, e torcer para o Grêmio já estar com a última vaga do G-4 já garantida na penúltima, quando for visitá-lo em Porto Alegre. Para buscar pelo menos duas vitórias e um empate e torcer contra Fluminense, Ceará e Botafogo. Nesta edição, 43 pontos devem ser suficientes para garantir a permanência na Série A.

O tricolor encara o Palmeiras de “luto” pela perda precoce das chances de título no Maracanã, depois visita o rebaixado Avaí, recebe o Fortaleza e fecha contra o Corinthians, que já deve ter sua vida definida na última rodada e tem jogado em clima de fim de ciclo à espera de Tiago Nunes.

O Ceará enfrenta o Flamengo de “ressaca” no Rio de Janeiro, recebe Athletico e Corinthians em Fortaleza e sai contra o Botafogo esperando que o duelo não se transforme em uma decisão no Nílton Santos. Porque o time de Alberto Valentim sai contra Chapecoense e Atlético Mineiro e recebe o Internacional. Talvez a tabela mais acessível do quarteto que tenta fugir da “confusão”.

Se houver qualquer empate nos pontos, o Cruzeiro certamente vai lamentar o desleixo em quase metade da competição por pontos corridos, a má condução com Rogério Ceni e a escolha conservadora, de gestão de vestiário, com Abel. A crise política e financeira torna tudo mais complexo. Um combo de equívocos que empurra o gigante para o precipício.

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A conversa entre Filipe Luís e o “Mister” que ajustou o Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/09/a-conversa-entre-filipe-luis-e-o-mister-que-ajustou-o-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/09/a-conversa-entre-filipe-luis-e-o-mister-que-ajustou-o-flamengo/#respond Sat, 09 Nov 2019 12:09:34 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7537

Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Jorge Jesus conversava com Filipe Luís à beira do campo no Estádio Nílton Santos quando Bruno Henrique recebeu a bola de Everton Ribeiro pela esquerda e cruzou para Lincoln marcar o gol único da vitória do Flamengo sobre o Botafogo. O lateral acabou nem entrando na partida, já que o treinador português preferiu reforçar a marcação no meio-campo com Piris da Motta na vaga de Gabriel Barbosa. Mas poderia ter dito para o “Mister”: “Eu não disse que assim é melhor?”

Explico: este blogueiro se aproximou de Filipe Luís na casa do jogador enquanto a equipe técnica da ESPN Brasil desmontava o equipamento de gravação do “Bola da Vez”, programa para o qual fui convidado para ser um dos entrevistadores, ao lado dos colegas André Plihal e Pedro Henrique Torre. A intenção era de revelar a ele um arrependimento:

– Filipe, preciso fazer um mea culpa aqui que não cabia muito na entrevista. Em meu blog, quando do anúncio da sua vinda, eu escrevi: “Filipe Luís é ótima contratação, mas não o lateral que o Flamengo precisa“. Obviamente não era nada contra você, mas apenas uma questão de características. Imaginei que o Jorge Jesus, em sua proposta ofensiva, quisesse um lateral mais intenso na chegada à linha de fundo. Você sempre foi um jogador de apoiar mais por dentro, com qualidade no passe e visão de jogo. Acho que me enganei…

A resposta foi surpreendente, ao menos para mim:

– Você não estava errado, não. Nos primeiros treinamentos e jogos ele me cobrava mesmo que chegasse à linha de fundo, passasse toda hora no corredor. Aí eu cheguei para ele e disse: “‘Mister’, eu tenho 34 anos. Não dá mais para passar toda hora, jogar de uma linha de fundo à outra nos 90 minutos. Acho que eu posse colaborar de outra forma. Por que não me deixa apoiar mais por dentro e abre na ponta o Arrascaeta, o Bruno Henrique ou o Everton Ribeiro?

Segundo Filipe, Jesus só seu deu por vencido depois de uma partida que, segundo o lateral, foi um divisor de águas para ele na temporada:

– Eu só consegui convencer o ‘Mister’ que era o melhor a fazer no jogo do Maracanã contra o Internacional pela Libertadores. O time cresceu comigo por dentro e conseguiu fazer os dois gols com o Bruno Henrique. Ali acho que o time se ajustou.

Durante a entrevista, ficou claro que a contratação do lateral obviamente passou por Jesus, mas foi bancada mesmo pelo presidente Rodolfo Landim, que se encantou com a liderança e o profissionalismo do jogador durante a Copa América, quando o dirigente foi chefe da delegação brasileira. Ali viu o perfil que estava procurando para mudar o time de patamar.

Com a certeza de que técnico e atleta, duas pessoas inteligentes e com vivência no jogo em alto nível, chegariam a um consenso sobre o que fazer em campo, o melhor posicionamento. Não poderia ter dado mais certo, com a grande atuação individual de Filipe, apontada pelo próprio no programa, na vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro no Mineirão, abrindo o returno do Brasileiro. Um espetáculo de leitura de espaços, com desarmes, antecipações, passes precisos e objetivos e fina sintonia com Arrascaeta pela esquerda.

Na quinta, Renê estava em campo, mas exercendo a mesma função de “lateral construtor”. Para Bruno Henrique dar profundidade ao ataque pela esquerda e ajudar a definir o jogo para o líder do Brasileiro. O time de Jorge Jesus, mas também de Filipe Luís.

O “Bola da Vez” vai ao ar hoje, sábado, 9 de novembro, às 23h. Com reprise na terça às 21h30. Vale a pena ouvir o Filipe. Com as câmeras ligadas ou não.

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