dembele – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A sombra da Champions no discurso de Messi em Barcelona http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/05/a-sombra-da-champions-no-discurso-de-messi-em-barcelona/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/05/a-sombra-da-champions-no-discurso-de-messi-em-barcelona/#respond Mon, 05 Aug 2019 09:49:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6998

Foto: Albert Gea/Reuters

Messi foi ao microfone no Camp Nou com quase 100 mil presentes antes da vitória por 2 a 1 sobre o Arsenal pelo Troféu Joan Gamper. Um discurso do grande ídolo para a torcida no estádio, em Barcelona e no mundo globalizado. Saudável, mas as palavras novamente refletiram o dilema que vive o clube desde 2015. Vale destacar os principais trechos:

“A verdade é que é difícil dizer algo hoje, depois da temporada passada. Mas eu não me arrependo de nada”. Realmente não é caso de arrependimento a dedicação à liga espanhola. O simbolismo de um time catalão dominar o campeonato é enorme. Questão de cultura, história.

Messi deixa isso claro em outro trecho de sua fala: “Creio que temos de dar valor à Liga que conquistamos, a oitava em 11 anos. Para qualquer clube, isto seria algo grandioso. Para esse clube também é muito importante. Talvez nós não estejamos dando a este feito o valor que merece, mas daqui a alguns anos entenderemos o quão difícil é fazer isso.”

Não há dúvida. Mesmo considerando que o grande rival Real Madrid historicamente prioriza a Liga dos Campeões, a superioridade do Barça é marcante. Como já dito neste blog, times dominantes com proposta de imposição de um estilo, dentro ou fora de casa, costumam se destacar nos campeonatos por pontos corridos. A regularidade de Messi em gols e assistências e a maneira com que intimida os adversários faz a equipe pontuar quase sempre e se manter no topo. Já há uma espécie de fórmula para levar a taça para a Catalunha.

A contradição, porém, acabou aparecendo nas palavras do gênio argentino: “A temporada passada, na verdade, terminou sendo um pouco amarga para todos nós pela forma como as coisas aconteceram”. Sim, a Champions e sua sombra. Depois de um 3 a 0 em casa, o duro revés para o Liverpool: 4 a 0 com uma falha juvenil no gol de Origi que decretou a eliminação. Golpe que acabou respingando na final da Copa do Rei, com a derrota para o Valencia.

A goleada sofrida em Anfield novamente deixou a impressão de um time com esgotamento físico e mental. Jordi Alba foi o símbolo, com uma atuação trágica que comprometeu o sistema defensivo e contribuiu pouco na frente. Porque se sacrificou durante toda a temporada sendo a única opção de profundidade pelos flancos. Jogando de uma linha de fundo à outra já aos 30 anos.

Antes da semifinal, o Barcelona deu um “sprint” para garantir logo o título espanhol. Válido, mas cobrou um preço alto. Quando os Reds comandados por Jurgen Klopp mostraram que deixariam tudo em campo e acreditavam na virada, o time de Ernesto Valverde baixou a guarda. Porque sabia que não teria forças para resistir.

A mesma sensação em Roma na temporada anterior. Os italianos impuseram um jogo físico e de intensidade máxima que desmontou o Barça e reverteu os 4 a 1 no Camp Nou com épicos 3 a 0. Porque na pretensão de ganhar o título espanhol invicto, Valverde administrou mal o elenco. Principalmente o “fominha” Messi. Quando a equipe mais precisou o maior jogador da história do clube novamente não teve pernas nem cabeça.

É preciso reaprender a jogar o principal torneio de clubes do planeta. O Barça se acostumou a enfrentar na Espanha oponentes que se entregam diante de sua força técnica e tática, mas também simbólica. Na Liga dos Campeões, Roma e Liverpool jogaram a vida em seus estádios. A lógica do agregado é diferente. Na competição nacional alguns times já fazem os cálculos sem contar com os pontos diante dos gigantes Barcelona e Real Madrid. A luta é menos intensa.

O mundo olha para o time catalão e para Messi e, pelo sarrafo alto criado por eles mesmos, não aceita só os títulos dentro da Espanha. Menos ainda com o tricampeonato continental dos merengues. Feito que rendeu prêmios individuais a Cristiano Ronaldo e Luka Modric. Mesmo com Messi bem acima nas estatísticas mais importantes. Simplesmente porque não basta.

Por isso, quando Messi encerra seu discurso afirmando que “este clube sempre luta por tudo” é possível compreender a mensagem de otimismo e esperança renovada para o torcedor. A missão institucional, digamos. Mas já passou da hora de priorizar realmente a Champions. Com um planejamento cuidadoso na gestão do elenco e aceitando correr riscos na liga. Sem deixar Messi e Alba no banco em algumas partidas e sempre recorrer a eles, aumentando os minutos da dupla na temporada porque é preciso vencer no Espanhol.

Chegou a hora de deixar a responsabilidade para jovens canteranos como Aleñá, Riqui Puig, Carles Pérez e Juan Miranda, caso este não vá para a Juventus. Mais Arthur e De Jong no meio-campo descansando Busquets e Rakitic. Messi também pode ser mais poupado, com Griezmann cumprindo a função de gerar jogo entrelinhas e Dembelé entrando na ponta.

E se perder a liga e a Copa do Rei, paciência. No “zeitgeist” do Barça não são mais a régua de medida da temporada. Melhor apostar tudo na Champions, mesmo com os riscos inerentes ao mata-mata. Inclusive um sorteio infeliz.

Para que o discurso de Messi em agosto de 2020 finalizado com o tradicional “Visca el Barça e Visca Catalunha” seja com sorriso largo, sem hesitações ou poréns. Mesmo com apenas um título. O mais importante.

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Griezmann joga na “função Messi”. O que fará em Barcelona? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/18/griezmann-joga-na-funcao-messi-o-que-fara-em-barcelona/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/18/griezmann-joga-na-funcao-messi-o-que-fara-em-barcelona/#respond Sat, 18 May 2019 10:44:54 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6547

Foto: FIFA.com

O PSG e o Manchester City, na voz do próprio Pep Guardiola, já se posicionaram sobre Antoine Griezmann: não têm interesse no alto investimento para contratar o craque que se despediu do Atlético de Madrid. E o próprio Diego Simeone, ex-treinador do francês, já sinalizou o provável destino: Barcelona.

Mesmo com as informações controversas vindas da Catalunha sobre a provável recepção do atacante no vestiário blaugrana, o anúncio oficial parece questão de tempo. Talvez depois do encerramento da liga espanhola. Mas já vislumbrando a armação do ataque do bicampeão espanhol e finalista da Copa do Rei com a nova peça é difícil imaginar um encaixe perfeito.

Porque Griezmann rende mais justamente na função que não deixa brecha para outro jogador: o atacante que joga com liberdade de movimentação atrás do centroavante, buscando os espaços às costas do meio-campo adversário para partir para cima da última linha defensiva com a bola dominada. Sim, na “função Messi”.

Griezmann na “função Messi”: recebe às costas do meio-campo adversário e parte para cima da defesa adversária com a bola no pé canhoto e um centroavante (Diego Costa) se movimentando no ataque (reprodução Fox Sports).

É assim que atua também na França campeã mundial, atrás de Giroud e acionando a velocidade de Mbappé. Ele precisa de uma referência na frente justamente para puxar a zaga para trás e criar os espaços por onde circula. De preferência partindo da meia direita para dentro conduzindo a bola com o pé esquerdo. Outra semelhança com o gênio argentino, além de ser o homem das bolas paradas.

Griezmann é ponta de origem e pode render aberto pela esquerda, buscando a linha de fundo com rapidez e habilidade. A dúvida é se teria a intensidade para “sprints” seguidos e fazer a recomposição no auxílio a Jordi Alba. Para uma negociação que deve ultrapassar os 100 milhões de euros, o ideal seria que o jogador fosse contratado para atuar onde entrega o melhor desempenho.

Não parece o caso. Seria mais um que se destaca em outro contexto, vai para o Barça ser coadjuvante de Messi e acaba eclipsado. Como Philippe Coutinho e Dembelé. A busca pelo “novo Neymar”, em talento e características, pode ser mais um tiro na água.

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Messi, elétrico e genial, decide para um Barcelona concentrado e iluminado http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/01/messi-eletrico-e-genial-decide-para-um-barcelona-concentrado-e-iluminado/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/01/messi-eletrico-e-genial-decide-para-um-barcelona-concentrado-e-iluminado/#respond Wed, 01 May 2019 21:19:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6432 Primeiro foi Roberto Firmino no sacrifício iniciando no banco. Depois a opção mais que questionável de Jurgen Klopp por Joe Gomez na lateral direita deixando Alexander-Arnold na reserva. Wijnaldum no centro do ataque do Liverpool, como “falso nove”, e o meio-campo com Fabinho, Milner e Keita. Este lesionado e substituído ainda no primeiro tempo por Henderson.

A primeira semifinal da Liga dos Campeões no Camp Nou sempre deixou a impressão de que tudo conspirava a favor do Barcelona. Mesmo com toda intensidade e força coletiva do Liverpool, especialmente no segundo tempo. Muito volume de jogo e imposição física.

Só que o time de Ernesto Valverde colaborou muito para o vento favorável. Concentração absurda, especialmente no trabalho defensivo. Da última linha atenta às diagonais de Salah e Mané. De Piqué absoluto por baixo e pelo alto. Da compactação das linhas – a do meio com Vidal, a novidade na escalação, pela direita e Coutinho voltando à esquerda.

A surpresa foi o Barça não apostando nas pausas e na posse e duelando com os Reds na pressão pós perda e aceleração nas transições ofensivas. Sempre procurando o Messi bem vigiado por Fabinho e Jordi Alba pela esquerda, no setor do frágil Gomez. O lateral esquerdo foi o autor do passe precioso que achou Suárez. O primeiro gol do uruguaio nesta edição da Champions, o segundo nos últimos vinte jogos na competição.

O sinal de que tudo daria muito certo no segundo tempo. De resistência à pressão do adversário, com chute de Milner, livre, para defesaça de Ter Stegen. Até o contragolpe de Messi para Sergi Roberto, com a bola chegando a Suárez. Toque por cima no travessão e sobrando para Messi na hora certa, no lugar exato.

Dois a zero que virou três na cobrança de falta inacreditável do melhor do mundo. Coisa de gênio. Alisson pulou, mas não teve como pegar a bola no ângulo. Assim como não houve como o Liverpool ir às redes e diminuir o prejuízo. Com Firmino em campo e chute de Salah na trave de Ter Stegen depois de mais uma “blitz”. O time inglês terminou com mais posse de bola (52%) e as mesmas nove finalizações do adversário. Lutou, deixou 100% em campo, mas os donos da casa estavam mesmo iluminados.

A noite só não foi perfeita porque, na pressa de atacar, os visitantes deram espaços demais e Dembelé, que substituiu Suárez já nos acréscimos, teve tempo para desperdiçar dois contragolpes com vantagem numérica. Inacreditável no último lance de três contra um. Para o desespero de um Messi ligado no jogo como nunca na carreira. Também pelo melhor planejamento da comissão técnica para descansar a grande estrela da equipe.

O Barcelona perdeu a chance de definir o confronto, mas leva para Anfield o conforto do placar e mais o descanso físico e mental por já ser campeão espanhol, enquanto o oponente ainda luta pela Premier League e vê crescer a possibilidade de fazer uma temporada espetacular, mas terminar sem conquistas.

O fator de desequilíbrio, porém, foi mesmo um Messi elétrico, líder e decisivo. Em uma temporada que começa a ganhar traços de perfeição para o Barcelona e o maior jogador de sua história. A tríplice coroa, que pode ser a terceira em dez anos, nunca pareceu tão próxima.

(Estatísticas: UEFA)

 

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Barcelona cirúrgico elimina Real “arame liso”, com Vinícius Jr. na gangorra http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/27/barcelona-cirurgico-elimina-real-arame-liso-com-vinicius-jr-na-gangorra/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/27/barcelona-cirurgico-elimina-real-arame-liso-com-vinicius-jr-na-gangorra/#respond Wed, 27 Feb 2019 21:55:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6036 O Real Madrid tinha um plano muito claro para o clássico no Santiago Bernabéu: aproveitar a “vantagem” do zero a zero, negar espaços a Messi e acelerar pelos flancos, com Lucas Vázquez pela direita e Vinícius Júnior com o suporte de Reguilón do lado oposto.

Executado quase à perfeição no primeiro tempo. Facilitado pelo Barcelona que tinha Sergi Roberto e Dembelé abertos, Suárez enfiado, Busquets e Rakitic muito presos e Messi sobrecarregado, com um espaço enorme entre as intermediárias para conduzir e sem apoio para buscar os espaços às costas de Casemiro.

Bola roubada, velocidade e chances seguidas desperdiçadas pelo time da casa. A mais clara com Benzema livre, à frente de Ter Stegen que salvou com grande intervenção. Mas Vinícius Júnior voltou a cometer erros técnicos básicos no acabamento das jogadas. Mesmo sendo um dos destaques da partida mostrando a habitual personalidade para criar jogadas em sequência pela ponta.

Uma gangorra ao longo do jogo. Tudo certo na construção, afobação na hora de definir em quatro chances. Na melhor oportunidade, não ajeitou o corpo para concluir. Algo para evoluir. Na segunda etapa, mesmas virtudes e erros. Um cruzamento na cabeça de Reguilón para outra grande defesa de Ter Stegen e uma linda jogada individual que Semedo desviou para salvar.

Saiu de campo com 3 a 0 contra. Como? Nas transições ofensivas demolidoras do Barça na segunda etapa. Mesmo sem grande evolução coletiva, mas com espaços de sobra para correr. De Alba para Dembele na esquerda e o passe para trás procurando Suárez. Depois Dembelé disparou pela direita e rolou para o gol contra de Varane evitando outro gol do atacante uruguaio. Com o rival tonto, o pênalti de Casemiro sofrido e convertido por Suárez, com direito a cavadinha. Decisivo, letal.

Mais impressionante pela atuação apenas discreta de Messi, sacrificado pelo jogo associativo insuficiente da equipe. Segue sem marcar gols no Real pela Copa do Rei. Compensado pelo ataque cirúrgico e a incrível cultura de vitória do time catalão dentro da Espanha. Está na sexta final consecutiva do torneio, contra Valencia ou Real Betis, buscando o pentacampeonato consecutivo. Oitava decisão nas últimas dez edições.

Desta vez na conta da própria eficiência, mas também do “arame liso” merengue. Imperdoável em disputa eliminatória de tão alto nível. Apenas o maior clássico do mundo. Fica a lição, para Vinícius e sua equipe.

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Temporada do Barcelona começa com mais do mesmo, mas precisa ser diferente http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/13/temporada-do-barcelona-comeca-com-mais-do-mesmo-mas-precisa-ser-diferente/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/13/temporada-do-barcelona-comeca-com-mais-do-mesmo-mas-precisa-ser-diferente/#respond Mon, 13 Aug 2018 10:17:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5066 Supercopa da Espanha, baterias começando a aquecer, os muitos jogadores que disputaram a Copa do Mundo voltando aos poucos. O jogo único no Marrocos entre Barcelona e Sevilla manteve o clima de pré-temporada dos amistosos, algo que não costumava existir quando jogado no próprio país.

Ernesto Valverde escalou Arthur de início e deixou Phillipe Coutinho no banco. Um 4-3-3 variando para o 4-4-2 sem a bola com Rafinha abrindo à direita e dando liberdade a Messi. Dembelé foi para o setor esquerdo, formando dupla com Jordi Alba. Do lado oposto, Nelson Semedo fazia todo o corredor.

O gol logo aos oito minutos condicionou o primeiro tempo. Até porque o Sevilla, agora comandado por Pablo Machín, tinha como proposta deixar o adversário com a bola, negar espaços num 5-4-1 compacto e acelerar nos contragolpes. Com os ponteiros Pablo Sarabia e Franco Vázquez, na variação para o 4-3-3, se aproximando de Muriel, o atacante único que serviu Sarabia numa transição ofensiva rápida que terminou com conclusão precisa e a ajuda do VAR para validar o gol legal inicialmente anulado.

Depois o Barcelona ficou com a bola, tentando as inversões em busca dos laterais que chegam ao fundo. Suárez ainda nitidamente fora de ritmo, não conseguia dar sequências às jogadas como de costume e desperdiçou boa chance em chute cruzado. Dembele buscava os dribles para infiltrar em diagonal, mas batia no muro da última linha de defesa do Sevilla até bem coordenada para a primeira partida oficial da temporada.

Messi caminhava ou trotava em campo, buscando espaços entre a defesa e o meio-campo do oponente, por vezes recuando para ajudar na articulação. Só acelerava com a bola colada no pé esquerdo. Ou fazia a tradicional inversão para Alba. Impressiona a qualidade quando interfere no jogo e o respeito que impõe ao adversário, ao menos dentro da Espanha.

Cada vez mais preciso na bola parada. Cobrança de falta do camisa dez na trave esquerda, a bola bateu no goleiro Vaclik e Piqué empatou no rebote. O Barça manteve o domínio, sofrendo com um ou outro contra-ataque. Especialmente pelo setor esquerdo, com o zagueiro francês Lenglet, ex-Sevilla, mais uma contratação para a temporada, sem conseguir fazer a cobertura de Alba com a rapidez e a eficiência de Umtiti.

Arthur sofreu a falta do gol de empate, mas não foi tão bem. Ainda precisa se adaptar à velocidade da circulação da bola no ritmo de competição no mais alto nível. Questão de tempo e entendimento. Deu lugar a Philippe Coutinho e Rafinha saiu para a entrada de Rakitic. Com o 4-4-2 mais próximo da temporada passada e Dembelé indo para o lado direito, saiu o golaço do ponteiro francês em chute forte e preciso.

Gol de título, porque nos acréscimos Ter Stegen fez pênalti em Aleix Vidal, mas Ben Yedder bateu fraco e o goleiro alemão segurou. Mesmo sem uma clara superioridade sobre o adversário, o Barcelona alcançou mais uma conquista. A décima terceira do maior vencedor da história.

Mais do mesmo. Fruto de uma cultura de vitória dentro do país nos últimos anos. Ou desde Guardiola. Contando a partir da temporada 2008/09, são sete conquistas em dez edições do Espanhol. Mais seis taças da Copa do Rei e o mesmo número de Supercopas. Aproveitamento espetacular, mesmo considerando o foco habitual do Real Madrid na Liga dos Campeões e a trajetória bem sucedida deste nos últimos cinco anos.

Mas exatamente por essa sequência de triunfos é que o patamar subiu e a exigência para voltar a ser protagonista na Champions aumentou. Até porque depois do último título em 2015 o time vem caindo antes das semifinais. Nos confrontos contra Atlético de Madri, Juventus e Roma, a impressão de que faltou competitividade. Talvez um pouco mais de intensidade de Messi. Ou um elenco que aumentasse o leque de opções e fosse possível alterar as características da equipe, caso necessário.

Por isso a busca por Arthur, Malcom, Vidal para se somar à base titular que é reconhecidamente forte. Agora com Coutinho desde o início da temporada. Porque precisa ser diferente. Ou voltar ao que já foi. Sem perder o protagonismo na Espanha, mas voltando a dar as cartas no continente. Ir além do “piloto automático” na liga e na Copa. Ou mesmo repetir o grande rival e festejar a conquista mais importante, mesmo que as “domésticas” não venham.

No apito final, a comemoração tímida e protocolar. Mais uma. Parece pouco. O Barcelona tem que sair do marasmo. Inusitado pelas muitas conquistas recentes, mas sem deixar de parecer estagnado.

 

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O que é Lionel Messi? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/14/o-que-e-lionel-messi/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/14/o-que-e-lionel-messi/#respond Wed, 14 Mar 2018 21:36:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4283 O Chelsea de Antonio Conte fez o que pôde. Lutou, executou bem a transição do 5-4-1 sem a bola para o 3-4-3 para o ataque, muitas vezes empurrou as linhas do Barcelona para trás no Camp Nou. Criou chances, pode reclamar de um pênalti de Piqué sobre Marcos Alonso no primeiro tempo e lamentar a falta de concentração no início do jogo.

Mas o que fazer quando Messi entra em campo descansado, depois de 10 dias sem jogar, motivado pelo nascimento do terceiro filho e, por isto, inspirado como poucas vezes se viu?

Ernesto Valverde ajudou escalando Dembelé de início e voltando à sua ideia do início da temporada: 4-4-2 com o atacante abrindo o campo pela direita e Jordi Alba fazendo o mesmo à esquerda contando com a cobertura de Umtiti. Sergi Roberto mais contido na lateral direita e Busquets mais fixo na proteção. Peças mais bem distribuídas em campo, características combinadas de um modo mais justo.

E mais espaço para Messi circular. Pela direita para marcar o primeiro depois de passe de Suárez e do lado oposto para a fantástica arrancada ganhando de Fábregas, driblando Christensen e Azpilicueta para servir Dembelé no segundo. Também o terceiro em transição rápida e novo passe de Suárez. Dois chutes entre as pernas de Courtois.

Um gol logo aos três minutos para descomplicar, outros dois em saídas rápidas. Típico do Barcelona mais pragmático que controlou o jogo com a bola – terminou com 53% de posse e 86% de efetividade nos passes –  e concentrado defensivamente para não facilitar a vida dos Blues nem cair na armadilha de outras eliminações: ter a posse e ser surpreendido nos espaços às costas da defesa.

Foram oito finalizações, sete no alvo. Três nas redes. O Chelsea tentou treze vezes e acertou duas. Duas nas traves de Ter Stegen. 3 a 0 foi cruel. Mas o Barcelona foi letal.

Mantém a escola, porém foca mais no resultado. Organização defensiva, inteligência…e bola para Messi. 100 gols na Liga dos Campeões. Arte, objetividade. Construção e acabamento. O argentino tem domínio de todos os processos de um jogo.

A pergunta não é mais quem é Lionel Messi, mas o que é esse gênio da história do futebol.

(Estatísticas: Footstats)

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Coutinho na sucessão de Iniesta é o Barcelona entrando de vez na nova era http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/06/coutinho-na-sucessao-de-iniesta-e-o-barcelona-entrando-de-vez-na-nova-era/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/06/coutinho-na-sucessao-de-iniesta-e-o-barcelona-entrando-de-vez-na-nova-era/#respond Sat, 06 Jan 2018 19:24:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3952 Agora é oficial! Como nossos Pedro Ivo Almeida e Thiago Fernandes cravaram, Philippe Coutinho é do Barcelona por cerca de 620 milhões de reais (leia AQUI). Contrato de cinco anos. Assim já é possível analisar o contexto e as possíveis consequências desta negociação que tem tudo para ser a mais bombástica na janela de inverno europeu.

Se o meia brasileiro, staff e familia planejaram uma transição com menos pressão, sem Liga dos Campeões e desgaste, também para chegar na Copa do Mundo mais inteiro o raciocínio foi perfeito. A impressão, porém, é de que mais uma vez falou alto a urgência de realizar o sonho de atuar no gigante catalão com histórico enorme de brasileiros se destacando, sem contar o medo de que uma lesão grave prejudicasse o negócio.

Para o clube é uma contratação para fechar as feridas da saída de Neymar para o PSG. Outro brasileiro talentoso e midiático, embora bem menos que Neymar, para agradar acionistas e torcedores ao redor do mundo. Também vender camisas e a própria imagem. Estampar um rosto além de Messi e Suárez nas ações promocionais. Business.

Mas tem campo também nesta escolha. Porque ao analisar como o time blaugrana vem atuando e o que Ernesto Valverde planejou no início da temporada com Dembelé, teve que mudar pela lesão do ponteiro e agora deve retomar, a tendência é que Coutinho suceda uma lenda do clube: Iniesta.

Com a saída de Neymar, o eixo ofensivo do Barcelona mudou. Antes o brasileiro era o ponta mais agressivo pela esquerda. Do lado oposto, Rakitic aproveitava o corredor deixado por Messi, saída do meio e fazia dupla com o lateral – primeiro Daniel Alves, depois uma enorme interrogação após a saída deste para a Juventus. Sem a bola, duas linhas de quatro com Rakitic e Neymar pelos lados dando liberdade a Messi e Suárez.

No início da temporada 2017/2018, a ideia era abrir Dembelé à direita, Rakitic e Busquets centralizados e Iniesta pela esquerda. Não como um ponta, mas outro meia deixando todo o lado esquerdo para o apoio de Jordi Alba. Com a entrada de Paulinho no meio, Rakitic foi para o lado direito e Iniesta seguiu pela esquerda.

É aí que entra Coutinho. Assim como Rakitic chegou em 2014 para Xavi ficar no banco e jogar menos na reta final da carreira, o brasileiro deve fazer o mesmo com o camisa oito de 33 anos. Mais intensidade e rapidez pela esquerda. Habilidade, mudança de direção, imprevisibilidade.

Até porque Messi corre cada vez menos e é mais armador. Precisa de mais gente acelerando ao seu redor. Coutinho é meia que pensa correndo e prefere o lado esquerdo para articular e também cortar para dentro e finalizar de pé direito. Na configuração anterior do Barça teria que se adequar mais rapidamente às trocas de passes curtos e seria um armador na linha de três, com a preocupação de não ocupar o espaço de Neymar. Agora vai poder usar suas características para agregar e tornar o time mais vertical. Na hora certa.

Busquets inicia as jogadas com passe limpo, a bola chega a Messi que terá Dembelé, Paulinho ou Rakitic, Suárez e agora Coutinho para acionar em velocidade. A circulação da bola vai ficar mais rápida, assim como a definição das jogadas. Se precisar de paciência e toque num jogo posicional contra times mais fechados e menos perigosos nos contragolpes entra Iniesta descansado, sem tantos minutos na temporada.

Uma proposta para cada jogo. Futebol por demanda. Com Philippe Coutinho, o Barcelona entra de vez na nova era do esporte.

 

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Um Messi ligado e intenso não dá chance para ninguém. Nem à Juve de Buffon http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/12/um-messi-ligado-e-intenso-nao-da-chance-para-ninguem-nem-a-juve-de-buffon/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/12/um-messi-ligado-e-intenso-nao-da-chance-para-ninguem-nem-a-juve-de-buffon/#respond Tue, 12 Sep 2017 21:03:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3308

A Juventus parecia mais ajustada no primeiro tempo no Camp Nou, mesmo com as mudanças na defesa e no meio-campo – De Sciglio, Matuidi, Bentancur e Douglas Costa na manutenção do 4-2-3-1 de Massimiliano Allegri que perdeu Bonucci para o Milan, Daniel Alves para o PSG e estava sem Chiellini, Khedira e Mandzukic. Linhas muito próximas sem bola e saída em velocidade para Dybala acionar Higuaín.

O Barcelona buscava se aprumar à troca de Neymar por Dembelé que inverteu o lado do ponteiro no trio ofensivo. Com isso, Iniesta e Suárez passaram a ocupar mais o setor esquerdo, porém abrindo o corredor para Jordi Alba. Liberado para apoiar e contando com a cobertura de Umtiti, mais rápido que Piqué. Este protegido por Busquets e Nelson Semedo com postura mais conservadora pela direita. Com Ernesto Valverde, o mesmo 4-3-3, porém com variações para equilibrar os setores.

No centro, com liberdade total…Messi. Meio “falso nove”, meio enganche. O mais importante: ligado, intenso, ciente de que não pode se entregar às marcações mais duras, que negam espaços. Também que este Barcelona precisa demais dele nesta transição e o argentino necessita de uma equipe forte para buscar através das conquistas coletivas a Bola de Ouro, depois do inevitável empate com Cristiano Ronaldo que deve se concretizar até o fim do ano. Cinco a cinco.

Primeiro cobrou falta por baixo acertando a barreira e Suárez fazendo Buffon trabalhar. Depois a arrancada, tabela com Suárez e o chute sem força, mas suficiente para tirar o “lacre” da meta do goleiro italiano no final do primeiro tempo. A senha para o time catalão ganhar confiança e sobrar na segunda etapa.

Finalização na trave antes de acelerar numa rara incursão à direita, rebote de Benatia e gol de Rakitic. Depois a jogada característica, cortando da meia direita para dentro limpando adversários até tirar de Buffon no canto esquerdo. Descomplicando e transformando jogo duro contra o grande rival no grupo em um 3 a 0 com autoridade.

Já são sete gols de Messi em quatro partidas depois da depressão pela saída de Neymar e a sova do Real Madrid na Supercopa da Espanha. 96 gols em 116 jogos pela Liga dos Campeões. Porque quando o camisa dez, maior artilheiro do clube e um dos gênios da história do esporte está 100% conectado e disposto a ser decisivo é difícil segurar. Até para o mito Buffon.

O 4-3-3 do Barcelona ganha nova dinâmica com Dembelé à direita, Iniesta e Suárez dando suporte ao apoio de Alba do lado oposto com a cobertura de Umtiti e Semedo e Busquets protegendo o lento Piqué. Messi com total liberdade destruiu a Juventus no mesmo 4-2-3-1 do vice da Champions da temporada passada, porém com ausências sentidas e sofrendo contra o argentino genial (Tactical Pad).

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Barcelona, há vida sem Neymar. E Philippe Coutinho http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/02/barcelona-ha-vida-sem-neymar-e-philippe-coutinho/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/02/barcelona-ha-vida-sem-neymar-e-philippe-coutinho/#respond Sat, 02 Sep 2017 07:00:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3255 O Liverpool recusou a proposta do Barcelona que chegaria a 160 milhões de euros por Philippe Coutinho. O meia brasileiro era parte do plano do clube catalão para repor a saída de Neymar para o PSG. Ficou apenas com Ousmane Dembelé, contratado ao Borussia Dortmund.

Com Coutinho, Ernesto Valverde teria mais uma peça para agregar mais rapidez e intensidade ao estilo Barça, ideia que parece cada vez mais clara por conta dos jogadores que despertaram interesse e até pelo que vem apresentando neste início de temporada 2017/2018.

No Dortmund, Dembelé era o atacante a acelerar pelos flancos dentro da ideia de ataque posicional do treinador Thomas Tuchel. Exatamente o que quer Valverde. O francês não dribla nem é tão inventivo e artilheiro quanto Neymar, porém é mais vertical e capaz de mudar o ritmo das ações ofensivas.

Deve atuar pela esquerda no trio ofensivo, com Suárez e Messi alternando no centro e à direita. Mantendo também o trabalho defensivo, auxiliando Jordi Alba e formando uma linha de quatro ao se juntar aos três meio-campistas.

Um destes pode ser Paulinho, no vácuo das oscilações de Ivan Rakitic e do declínio físico de Andrés Iniesta. Para defender e, dentro da proposta de troca mais rápida de passes, infiltrar como elemento surpresa para finalizar. O entendimento com Messi pode ser bem interessante.

Assim como o movimento do argentino da direita para dentro abrindo o corredor para as ultrapassagens de Sergi Roberto, Aleix Vidal ou Nelson Semedo, lateral português contratado e ainda sem inspirar confiança. Mas potencialmente o melhor no apoio. Algo a ser trabalhado.

A combinação de características pode dar liga. Vigor físico para compensar o envelhecimento da base titular. Paulinho correndo por Busquets e Iniesta. Dembelé voando no entendimento com Messi e Suárez. Fatos novos para chacoalhar o que parece inerte.

É óbvio que coletivamente segue bem atrás do Real Madrid, como ficou claro nos duelos pela Supercopa da Espanha. Mas ao longo da temporada é possível se tornar mais competitivo e versátil. Principalmente se as baixas por lesões e suspensões não forem tão numerosas, já que o elenco segue curto e desigual.

Chances de título? No Espanhol, para recuperar a hegemonia terá que contar com uma queda de desempenho dos merengues, mas também uma hesitação do Atlético de Madrid de Diego Simeone.  Isso se não surgir uma surpresa como mais um obstáculo. Ou o Sevilla, agora com Eduardo Berizzo no lugar de Jorge Sampaoli no comando técnico, se colocar efetivamente como candidato a protagonista.

Na Liga dos Campeões vai depender dos cruzamentos no mata-mata, já que  não deve encontrar maiores problemas contra Sporting e Olympiacos e vai decidir a liderança do Grupo D com a Juventus. Tudo vai depender da evolução da equipe dentro da proposta de jogo que combina posse de bola e mais agressividade.

O Barcelona não carrega o favoritismo de outros tempos. Mas ainda há Messi. E vida sem Neymar. E Coutinho.

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