diegoalves – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Comparação mais justa nos Mundiais de 12 e 19 não é entre Fla e Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/18/comparacao-mais-justa-nos-mundiais-de-12-e-19-nao-e-entre-fla-e-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/18/comparacao-mais-justa-nos-mundiais-de-12-e-19-nao-e-entre-fla-e-corinthians/#respond Mon, 18 May 2020 11:50:52 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8508 As reprises na TV Globo da conquista do Mundial de Clubes 2012 pelo Corinthians, para São Paulo, e da Libertadores do ano passado pelo Flamengo despertaram nas redes sociais uma rivalidade que nunca fez muito sentido para este que escreve, que viveu a época da “Fla-Fiel”, de torcedores engrossando a massa do “parceiro” em disputas interestaduais.

Uma união de times extremamente populares que foi minada primeiro pelo bairrismo crescente em programas de TV que deveriam ser de âmbito nacional e depois pela internet, com a tola “polêmica” sobre qual a maior torcida do país.

Apesar do jogo exibido do time carioca ter sido contra o River Plate em Lima, muitos corintianos fizeram questão de lembrar da derrota do Flamengo para o Liverpool no Mundial em dezembro. Mantendo o clube paulista como o único sul-americano a vencer o torneio organizado pela FIFA nesta década.

Méritos inquestionáveis de uma conquista invicta desde a Libertadores da equipe comandada por Tite. E a comparação não faz sentido também porque o registro que fica para os corintianos é de uma festa apoteótica no Japão e dos rubro-negros de tristeza no Catar, apesar do orgulho pelo desempenho do time. Celebração só em 1981, com os 3 a 0 sobre o mesmo gigante inglês em Tóquio, na conquista reconhecida pela FIFA como Mundial.

Mas a comparação correta para avaliar apenas os desempenhos dos times brasileiros deve ser entre os adversários. Qual time impôs mais resistência: o Chelsea de Rafa Benítez há quase oito anos ou o Liverpool de Jürgen Klopp há cinco meses?

Bem, os Blues não eram o melhor time da Europa nem quando conquistaram a tão sonhada Liga dos Campeões. Apesar do heroismo de resistir ao Bayern na final em Munique e ter eliminado o Barcelona de Guardiola na semifinal, os comandados de Roberto Di Matteo, liderados em campo por Didier Drogba, foram o grande azarão e não tiveram uma grande atuação para chamar de sua no período.

Em dezembro, sem Drogba e com Rafa Benítez, era um time ainda mais fragilizado. Eliminado por Juventus e Shakhtar Donetsk na fase de grupos da Champions 2012/13, terminaria em terceiro lugar na Premier League, 14 pontos atrás do campeão Manchester United, e sem faturar nenhuma copa nacional.

Só a Liga Europa contra o Benfica, mas pela capacidade de investimento de Roman Abramovich à época, não passou de um prêmio de consolação. Tanto que Benítez acabou demitido no final da temporada para o clube londrino repatriar José Mourinho.

No Mundial, vitória protocolar sobre o Monterrey por 3 a 1 na semifinal. Impondo a enorme superioridade técnica de um time que ainda contava com Cech, Ivanovic, David Luiz, Ashley Cole, Lampard, Hazard e Fernando Torres.

É óbvio que o Corinthians não venceu qualquer um. Nem foi uma vitória por acaso, abrindo mão de jogar futebol. Se cuidou na execução do 4-4-1-1 que tinha Danilo pela esquerda e Emerson se aproximando de Paolo Guerrero, autor do gol do título. Para depois compactar setores marcando por zona, uma novidade à época nos times brasileiros, e contar com as defesas de Cássio para segurar o campeão europeu estelar.

Inegavelmente um feito histórico e único nos últimos dez anos, de domínio cada vez maior dos times do Velho Continente. Não só pelo abismo financeiro, mas por conta da evolução constante dos métodos e do rendimento no mais alto nível.

Eis o mérito do Flamengo, mesmo sem levantar a taça. Encarou de fato o melhor time europeu e do planeta naquele momento. Classificado para o mata-mata da Liga dos Campeões e líder absoluto da Premier League, com título praticamente encaminhado já em dezembro.

Com Alisson, Van Dijk, Alexander-Arnold, Robertson, Henderson, Salah, Firmino e Mané. À beira do campo, o melhor treinador do planeta na atualidade. Mesmo considerando a intensidade mais baixa na disputa do Mundial e o susto na semifinal contra o Monterrey usando time misto, os Reds eram favoritos absolutos.

Ainda mais em tempos recentes, com sul-americanos eliminados nas semifinais em 2013, 2016 e 2018 – sem contar o “pioneiro” Internacional contra o Mazembe em 2010. O Flamengo ao menos cumpriu a obrigação contra o Ah Hilal, apesar do susto e da necessidade de virar o jogo para 3 a 1.

Na decisão, o mérito da equipe de Jorge Jesus foi tentar jogar, utilizando conceitos atuais que surpreenderam até Alisson e Firmino, brasileiros que atuam no Liverpool. Duelando pela posse de bola e ocupando o campo de ataque em vários momentos.

Nunca saberemos se o Flamengo, caso tivesse aberto o placar, também se fecharia como o Corinthians. E é preciso considerar o maior desgaste por ter se dedicado e vencido também o Brasileiro, enquanto o time paulista praticamente abandonou a principal competição nacional e respirou Chelsea desde a conquista da Libertadores em julho.

O cansaço cobrou uma conta alta na prorrogação e o gol de Firmino fez justiça ao melhor time da decisão. Que criou chances cristalinas e fez Diego Alves trabalhar quase tanto quanto Cássio em Yokohama. Não há o que contestar, apesar da chance desperdiçada por Lincoln no último ataque dos 12o minutos.

Tudo isso em um trabalho de cinco meses, bem menos que os mais de dois anos de Tite. Um no início, outro no ápice. Mas fundamentalmente com adversários vivendo momentos bem distintos.

O Corinthians conseguiu o objetivo final, a vitória. O Flamengo ficou com a esperança de retornar, abafada agora pela pandemia. Para o histórico de vexames internacionais nos últimos tempos, o título da Libertadores já foi uma conquista espetacular, ainda mais com a virada no final sobre o então campeão River de Marcelo Gallardo com os gols de Gabriel Barbosa.

Mas como vivemos tempos de comparações descabidas para provocar e gerar “engajamento”, forçaram um paralelo que, como tudo, precisa de contextualização para ser melhor compreendido. Sem o simplismo de apenas olhar o placar final e arrotar “verdades”. Felizmente o futebol é bem mais que isso.

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Por que vitória no Sul é mais simbólica entre Jesus e Renato que os 5 a 0 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/18/por-que-vitoria-no-sul-e-mais-simbolica-entre-jesus-e-renato-que-os-5-a-0/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/18/por-que-vitoria-no-sul-e-mais-simbolica-entre-jesus-e-renato-que-os-5-a-0/#respond Mon, 18 Nov 2019 09:30:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7581 É possível discutir o pênalti de Leo Moura que definiu a vitória do Flamengo em Porto Alegre. Este que escreve não marcaria. Primeiro porque a orientação da CBF é de que o braço não precisa necessariamente estar no solo para ser considerado apoio e não deve ser marcada a infração. Depois porque insisto na ideia de que é absurdo exigir que o atleta se comporte dentro da própria área, para evitar um gol do adversário, como se não tivesse braços.

Obrigatório também considerar a grande contribuição dos três titulares rubro-negros que iniciaram a partida na Arena do Grêmio. Diego Alves passou segurança para os defensores reservas, De Arrascaeta ajudou a fechar espaços pela esquerda e encaixou seu passe diferente no primeiro tempo para Gabriel Barbosa chutar em cima de Paulo Victor.

O artilheiro do campeonato, agora com 22 gols, cobrou o pênalti com frieza e preocupou a zaga gremista – desfalcada de Kannemann, na seleção argentina – enquanto esteve em campo. Mas pagou pela fama ao ser expulso por “aplaudir” Raphael Klaus depois de levar cartão amarelo. Tantas vezes já vimos outros jogadores fazerem o mesmo e não receberem o vermelho. Que o exagero da arbitragem sirva de lição para Gabriel, especialmente pensando na final da Libertadores.

Mas ainda assim a vitória por 1 a 0 que fez o Flamengo abrir 13 pontos sobre o Palmeiras e ter a possibilidade de confirmar matematicamente o título caso o Palmeiras não vença o próprio Grêmio na semana que vem, em São Paulo, carrega um enorme simbolismo.

Porque Jorge Jesus venceu novamente o duelo à parte que o próprio Renato Gaúcho criou nos últimos meses. Com oito reservas de um elenco desequilibrado que deseja qualificar para o ano que vem. Por não entregar desempenho parecido com o dos titulares. Apesar de algumas boas respostas, como a de Lincoln no gol da vitória sobre o Botafogo no Estádio Nilton Santos.

Jesus estreitou a última linha de defesa, com Rodinei seguro no duelo com Everton e Renê mais próximos de Thuler e Rhodolfo. Lucas Silva, depois Everton Ribeiro, voltava pela direita muitas vezes como um lateral. Diego Ribas se sacrificou no meio-campo para ajudar Piris da Motta no bloqueio e também articular as ações ofensivas. Reinier foi novamente o centroavante, a referência física na frente tentando reter a bola para a chegada dos companheiros.

Uma equipe naturalmente desentrosada, mas essencialmente organizada para negar espaços aos gremistas visivelmente tensos pela responsabilidade de “vingar” os 5 a 0 da Libertadores. Faltou a mobilidade do quarteto ofensivo que vinha marcando a dinâmica de ataque nos últimos jogos. Tardelli e Luciano por dentro, Alisson e Cebolinha nas pontas com o suporte de Maicon criaram muito pouco. No final, com André e Filipe Vizeu na área, despejou cruzamentos (36 no total) para compensar a falta de criatividade. É claro que Matheus Henrique, à serviço da seleção olímpica, fez falta.

Mesmo com um homem a menos, o Flamengo controlou o jogo. Negou a chance cristalina ao rival, mesmo com alguns erros naturais de posicionamento, especialmente no miolo da defesa. Foram 22 finalizações do tricolor gaúcho, mas apenas sete no alvo. Uma a mais que o Fla, que concluiu nove no total. A eficiência definiu.

Assim como a superioridade de Jesus no repertório contra Renato. A equipe do treinador português venceu se impondo na Libertadores, mas também reagindo no Brasileiro – terminou com apenas 35% de posse de bola. E sem a grande maioria dos titulares milionários que o técnico do Grêmio usou tantas vezes como bengala para justificar os melhores resultados da equipe carioca. Desta vez, com equilíbrio de forças em termos de talento. Mas na tática e na estratégia, Jorge Jesus foi superior novamente.

Só quem não conhece o Portaluppi para imaginar que ele fosse se dar por vencido na coletiva pós-jogo. Mesmo reconhecendo a superioridade do Flamengo, acabou mostrando sua pior faceta como técnico, que já minou seu trabalho tantas vezes: quando a coisa não caminha bem, sutilmente ou não, acaba transferindo a responsabilidade para os jogadores. O velho “eu ganhei, nós empatamos, eles perderam”. Exigir contratações para seguir no clube é uma admissão de que o sarrafo subiu, mas também um menosprezo ao elenco que antes ele dizia jogar o melhor futebol do Brasil.

Não joga mais. Ou foi atropelado nos quatro duelos pelo virtual campeão brasileiro. Que chega aos 81 pontos, já a melhor campanha nos pontos corridos com 20 clubes, superando em uma vitória o Corinthians de 2015. Ainda faltando quatro rodadas…

Um símbolo da superioridade do Flamengo, escancarada em Porto Alegre. Difícil também de negar é que o dito melhor treinador brasileiro, hoje o mais cotado em uma futura substituição do comando técnico da seleção, foi devidamente enquadrado por Jorge Jesus. O último ato deste confronto em 2019 não deixa mais dúvida de quem está acima.

(Estatísticas: Footstats)

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Jorge Jesus não poupa ninguém. É o antídoto para o “oba oba” no Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/28/jorge-jesus-nao-poupa-ninguem-e-o-antidoto-para-o-oba-oba-no-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/28/jorge-jesus-nao-poupa-ninguem-e-o-antidoto-para-o-oba-oba-no-flamengo/#respond Mon, 28 Oct 2019 11:25:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7500 A “noite de Cabañas” nos 3 a 0 para o América do México no Maracanã é o maior vexame do Flamengo neste século e também a história mais simbólica de uma cultura própria do clube de se entregar tantas vezes ao “oba oba”. Difícil mensurar o absurdo que foi a festa de título estadual e despedida de Joel Santana em um jogo eliminatório de Libertadores, independentemente da vantagem.

Mas há outros casos clássicos de relaxamento que terminaram em duros reveses. Em 1968, o time rubro-negro chegou a dar uma volta olímpica improvisada comemorando o título “antecipado” da Taça Guanabara depois do empate sem gols com o Botafogo, então campeão do torneio que era disputado em separado do Carioca. Bastava vencer o Bonsucesso para confirmar o título. Nem o rival alvinegro fez fé e partiu para uma excursão no Norte e Nordeste. Precisou voltar porque o Fla conseguiu perder de 2 a 0 e, no jogo extra, o Bota venceu por 4 a 1.

Em 1985, a volta de Zico ao clube depois de dois anos na Udinese criou um espécie de “Carnaval fora de época” no Rio de Janeiro. Amistoso festivo na sexta-feira e 3 a 0 no Bahia, com gol do Galinho de falta, na estreia oficial no domingo. O Brasileiro tinha virado um mero detalhe, mesmo com as boas chances de título. Bastaria empatar fora de casa com o Brasil de Pelotas e vencer o Ceará no Maracanã para se classificar para a semifinal contra o Bangu. Vencendo, a decisão seria contra o Coritiba. Mas o revés para o time gaúcho por 2 a 0 foi o choque de realidade e a eliminação veio com os 2 a 2 contra os cearenses.

O jogo contra o CSA tinha todos os elementos para se configurar em mais um tropeço depois da euforia. Maracanã lotado, clima de delírio coletivo depois da catarse dos 5 a 0 sobre o Grêmio no jogo mais importante da história do clube nos últimos 38 anos. Ainda dez pontos de vantagem na liderança do Brasileiro. Tudo muito perfeito. Cenário propício para escorregar.

Mas desta vez havia Jorge Jesus no meio do caminho. Ao escalar a força máxima, com exceção do suspenso Pablo Marí,  o treinador português deixava um recado para time e torcida: o jogo da competição por pontos corridos contra um clube lutando contra o rebaixamento é tão importante quanto a semifinal da Libertadores.

A desconcentração no primeiro tempo depois do belo gol de Arrascaeta, com chances claras desperdiçadas, e o cansaço na segunda etapa foram naturais. Tudo que aconteceu na quarta-feira foi muito intenso. E é preciso reconhecer os méritos do CSA de Argel Fucks, que apostou na velocidade de Apodi contra Rafinha e fez Diego Alves trabalhar muito mais que o esperado.

O líder do Brasileiro, porém, foi sério o tempo todo. Inclusive para reconhecer as dificuldades e administrar o 1 a 0 que mantinha a vantagem na ponta da tabela. Depois do apito final, Jesus orientou ainda no campo de jogo o jovem volante Vinicius que entrou no final e também Thuler, o substituto de Marí que sentiu um pouco o peso da partida. Aliviado, mas mostrando que não ficou satisfeito com o desempenho.

Dificuldades fundamentais para retomar a concentração no campeonato nacional. Afinal, faltam 24 dias para a decisão do torneio continental contra o River Plate. Sete jogos pelo Brasileiro até lá. A vitória magra serve também para diminuir a euforia e também as comparações com times históricos, do clube e do futebol mundial. Até porque são os títulos que vão chancelar o grande futebol da equipe.

Jorge Jesus sabe e, por isso, prefere arriscar o desgaste dos titulares, mas deixar claro que não há espaço para priorizar, nem relaxar antes das conquistas. O técnico é o antídoto para o “oba oba” tão nocivo à história do Flamengo.

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Nem desfalques importantes tiram a fome do líder Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/07/nem-desfalques-importantes-tiram-a-fome-do-lider-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/07/nem-desfalques-importantes-tiram-a-fome-do-lider-flamengo/#respond Sat, 07 Sep 2019 22:05:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7205 Rodrigo Caio forçou o terceiro amarelo contra o Palmeiras. Bruno Henrique, convocado por Tite, também. Mais De Arrascaeta no Uruguai. Três ausências importantes, uma em cada setor. Mais Berrío, a serviço da Colômbia, que seria uma opção interessante justamente pelos desfalques na frente.

Jorge Jesus então armou o Flamengo em Brasília para enfrentar o lanterna Avaí com Rhodolfo na zaga, Piris da Motta mais fixo à frente da defesa liberando Gerson pela esquerda e o garoto Reinier posicionado mais adiantado, próximo de Gabriel Barbosa. Em números algo próximo de um 4-4-1-1.

Só uma coisa não mudou no líder do Brasileiro: a fome. Intensidade para reagir rapidamente à perda da bola e pressionar e o firme propósito de atacar o tempo todo. Mesmo correndo riscos e fazendo Diego Alves trabalhar com duas belas defesas no primeiro tempo e levar bola na trave no segundo.

Porque havia um problema que foi minimizado ao longo do jogo, também pelas muitas limitações do time de Alberto Valentim: Gerson e Reinier procuravam o centro para trabalhar a bola e isolavam Filipe Luís pela esquerda. Atacando e defendendo. O Fla ficava naturalmente penso à direita, com Rafinha, Arão, Everton Ribeiro, Gabriel…

Mas foi por dentro que Piris da Motta trabalhou com Reinier e a nova joia rubro-negra serviu Gabriel Barbosa para o 15º gol do artilheiro do campeonato. Do lado oposto, cobrança de escanteio de Everton Ribeiro e cabeçada precisa de Pablo Marí no ângulo. Para abrir vantagem de dois gols e definir os 3 a 0 com bela jogada que passou por Arão e Gabriel devolvendo a assistência para o primeiro gol de Reinier pelo profissional. O grande personagem de mais uma vitória por três gols de diferença. A quarta seguida no Brasileiro.

Sem trégua de Jorge Jesus, porém. O treinador português que foi ver a vitória do time catarinense sobre o Fluminense no Maracanã na segunda-feira trocou Piris por Vitinho. Depois tirou Reinier e formou uma dupla de laterais na direita com Rafinha e João Lucas. Por fim, descansou Filipe Luís e mandou a campo Renê. Administrando a média de 60% de posse e nove finalizações contra oito. A diferença na mira: seis no alvo contra quatro.

Para confirmar a impressão das últimas rodadas: está difícil encarar o Flamengo. Mesmo descontando a venda de mando de campo do Avaí, a atuação coletiva foi segura. Com momentos de espetáculo, como o lindo passe de letra de Gerson para Willian Arão chutar no travessão na primeira etapa.

Sempre voltado para o ataque. A pergunta: até onde vai esse apetite?

(Estatísticas: Footstats)

 

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Bruno Henrique e Diego Alves simbolizam o abismo entre Flamengo e Vasco http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/17/bruno-henrique-e-diego-alves-simbolizam-abismo-entre-flamengo-e-vasco/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/17/bruno-henrique-e-diego-alves-simbolizam-abismo-entre-flamengo-e-vasco/#respond Sun, 18 Aug 2019 00:12:46 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7054 A mudança de Jorge Jesus que deu certo na vitória do Flamengo sobre o Grêmio não funcionou no início do clássico carioca em Brasília. Um 4-3-3 com Cuéllar plantado, Gerson e Willian Arão por dentro, Bruno Henrique e De Arrascaeta nas pontas e Gabriel Barbosa voltando ao time no centro do ataque.

Muitos espaços entre os setores e facilitando o jogo de transições do Vasco, armado novamente por Vanderlei Luxemburgo no 4-1-4-1, que acelerava em busca do jovem Talles Magno na frente. Mas teve as melhores oportunidades pela direita, aproveitando as dificuldades de Filipe Luís na adaptação ao futebol brasileiro e a um sistema defensivo menos organizado que o do Atlético de Madrid comandado por Diego Simeone.

Duas falhas do lateral: a primeira rebatendo mal nos pés de Talles, que bateu pra fora e depois permitindo a infiltração de Pikachu, que bateu no travessão. Pablo Marí também vacilou ao ficar muito distante do companheiro e errou em outro lance sendo driblador com facilidade por Raul, mas Diego Alves salvou o chute do meio-campista.

Foi suficiente para o treinador português orientar seus comandados a voltarem ao 4-1-3-2 e retomar o controle do jogo.

Bruno Henrique já havia desviado uma bola que bateu no travessão. Pela esquerda, o movimento perfeito para dentro em tabela com Arrascaeta para abrir o placar. Gol único do primeiro tempo de 61% de posse do Fla e seis finalizações, quatro no alvo, contra cinco cruzmaltinas, duas na direção da meta de Diego Alves. O período de domínio do time de Luxemburgo gerou mais chances nos primeiros 45 minutos, porém o clássico teve equilíbrio.

Parou aí a disputa parelha. O Fla sobrou na segunda etapa com atuação inspirada, também explorando os espaços que o Vasco passou a ceder. Não demorou a sair o segundo, novamente com Bruno Henrique pela esquerda, tabelando com Cuéllar e ganhando da defesa para tocar por cima de Fernando Miguel. A bola entrou antes do toque de Gabriel dividindo com Castán, mas a arbitragem deu o gol para o camisa nove.

Na sequência, o primeiro pênalti para o Vasco. Mais um da ditadura do “defensor sem braço”. Thuler colocou os braços para trás, mas depois se virou para tentar bloquear o cruzamento. Difícil notar a intenção de não jogar do defensor. Mas é a orientação da FIFA e Vuaden não errou. Yago Pikachu é que bateu mal e Diego Alves pegou. Na comemoração, a distração que Leandro Castán aproveitou para completar a cobrança de escanteio.

Poderia reequilibrar o clássico, mas veio o terceiro gol do Fla com duas pinturas: o passe longo de Pablo Marí para Gerson aberto pela direita e a jogada deste cortando para dentro e colocando a bola na cabeça de Bruno Henrique. De novo o atacante convocado por Tite para os amistosos contra Colômbia e Peru em setembro. Mas Fernando Miguel espalmou e Gabriel Barbosa aproveitou o rebote para marcar o décimo primeiro gol do artilheiro do Brasileiro.

A pá de cal em sequência frenética: pênalti tolo de Arrascaeta sobre Castán – o que fazia o meia bem mais baixo com o zagueiro melhor cabeceador do rival? Bruno César, que entrara na vaga de Raul Cáceres, “telegrafou” o canto e Diego Alves pegou mais um. Desta vez houve atenção do Fla no rebote. Até demais. Contragolpe rápido e pênalti, também bobo, de Oswaldo Henríquez, sobre Bruno Henrique. 4 a 1 consolidado com a cobrança de Arrascaeta.

Quinze finalizações, onze no alvo. Eficiência que ressalta o abismo atual entre os rivais cariocas que já ficou claro no estadual. O Fla aumentou o poder de investimento e o Vasco sofre para pagar contas básicas. Nada menos que treze pontos de distância na tabela entre o time que luta pelo título e o outro que busca apenas se manter na Série A, quem sabe beliscar uma vaga na Sul-Americana.

Em campo, Bruno Henrique e Diego Alves simbolizaram bem essa vantagem. Um gol e participação decisiva nos outros três  do atacante e dois pênaltis defendidos pelo goleiro. Na qualidade individual, o Flamengo sobra hoje no Rio de Janeiro. Mesmo quando o clássico acontece no Mané Garrincha.

(Estatísticas: Footstats)

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Bahia repete 2000 e atropela Flamengo estelar. Gilberto foi Jajá http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/04/bahia-repete-2000-e-atropela-flamengo-estelar-gilberto-foi-jaja/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/04/bahia-repete-2000-e-atropela-flamengo-estelar-gilberto-foi-jaja/#respond Sun, 04 Aug 2019 21:12:50 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6991 Em setembro de 2000, o Flamengo enfrentou o Bahia na Fonte Nova. Vinha de cinco jogos invictos na Copa João Havelange e enfrentaria um adversário de campanha irregular. Em campo, três estrelas contratadas com a parceria da ISL: Petkovic, Edilson e Denilson. Gamarra e Alex ficaram de fora. Mais o jovem Adriano e Júlio César na meta. Clima de festa em Salvador, recepção calorosa no aeroporto… E goleada por 4 a 1 do Bahia de Evaristo de Macedo sobre a equipe comandada por Carlinhos. Três gols do centroavante Jajá, grande destaque da partida.

Quase 19 anos depois, um cenário parecido. Com estreia de Filipe Luís e mais Diego Alves, Rafinha, Everton Ribeiro, Gerson, De Arrascaeta e Bruno Henrique em campo. Sem Gabriel Barbosa, lesionado e suspenso, Jorge Jesus desfez o 4-1-3-2 e repaginou a equipe num 4-2-3-1 mais básico, com Piris da Motta na vaga do desgastado Cuéllar, Everton e Gerson abertos, De Arrascaeta centralizado e Bruno Henrique mais adiantado.

Muitos titulares apesar do enorme desgaste físico e emocional da classificação para as quartas da Libertadores vencendo o Emelec no tempo normal e nos pênaltis. Novamente aquele ambiente festivo típico das idas do Fla ao Nordeste. Quem conhece a história do clube era capaz de imaginar que a desmobilização seria natural.

Para tornar tudo ainda mais complicado, uma boa atuação do Bahia de Roger Machado. No 4-1-4-1 costumeiro, trazendo todos os jogadores para o próprio campo na compactação defensiva e acelerando nos contragolpes. Especialmente a eficiência no ataque, aproveitando falhas do oponente.

Vacilo de Thuller no posicionamento dando condição legal, gol de Gilberto. Erro de Diego Alves na saída da meta com os pés, outro do camisa nove. Transição defensiva catastrófica dos rubro-negros, assistência de Artur e o terceiro do artilheiro da tarde, que não ia às redes desde maio. O Fla não sofria três gols em uma mesma partida há um ano. Tudo isso em 45 minutos. Cinco finalizações do Bahia, quatro no alvo e três gols. Mesmo com apenas 38% de posse.

A segunda etapa foi do Flamengo, com Reinier e Renê nas vagas de Piris e Filipe Luís e depois Berrío substituindo Arrascaeta, mantendo linhas adiantadas e buscando o ataque. Concluiu doze vezes, porém apenas uma na direção da meta de Douglas Frienrich. Faltou profundidade aos ataques sem o “Gabigol”. Rafinha não conseguiu chegar ao fundo, nem houve espaços às costas da defesa do time da casa para a velocidade de Bruno Henrique.

O Bahia teve chances de ampliar e a entrada de Ramires no lugar de Giovanni melhorou a produção do meio-campo. Sete finalizações certas em onze. Pode e deve ser a referência de desempenho do time de Roger Machado dentro da proposta de jogo.

Jorge Jesus precisa refletir sobre a gestão do elenco na temporada, mesmo com tantas lesões. Dentro de um grupo heterogêneo em termos de condição física e capacidade de competir não é possível entregar intensidade total duas vezes por semana. Ainda mais em um Flamengo que costuma pagar pela desconcentração.

Aconteceu em 2000, na velha Fonte Nova. No estádio renovado, um roteiro parecido com o mesmo desfecho. Melhor para Gilberto, que foi Jajá.

(Estatísticas: Footstats)

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Inter x Flamengo é o duelo entre trabalho mais maduro e o mais promissor http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/01/inter-x-flamengo-e-o-duelo-entre-trabalho-mais-maduro-e-o-mais-promissor/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/01/inter-x-flamengo-e-o-duelo-entre-trabalho-mais-maduro-e-o-mais-promissor/#respond Thu, 01 Aug 2019 11:05:30 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6978 Mesmo considerando que o Nacional não é mais a equipe temível na América do Sul dos anos 1970/1980, impressionou a autoridade com que o Internacional conseguiu a classificação para as quartas-de-final da Libertadores. 3 a 0 no agregado, sem riscos. O trabalho de quase dois anos de Odair Hellmann no comando técnico parece ter chegado à maturidade.

O ponto de virada, sem dúvida, foi a vitória sobre o Palmeiras na Copa do Brasil. Quando a equipe teve consistência e força mental para superar o favorito depois da derrota por 1 a 0 em São Paulo. Poderia ter evitado a decisão por pênaltis se o gol de Victor Cuesta não tivesse sido mal anulado, mas não se abateu e foi seguro nas cobranças.

A combinação de características parece ser a maior virtude do time que cresceu demais com o encaixe de Paolo Guerrero. O peruano é pivô quando os colorados precisam se instalar no campo de ataque e a referência para os contragolpes no momento em que a equipe recua as linhas. Para completar a fase especial, a eficiência nas finalizações que faltou em tantos momentos na carreira.

O que não falta é companhia ao centroavante, nas duas situações. De Edenilson e Patrick, os meio-campistas por dentro na linha de quatro à frente de Rodrigo Lindoso na execução do 4-1-4-1. Intensidade e força que ganham o contraponto na liderança e na experiência com passe certo de D’Alessandro, o ponta articulador que tem do lado oposto Nico López, que infiltra em diagonal para ser mais uma opção de finalização.

A sintonia parece cada vez mais fina entre o quinteto ofensivo, mas Hellmann também ganha com os zagueiros na área adversária em bolas paradas. Rodrigo Moledo abriu o placar no Beira-Rio lotado e o caminho para uma atuação segura, sem dar chances aos uruguaios. 58% de posse, 21 finalizações – oito no alvo – e só permitindo uma conclusão na direção da meta de Marcelo Lomba em um total de dez.

López ganhou da Conmebol o prêmio de melhor em campo, mas se destacou mais pelos dois gols bem anulados do que pela regularidade da atuação. Segue a sina, agora de 18 jogos, sem ir às redes. Na vaga do uruguaio entrou Rafael Sóbis, que no contragolpe de manual já nos acréscimos serviu Guerrero para marcar o quarto gol do camisa nove no torneio continental, o 11º em 17 partidas pelo novo clube.

Atacante que enfrenta seu ex-clube nas quartas. O Flamengo de Jorge Jesus que conseguiu o que parecia improvável no Maracanã com mais de 67 mil presentes. Nem tanto pela força do Emelec, mas pela instabilidade que o time rubro-negro vinha apresentando em jogos grandes, especialmente na Libertadores.

Reverter os 2 a 0 construídos em Guayaquil com o time desfalcado, de fato, era uma missão dura. Mas a equipe facilitou com ótimo desempenho no primeiro tempo. O pênalti marcado, sem confirmação com auxílio do VAR, pelo argentino Nestor Pitana sobre Rafinha e convertido por Gabriel Barbosa não aconteceu e o gol logo aos nove minutos criou o clima perfeito no estádio. Mas o Flamengo jogou para fazer 2 a 0.

Na jogada mais bem construída aos quatro minutos, Arão encontrou Everton Ribeiro livre às costas do meio-campo adversário e este acionou Renê por dentro. Passe do lateral para Gabriel Barbosa chutar em cima do goleiro Dreer e isolar no rebote. Foram dez finalizações nos primeiros 45 minutos, inclusive a do “Gabigol” completando assistência de Bruno Henrique aos 18. Jogada de força, velocidade e inteligência pela esquerda para servir o artilheiro da temporada no Brasil: 22º em 33 partidas.

Atuação sólida com pressão no campo de ataque, apoio constante dos laterais Rafinha e Renê, combinando com Everton Ribeiro e Gerson, os meias abertos do 4-1-3-2 de Jesus que contou com Willian Arão sempre bem posicionado por dentro, auxiliando Cuéllar na distribuição e na proteção da zaga reserva que virou titular: Thuler e Pablo Marí herdaram as vagas de Léo Duarte, negociado com o Milan, e do lesionado Rodrigo Caio e mostraram segurança na única partida sem ser vazada sob o comando do treinador português.

Mesmo com o sofrimento da segunda etapa. Quando o cansaço bateu, o Emelec avançou as linhas e só não deu mais trabalho a Diego Alves porque apenas uma conclusão foi no alvo. As substituições de Jesus por necessidade também desorganizaram o time: Everton Ribeiro deu lugar a Arrascaeta – ambos relacionados no sacrifício pela importância do jogo – e ainda Berrío substituindo o exausto Gerson e o menino Reinier entrando na vaga de Gabigol, que sentiu a coxa.

Foram só mais quatro finalizações, com a chance mais clara caindo nos pés do jovem Thuler, que completou para fora livre na área. Na decisão por pênaltis havia o temor pelo cansaço e por conta da perda de bons batedores, além do trauma do revés contra o Athletico pela Copa do Brasil no mesmo contexto. Mas a energia das arquibancadas ajudou De Arrascaeta, Bruno Henrique, Renê e Rafinha nas cobranças e Diego Alves garantiu pegando o chute de Arroyo e colocando muita pressão em Queiroz, que carimbou o travessão.

Agora é recuperar os lesionados e estrear Filipe Luís para chegar forte no confronto com o Inter. Ida no Maracanã, volta no Beira-Rio. No duelo entre o trabalho consolidado do time gaúcho – mais fortalecido no momento até em relação aos mais longevos na Série A, de Renato Gaúcho no Grêmio e Mano Menezes no Cruzeiro – e o mais promissor do país. O Flamengo do elenco qualificado e mais equilibrado sob o comando de Jorge Jesus.

Treinador com conceitos atuais dentro da vocação ofensiva do clube e transmitindo mais segurança e personalidade para enfrentar dificuldades. Mais sangue nos olhos e menos “banana”. Que supera a barreira das oitavas do torneio continental, o que não acontecia desde 2010. Time para rivalizar com os gaúchos em duelo mais que equilibrado e já cercado de expectativas. As partidas acontecem nos dias 21 e 28 de agosto.

(Estatísticas: Footstats)

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Cinco pontos importantes sobre a estreia de Jorge Jesus no Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/11/cinco-pontos-importantes-sobre-a-estreia-de-jorge-jesus-no-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/11/cinco-pontos-importantes-sobre-a-estreia-de-jorge-jesus-no-flamengo/#respond Thu, 11 Jul 2019 03:56:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6847 O primeiro aprendizado prático de Jorge Jesus em sua estreia pelo Flamengo é óbvia: o Athletico na Arena da Baixada é um adversário complicadíssimo. Mesmo com Lucho González no banco e deixando apenas Bruno Guimarães no meio para controlar o ritmo e sem Renan Lodi, negociado com o Atlético de Madrid, para atacar pela esquerda com mais qualidade que Marcio Azevedo. Em casa, a equipe de Tiago Nunes impõe muito volume de jogo.

Marcou três gols bem anulados, finalizou 16 vezes em 90 minutos e ainda teve um pênalti de Renê sobre Cirino também invalidado por uma falta anterior de Marco Rúben sobre Rodrigo Caio. O VAR foi preciso mais uma vez, apesar da demora nas decisões de Anderson Daronco que só teve um erro, mas gravíssimo:  Diego Alves pegando a bola com as mãos fora da área em disputa com Marcelo Cirino. Lance para cartão vermelho e que, em tese, seria tranquilo para a arbitragem do campo.

A segunda é que o time, dentro do 4-1-3-2 planejado pelo treinador português, precisa contratar um meio-campista para a função que seria de Diego Ribas e caiu no colo de Willian Arão. O camisa dez não parece ter condições físicas para auxiliar Cuéllar, colaborar com a saída de bola, acionar os atacantes e ainda chegar à frente para finalizar. Já Arão está acostumado a atuar ao lado de um volante no 4-2-3-1, como no breve período com o interino Marcelo Salles, ou de um meia no 4-1-4-1 de Abel Braga.

No primeiro tempo em Curitiba, o camisa cinco deu a impressão de que não entendia o espaço que precisava cobrir. E também confundiu Cuéllar, que treinou pouco com Jesus e parecia fora de sintonia. Por isso o sofrimento no primeiro tempo, com domínio do time da casa. De positivo nos primeiros 45 minutos, a coragem para adiantar a marcação e o esforço dos atletas para se adaptar ao novo modelo de jogo, suportando os berros de Jesus à beira do campo. No final frenético se livrou de sofrer o gol. No ataque, o Fla só acertou uma conclusão no alvo: de Gabriel Barbosa em infiltração pela esquerda.

“Gabigol” é a terceira observação que cabe ao novo técnico. Apesar do gol do empate completando cobrança de lateral inteligente de Renê e aproveitando falha de Léo Pereira, o camisa nove teve mais companhia e só aproveitou uma das quatro chances claras que teve. Entre as dez do time carioca, metade na direção da meta de Santos. Gabriel não é o centroavante do estilo pivô, nem o minimalista que coloca uma nas redes se tiver duas. Na maioria das vezes se afoba e tem problemas na tomada de decisão. Pode seguir na equipe, mas o clube necessita ir ao mercado atrás de um nove típico.

A quarta lição é que não sacrificar Rafinha na grama sintética foi inteligente, mas agora o lateral precisa jogar e será complicado quando for necessário poupá-lo. Rodinei não tem condições de atuar em uma linha de quatro da defesa, mesmo tentando manter a concentração no trabalho sem bola. Foi o “mapa da mina” do Athletico na maior parte do jogo. Pior ainda com Vitinho sofrendo na recomposição pelo setor.

O que chama a quinta e última: Everton Ribeiro é fundamental saindo da direita para articular por dentro. Mesmo sem treinar como os companheiros e não jogando tão bem. Mas a boa leitura de jogo e a capacidade de reter a bola fazem a diferença e contribuíram para o breve período de superioridade do Fla, que teve até a chance de virar o jogo. No momento a execução do plano de jogo precisa do camisa sete, que entrou na vaga de Cuéllar, deixando Arão sozinho à frente da defesa.

Arrojo para buscar o empate, cautela para se fechar no final em duas linhas de quatro com Piris da Motta na vaga de Bruno Henrique, que não foi bem desta vez. Oscilações naturais em um cenário hostil para qualquer equipe no país e até no continente – basta lembrar que Boca Juniors e River Plate sucumbiram na casa do Athletico em 2019. Disputa intensa e com momentos de bom nível técnico.

Mas, a rigor, o resultado foi melhor que o desempenho. Mas a disputa da vaga na semifinal da Copa do Brasil no Maracanã não será fácil, como quase nada é tranquilo no equilíbrio do futebol brasileiro. O curso intensivo de Flamengo e futebol brasileiro segue no domingo contra o Goiás pelo Brasileiro. Jorge Jesus vai aprendendo.

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Flamengo classificado em jogaço! Corinthians ofensivo só valorizou clássico http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/04/flamengo-classificado-em-jogaco-corinthians-ofensivo-so-valorizou-classico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/04/flamengo-classificado-em-jogaco-corinthians-ofensivo-so-valorizou-classico/#respond Wed, 05 Jun 2019 02:45:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6647 A necessidade de reverter a desvantagem de um gol fez o Corinthians valorizar demais a vitória por 1 a 0 e a classificação do Flamengo para as quartas de final da Copa do Brasil.

Mesmo sem Fagner, lesionado e já integrado à seleção,foi a melhor atuação coletiva do time de Fabio Carille em 2019, só faltando a eficiência nas finalizações, belas defesas de Diego Alves à parte.

Porque o time rubro-negro sentiu demais a falta da dinâmica de Cuéllar no meio-campo e do passe diferente de Arrascaeta na articulação – ambos já servindo aos seus países na preparação para a Copa América.

Piris da Motta errou muito no primeiro tempo, mas se aprumou na volta do intervalo com um auxílio mais efetivo de Willian Arão, depois Ronaldo, na execução do 4-2-3-1 armado pelo interino Marcelo Salles. Diego lutou muito e liderou os companheiros, mas novamente atrapalhou o time em alguns ataques por reter demais a bola.

Ainda assim, foi um jogaço. O Corinthians ameaçando pela esquerda com Clayson e Danilo Avelar para cima de Pará. Mais o volume construído pelo meio-campo formado por Ralf, Junior Urso e Sornoza. O meia equatoriano responsável pelas bolas paradas que atormentaram o Fla no primeiro tempo e o volante mais fixo do 4-1-4-1 de Carille explodindo o travessão de Diego Alves em um chute espetacular.

O Flamengo equilibrou no final da primeira etapa com marcação mais ajustada e Gabriel Barbosa e Everton Ribeiro enfim fazendo Cássio trabalhar. A disputa seguiu parelha na segunda etapa, mas com Vagner Love complicando a vida de Léo Duarte e Rodrigo Caio nas viradas de pivô para a finalização. Mais um chute que fez Diego Alves trabalhar. Foram nove conclusões do time paulista, quatro no alvo. Sete do Fla, três na direção da meta de Cássio.

A mais precisa de Rodrigo Caio, que confirmou a classificação. Assistência de Everton Ribeiro, o grande destaque do setor ofensivo do Fla. Para tornar tudo ainda mais eletrizante, o assistente marcou impedimento inexistente e Leandro Vuaden precisou da ajuda do VAR para confirmar o gol único da partida. Minutos de ansiedade até a explosão rubro-negra no Maracanã. Também de Rodrigo Caio, execrado no São Paulo por uma questão ética em jogo contra o Corinthians e se redimindo a cada grande atuação no Fla. Com garra e liderança.

O time paulista, porém, não se rendeu e Boselli quase marcou do meio do campo na saída de bola. O argentino se juntou a Gustavo e Love na formação ultraofensiva que arriscou tudo em busca do gol salvador. Sem sucesso.

O Flamengo cumpre a meta principal à espera de Jorge Jesus. Com mais fibra que bola, porém superior na análise geral do confronto. Ponto positivo a questão anímica em um time que falhou tantas vezes em jogos grandes. Resta ao Corinthians o alento de uma grande evolução no desempenho que deve ser referência para Carille, especialmente em jogos fora de casa. É possível atacar mais.

Fica para o Brasileiro e a Sul-Americana. Porque é o Flamengo que segue vivo no mata-mata nacional.

(Estatísticas: Footstats)

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Flamengo parece incorrigível na Libertadores e pode reviver inferno de 2017 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/24/flamengo-parece-incorrigivel-na-libertadores-e-pode-reviver-inferno-de-2017/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/24/flamengo-parece-incorrigivel-na-libertadores-e-pode-reviver-inferno-de-2017/#respond Thu, 25 Apr 2019 02:49:40 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6376 O que dizer de um time que está há anos convivendo com eliminações na Libertadores, algumas vexatórias, e, ainda assim, se deixa levar por “oba oba”, divide atenções e esforços com o insignificante estadual e consegue complicar jogo decisivo fora de casa que estava controlado por pura indolência permitindo um gol típico de final de pelada no último ataque do primeiro tempo?

Esse é o Flamengo derrotado de virada pela LDU por 2 a 1 na Arena Casa Blanca, em Quito. Com Abel Braga suspenso e Leomir à beira do campo. Que já podia estar classificado se não confundisse competição com festa no Maracanã lotado no revés diante do Peñarol.

Ainda assim, depois de abrir o placar com  Bruno Henrique, novamente centroavante com Gabriel Barbosa deslocado pela direita, permitiu o gol de Anangonó em uma ligação direta. Com Pará dando condição, Léo Duarte vacilando e Diego Alves aceitando a bola entre as pernas.

Na segunda etapa, com Diego no lugar de Arrascaeta, perdeu rapidez na transição ofensiva e foi cansando na altitude. Porque não priorizou a Libertadores e desgastou a equipe em uma final de Carioca irrelevante diante do “prejuízo histórico” rubro-negro no torneio continental.

Cedeu espaços até o belo gol de Chicaiza, que entrou na vaga de Jhojan Julio e tornou a equipe equatoriana, mesmo limitada, mais fluente e com volume de jogo. Apesar do esforço hercúleo de Cuéllar, destaque solitário também por se sacrificar na proteção da retaguarda.

Agora a vaga que parecia certa está por um fio e a chance de reviver o inferno de 2017, sendo eliminado fora de casa na última partida, aumenta exponencialmente. Foi o San Lorenzo no Nuevo Gasometro, desta vez pode ser o Peñarol em Montevidéu. Derrotado em Oruro pelo San José, mas dependendo apenas dos próprios esforços para se classificar junto com a LDU.

Ressuscitada por um time pilhado em casa e covarde fora. Também mal treinado, mas, ainda assim, com um pouco mais de seriedade e concentração, poderia estar mais tranquilo. Só que o Flamengo não se ajuda na Libertadores.

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