diegosouza – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Dupla Grenal aquece ainda mais o clássico histórico, cada um ao seu estilo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/#respond Wed, 04 Mar 2020 02:34:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8089 O Internacional de Eduardo Coudet, ainda no segundo mês de trabalho, aproveitou a experiência “forçada” das duas etapas classificatórias antes da fase de grupos da Libertadores. Em casa, contra a Universidad Católica bicampeã chilena, e sem D’Alessandro, suspenso, apostou tudo na intensidade.

Principalmente na pressão no campo de ataque. Com mais agilidade e vigor, optando por Thiago Galhardo na vaga do camisa dez veterano ao lado de Paolo Guerrero na frente. Deixando Rodrigo Lindoso no banco para Edenilson centralizar à frente de Musto, porém com muita liberdade para chegar à frente. Pelos lados, Marcos Guilherme ganhou oportunidade pela direita e Boschilia mantido à esquerda.

Testes realizados contra Universidad de Chile e Tolima, com pressão de jogo decisivo. Importantes para se impor na primeira rodada do duro Grupo E. Sufocando o adversário, roubando bolas no campo de ataque e finalizando 28 vezes, nove no alvo. E não permitindo uma conclusão na direção da meta de Marcelo Lomba. Um massacre.

Mas com um pouco de sorte, sempre bem-vinda. Na cobrança de falta de Guerrero que desviou na barreira e saiu do alcance de Matias Dituro, abrindo o placar e acabando com a angústia no Beira Rio por um domínio absoluto sem bola na rede. Tranquilidade para aproveitar erro na reposição do goleiro adversário para Galhardo servir Guerrero e o centroavante, aí sim em bela jogada trabalhada, servir Marcos Guilherme para fechar os 3 a 0 com autoridade.

E Edenilson resgatando o melhor de sua imposição física em momento importante. A tendência é o camisa oito, grande destaque ao lado de Guerrero, crescer ainda mais dentro da proposta de jogo de Coudet. A começar pelo clássico histórico na próxima rodada.

Na Arena do Grêmio, que estreou de fato no torneio em jogo complicado fora de casa. Diante do América de Cali, campeão do Clausura na Colômbia,  que arriscava em um 4-3-3 que na maior parte do tempo se defendeu com sete homens, deixando o trio Pisano-Rangel-Vergara mais adiantado.

Um convite para a circulação de bola do time de Renato Gaúcho. Ainda mais com Lucas Silva se juntando a Matheus Henrique e Maicon num meio-campo móvel, variando o desenho de um volante mais plantado (Lucas), ou dois fixos e Maicon adiantado como meia. Assim alternando o desenho de 4-2-3-1 para 4-3-3.

Na frente, Diego Souza se movimentava fazendo pivô e buscando espaços às costas do volante Rodrigo Ureña para acionar os ponteiros. Especialmente Everton, que perdeu duas chances cristalinas, porém foi novamente a grande válvula de escape e preocupação da defesa adversária com as infiltrações em diagonal.

Os gols, porém, saíram dos construtores de trás. Victor Ferraz, impedido, aproveitando cobrança de falta de Lucas Silva que bateu em Diego Souza. Para acalmar o jogo, mas também atrair o América, que poderia ter empatado com Pisano, que bateu no travessão, e, na sequência, com Sierra em cabeçada que Vanderlei salvou.

E Matheus Henrique, para premiar um Grêmio que retomou o controle do jogo na segunda etapa. Com Thaciano na vaga de Maicon, mas foi o meio-campista jogando de área a área que marcou um golaço e murchou os colombianos, inclusive a torcida.

O Grêmio terminou com menos posse (45%) e finalizações- dez contra 15, três a cinco no alvo. Mas venceu à sua maneira, com a vivência de campeão de 2017 e vagas nas semifinais nas duas últimas edições. Experiência para “congelar” a bola.

Agora recebe o maior rival em um duelo que, se já era esperado, Porto Alegre agora vai respirar ainda mais o Grenal até a bola rolar na próxima quinta, dia 12. Que venha logo!

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Diego Souza! “Martelinho mágico” de Renato funciona no Grenal 423 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/15/diego-souza-martelinho-magico-de-renato-funciona-no-grenal-423/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/15/diego-souza-martelinho-magico-de-renato-funciona-no-grenal-423/#respond Sat, 15 Feb 2020 23:06:23 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7979 O trabalho mais longo e estruturado de Renato Gaúcho no Grêmio pesou a favor do Grêmio no primeiro Grenal de 2020, o 423º, valendo pela semifinal do primeiro turno do Gaúcho no Beira-Rio.

Modelo de jogo assimilado, base entrosada. Apesar de uma mudança de características no meio-campo, com jogadores que trabalham mais entre as intermediárias, sem a presença de um típico meia, como Luan e Jean Pyerre. Com Maicon um pouco à frente de Lucas Silva e Matheus Henrique, mas muita movimentação para acionar os ponteiros Alisson e Everton Cebolinha.

E Diego Souza na referência. Aparentemente já em forma física superior à dos últimos anos. Fazendo o pivô, girando mais fácil sobre Bruno Fuchs do que contra Victor Cuesta. Finalizando mal na primeira chance, depois servindo Everton no gol bem anulado, justamente pelo impedimento do novo centroavante gremista. O Cebolinha ainda faria mais um irregular, pela posição de Bruno Cortez ao receber pela esquerda.

Faltou o gol no primeiro tempo bem acima do tricolor sobre um Internacional ainda buscando adaptação ao 4-1-3-2 de Eduardo Coudet. Com Boschilia na vaga do lesionado Patrick, mas desta vez com dificuldades para articular pela meia esquerda, abrindo corredor para Moisés. A maior dificuldade era mesmo no meio-campo, muitas vezes com Musto e Lindoso sofrendo no duelo por dentro com o trio de meio-campistas do Grêmio. A posse de bola era maior, porém inócua para acionar Paolo Guerrero na frente.

Por incrível que possa parecer, melhorou para o Inter no segundo tempo, depois da expulsão de Damian Musto aos 45 minutos da primeira etapa. O volante argentino sofria quando pressionado e com a mobilidade do adversário. Repaginado no óbvio 4-4-1 com um homem a menos, o time coordenou melhor os setores, qualificou a saída de bola e ganhou espaços com o avanço natural do rival.

Coudet tentou aproveitar a velocidade de Marcos Guilherme, que entrou no lugar de Boschilia, mas desta vez o ponta velocista não conseguiu ser decisivo como na Libertadores contra Universidad de Chile. Coudet não foi feliz também na troca de Lindoso por Zé Gabriel, já que o jovem volante errou tudo que tentou e se complicou também no posicionamento defensivo. Para piorar, o cansaço foi aumentando com o tempo. Ainda assim, poderia ter ido às redes em finalizações de Edenilson.

Renato teve o mérito de ser  corajoso para avançar o time progressivamente, mesmo quando enfrentava dificuldades na defesa que não teve Geromel e Kannemann novamente – Paulo Miranda e David Braz foram os titulares. Thiago Neves entrou no lugar de Maicon e cabeceou uma bola na trave. Pepê e Caio Henrique substituíram Lucas Silva e Bruno Cortez.

Circulando a bola mais fácil e com mais gente pisando na área do Inter, o Grêmio reagiu a ponto de reequilibrar as forças. Quando a decisão por pênaltis parecia inevitável, Everton levantou na cabeça de Diego Souza. Gol de centroavante, da aposta de Renato no centro do ataque para a temporada. Para recuperar um jogador em curva descendente na carreira.

O “martelinho mágico” do treinador do Grêmio funciona e coloca o bicampeão em mais uma final de turno.

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Com estreias, Renato Gaúcho começa a testar o “martelinho mágico” no Grêmio http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/04/com-estreias-renato-gaucho-comeca-a-testar-o-martelinho-magico-no-gremio/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/04/com-estreias-renato-gaucho-comeca-a-testar-o-martelinho-magico-no-gremio/#respond Tue, 04 Feb 2020 12:47:54 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7904

Foto: Jefferson Botega / Agência RBS

“Martelinho mágico” é como se popularizou o serviço de restauração de automóveis batidos e danificados. Quando realizado com expertise pode mesmo deixar a impressão de que o carro não sofreu nenhum prejuízo.

Jogador de futebol profissional não é carro e quem cuida dos “amassados” é o departamento médico do clube. Mas Renato Gaúcho ganhou fama nesta passagem pelo Grêmio que se aproxima dos quatro anos por recuperar atletas. Refugos, subestimados, veteranos…

O treinador pode ostentar a contribuição na recuperação do futebol de Cícero, Bruno Cortez, Fernandinho, Jael, Leonardo Moura, entre outros. Também ajudou na consolidação da carreira de Ramiro e na evolução meteórica de Arthur.

Mas não acerta sempre. Ninguém consegue, ainda mais em um esporte tão caótico, subjetivo e sujeito a oscilações como o futebol. É natural. André, Diego Tardelli, Henrique Almeida e Romulo são exemplos de tentativas frustradas. Paulo Victor e Marinho também podem entrar no grupo, por não terem rendido o esperado.

Difícil calcular as porcentagens de contribuição de atleta e treinador no fracasso da empreitada. Mas o fato é que Renato Gaúcho apostou e não deu certo. Malandro e mestre do marketing pessoal, o técnico chama os louros do sucesso para si e, sem transferir toda a responsabilidade, minimiza os infortúnio.

O ano começa com o elenco gremista reformulado e duas grandes incógnitas dentro de um mercado de bom nível: Thiago Neves e Diego Souza. Segundo Renato, o clube optou por encorpar o elenco e não teve recursos para o alto investimento em jogadores decisivos. Preferiu apostar em contratos por produtividade.

No 4-2-3-1 do time gaúcho, Everton Cebolinha continua decisivo partindo da esquerda para dentro. Driblando, finalizando ou servindo os companheiros. Mas o meia central e o centroavante cumprem funções importantíssimas no quarteto ofensivo. O primeiro criando da intermediária ofensiva em direção à área adversária e o segundo como referência para as combinações por dentro, fazendo a parede como pivô.

Pelas características, Thiago Neves e Diego Souza podem se encaixar bem. Ainda mais em um time com modelo de jogo assimilado. A dúvida é em relação ao foco nas próprias carreiras e nos objetivos da agremiação. Também na resistência física para suportar uma temporada desgastante. Mesmo considerando a prioridade por tradição e cultura às competições de mata-mata. Ambos fazem 35 este ano.

A dupla estreou nos 5 a 0 sobre o Esportivo na Arena do Grêmio. Entrando no segundo tempo, com a vitória bem encaminhada. Aplaudidos e incentivados pela torcida. Diego Souza, de volta ao clube depois de 13 anos, fez gol de centroavante com dez minutos em campo. Thiago Neves arriscou uma de suas típicas finalizações de média/longa distância. Renato foi inteligente ao aproveitar um ambiente favorável.

Mas não será sempre assim. Até porque haverá a concorrência de Luciano, Jean Pyerre, Thaciano e Patrick, além do “renegado” André. E Renato Gaúcho será testado novamente em sua capacidade de fazer jogadores recuperarem o bom desempenho. O “martelinho de ouro” vai funcionar em 2020?

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O “milagre” de Eduardo Barroca no Botafogo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/17/o-milagre-de-eduardo-barroca-no-botafogo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/17/o-milagre-de-eduardo-barroca-no-botafogo/#respond Tue, 17 Sep 2019 10:42:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7270

Foto: Vitor Silva/Botafogo

Oito vitórias, três empates e oito derrotas. Dezoito gols marcados, dezenove sofridos, saldo negativo. 47,4% de aproveitamento. Olhando apenas os números, definitivamente não é uma campanha de Brasileiro durante um turno para se orgulhar. Muito menos para um clube tradicional e no grupo dos campeões nacionais.

Mas olhando o contexto do Botafogo afundado em uma crise financeira que beira à penúria, não é nenhum absurdo chamar a realidade de décima colocação, ainda na primeira página da tabela e nove pontos à frente do Fluminense, 16º colocado, como um “milagre”.

Feito que tem nome e sobrenome: Eduardo Barroca. O treinador de 37 anos que consegue trabalhar conteúdo e modelo de jogo com um grupo de jogadores no qual alguns já entraram no quarto mês sem salários e os mais experientes, que conseguiram construir um patrimônio ao longo da carreira, estão ajudando os jovens com remunerações mais modestas – oficialmente a informação é de dois salários na carteira e três de direitos de imagem, mas o blog apurou que a situação é mais complicada. Tanto que os atletas continuam se recusando a expor os patrocinadores em entrevistas coletivas.

Enquanto o clube busca parceiros dentro do projeto “Botafogo S/A” para sanear as finanças, Barroca vai trabalhando com o que tem. A posse de bola tão valorizada pelo técnico, a quarta maior entre os 20 times da Série A segundo o Footstats, acabou se transformando em ferramenta de defesa, para evitar ser mais fustigado pelos oponentes. Nas estatísticas do site Whoscored, o time é o que trabalha mais dentro do próprio campo, defendendo ou com a posse sem entrar na intermediária do rival (33%).

Em quase todas as partidas, a dificuldade da equipe é acelerar as transições ofensivas. Se fecha no 4-1-4-1, recua muito os ponteiros para auxiliar os laterais e apenas Diego Souza fica mais adiantado, o que praticamente inviabiliza os contragolpes em velocidade.  Alex Santana, o mais agressivo e intenso dos meio-campistas, é que muitas vezes se apresenta como válvula de escape. Não por acaso é o artilheiro da equipe na competição junto com Diego Souza, ambos com cinco gols. A média é de menos de um por partida e o time só finaliza mais que o CSA, ambos com média de nove por jogo (Footstats).

O sistema defensivo se desdobra para compensar com organização e linhas compactas, mas não conseguiu evitar que Gatito Fernández e Diego Cavalieri, este em quatro partidas, ficassem entre os goleiros com maior média de intervenções e o time fosse o líder em ações de defesa. No empate sem gols com o Ceará no Castelão, um sufoco de 21 finalizações contra, cinco no alvo. Apesar dos 57% de posse de bola, apenas três finalizações. Nenhuma na direção da meta adversária.

Um ponto a ser comemorado dentro de cenário complexo, mas uma campanha com entendimento do campeonato que o Botafogo disputa: das oito vitórias, cinco foram sobre adversários diretos na luta contra o rebaixamento – Fortaleza, Fluminense, Vasco, CSA e Avaí. Mais uma sobre os reservas do Athletico que prioriza o mata-mata.

Ser forte no Estádio Nílton Santos e arrancar pontos como visitante é o que resta. A meta de 30 pontos estipulada por Barroca – quinze nos nove jogos antes da Copa América e mais quinze nos outros dez do turno – se mostrou ambiciosa demais. Até porque é difícil cobrar até o básico quando não se cumpre com a obrigação do pagamento mensal.

O Botafogo abre o returno em casa na manhã de sábado diante de um São Paulo em crise. Chance de buscar os três pontos e se manter entre os dez primeiros. Bem longe do Z-4, apesar do orçamento e do elenco mais limitado que de muitos clubes que estão abaixo do alvinegro na tabela. Graças ao sacrifício de todos, mas, especialmente, ao comando de Barroca. Um saldo mais que positivo até aqui no grande desafio da carreira do jovem treinador.

 

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Diego Souza descomplica para o Botafogo e afunda Vasco “arame liso” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/02/diego-souza-descomplica-para-o-botafogo-e-afunda-vasco-arame-liso/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/02/diego-souza-descomplica-para-o-botafogo-e-afunda-vasco-arame-liso/#respond Sun, 02 Jun 2019 16:11:46 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6629 No clássico contra o Vasco no Nílton Santos, o Botafogo de Eduardo Barroca incorreu em um equívoco comum no futebol brasileiro entre as equipes que se propõem a controlar a posse de bola: confundir o capricho no passe com lentidão na circulação da bola. Muita preocupação com gesto técnico, simplificando e não correndo riscos, o que acaba tornando os ataques previsíveis.

Erro que ficava mais nítido entre os meio-campistas Cícero, João Paulo e Gustavo Bochecha, substituto do lesionado Alex Santana. O Vasco de Vanderlei Luxemburgo respondia bem com organização, coordenação no meio-campo com Marcos Júnior, contratado ao Bangu, e acelerando na frente com Rossi e Marrony nas pontas e Tiago Reis na frente.

Mesmo com apenas 34% de posse de bola, finalizou oito vezes contra três no rival no primeiro tempo. Tiago Reis chutou na trave de Gatito Fernandes concluindo boa jogada pela direita. O goleiro do Bota ainda pegou bela cabeçada de Marrony. Superioridade estratégica que não se refletiu no placar sem gols.

É o problema do time que não consegue ser contundente e preciso no momento de domínio. O “arame liso” dá tempo ao adversário para corrigir deficiências, recuperar confiança e também efetuar substituições que melhorem o desempenho coletivo. Barroca trocou Luiz Fernando por Rodrigo Pimpão e, no primeiro toque do ponteiro substituto, aproveitando erro de Yago Pikachu, o cruzamento no peito de Diego Souza. Domínio e conclusão perfeitos para descomplicar o jogo.

A única finalização no alvo do time que sobe na tabela com a quarta vitória em seis rodadas – considerando que os pontos do jogo contra o Palmeiras não estão computados pela acusação de uso indevido do VAR. Com oscilações naturais e ainda precisando melhorar alguns processos no modelo de jogo, mas evoluindo com o respaldo dos resultados, incluindo os triunfos na Copa Sul-Americana sobre o Sol de América. É time que gosta da bola, busca protagonismo e tenta fazer algo diferente no cenário nacional. Louvável.

Preocupante é a situação do Vasco. Três pontos em 21 disputados representam um início pior que nos três rebaixamentos. O desempenho melhorou, mas os resultados não caminham juntos até aqui. A queda depois do gol sofrido foi nítida, até Luxemburgo demonstrou desânimo. Em 16 finalizações, só quatro no alvo. Não pode errar tanto na frente.

A única boa notícia possível é que o Brasileiro vai parar para a Copa América. É a chance da equipe cruzmaltina se recuperar para tentar sobreviver.

(Estatísticas: Footstats)

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Botafogo “à brasileira” vence Fluminense, mas sem abrir mão de jogar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/11/botafogo-a-brasileira-vence-fluminense-mas-sem-abrir-mao-de-jogar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/11/botafogo-a-brasileira-vence-fluminense-mas-sem-abrir-mao-de-jogar/#respond Sat, 11 May 2019 21:14:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6493 Sem Aírton e Bruno Silva, Fernando Diniz apostou em uma formação apostando na técnica: Allan, Daniel e Ganso no meio-campo, Pedro de novo entre os titulares na frente e Yony González fazendo a função de Everaldo, bem aberto pela esquerda. Do lado oposto, Gilberto atacando na ponta e Luciano trabalhando mais por dentro.

Com posse e pressão pós-perda, o Fluminense empurrou o Botafogo de Eduardo Barroca para o campo de defesa. O time alvinegro tentava compactar os setores na execução do 4-1-4-1, sofria em alguns momentos pela baixa intensidade do trio Gustavo-Cícero-Alex Santana por dentro e por recuar demais os ponteiros Erik e Rodrigo Pimpão acompanhando os laterais tricolores, o que fazia a equipe perder velocidade na transição ofensiva.

Mas nunca abrindo mão de tentar jogar. Saída com bola no chão muitas vezes, mesmo abafado. Louvável, principalmente pelo menor tempo de trabalho com Barroca em relação ao rival. Não por acaso, no Brasileiro só fica atrás do Flu em posse e acerto de passes.

Por isso a vitória “à brasileira”, a terceira seguida na competição. Se adaptando ao contexto, como Barroca pretende e vem reforçando nas entrevistas. Com 40% de posse e trocando apenas 258 passes contra 470. O Botafogo finalizou só nove vezes, três no alvo. Mas foi certeiro na descida do bom e jovem lateral Jonathan pela esquerda. Centro preciso na cabeça de Alex Santana, o substituto do lesionado João Paulo, que pisou na área para decidir o bom clássico no Maracanã que merecia um publico maior que os 24.600 presentes.

O camisa dez alvinegro, na sequência, ainda perderia livre à frente do goleiro Rodolfo e Diego Souza isolou de canhota dentro da área. Duas chances cristalinas desperdiçadas que costumam cobrar caro em jogos parelhos. O Flu até conseguiu ir às redes com Matheus Ferraz, mas o árbitro de vídeo foi preciso ao assinalar impedimento de Pedro e colaborar com a confusa arbitragem de Marcelo Aparecido de Souza.

Não foi uma grande atuação, principalmente porque o time foi obrigado pelo oponente a sair da proposta de jogo que vem sendo desenvolvida pelo novo treinador. Mas o primeiro triunfo em clássico no ano faz subir na tabela e transfere ainda mais confiança para consolidar ideias. Tudo que Barroca e o Botafogo precisam.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Eduardo Barroca, exclusivo: “Protagonismo no jogo não é só posse de bola” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/24/eduardo-barroca-exclusivo-protagonismo-no-jogo-nao-e-so-posse-de-bola/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/24/eduardo-barroca-exclusivo-protagonismo-no-jogo-nao-e-so-posse-de-bola/#respond Wed, 24 Apr 2019 03:53:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6359

Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo

No final de 2017, a vez no Botafogo para assumir o comando técnico do futebol profissional depois da saída de Jair Ventura parecia ser de Eduardo Barroca, pelos bons resultados e estilo personalíssimo treinando o sub-20. A diretoria preferiu Felipe Conceição, o “Tigrão”, bem sucedido também, mas no sub-17. Foi anunciado em dezembro e caiu em fevereiro.

Barroca foi para o sub-20 do Corinthians em abril e, um ano depois, volta ao Botafogo sucedendo Zé Ricardo no cargo que desejava e fez por merecer com desempenho e resultados. Com consciência da responsabilidade, mas com metas ambiciosas. Em entrevista exclusiva ao blog a três dias de abrir o Brasileirão contra o São Paulo no Morumbi, o técnico relata suas primeiras impressões em sete dias de trabalho e explica sua visão de futebol, fugindo dos rótulos e das mistificações.

BLOG – Que Botafogo você reencontrou, mas agora nos profissionais e com jogadores trabalhados por você nas divisões de base?

EDUARDO BARROCA – Estou muito feliz com a oportunidade e considero o Botafogo o clube ideal para viver essa experiência que vinha buscando. Encontrei um grupo interessado e inconformado com o que viveu até agora na temporada. Eu não estava aqui, então só posso falar do que estou vendo e é consenso que os resultados não são condizentes com o bom nível do grupo. A convivência tem sido ótima, com a base, que considero a “locomotiva” do clube, e também os que estão aqui há mais tempo, como Gatito Fernández, Joel Carli, Rodrigo Pimpão, João Paulo…

BLOG – Nas entrevistas desde que assumiu o time você vem falando em protagonismo e coragem. Como trabalhar a autoestima de um grupo com resultados muito aquém do que se planejava?

EDUARDO BARROCA – Esses jogadores passaram por vários processos seletivos na vida para chegarem a um clube de Série A. Eles estão no topo da pirâmide do futebol jogado no Brasil e gostam de protagonismo. Eles vêm reagindo bem, a receptividade aos trabalhos tem sido a melhor possível. Nós teremos jogos difíceis e vamos buscar um crescimento rápido no rendimento para que as vitórias venham como consequência.

BLOG – Essa ideia de protagonismo que normalmente se traduz em campo com linhas adiantadas, posse de bola e coragem para atacar não pode encontrar resistências no elenco? Por exemplo, o Joel Carli não é exatamente um zagueiro rápido para jogar com muito campo às suas costas. Ele não pode se sentir desprotegido?

EDUARDO BARROCA – Até aqui não encontrei nenhuma resistência e peço licença para discordar da sua observação sobre o Carli. Velocidade de um zagueiro depende de muitas variáveis, como posicionamento, antevisão do movimento de corpo do atacante e outras. Eu estou no sétimo dia de trabalho e nenhum jogador deixou um treinamento por causa da intensidade ou tive que diminuir o tempo de alguma atividade.

BLOG – Você no momento tem na lateral direita o Marcinho, que já foi elogiado até pelo Tite, mas costuma ser alvo da ira da torcida nos momentos ruins, e Fernando, revelado no clube que acabou de chegar do futebol francês e é uma incógnita. A ideia é seguir com eles ou buscar mais um para a posição no mercado?

EDUARDO BARROCA – A nossa administração é de dentro para fora. Conheço os dois atletas e estou trabalhando com estímulos, confiança e as devidas correções, tanto individual quanto coletivamente. O ciclo é de intensidade, cobrança e ajuste. Isonomia no treinamento e trabalhar internamente para, se for o caso, olhar para fora, para o mercado.

BLOG – Por conta da dificuldade de utilizar o Diego Souza na estreia no Brasileiro contra o São Paulo – o clube teria que pagar uma multa de 400 mil reais para utilizar o jogador emprestado pelo tricolor – você tem trabalhado com o Erik na frente e ainda tem o garoto Igor Cássio como opção depois da saída do Kieza para o Fortaleza. A ideia é ter uma referência no centro do ataque ou uma formação mais móvel?

EDUARDO BARROCA – Antes gostaria de desmistificar essa questão dos “garotos” do Botafogo. O Igor Cássio tem 21 anos e mais de 150 jogos com a camisa do clube. Não é mais um garoto. Tem atleta de 23 anos aqui que já é pai de família. São homens. Sobre a questão em si ainda não tenho uma resposta, não trabalhei com o Diego Souza por causa dessa impossibilidade de escalá-lo. Os treinos e jogos vão definir. Posso usar o Erik por dentro ou por fora. É preciso cuidado porque goleiro e centroavante são funções especiais. Se for preciso a gente vai olhar o mercado também, dentro das possibilidades financeiras do clube.

BLOG – Você tem treinado a equipe num 4-1-4-1. Já tem uma formação na cabeça?

EDUARDO BARROCA – Sim, mas até quarta-feira eu vou trabalhar todos com isonomia. Só a partir de quinta eu vou definir o que quero para o jogo contra o São Paulo. Eu tenho treinado comportamentos com os 25 jogadores de linha e mais os três goleiros. Conto com todos.

BLOG – Inclusive com o Léo Valencia, ainda com futuro indefinido?

EDUARDO BARROCA – Claro, se ficar certamente será muito útil à equipe.

BLOG – Em todas as sessões de treinamentos você trabalha finalizações com todos os jogadores de linha. É uma preocupação de fazer o time protagonista ser eficiente nas conclusões e sofrer menos contra defesas bem fechadas?

EDUARDO BARROCA – Há quatro formas no futebol de fazer gols: bola parada, cruzamento, chute de fora da área e infiltração atacando a última linha de defesa do adversário. Então eu tento neste período em que estamos com tempo trabalhar ao menos uma dessas maneiras para criar um repertório amplo e refinado.

Sobre essa questão do protagonismo no jogo eu gostaria de desmistificar algumas ideias que surgem em função do meu passado na base. Não é só posse de bola. Eu posso ter protagonismo pela superioridade no número de finalizações. Eu posso controlar o jogo no campo do adversário pressionando a marcação, mesmo sem a bola. É circunstancial, depende do contexto. Eu estou me adaptando à realidade do Botafogo.

BLOG – As principais equipes do país, com exceção do Grêmio, se sentem mais confortáveis reagindo ao adversário, com menos posse de bola e um jogo mais direto. Como fugir das “armadilhas” de Felipão, Mano, Carille, Abel e Cuca no Brasileiro tendo um elenco com orçamento mais modesto e a vontade de propor o jogo?

EDUARDO BARROCA – Acho que estão criando expectativas erradas em cima do meu trabalho (risos). Me considero inteligente o suficiente para entender que o time precisa de bons resultados no curto prazo. É claro que o cenário ideal é jogar muito bem e vencer. Mas estou trabalhando os jogadores para encontrar soluções para os problemas que os jogos apresentarem.

BLOG – Misturar idealismo e pragmatismo?

EDUARDO BARROCA – Tudo que eu falar antes do time entrar em campo será pouco profundo. O que é idealismo e pragmatismo no futebol? Eu posso ser dominado, por exemplo, pelo São Paulo do Cuca mesmo com 80% de posse de bola. Ou dominar o Palmeiras do Felipão com pressão e velocidade na transição. E o problema pode nem ser o adversário, mas algo que a equipe esteja executando errado ou eu que tenha me equivocado no plano de jogo.

BLOG – O que tem chamado sua atenção no futebol jogado no Brasil e no mundo?

EDUARDO BARROCA – Estou encantado com o sub-20 do São Paulo. O trabalho na base me proporcionou participar de grandes jogos como, por exemplo, a semifinal da Copinha deste ano contra o Vasco. No profissional fui a São Paulo ver a final do Paulista e achei o jogo bom. Aprecio muito o Grêmio do Renato Gaúcho também, principalmente a maneira com que ele escolhe seus jogadores pelo que podem produzir tecnicamente. Lá fora gosto de City, Liverpool, Tottenham, Barcelona, as equipes do Maurizio Sarri…Me identifico com quem procura colocar os melhor em campo e encontrar soluções para que eles produzam um futebol de alto nível.

BLOG – Para terminar, como o Botafogo vai administrar o calendário com Brasileiro e Sul-Americana e qual é a meta hoje pensando no fim do ano?

EDUARDO BARROCA – A ideia é começar da melhor forma possível para ganhar pontos e confiança. Até a pausa para a Copa América teremos seis partidas no Rio de Janeiro das nove que vamos disputar. Três das quatro primeiras (Bahia e Fortaleza no Estádio Nilton Santos e Fluminense no Maracanã). Queremos render o máximo possível e depois adequar os objetivos conforme a evolução da equipe. Obviamente dividindo atenções com a Sul-Americana, que só entra na segunda fase em maio. A meta do Botafogo hoje é largar bem no Brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Diego Souza pode ser útil ao Botafogo, mas Flu não foi o adversário ideal http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/17/diego-souza-pode-ser-util-ao-botafogo-mas-flu-nao-foi-o-adversario-ideal/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/17/diego-souza-pode-ser-util-ao-botafogo-mas-flu-nao-foi-o-adversario-ideal/#respond Mon, 18 Mar 2019 00:34:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6169 Estrear uma contratação de impacto para a realidade do clube em um clássico é sempre interessante, inclusive para atrair a torcida. Nem foi o caso, já que apenas pouco mais de 18 mil foram ao Maracanã para a primeira partida de Diego Souza pelo Botafogo.

Mas para a ideia de encaixe do novo camisa sete na equipe de Zé Ricardo o Fluminense de Fernando Diniz não foi o adversário ideal. Porque este fica com a bola e adianta as linhas. Normalmente sofre com adversários que recuam e aceleram explorando os espaços às costas da defesa que joga avançada.

Exatamente as características do time alvinegro com Kieza na frente contando com a aproximação, sempre em velocidade, de Erik, Luiz Fernando e Rodrigo Pimpão. Assim surpreendeu o Defensa y Justicia na Copa Sul-Americana, mesmo sendo dominado nos dois jogos.

Zé Ricardo optou por uma formação mais segura, com Jean plantado como volante entre duas linhas de quatro e Diego Souza na frente. Erik e Luiz Fernando nas pontas, Alex Santana e Cícero por dentro. Como Gilberto apoia bem aberto pela direita com suporte de Bruno Silva, Luiz Fernando voltava muito. Já Caio Henrique, meia de origem, atacava mais por dentro e criava uma indefinição no trabalho defensivo de Erik, que deixava Marcinho sozinho contra Everaldo.

Foi o sofrimento do Bota no primeiro tempo. Também pela estratégia arriscada de tentar pressionar a saída de um time acostumado a trabalhar com bola no chão. Era sair da pressão e acionar Everaldo em velocidade. Mas, curiosamente, o gol único do primeiro tempo foi criado pelo ponteiro esquerdo tricolor no lado oposto. Corte em Marcelo Benevenuto pela direita e cruzamento para Paulo Henrique Ganso marcar seu segundo gol no novo clube. A mais feliz das 11 finalizações do Flu contra apenas quatro do rival, duas no alvo.

A terceira do Botafogo foi certeira, antes do primeiro minuto da segunda etapa. Quando o time chegou com mais gente no campo de ataque trabalhando a bola. Até Diego Souza servir Alex Santana, que limpou Léo Santos e Gilberto e empatou o clássico que não teria mais mudança no placar.

O Flu terminou com 60% de posse e finalizou mais dez vezes, quatro no alvo. Fazendo do goleiro Gatito Fernández um dos melhores em campo, especialmente na defesa em chute de Luciano livre na área. Ainda que Zé Ricardo tenha melhorado a cobertura no setor direito, o Botafogo teve dificuldades. Justamente porque faltou rapidez nas transições ofensivas. Mesmo com Pimpão na vaga do nulo Luiz Fernando.

Diego Souza lutou, incomodou Matheus Ferraz, Léo Santos e Aírton nas disputas pelo alto e no físico. Efetuou dois desarmes certos, cometeu três faltas e sofreu quatro. Acertou 21 passes e errou três. Não finalizou, mas serviu no gol de sua equipe.

Pode ser útil no que parece mais viável ao Botafogo neste primeiro semestre: as copas, do Brasil e Sul-Americana, e também o início do Brasileiro. Porque a busca do bicampeonato carioca ficou mais difícil com os quatro pontos atrás de Cabofriense e Bangu e os três atrás do Flamengo faltando duas rodadas para o final da fase de grupos da Taça Rio.

Campanha pífia, mas não preocupante. Para o que interessa na temporada a margem de evolução com a nova contratação é interessante. Mesmo em uma disputa pouco confortável e penando com o desentrosamento, Diego Souza acrescentou.

Com o tempo pode somar ainda mais com liderança e sendo um contraponto à correria desenfreada do time de Zé Ricardo. Quando necessário. Não foi o caso do clássico “vovô” no Maracanã.

(Estatísticas: Footstats)

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André Jardine é a nova “vítima” do ciclo vicioso dos jovens treinadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/07/jardine-e-a-nova-vitima-do-ciclo-vicioso-dos-jovens-treinadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/07/jardine-e-a-nova-vitima-do-ciclo-vicioso-dos-jovens-treinadores/#respond Thu, 07 Feb 2019 10:56:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5867 Acontece com frequência: jovem treinador impressiona na base, como auxiliar ou vindo de um clube de menor expressão por seu conteúdo atual e capacidade de montar uma equipe dinâmica, móvel, ágil, normalmente dominante pela posse de bola. Conceitos modernos, ideias interessantes.

Mas chega ou é promovido no grande clube e se depara com a dura realidade do futebol brasileiro: necessidade de resultados imediatos, pouco tempo para treinar e aumento exponencial de visibilidade e cobranças. A solução? Contar com a cumplicidade dos atletas, especialmente os mais experientes. Trazer os “senadores” do vestiário para perto.

Só que para contar com essa união é preciso escalá-los. E no São Paulo reunir Nenê, Hernanes e Jucilei, além de Diego Souza que entra em quase todas as partidas, significa colocar em campo uma equipe lenta e sem profundidade. Ou seja, os conceitos que levaram André Jardine ao time profissional do tricolor do Morumbi e a valorização dos jovens formados no clube deixam de ser prioridade. A gestão de grupo passa a ser o mais importante.

Mas diferente do que se viu em outros casos, os veteranos – exceto Hernanes, que chegou agora – apenas eventualmente entregaram respostas no campo. Nem o começo empolgante aconteceu.

Em Córdoba, depois da chance desperdiçada no primeiro tempo com Bruno Alves e o chutaço de Hudson que o goleiro Ramírez salvou, o São Paulo afrouxou a marcação à frente da própria área e viu o Talleres abrir o placar com Juan Ramírez.

A insegurança e o peso das cobranças sobre um gigante sem conquistas desde 2012 foram desintegrando uma equipe frágil e sem intensidade. A expulsão de Hudson foi a pá de cal antes da tabela na frente da área que Jucilei não chegou e Pochettino fechou os 2 a 0.

Para a “remontada”, o São Paulo terá que subverter a trajetória recente. Com fibra, mas também estratégia. É final para clube e treinador. Difícil imaginar a permanência em  caso de eliminação precoce na Libertadores.

Só que parece tarde para colocar ideias em prática e a gestão de vestiário com solidariedade dos veteranos tem sido insuficiente. A missão no Morumbi é possível, mas bastante complexa.

Se falhar, André Jardine será mais uma “vítima” do ciclo vicioso que vem minando as forças dos jovens técnicos no futebol brasileiro. Um triste cenário que emperra a renovação e empurra a maioria dos grandes clubes para velhas soluções.

 

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Diego Aguirre, Quique Setién e o parâmetro único do futebol brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/12/diego-aguirre-quique-setien-e-o-parametro-unico-do-futebol-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/12/diego-aguirre-quique-setien-e-o-parametro-unico-do-futebol-brasileiro/#respond Mon, 12 Nov 2018 08:57:59 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5499 Aconteceu de novo. Em seu terceiro trabalho no futebol brasileiro, Diego Aguirre sai sem completar uma temporada. No Internacional em 2015, título gaúcho e semifinal da Libertadores. No Atlético Mineiro, final mineira e eliminação nas quartas do torneio continental. Aproveitamento em torno de 60% nos dois clubes.

O mesmo agora no São Paulo. Quando assumiu sucedendo Dorival Júnior, a perspectiva de disputar no Brasileiro uma vaga direta na fase de grupos da principal competição sul-americana parecia distante, improvável.

Mas Aguirre virou refém do próprio sucesso momentâneo. Na volta da competição nacional depois da Copa do Mundo, o Tricolor do Morumbi assumiu a liderança e ficou no topo por oito rodadas. O suficiente para a meta subir demais: o título brasileiro que o clube não conquista desde 2008.

Só que o time vivia fundamentalmente da velocidade de Rojas e Everton pelos lados. Intensidade máxima na ida e volta para compensar o pouco dinamismo de Nenê e Diego Souza, os companheiros de quarteto ofensivo na execução do 4-2-3-1 no melhor momento da equipe no ano. Quando os pontas se lesionaram o time caiu.

Junte a isso toda a tensão pela expectativa criada com as semanas “cheias” para trabalhar, mas dentro de um ambiente de ansiedade total, e veio a queda. Em desempenho e resultados. A perspectiva anterior não servia mais e o diretor Raí agora demite o uruguaio.

Quem lê este blog sabe que não há defesa incondicional de treinadores nem obsessão por manutenção sem avaliar rendimento. É fato que o trabalho não teve a evolução esperada. Mas demitir em novembro? Buscando em André Jardine um “fato novo” para o time buscar vaga no G-4 em cinco jogos? Difícil entender.

Assim como o mundo foi surpreendido com a vitória do Real Betis no Camp Nou sobre o Barcelona, com Messi de volta, por 4 a 3. Com os visitantes disputando a posse de bola com o time catalão e chegando sempre na área adversária com no mínimo três jogadores.

A proposta ultraofensiva, de jogo de posição dentro ou fora de casa, é de Quique Setién. Treinador de 60 anos que veio do Las Palmas na temporada passada e acredita na execução de um modelo de jogo baseado no trabalho coletivo com a bola, pressão logo após a perda e aceleração e infiltração quando se aproxima da área do oponente. Coragem mesmo sem orçamento gigantesco que permita a contratação de grandes estrelas.

Aguirre é pragmático. Ainda que para a cultura brasileira de “em time que está ganhando não se mexe” o hábito de mudar formações e sistemas táticos incomode, ele está mais alinhado ao jogo praticado por aqui: muitos cuidados defensivos e no ataque jogar com espaços ou apostando nos cruzamentos, com bola parada ou rolando.

Já Setién é idealista. Não se importa com placar “roleta russa” e prefere arriscar. Seu time está em 12º lugar em doze rodadas. Quatro vitórias, quatro empates, quatro derrotas. 12 gols a favor, 15 contra. Saldo negativo de três. Só que na Espanha há um conceito mais definido de times grandes, médios e pequenos. Todos sabem seus lugares e perspectivas. Em 2017/18, o Betis terminou na mesma colocação e Setién seguiu no clube. Tem contrato até 2020.

No Brasil, se assumisse um clube grande por sua tradição, mas médio pelo contexto, seria pressionado a montar um time engessado, contrariar seus princípios inegociáveis. Décimo segundo colocado? “Professor Pardal”, “muito conceitinho”, “não conhece a realidade daqui”, etc.

Aguirre nada tem de revolucionário e deixa o Brasil pela terceira vez. No San Lorenzo, ficou de junho de 2016 a setembro do ano seguinte, entregando o cargo após eliminação para o Lanús nas quartas de final da Libertadores. Lá, em geral, há mais paciência.

Aqui só há um parâmetro: o resultado. Puro e simples. Sem análise, contexto…Placar e colocação na tabela. Está na liderança? Tudo perfeito, sem ressalvas ou críticas. “Ótima fase” e vamos atrás dos “segredos” do time e do treinador. O segundo colocado é o primeiro dos últimos e só há alguma valorização se acontece uma campanha de recuperação ou algo parecido. Uma trajetória “de campeão” pelas circunstâncias.

Todos são grandes, ambiciosos, têm que usar o discurso hipócrita de que a meta é a taça para agradar torcedores mimados e insanos. Se conseguir, mesmo com um futebol indigente, é maravilhoso. Se fracassa a porta da rua é o destino inexorável.

Por isso Aguirre parte para provavelmente não voltar tão cedo. Já Setién…bem, se o espanhol conhece a realidade do nosso futebol só deve vir mesmo a passeio. Pior para nós.

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