dybala – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Sarri aposta no “diamante” e a joia Dybala brilha na virada da Juventus http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/22/sarri-aposta-no-diamante-e-a-joia-dybala-brilha-na-virada-da-juventus/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/22/sarri-aposta-no-diamante-e-a-joia-dybala-brilha-na-virada-da-juventus/#respond Tue, 22 Oct 2019 22:16:41 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7466 A gênese da Juventus dominante na Itália tem a assinatura de Antonio Conte e sequência com o longo trabalho de Massimiliano Allegri, com a marca de uma equipe “mutante”, que conseguia se impor na Série A jogando no ataque, com posse de bola, ou apostando em rápidas transições ofensivas. Sem contar as variações táticas, mudando o sistema para dois ou três zagueiros, muitas vezes sem alterar a escalação – ora Barzagli era lateral-zagueiro pela direita, ora Chiellini fazia a mesma função à esquerda.

Maurizio Sarri foi o grande contraponto da “Vecchia Signora” comandando o Napoli, mas sem conseguir traduzir em conquistas a proposta ofensiva e cativante. Precisou partir para a Inglaterra e ganhar a Liga Europa pelo Chelsea para voltar à Itália com moral para suceder Allegri. Na busca do sonho da Champions que fez o clube abrir os cofres por Cristiano Ronaldo, mas também procurando uma mudança na maneira de jogar para vencer além das próprias fronteiras.

Só que a cultura de futebol da Juve, mesmo nos tempos dos esquadrões de Platini e Boniek  nos anos 1980 e Zidane e Del Piero no final dos anos 1990, é de um estilo mais direto, com um “trequartista”, o típico camisa dez, fazendo a bola chegar rapidamente aos atacantes. As ideias de Sarri propõem uma revolução na Juve.

E o elenco da octacampeã italiana também promoveu uma transformação em Sarri neste início de trabalho, ao menos no desenho tático. Desfazendo o 4-3-3/4-2-4 de cabeceira do treinador para chegar a um 4-3-1-2 capaz de não perder a função de “regista” – meio-campista fixo à frente da defesa que comanda a saída de bola e o início da construção das jogadas – que era de Jorginho no Napoli e no Chelsea e agora pertence a Pjanic. E ainda agradar Cristiano Ronaldo, que gosta de formar uma dupla de ataque. Nem ponta, nem centroavante.

E agora o “trequartista” não é mais a grande estrela – primeiro Bernardeschi, Bentancur entrando como titular na terceira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Contra o Lokomotiv trancado em um 5-3-2 compacto que acelerava os contragolpes com Eder, autor do gol do título da Eurocopa de Portugal em 2016, o compatriota João Mário e o russo Miranchuk, autor do gol que abriu o placar no Allianz Stadium. O time russo negava espaços e oportunidades cristalinas ao adversário, fechando muito bem o funil e vigiando Cristiano Ronaldo de perto.

Até Sarri mexer no time sem alterar a estrutura do “diamante” – a outra nomenclatura para o mais popular “4-4-2 em losango” – e trocar Khedira por Higuaín, que foi fazer dupla com o astro português, porém mais na referência. Já Dybala recuou como “trequartista”.

E desequilibrou. Dois gols em três minutos. O primeiro em bela finalização, característica do argentino, e outra no rebote do goleiro brasileiro Guilherme. Para sair dois minutos depois para a entrada de Bernardeschi, retomando um 4-3-1-2 mais clássico, com Rabiot que entrara na vaga de Matuidi pela esquerda. Porque Sarri é ousado e carrega suas convicções, mas sabe fazer concessões se moldando às demandas.

A Juventus, porém, se manteve no ataque até o final. Consolidando o domínio que teve 68% de posse, com 84% de acerto nos passes, e 27 finalizações contra três. Para manter a disputa com o Atlético de Madrid pela liderança do Grupo D que terá a decisão no confronto direto em Turim pela quinta e penúltima rodada.

Provavelmente com a equipe de Sarri utilizando novamente o losango no meio-campo. A dúvida é saber em que função a joia Dybala rende mais. Contra os russos ele brilhou e honrou a função que já foi de Platini, Zidane e Del Piero.

(Estatísticas: UEFA)

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Cristiano Ronaldo está leve, mas terá que carregar a Juventus na Champions http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/02/cristiano-ronaldo-esta-leve-mas-tera-que-carregar-a-juventus-na-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/02/cristiano-ronaldo-esta-leve-mas-tera-que-carregar-a-juventus-na-champions/#respond Wed, 02 Jan 2019 03:18:08 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5704

Foto: Oli Scarff

Observando algumas jogadas de Cristiano Ronaldo na Juventus é possível ter a impressão de que entramos em uma máquina do tempo e retornamos a 2007 ou 2008. Solto, partindo para cima, arriscando lances de efeito e abusando das pedaladas, o dono de cinco prêmios de melhor do mundo lembra a época do primeiro, ainda no Manchester United.

Se fora de campo o português tinha alguns motivos para deixar Madrid e segue com uma questão pessoal séria a resolver (e nada tem a ver com esta análise), dentro é nítido que a mudança de ares está fazendo muito bem ao atacante. Sem o peso de ser a estrela do Real Madrid e a obrigação de duelar com Messi nos números, Cristiano Ronaldo está mais focado em jogar bem do que fazer gols. Ainda que seja o artilheiro do Campeonato Italiano com 14.

É evidente que a notável superioridade da atual heptacampeã na liga colabora. O trabalho de Massimiliano Allegri está mais do que assimilado pela base da equipe e o novo camisa sete chegou para dar peso e ainda mais eficiência, sem contar o aumento exponencial da visibilidade mundial. A distância aumentou. Não por acaso a campanha invicta com 17 vitórias e dois empates. 93% de aproveitamento e nove pontos de vantagem sobre o Napoli, segundo colocado.

Allegri contribui para que Cristiano Ronaldo se sinta à vontade adaptando a ele a dinâmica ofensiva. O craque sempre deixou claro que prefere atuar em um trio ofensivo, partindo da esquerda para dentro, porém com liberdade para se movimentar. Mandzukic é o centroavante do “trabalho sujo”, como Benzema fazia no Real. Fica no centro do ataque, mas não é a referência. Dybala parte da direita, mas como articulador, se juntando ao trio de meio-campistas na criação.

Apesar da liderança na tabela de goleadores, ainda falta a Cristiano Ronaldo uma sintonia fina com os companheiros na preparação das jogadas para facilitar as conclusões do atual “gênio da grande área”. Ele usa sua inteligência rara para se desmarcar e facilitar o passe, mas os companheiros ainda não entendem os movimentos como compreendiam Benzema, Isco, Bale, Asensio, Modric, Kroos…Questão de tempo.

O grande desafio mesmo do renovado Cristiano Ronaldo é a Liga dos Campeões. Ainda que afirme que não está obcecado por prêmios individuais, ele sabe que fora do Real Madrid para voltar a concorrer por The Best e Bola de Ouro só vencendo e sendo protagonista no torneio continental.

A missão, porém, não é simples. A Juventus vem de duas derrotas em decisões contra Barcelona (2015) e Real Madrid (2017) e a atual geração, mesmo sobrando no próprio país, não consegue conquistar o título sonhado desde 1996, o segundo da história do clube. Tantos reveses seguidos nos últimos anos deixaram sequelas.

Cristiano Ronaldo viveu já na primeira fase uma experiência traumática. Sem consequências graves, já que não impediu a primeira colocação do Grupo H, mas sem dúvida uma prova de que a mentalidade vencedora nos jogos contra os rivais italianos tem suas oscilações nas disputas continentais.

Partida no Juventus Stadium pela quarta rodada. Uma atuação segura por 85 minutos, com direito a golaço de Cristiano Ronaldo, duas bolas nas traves do goleiro De Gea e 21 finalizações, que parecia construir vitória tranquila sobre o Manchester United de José Mourinho. Tudo ruiu em pouco mais de cinco minutos.

Aos 40, falta tola sobre Pogba, gol de Juan Mata. O suficiente para silenciar o estádio e descoordenar mentalmente um time que parecia ter como missão apenas administrar a vantagem diante de um oponente totalmente desorganizado, atacando na base do “abafa”. Outra jogada área, enrosco e gol contra de Alex Sandro. Um revés inacreditável.

Ser derrotado na fase de grupos da Champions não significa mau presságio para CR7. Pelo contrário. Na campanha do tri, o time merengue foi superado por Borussia Dortmund e Tottenham, mas se impôs no mata-mata, quando, de fato, vira outra competição. Mas na Juve teve um peso diferente. Ficou o alerta.

O sorteio não foi lá muito “generoso”. Ainda que carregue também seus traumas recentes no torneio, o Atlético de Madrid é forte mentalmente e igualmente organizado. Se construírem uma vantagem, mesmo mínima, no Metropolitano os comandados de Diego Simeone jogarão uma enorme pressão sobre a Juventus para a volta em Turim.

Cristiano Ronaldo precisará mostrar suas credenciais de “Sr. Champions” e também de “carrasco” do Atlético. Até lá terá tempo para se entrosar ainda mais com os novos companheiros e se colocar como um líder técnico. Alguém capaz de mudar o clube de patamar no continente. Mesmo com um discurso mais sereno e menos focado em recordes, eis a razão fundamental para o investimento da “Vecchia Signora”.

Com quase 34 anos, as metas do atacante seguem altas. Lembram as do jovem de dez anos atrás em Manchester. Voando, arriscando e sonhando alto. Mas mesmo leve, terá que carregar seu novo time na Liga dos Campeões. Não é pouco.

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Por que a transição de CR7 do Real Madrid para a Juventus não é tão simples http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/02/por-que-a-transicao-de-cr7-do-real-madrid-para-a-a-juventus-nao-e-tao-simples/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/02/por-que-a-transicao-de-cr7-do-real-madrid-para-a-a-juventus-nao-e-tao-simples/#respond Mon, 03 Sep 2018 02:26:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5153

Foto: Twitter/JuventusFC

Cristiano Ronaldo saiu da zona de conforto ao trocar o Real Madrid pela Juventus. Ou para fugir do desconforto de lidar com Florentino Pérez, uma torcida saturada de títulos e, por isso, exigente demais até com o maior artilheiro da história do clube. Ou só para escapar dos altos impostos mesmo.

Mas não deixa de ser um movimento interessante aos 33 anos. Até porque a fome continua a mesma, assim como a indignação nas derrotas – inclusive as individuais, como a perda do prêmio de melhor da Europa para Luka Modric que fez com que ele sequer comparecesse à cerimônia.

Só que não é uma transição fácil. Porque Cristiano Ronaldo estava totalmente inserido em uma mecânica de jogo desenvolvida e aprimorada em cinco anos, com um breve hiato sob o comando de Rafa Benítez entre Carlo Ancelotti e Zinedine Zidane.

O camisa sete se entendia no olhar com Benzema, Marcelo, Modric e Bale. Companheiros desde a primeira conquista da Liga dos Campeões em 2013/14. Praticamente a mesma formação no tricampeonato continental. Escalação igual nas duas últimas finais, algo inédito na história da competição.

Zidane acertou demais ao apostar na repetição, nos movimentos coordenados, no jogar “de memória”. Tudo moldado desde o início para Cristiano Ronaldo ser a estrela. Se ele prefere jogar em dupla na frente com liberdade de movimentação, ora infiltrando em diagonal, ora se posicionando como referência, era assim que o ataque funcionava.

Ele pode não ser o mais talentoso ou genial, mas certamente é o atacante mais inteligente do futebol atual. Posicionamento, desmarque, movimentação. Tudo para estar no lugar certo no momento exato e dar o toque decisivo. Funciona ainda melhor quando os companheiros conhecem os gestos nos detalhes.

É o que falta à equipe de Massimiliano Allegri. Adicione a ansiedade do craque para marcar e dos companheiros para serví-lo depois de três partidas, mesmo com 100% de aproveitamento nos resultados, e o time perde o mais importante para fazer tudo fluir: a naturalidade.

Por enquanto, Cristiano Ronaldo é um corpo estranho. Allegri tenta ajudar colocando Mandzukic, atacante de ofício com perfil parecido com o de Benzema: presente na área adversária, mas habituado ao papel de coadjuvante. Assim não deixa o CR7 isolado como referência na frente auxiliado por Dybala e Douglas Costa, como era o plano original.

Como sempre, ninguém pode acusá-lo de omissão. Corre, luta, contribui coletivamente e já demonstra sinais de liderança junto aos companheiros. Interesse em evoluir rápido também não é problema, já que deixou até a seleção portuguesa em segundo plano e ficou fora dos primeiros amistosos para se dedicar integralmente ao novo clube. Falta o que deve vir com o tempo: sintonia fina, adaptação ao futebol jogado na Itália e o primeiro gol. Cristiano já passou por “secas” no Real, mesmo com tudo a favor. Mas quando a bola começa a entrar…

Bom lembrar que a primeira temporada na Espanha (2009/10) não foi das mais bem sucedidas. Lesão, expulsão, apenas 35 jogos com 33 gols, sem títulos e eliminação nas oitavas de final da Liga dos Campeões para o Lyon. Agora, nove anos mais velho e com expectativas ainda mais altas, fica ainda mais complexo.

São poucas partidas oficiais e a Champions, especialidade do português, nem começou. A pressão é normal com os olhos do planeta voltados para o vencedor dos últimos dois prêmios de melhor do mundo e detentor de cinco no total, que pode virar seis em breve se a FIFA seguir a tendência dos últimos anos e não os critérios da UEFA.

Não é simples. Mas parece questão de tempo para o maior jogador europeu de todos os tempos começar a fazer história nos campos da Itália.

 

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Onde há fome de Champions, lá está Cristiano Ronaldo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/onde-ha-fome-de-champions-la-esta-cristiano-ronaldo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/onde-ha-fome-de-champions-la-esta-cristiano-ronaldo/#respond Wed, 11 Jul 2018 10:05:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4901

Foto: Divulgação/ Juventus

O fim da relação entre Cristiano Ronaldo e Real Madrid é a prova de que até os casamentos mais bem sucedidos passam por desgastes. Os mortais, os comuns normalmente aceitam uma vida sem o desafio da conquista diária. Colocam outras vantagens, inclusive a estabilidade e a ciência das virtudes e defeitos da parceria.

Não para Florentino Pérez, certamente incomodado pela falta de negociações nas últimas janelas de transferências por conta da sede de entrosamento e sintonia de Zinedine Zidane. Bi da Liga dos Campeões repetindo a escalação em duas finais, algo inédito. Mais ainda para um clube comprador e um presidente viciado em times galácticos.

Muito menos para o CR7. Competitivo em tudo. Quer sempre o topo. Dos prêmios individuais, da artilharia, entre os mais bem pagos. Também quer ser amado. E os aplausos da torcida na Arena Juventus depois de seu gol antológico de bicicleta certamente pesaram na hora de escolher a Juventus. Ainda que seja um negócio de 105 milhões de euros por um jogador de 33 anos.

Ou melhor, um atleta. De força inesgotável, foco inigualável. Treinamento, alimentação, repouso, força mental. Tudo cuidado com profissionalismo, sem concessões. Gestão de carreira impecável. Para seguir no mais alto nível até quando for possível – e como é difícil imaginar até quando isto vai durar com tamanha disciplina e uma estupenda mentalidade vencedora.

Acima de tudo, para continuar vencendo o principal torneio de clubes do planeta. O grande trunfo na disputa pelo prêmio de melhor do mundo. Está claro que Cristiano Ronaldo quer desenhar uma história única na Champions. Ser o maior vencedor e por clubes diferentes para que ninguém duvide que a força está com ele, não com o time. Ainda que o atacante cada vez mais dependa dos companheiros para decidir com sua ímpar capacidade de concluir as jogadas.

Mesmo para o gigante Real Madrid de 13 títulos será difícil manter o espírito competitivo depois de um tricampeonato. O tetra pode até vir, mas em um elenco renovado, com protagonistas querendo acrescentar a conquista no currículo. Com Ronaldo ficaria a impressão de uma fé no “piloto automático” que não existe no mais alto nível.

Foi assim na saída do Manchester United sem forças para rivalizar com o Barcelona de Guardiola e Messi e já caminhando para o fim da Era Alex Ferguson. Na época, o Real estava há sete temporadas sem vencer a Champions e encarava uma sequência de eliminações nas oitavas de final. Ele chegou e reescreveu a história.

Agora a escolha do português não podia ser melhor. A Juventus rica e estruturada, mas já saturada de conquistas nacionais com um hepta da Série A italiana vai focar tudo na Liga dos Campeões que não conquista desde 1996. A presença de Ronaldo e toda a visibilidade embutida aumentam o poder de atrair outros talentos, incluindo colegas de Real. Difícil até vislumbrar uma formação titular de Massimilano Allegri com a nova estrela.

É óbvio que é impossível prever se haverá química entre craque, clube e companheiros. Os títulos podem demorar um pouco, como aconteceu em Madri. A saída de Buffon é baixa importante, na história e no vestiário. Mas em tese a presença de alguém tão vencedor vai estimular o crescimento de todos, especialmente Dybala. Falta ao argentino de 24 anos a chama que sobra no maior artilheiro da história da seleção portuguesa e do Real Madrid.

Para quem ama o esporte, fica o “luto” pelo fim da maior rivalidade local de todos os tempos entre gênios de uma mesma época. Messi e Cristiano Ronaldo disputando a mesma liga nacional com dois duelos garantidos por temporada em gigantes como Barcelona e Real Madrid. Um roteiro de filme. Acabou. Pelo menos não haverá remorso de quem curtiu cada embate sem a preocupação de ficar desqualificando um para exaltar o outro.

Buffon partiu lamentando que o CR7 tivesse encerrado por duas vezes o sonho continental da Velha Senhora. Agora o gênio da grande área do século 21, de impressionantes 451 gols em 438 jogos no time merengue vai se testar em Turim. Porque onde há fome de Champions, lá está Cristiano Ronaldo.

 

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Camisa pesa, sim! É o clichê do qual não podemos fugir http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/08/camisa-pesa-sim-e-o-cliche-do-qual-nao-podemos-fugir/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/08/camisa-pesa-sim-e-o-cliche-do-qual-nao-podemos-fugir/#respond Thu, 08 Mar 2018 09:38:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4239

Este que escreve aprendeu com os mestres amigos e os da sala de aula que no texto jornalístico devemos fugir dos clichês. O senso comum evitado ao máximo na afirmação de um estilo de escrita ou comunicação.

Mas com o tempo de ofício uma pergunta sempre ronda essa busca: se narramos ou analisamos acontecimentos sobre pessoas e estas costumam se agarrar a clichês, crendices e superstições como podemos desprezar a existência destes?

A história do futebol apresenta questões subjetivas, baseadas em acontecimentos eventuais, mas tratadas como regras não escritas. Capazes de interferir na disputa e ajudar na definição de vencedores e vencidos.

O “peso da camisa” é um exemplo clássico. Longe de garantir resultado, mas que no campo pode pesar se o contexto favorecer. Uma ideia que resume eventos importantes dentro de uma partida.

Como a vivência de um clube em jogos grandes, o histórico de momentos em que se agigantou e subverteu a lógica, a capacidade de no primeiro sinal de reação instalar medo no rival com menos tradição ou o respeito que impõe só pelo que representa.  Até mesmo diante da arbitragem. Afinal, na dúvida qual clube terá mais poder de prejudicar o apitador e sua equipe em caso de erro?

É óbvio que esses fatores têm mais relevância se os desempenhos são equivalentes ou não há uma disparidade na verdade do campo. Como nos 180 minutos entre Real Madrid e PSG. Valeu mais a qualidade e a maturidade da equipe bicampeã da Europa.

Na prática, porém, podem influir, sim, na força mental dos times. Porque jogadores e torcedores, em geral, acreditam nesta espécie de “força estranha” que se mistura com toda a loucura e falta de lógica do jogo.

Como na virada da Juventus em Wembley sobre o Tottenham por 2 a 1 pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Primeiro tempo dominado e controlado pelo time londrino com o gol do sul-coreano Son e outras oportunidades. Organização e volume ofensivo mantendo a torcida quente no estádio.

Mas bastou a equipe italiana mostrar solidez para o Tottenham nitidamente ter sua confiança abalada, dentro e fora de campo. As jogadas de Eriksen e Dele Alli passaram a não acontecer com frequência, Harry Kane ficou isolado e o time de Mauricio Pochettino nitidamente se abateu com a pressão de um jogo deste tamanho. A torcida virou plateia. Silenciosa.

Empate com Higuaín. Com o golpe final três minutos depois, no contragolpe letal construído pelo pivô de Higuaín que encontrou Dybala livre, restou ao Tottenham o desespero. Que podia até ter acabado no empate que levaria à prorrogação na bola na trave de Buffon já nos acréscimos. Talvez a história contada fosse outra.

É óbvio que Massimiliano Allegri foi feliz nas substituições, especialmente a entrada de Lichtsteiner no lugar de Benatia e Barzagli sendo deslocado para fazer dupla com Chiellini na zaga. Com o lateral, o time ganhou um escape pela direita e companhia para Douglas Costa na execução do 4-4-1-1 que não havia até então. Ainda assim, o brasileiro, que cumpriu boa atuação, sofreu pênalti claro ignorado pela arbitragem na primeira etapa.

Com o melhor rendimento, o gigante italiano se impôs especialmente pela tradição na Liga dos Campeões. Ainda que com apenas duas conquistas em nove finais, a história é muito maior que a do Tottenham, cuja melhor campanha na competição foi o terceiro lugar em 1962, bem anterior à fase Champions. Mais ainda da geração da Velha Senhora que vem de duas decisões em três temporadas. A trajetória dos Spurs de Kane é de “pato novo”. Faz diferença. Fez.

Por maior que seja a resistência à ideia, a camisa pesou. Entortou varal, como se costuma dizer. Acontece. E não dá para fugir deste clichê. Porque os grandes agentes do esporte se permitem afetar por isto. Para o bem e para o mal.

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Juventus soberana! Porque não há trio MSN que salve o Barça dos elos fracos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/04/11/juventus-soberana-porque-nao-ha-trio-msn-que-salve-o-barca-dos-elos-fracos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/04/11/juventus-soberana-porque-nao-ha-trio-msn-que-salve-o-barca-dos-elos-fracos/#respond Tue, 11 Apr 2017 20:38:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2539 O Barcelona jogou mais em Turim do que em Paris. Messi procurou a bola, criou espaços, não se entregou ao forte bloqueio do adversário. Desta vez foi que mais tentou, já que Neymar ficou encaixotado entre Daniel Alves e Cuadrado, sem um apoio qualificado pela esquerda com a ausência de Jordi Alba.

Já Suárez na maior parte do tempo teve que encarar simplesmente Bonucci, Chiellini e Buffon. Goleiro que salvou o gol de empate na primeira etapa no lampejo de Messi que achou Iniesta completamente livre na área. Com 3 a 0 na segunda etapa, negou o gol a Suárez.

Raros lampejos de um time que ao longo da temporada, em jogos duros fora de casa, sempre pareceu mais próximo de sofrer gols do que ir às redes. Simplesmente porque o time catalão, trio MSN à parte, é hoje uma equipe de “elos fracos”.

A ideia é do livro “Os Números do Jogo”, de Chris Anderson e David Sally. Ou seja, a disputa normalmente é definida mais pelas limitações do que pelas virtudes.E como este Barça é frágil…

Ainda mais sem Busquets, suspenso, e com Mascherano perdido à frente da defesa, como se ainda não atuasse como volante na seleção argentina. Pensando como zagueiro e deixando espaços generosos para Dybala fazer os dois primeiros gols em belas finalizações do primeiro tempo.

Depois, já como zagueiro com a saida de Mathieu para a entrada de André Gomes depois do intervalo, hesitou no bloqueio a Chiellini no terceiro gol.

Mas não só ele. Sergi Roberto improvisado, Mathieu, um Rakitic longe do melhor momento, André Gomes…Mesmo Iniesta, com a categoria intacta, mas com um notável decréscimo de intensidade. Sem contar os problemas coletivos de um time que se habituou a entregar a bola para seus três talentos.

O resultado prático é um Barcelona com 65% de posse de bola, 88% de efetividade nos passes e 13 finalizações, uma a menos que a “Vecchia Signora”. Só que oito no alvo dos italianos e apenas duas dos visitantes. Só um par de oportunidades cristalinas.

Porque a Juve errou pouco e deu uma aula de leitura de jogo e inteligência tática. No 4-4-2 montado por Massimiliano Allegri que defendia com todos no próprio campo, havia dois laterais brasileiros formados como alas que aprenderam na Europa a jogar como defensores (Daniel Alves e Alex Sandro), um centroavante aberto à esquerda muitas vezes formando com a defesa uma linha de cinco (Mandzukic). Nenhum “volantão” à frente da defesa, os dois centralizados marcando e jogando (Pjanic e Khedira).

Muita concentração defensiva e qualidade e rapidez nas transições ofensivas. A Juventus jogou a vida em sua arena e foi soberana. O Barcelona precisa de muita inspiração do seu tridente sul-americano. Mais complicado diante de rivais tão atentos na retaguarda.

Pior ainda quando um clube milionário é tão infeliz nas contratações e enche o elenco de “elos fracos”. Alguns circunstanciais, por mau momento, mas outros que eram tragédias anunciadas. Quase sempre Luis Enrique precisa de dois ou três deles.

Em um confronto de quartas-de-final de Liga dos Campeões, com tanto em jogo, costuma ser fatal. O talento, o acaso e a arbitragem compensaram no Camp Nou contra o PSG. A Juventus fez um gol a menos, mas tem camisa, cultura defensiva de sua escola e, em especial, o exemplo das oitavas para impedir uma nova remontada.

 

 

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