ernestovalverde – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Setién, o “cruyffista” para resgatar mais a coragem que o DNA do Barcelona http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/14/setien-o-cruyffista-para-resgatar-mais-a-coragem-que-o-dna-do-barcelona/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/14/setien-o-cruyffista-para-resgatar-mais-a-coragem-que-o-dna-do-barcelona/#respond Tue, 14 Jan 2020 16:58:40 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7827

Foto: Reuters

Quando Luis Enrique conseguiu repetir em 2014/15 o feito de Pep Guardiola e, em sua primeira temporada como treinador do Barcelona, alcançou a tríplice coroa com os títulos de La Liga, da Copa do Rei e da Liga dos Campeões, além do tridente ofensivo sul-americano formado por Messi, Suárez e Neymar, chamava atenção as mudanças no estilo de jogo da equipe.

A titularidade de Ivan Rakitic, colocando a bandeira Xavi Hernández no banco de reservas, apontava uma busca por mais intensidade e jogo vertical. As marcas da escola do clube ainda estavam lá, porém com um pouco mais de rapidez na decisão das jogadas e também organização defensiva para, se fosse o caso, jogar em velozes transições na frente. A bola chegando rapidamente a Messi, que acionava Suárez e Neymar ou partia para decidir sozinho cortando da direita para dentro.

Foi a consolidação da variação do 4-3-3 para o 4-4-2, repetindo o que Carlo Ancelotti fizera no Real Madrid na temporada anterior. No time merengue, o objetivo era liberar Cristiano Ronaldo. Na equipe catalã, Messi era quem ganhava liberdade. Rakitic abria pela  direita e Neymar recuava à esquerda, formando a segunda linha de quatro com Busquets e Iniesta.

Ideia mantida por Ernesto Valverde quando assumiu a equipe em 2017 vindo do Athletic Bilbao. Com Messi mais velho, menos participativo fisicamente, porém muito influente nas ações de ataque, qualificando passes e aprimorando finalizações. Gradativamente, a ideia de um Barcelona pragmático e letal nos contragolpes com o argentino e Suárez na frente foi ficando cada vez mais sedutora.

Também problemática, já que a posse de bola foi se tornando inócua, a transição ofensiva mais lenta e a intensidade diminuindo, justamente na contramão do futebol mundial. Jogadores como Piqué e Busquets tentam compensar na técnica e na experiência, mas em algumas partidas são atropelados fisicamente. As derrotas com eliminações para Roma e Liverpool nas últimas duas edições da Liga dos Campeões deixaram isso bem claro.

Justamente os reveses que pesaram contra Valverde e a derrota de virada por 3 a 2 para o Atlético de Madrid na semifinal da Supercopa da Espanha foi apenas a gota d’água de uma relação que já vinha se deteriorando. Apesar dos bons números – 74% de aproveitamento com 97 vitórias, 32 empates e 16 derrotas – e os dois títulos espanhois e um da Copa do Rei.

A condução da demissão não foi das mais corretas, com o clube admitindo publicamente o contato com Xavi Hernández no Catar e Valverde comandando o treinamento na segunda-feira para depois ser comunicado. Mas o fim de ciclo era nítido. Porque o Barcelona tinha perdido praticamente toda a essência, tudo que transformou a equipe em sinônimo de conquistas e também entretenimento.

O que Johan Cruyff aprendeu com Rinus Michels, seu treinador no Barcelona e na seleção holandesa, e passou para Pep Guardiola. Ainda influenciou tanta gente pelo mundo. Como Quique Setién, treinador de 61 anos que chega sem títulos no currículo, porém carregando as convicções que foram a linha mestra do Barça: controle pela posse de bola e a inegociável proposta de jogar voltado para o ataque.

Um “Cruyffista” incorrigível. Ciente das novas responsabilidades, mas seguro. Como deixou claro na coletiva de apresentação: “Sempre escuto a todos, mas é difícil de me tirar coisas da cabeça, se estou convencido. E todos sabemos como jogam minhas equipes. Sou o primeiro a defender meu time e morrer com minhas ideias”.

Seus trunfos para ser lembrado por um gigante global foram o sexto lugar na liga espanhola do Real Betis em 2017/18 e uma vitória por 4 a 3 sobre o próprio Barcelona no Camp Nou. Jogando olho no olho, duelando pela posse de bola e atacando. A ponto de receber de Busquets uma camisa autografada e com elogios à “maneira de ver o futebol”. Com a coragem que faltou ao time de Valverde em momentos cruciais.

A mensagem é clara: quem tem o melhor jogador do mundo não pode se acovardar. Como no vídeo que viralizou do comportamento dos jogadores do time blaugrana no intervalo em Anfield dos trágicos 4 a 0. Perdendo por apenas 1 a 0, ainda com vantagem por ter vencido na ida por 4 a 1, e depois de um primeiro tempo relativamente equilibrado, o semblante dos jogadores era de fracasso inevitável. Com Jordi Alba chorando pela falha no gol de Origi. Inacreditável. E Valverde foi incapaz de transmitir confiança e fazer o time atacar para voltar a se impor no confronto.

O Barcelona sinaliza uma volta às raízes, ao DNA, à sua escola de futebol. Mas não é só isso, nem pode. Até porque o próprio Guardiola, que neste século simbolizou esse estilo, já trata aquele time lendário da virada da década passada como algo datado, revisto. Que Luis Enrique atualizou. Que Valverde primeiro estagnou, depois fez retroceder.

Com Setién se espera diversão e gols, mas, principalmente, a vontade inquebrantável de atacar. De “morrer atirando”, se for o caso. Não se resumir a Messi, que já é muito. Mas não o suficiente diante do que o Barça simboliza para o mundo. Reconquistar a Champions é importante, mas trazer de volta o brilho nas retinas de quem ama o futebol do clube é que é fundamental. O que marca a alma.

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Barcelona precisa de um Zidane, Real Madrid de um Messi http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/barcelona-precisa-de-um-zidane-real-madrid-de-um-messi/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/barcelona-precisa-de-um-zidane-real-madrid-de-um-messi/#respond Fri, 10 Jan 2020 11:18:17 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7813

Foto: Instagram / Zidane

A final da Supercopa da Espanha será entre Real Madrid e Atlético de Madri. A competição que tem como objetivo reunir os campeões da liga e da Copa no país, justamente no primeiro ano em um novo formato, terá o dérbi da capital da Espanha, deixando de fora Barcelona, vencedor de La Liga, e Valencia, campeão da Copa do Rei.

Uma espécie de “punição” para um torneio que ganhou caráter estritamente comercial: colocou mais um jogo no calendário dos finalistas, foi disputado na controversa Arábia Saudita e tinha como claro objetivo forçar a realização de mais um superclássico na temporada. Novamente a equipe de Diego Simeone foi a “intrusa” para atrapalhar os planos. E tudo isso sem estádios lotados. Bem feito.

Mas a competição serviu para reforçar impressões sobre os dois gigantes do futebol globalizado que têm visto suas equipes, depois de um domínio mais nítido entre 2014 e 2018, perderem competitividade no mais alto nível. Algo que sempre tem impacto em suas marcas. Afinal, os dois não trabalham e investem para ver o Liverpool ostentar o poder de melhor time da Europa e do planeta.

O Barcelona escancara de vez a necessidade de um treinador com mais ideias que Ernesto Valverde. O time catalão muda peças, mas não consegue sair da variação do 4-3-3 para o 4-4-2 no sistema tático, da fragilidade defensiva por conta da baixa intensidade na pressão logo após a perda da bola e do espaçamento entre os setores e, finalmente, da dependência excessiva de Lionel Messi para criar no ataque.

Valverde coloca Arturo Vidal na função sacrificante de meio-campista pela direita no Barça. Precisa ajudar o lateral na recomposição e também nas ações ofensivas, ainda preencher o meio quando o time é atacado do lado oposto e aparecer na área para finalizar. Não há quem aguente.

E foi justamente no esgotamento físico por jogar desorganizado, e também perder chances ao longo da partida, que o time blaugrana acabou levando a dura virada. Depois de sair atrás no gol de Koke e virar com Messi e Griezmann. Morata, de pênalti, e Correa, no contragolpe, definiram a vaga na decisão espanhola.

Contra o Real Madrid, que superou o Valencia no dia anterior por 3 a 1. Em um inusitado 4-3-2-1 que preencheu o meio-campo por conta das ausências de Hazard, Benzema e Bale e da opção de Zinedine Zidane por deixar os jovens brasileiros Rodrygo e Vinicius Júnior na reserva.

Casemiro, Valverde e Kroos no tripé e Modric e Isco com mais liberdade para se aproximar de Jovic. Os laterais Carvajal e Mendy abriam o campo e buscavam a linha de fundo, enquanto os meias se procuravam no meio para articular. Novamente com o ótimo uruguaio Federico Valverde se apresentando como opção pela direita e também de infiltração. Com 21 anos, é quem coloca intensidade em um setor envelhecido.

Mas ainda capaz de lances geniais, como na cobrança de escanteio pela esquerda de Toni Kroos que surpreendeu o goleiro Doménech no gol olímpico. Também no lindo toque de três dedos de Luka Modric fechando o placar. Parejo marcou de pênalti para o atual campeão da Copa do Rei e Isco encerrou um jejum de 23 partidas sem ir às redes.

Mais uma prova da versatilidade de Zinedine Zidane, que alterna sistemas e propostas buscando sempre a melhor solução para sua equipe. Talvez a “árvore de Natal” consagrada no Milan por Carlo Ancelotti, referência como treinador do francês que foi auxiliar do italiano no próprio Real, possa ser usada no futuro, mesmo com o retorno dos titulares. Com Isco e Hazard articulando atrás de Benzema.

Em qualquer cenário, a carência do time merengue, apesar dos resultados consistentes na temporada e de uma invencibilidade que chega a 15 partidas, continua sendo de um talento realmente desequilibrante no mais alto nível. Que faltou, por exemplo, no empate sem gols contra o Barcelona no Camp Nou para consolidar no placar a superioridade nos 90 minutos. Um extraclasse para garantir vitórias e taças. O que era Cristiano Ronaldo.

O que é Messi no Barça. E seria ainda mais se tivesse uma equipe forte para suportá-lo. Falta um grande treinador ao Barça. Falta um Zidane, que teria um Real ainda mais poderoso se contasse com um gênio como o argentino. Nesse vácuo, o Atlético pode surpreender nesta estranha final no domingo.

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700 jogos pelo Barça é feito raro, mas difícil mesmo é jogar um como Messi http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/27/700-jogos-pelo-barca-e-feito-raro-mas-dificil-mesmo-e-jogar-um-como-messi/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/27/700-jogos-pelo-barca-e-feito-raro-mas-dificil-mesmo-e-jogar-um-como-messi/#respond Wed, 27 Nov 2019 22:24:34 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7639 Ernesto Valverde deveria pagar parte de seu salário como treinador do Barcelona para Lionel Messi. Porque depender de um dos maiores de todos os tempos é natural. Mas hoje o time catalão só existe como equipe se o gênio argentino estiver em campo.

Em um grupo de Liga dos Campeões que poderia se apresentar complicadíssimo, com Internazionale e Borussia Dortmund, ele descomplica tudo com uma naturalidade surreal. Nos 3 a 1 sobre os alemães no Camp Nou, um gol, assistências para Suárez e Griezmann e um repertório que parece ilimitado de dribles, passes e finalizações. Uma cobrança de falta no travessão de “bonus”.

O Dortmund contribuiu deixando muitos espaços entre os setores e Witzel com baixa intensidade para a missão de negar as brechas que Messi usa para pulverizar os adversários. Centralizado ou partindo da direita para dentro. E aí é covardia. Para o espetáculo, o time alemão contribuiu com um golaço de Jason Sancho completando assistência de Brandt. O ponteiro inglês ainda carimbaria o travessão de Ter Stegen nos minutos finais.

Messi novamente foi a diferença. Em sua 700ª partida com a camisa blaugrana. Agora só ficando atrás de Xavi Hernández, com 767. Sem dúvida, uma grande marca. Rara. Ainda mais se considerarmos os 613 gols e as 237 assistências. Média de participação em 1,21 gol por jogo. Coisa de extraterrestre.

Mais difícil, porém, é fazer um jogo como Messi. Cada vez mais transformando simplicidade em arte.

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Messi continua mascarando a mentira que é o Barcelona de Valverde http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/23/messi-continua-mascarando-a-mentira-que-e-o-barcelona-de-valverde/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/23/messi-continua-mascarando-a-mentira-que-e-o-barcelona-de-valverde/#respond Wed, 23 Oct 2019 21:29:23 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7473 Lionel Messi se lesionou na pré-temporada, recuperou, voltou a se contundir e o Barcelona mostrou toda sua dependência ao ficar temporariamente de fora da zona de classificação para a Liga dos Campeões no Espanhol e, com Messi saindo do banco, empatou sem gols com o Borussia Dortmund na estreia do torneio continental. Também foi derrotado pelo Granada por 2 a 0. Voltou desde o início na virada sobre a Internazionale, marcando o gol da vitória, mas voltou a se contundir na vitória sobre o Villareal por 2 a 1.

Retorno na goleada sobre o Sevilla (4 a 0) e, enfim, uma sequência contra Eibar (3 a 0) e os 2 a 1 sobre o Slavia Praga. Vitórias como visitante que restabelecem a verdade, ou a realidade, do Barça na temporada. É líder de La Liga e também do duro Grupo F da Champions. Com gols em todas as partidas do gênio e atual The Best da FIFA. Já tem três gols e o mesmo número de assistências em cinco aparições desde o início.

Impressionante como o camisa dez consegue mascarar a mentira que é a equipe comandada por Ernesto Valverde já há duas temporadas. Mesmo com Frenkie De Jong reoxigenando o meio-campo na função que era de Rakitic: o meia pela direita que dá suporte ao lateral direito atacando e defendendo para dar liberdade a Messi.

Griezmann tenta se readaptar ao lado esquerdo, se sacrificando até no retorno para ajudar Jordi Alba na recomposição. E os veteranos Piqué, Busquets e Suárez oscilam e muitas vezes comprometem a intensidade em alto nível, além de Messi que participa pouco sem a bola.

Mas com ela o argentino segue fazendo a diferença. Ou carregando o time nas costas mesmo. Recua, pensa, articula, arranca, serve ou finaliza. Várias vezes no jogo, ainda que não tenha alcançado a excelência do “padrão Messi”. Por mais que se entenda que uma equipe dependa do talento de um dos melhores da história do esporte, Valverde poderia fazer mais e melhor.

O Barcelona sofre mais do que poderia com o potencial de seu elenco, inclusive em Praga contra o time mais fraco do grupo – em mais um lamentável caso de racismo contra Semedo e ameaças ao colega Marcelo Bechler no estádio. Menção honrosa a Ter Stegen, outro que vem compensando os muitos problemas coletivos com defesas espetaculares. E o conservadorismo de Valverde fez o jovem Ansu Fati perder o espaço que ganhou com desempenho no campo. Difíci entender.

Só não é nada complicado constatar o óbvio: só Messi para fazer de uma equipe instável e descoordenada a força competitiva no país e no continente capaz de brigar pelos títulos. Mas até quando o melhor do mundo resiste?

 

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Messi é o melhor do mundo, mas voltará a ter o grande time do planeta? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/24/messi-e-o-melhor-do-mundo-mas-voltara-a-ter-o-grande-time-do-planeta/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/24/messi-e-o-melhor-do-mundo-mas-voltara-a-ter-o-grande-time-do-planeta/#respond Tue, 24 Sep 2019 11:15:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7315

Foto: Divulgação / FIFA

Messi fez 51 gols e entregou 19 assistências em 50 partidas na última temporada. Números fantásticos que justificam o prêmio “The Best” da FIFA, mesmo sem vencer a Liga dos Campeões. A UEFA preferiu seguir a linha de consagrar o melhor jogador do campeão da Champions e Van Dijk foi a estrela de 2018/19.

Premiações individuais são interessantes dentro da máquina de marketing do futebol e de qualquer esporte. Alimentam o público com heróis, grandes personagens. E estamos mesmo na era Messi x Cristiano Ronaldo. Pior para o português, artilheiro e estrela máxima do tricampeonato europeu do Real Madrid, que viu o companheiro Luka Modric tirar o que seria a sexta premiação porque resolveram quebrar a longa sequência da dupla que vinha desde 2008.

Logo com um jogador que não foi sequer o melhor do meio-campo do seu time na temporada passada –  Toni Kroos teve números superiores – e nem o craque indiscutível da Croácia vice da Copa do Mundo, já que Perisic também fez um torneio espetacular, sendo mais decisivo.

Mas o que será lembrado no futuro é a maior rivalidade de craques da história do futebol, independentemente de quantas estatuetas ou troféus cada um levou e provavelmente ainda levará para casa. Só que, paradoxalmente, a fase do esporte que consagra os gênios é a de maior importância do trabalho coletivo.

Times são cada vez mais organismos complexos, interligando setores e ao mesmo tempo criando o caos na movimentação intensa que dificulta até a observação da distribuição dos atletas em campo. O Manchester City de Pep Guardiola pode transformar o 4-3-3 em 2-3-5, assim como o Liverpool de Jurgen Klopp e agora o Atlético de Madrid de Diego Simeone avançam os laterais como pontas e aproximar os atacantes em uma zona de finalização.

Intensidade, pressão pós-perda, amplitude, profundidade, compactação, circulação da bola. Termos atuais que, por mais que recebam críticas, acabam escapando da boca até dos mais puristas ou saudosistas mesmo. Porque fazem parte da realidade no campo de jogo na luta feroz pelos espaços cada vez mais escassos.

E nesse cenário existe Messi. Um talento puro em meio aos atletas, embora obviamente ele também cuide muito da parte física. Mas nem é preciso recorrer aos números para ver que o argentino joga normalmente em uma intensidade abaixo dos demais. Percorre menos quilômetros entre os jogadores de linha. Caminha, às vezes trota em campo e só acelera com a bola ou ao se desmarcar para recebê-la.

O tempo acoplou o minimalismo a Messi, mas com uma inteligência rara. Ele aproveita bem cada momento com a bola. Passando, driblando ou finalizando, inclusive adicionando as cobranças de falta ao repertório qualificado. Arma e conclui com muita qualidade e precisão nos gestos técnicos. Um estilo único.

Mas necessita de um time armado para ele. No Barcelona e na Argentina. Companheiros têm que reagir rapidamente à perda da bola para compensar a pouca participação do camisa dez na transição defensiva. Messi precisa de liberdade para ele e, pelo menos, mais um companheiro de ataque: o mais avançado para receber seus passes ou se deslocar, atraindo a marcação, para que ele venha da direita para dentro, sua faixa de campo preferida, criando ou finalizando.

No clube tem funcionado na liga espanhola e na Copa do Rei, apesar da derrota para o Valencia na temporada passada. Na Champions a coisa caminhou bem até que o jogo mais físico e urgente de Roma e Liverpool, precisando reverter placares elásticos construídos na ida no Camp Nou, simplesmente atropelassem o time catalão. Tirando o jogo do ritmo muito particular que beneficia Messi.

É claro que Ernesto Valverde não colabora para tornar o Barça competitivo em altíssimo nível e a reposição de Piqué e Busquets, por exemplo, não é tão simples em desempenho e simbolismo para o clube. Já na seleção a balbúrdia permanente na AFA praticamente inviabiliza um projeto vencedor. A chance foi em 2014 e Messi parou na Alemanha no Maracanã.

Agora a volta aos poucos de lesão, com a pré-temporada comprometida e um Barcelona que tenta encaixar Griezmann na frente e reoxigenar o meio-campo com Frenkie De Jong. O início de temporada é o pior em 25 anos e o time blaugrana não consegue vencer fora de casa. Tudo parece à espera da estrela maior. Será que ele aguenta aos 32 anos carregar a equipe nas costas novamente?

A grande questão, porém, é se Lionel Messi voltará a ter o grande time do planeta ou seguirá sucumbindo a equipes e seleções alinhadas ao que se faz de mais atual no futebol. O ritmo alucinante e a intensidade máxima da “Era Klopp” engolem coletivamente um dos maiores da história já na reta final da carreira. Na temporada passada ele tirou alguns coelhos da cartola para compensar até onde deu. Como será daqui para frente?

Difícil prever. E ainda tem o inesgotável Cristiano Ronaldo à espreita para tentar empatar de novo a disputa na FIFA. Com títulos e maior participação coletiva na Juventus e na seleção portuguesa. O futuro é bem duvidoso, mas talvez o erro seja questionar tanto. Melhor desfrutar enquanto essas lendas estão em campo.

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Início de temporada do Barcelona já preocupa e risco na Champions é real http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/04/inicio-de-temporada-do-barcelona-ja-preocupa-e-risco-na-champions-e-real/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/04/inicio-de-temporada-do-barcelona-ja-preocupa-e-risco-na-champions-e-real/#respond Wed, 04 Sep 2019 09:46:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7178

Uma vitória, um empate e uma derrota em três rodadas da liga espanhola. Os resultados iniciais do Barcelona em jogos oficiais não são bons para o altíssimo nível do clube, ainda mais na competição por pontos corridos que dominou nos últimos anos. Mas considerando as ausências por lesão de Messi e Suárez, mesmo já deixando o Atlético de Madrid abrir cinco pontos, não é algo inalcançável, longe disso. E a prioridade do clube catalão deve ser mesmo a Liga dos Campeões.

O problema é que Ernesto Valverde precisava de seus protagonistas no ataque para trabalhar o encaixe de Antoine Griezmann no trio e o ajuste da equipe que também precisa adaptar o jovem holandês Frenkie De Jong ao meio-campo que tem alternado Busquets, Rakitic e Arthur como companheiros de setor. A necessidade de um acerto rápido na temporada tem uma razão.

O Barça caiu no complicado Grupo F da Champions, com Borussia Dortmund e Internazionale, mais o Slavia Praga que deve ser o “sparring” e possível fiel da balança em termos de saldo de gols. A estreia já acontece no dia 17 contra os alemães no Signal Iduna Park.

O Dortmund tropeçou feio na terceira rodada da Bundesliga contra o debutante Union Berlin. Derrota por 3 a 1 que fez o Leipzig assumir a liderança como único 100% em três rodadas e o Bayern de Munique, que empatou na estreia em casa com o Hertha Berlin por 2 a 2, abrir um ponto de vantagem.

Mas continua sendo uma equipe competitiva, comandada por Lucien Favre e que conta com a experiência de Matts Hummels na zaga e Marco Reus na linha de meias de um 4-2-3-1 com Jason Sancho voando pela direita, já com três assistências na temporada, e servindo Paco Alcácer, que foi às redes quatro vezes.

Na segunda rodada, em dois de outubro, o Barcelona recebe no Camp Nou a Internazionale. A equipe agora comandada por Antonio Conte, treinador intenso e que costuma fazer suas equipes se tornarem competitivas rapidamente.

Já alcançou duas vitórias na Série A italiana trabalhando em um 3-5-2 com Candreva e Asamoah colocando muita intensidade pelas alas e a sacada de colocar um lateral no trio de zagueiros pela direita para dar mais rapidez e agilidade à retaguarda – no Chelsea era Azpilicueta, nos neroazzurri o escolhido é Danilo D’Ambrosio. Mas a força mesmo está na dupla de ataque formada por Lukaku e Lautaro Martínez, que já vem demonstrando bom entendimento e marcaram os gols da vitória sobre o Cagliari por 2 a 1.

Não são times da prateleira do Barcelona no cenário europeu e mundial, mas podem dar trabalho. Ainda mais para uma equipe que até aqui é uma grande incógnita. É possível dar engate imediato com o retorno de Messi, afastado por contusão na panturrilha que parecia corriqueira, porém tirou o craque da pré-temporada e das primeiras partidas.

Mas qualquer oscilação nas duas primeiras rodadas devem tornar os jogos de volta muito tensos. Uma terceira colocação e vaga na Liga Europa sempre parecem improváveis para os gigantes do continente, mas a dura realidade é que o sorteio desta vez não foi generoso e o contexto não é dos mais animadores.

A boa notícia até aqui é o início com muita personalidade do jovem guineense Ansu Fati, 16 anos e já marcando gol no time profissional do Barça. E pouco além disso. Ainda os problemas defensivos, a baixa intensidade de Busquets e a dependência da profundidade das descidas de Jordi Alba pela esquerda. Setor que deve ter Griezmann, protagonista com dois gols nos 5 a 2 sobre o Real Betis, mas atuando como “falso nove”.

Tudo parece em suspenso aguardando por Messi. Natural depender de um dos grandes da história e o argentino costuma dar boas respostas e desequilibrar, mas não deixa de ser preocupante. O risco na Champions é real e precisa ser levado a sério.

 

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A sombra da Champions no discurso de Messi em Barcelona http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/05/a-sombra-da-champions-no-discurso-de-messi-em-barcelona/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/05/a-sombra-da-champions-no-discurso-de-messi-em-barcelona/#respond Mon, 05 Aug 2019 09:49:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6998

Foto: Albert Gea/Reuters

Messi foi ao microfone no Camp Nou com quase 100 mil presentes antes da vitória por 2 a 1 sobre o Arsenal pelo Troféu Joan Gamper. Um discurso do grande ídolo para a torcida no estádio, em Barcelona e no mundo globalizado. Saudável, mas as palavras novamente refletiram o dilema que vive o clube desde 2015. Vale destacar os principais trechos:

“A verdade é que é difícil dizer algo hoje, depois da temporada passada. Mas eu não me arrependo de nada”. Realmente não é caso de arrependimento a dedicação à liga espanhola. O simbolismo de um time catalão dominar o campeonato é enorme. Questão de cultura, história.

Messi deixa isso claro em outro trecho de sua fala: “Creio que temos de dar valor à Liga que conquistamos, a oitava em 11 anos. Para qualquer clube, isto seria algo grandioso. Para esse clube também é muito importante. Talvez nós não estejamos dando a este feito o valor que merece, mas daqui a alguns anos entenderemos o quão difícil é fazer isso.”

Não há dúvida. Mesmo considerando que o grande rival Real Madrid historicamente prioriza a Liga dos Campeões, a superioridade do Barça é marcante. Como já dito neste blog, times dominantes com proposta de imposição de um estilo, dentro ou fora de casa, costumam se destacar nos campeonatos por pontos corridos. A regularidade de Messi em gols e assistências e a maneira com que intimida os adversários faz a equipe pontuar quase sempre e se manter no topo. Já há uma espécie de fórmula para levar a taça para a Catalunha.

A contradição, porém, acabou aparecendo nas palavras do gênio argentino: “A temporada passada, na verdade, terminou sendo um pouco amarga para todos nós pela forma como as coisas aconteceram”. Sim, a Champions e sua sombra. Depois de um 3 a 0 em casa, o duro revés para o Liverpool: 4 a 0 com uma falha juvenil no gol de Origi que decretou a eliminação. Golpe que acabou respingando na final da Copa do Rei, com a derrota para o Valencia.

A goleada sofrida em Anfield novamente deixou a impressão de um time com esgotamento físico e mental. Jordi Alba foi o símbolo, com uma atuação trágica que comprometeu o sistema defensivo e contribuiu pouco na frente. Porque se sacrificou durante toda a temporada sendo a única opção de profundidade pelos flancos. Jogando de uma linha de fundo à outra já aos 30 anos.

Antes da semifinal, o Barcelona deu um “sprint” para garantir logo o título espanhol. Válido, mas cobrou um preço alto. Quando os Reds comandados por Jurgen Klopp mostraram que deixariam tudo em campo e acreditavam na virada, o time de Ernesto Valverde baixou a guarda. Porque sabia que não teria forças para resistir.

A mesma sensação em Roma na temporada anterior. Os italianos impuseram um jogo físico e de intensidade máxima que desmontou o Barça e reverteu os 4 a 1 no Camp Nou com épicos 3 a 0. Porque na pretensão de ganhar o título espanhol invicto, Valverde administrou mal o elenco. Principalmente o “fominha” Messi. Quando a equipe mais precisou o maior jogador da história do clube novamente não teve pernas nem cabeça.

É preciso reaprender a jogar o principal torneio de clubes do planeta. O Barça se acostumou a enfrentar na Espanha oponentes que se entregam diante de sua força técnica e tática, mas também simbólica. Na Liga dos Campeões, Roma e Liverpool jogaram a vida em seus estádios. A lógica do agregado é diferente. Na competição nacional alguns times já fazem os cálculos sem contar com os pontos diante dos gigantes Barcelona e Real Madrid. A luta é menos intensa.

O mundo olha para o time catalão e para Messi e, pelo sarrafo alto criado por eles mesmos, não aceita só os títulos dentro da Espanha. Menos ainda com o tricampeonato continental dos merengues. Feito que rendeu prêmios individuais a Cristiano Ronaldo e Luka Modric. Mesmo com Messi bem acima nas estatísticas mais importantes. Simplesmente porque não basta.

Por isso, quando Messi encerra seu discurso afirmando que “este clube sempre luta por tudo” é possível compreender a mensagem de otimismo e esperança renovada para o torcedor. A missão institucional, digamos. Mas já passou da hora de priorizar realmente a Champions. Com um planejamento cuidadoso na gestão do elenco e aceitando correr riscos na liga. Sem deixar Messi e Alba no banco em algumas partidas e sempre recorrer a eles, aumentando os minutos da dupla na temporada porque é preciso vencer no Espanhol.

Chegou a hora de deixar a responsabilidade para jovens canteranos como Aleñá, Riqui Puig, Carles Pérez e Juan Miranda, caso este não vá para a Juventus. Mais Arthur e De Jong no meio-campo descansando Busquets e Rakitic. Messi também pode ser mais poupado, com Griezmann cumprindo a função de gerar jogo entrelinhas e Dembelé entrando na ponta.

E se perder a liga e a Copa do Rei, paciência. No “zeitgeist” do Barça não são mais a régua de medida da temporada. Melhor apostar tudo na Champions, mesmo com os riscos inerentes ao mata-mata. Inclusive um sorteio infeliz.

Para que o discurso de Messi em agosto de 2020 finalizado com o tradicional “Visca el Barça e Visca Catalunha” seja com sorriso largo, sem hesitações ou poréns. Mesmo com apenas um título. O mais importante.

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Coutinho ainda tem vaga no Barça ou a camisa sete logo será de Griezmann? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/16/coutinho-ainda-tem-vaga-no-barca-ou-a-camisa-sete-logo-sera-de-griezmann/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/16/coutinho-ainda-tem-vaga-no-barca-ou-a-camisa-sete-logo-sera-de-griezmann/#respond Tue, 16 Jul 2019 11:16:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6876

Foto: Getty Images

Antoine Griezmann enfim foi anunciado oficialmente pelo Barcelona. Operação demorada, intrincada e polêmica, com o Atlético de Madrid protestando contra o valor pago pela multa e ameaçando recorrer à FIFA por seus direitos. A negociação deve virar novela, mas é difícil imaginar um desfecho diferente da mudança do craque francês da capital espanhola para a Catalunha.

No anúncio, a imagem da camisa 17 que será destinada à mais recente contratação. A sete, que acompanha Griezmann na seleção e era dele no Atlético, ainda pertence a Philippe Coutinho. Mas por quanto tempo?

Difícil vislumbrar um quarteto ofensivo com Messi e Suárez. Até podemos pensar em Griezmann pela direita, Messi por dentro em função parecida com a que exerceu na seleção argentina na reta final da Copa América e Coutinho à esquerda formando um trio atrás do centroavante uruguaio em um 4-2-3-1.

A questão é que parece consenso entre o treinador Ernesto Valverde e direção do Barça que o meio-campo precisa de um trio que entregue organização e também proteção à defesa. Com Busquets, Rakitic, Arthur, Vidal e agora Frenkie De Jong, contratado ao Ajax. Pensando na baixa intensidade sem bola do provável trio de ataque com a entrada de Griezmann, o meio dá a impressão de que ainda precisa de um jogador de área a área com mais força e velocidade.

E Coutinho? A temporada no Barcelona e a Copa América pela seleção deixam claro que está cada vez mais difícil encontrar um lugar para o meia atacante. No 4-2-3-1 tem dificuldades para jogar como meia central, de costas para a marcação pressionada. Na função de meia por dentro um 4-1-4-1/4-3-3 o problema é a capacidade de colaborar sem bola quando o time recua as linhas. Baixa concentração e muitos espaços às costas que, na seleção, acabam sempre bem cobertos por Casemiro.

O melhor cenário seria executando a função de ponta articulador partindo da esquerda para tabelar, inverter o jogo para um ponteiro mais infiltrador do lado oposto ou finalizando com o pé direito em sua jogada característica. Se o Chelsea de Frank Lampard não estivesse punido pela FIFA nesta janela por acordos com menores de idade – o clube teve o recurso negado e apelou ao TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), mas não deve ser julgado até o fechamento da janela de verão europeu – o brasileiro seria a reposição ideal à saída de Eden Hazard para o Real Madrid.

A ida para o PSG viabilizando a volta de Neymar ao Barcelona ainda está no horizonte e também seria interessante, sucedendo o craque brasileiro na mesma função e se juntando a Mbappé e Cavani no ataque. Mas o clube francês joga duro para permitir a saída da maior contratação da história do esporte e a negociação não será tão simples. O Manchester United seria outra possibilidade, mas não parece empolgar muito o jogador e seu agente Kia Joorabchian.

A luz parece vir de Liverpool. Para reviver o “quarteto fantástico” com Mané, Salah e Firmino que vinha encantando a Europa até Coutinho forçar a barra para realizar o sonho de jogar no Barça em janeiro de 2018. O problema é que a saída gerou desgaste com a torcida e a equipe se equilibrou no 4-3-3 com um meio-campo mais forte e intenso na conquista da Liga dos Campeões e na campanha histórica na Premier League. Mas Jurgen Klopp sempre se referiu ao brasileiro com carinho e admiração.

O fato é que o Barcelona precisa definir logo o que fazer com a contratação mais cara de sua história. A relação com a torcida é tensa, o meia foi considerado um dos “vilões” da eliminação na semifinal da Champions para o Liverpool e o resgate da imagem sem espaço entre os titulares fica mais difícil.

O futuro é duvidoso e a camisa sete do time catalão parece mesmo mais próxima de Griezmann, mesmo com toda diplomacia do clube e do craque que chega para ajudar o Barça a reconquistar a Champions. Coutinho falhou em sua única tentativa e deve pagar com a saída pela porta dos fundos.

 

 

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Liverpool é futebol no volume máximo. Pecado do Barça foi não acreditar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/07/liverpool-e-futebol-no-volume-maximo-pecado-do-barca-foi-nao-acreditar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/07/liverpool-e-futebol-no-volume-maximo-pecado-do-barca-foi-nao-acreditar/#respond Tue, 07 May 2019 21:11:02 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6466 Ernesto Valverde falou em foco na coletiva da véspera do jogo em Anfield. Porque lembrava do inferno no Estádio Olímpico pela eliminação para a Roma na temporada passada e sabia que o cenário poderia ficar bem perigoso se o Barcelona entrasse desconcentrado em campo.

Entrou. Com um certo ar blasé, preocupado com estética nos passes, correndo pra não chegar em algumas disputas. E Jordi Alba em noite desastrosa. Mesmo com muito espaço para atacar e enfrentando um Shaqiri pouco inspirado, não o lesionado Salah.

Erro no recuo para Lenglet no gol de Origi, o substituto de Firmino, logo aos sete minutos que começou a criar o ambiente para o “milagre”. Depois perdendo a bola que terminou no primeiro de Wijnaldum, que entrou na vaga de Robertson e trasferiu Milner para jogar muito na lateral esquerda. O meio-campista holandês jogou no centro do ataque no Camp Nou e apareceu como centroavante para marcar o terceiro.

O gol da classificação histórica dos Reds foi o símbolo do Liverpool ligado contra um time catatônico. Cobrança rápida de escanteio pela direita de Alexander-Arnold encontrando Origi totalmente livre na área. Um erro inacreditável que não seria perdoado por uma equipe intensa e que não tinha nada a perder. Que teve Alisson para tirar qualquer chance do Barça com pelo menos quatro boas defesas.

Quatro a zero que serve de dura lição para o Barcelona. Não pode depender tanto de Messi. Em disputas tão parelhas é preciso deixar 100% no campo. Um jogador livre para finalizar tem que mostrar confiança e não procurar o craque da equipe, como Alba, Suárez e Coutinho fizeram. É hora de renovar de vez um elenco envelhecido. E ficará para sempre a lembrança do gol perdido de Dembelé no ataque final da partida de ida.

É obrigatório respeitar o time de Jurgen Klopp, o Nigel Mansell da bola. O futebol no volume máximo, já na distorção. O carro que só tem acelerador e o piloto pisa fundo, como se não houvesse amanhã. Atropelou mais um em temporada inacreditável.

Merece chegar ao Wanda Metropolitano para buscar o sexto título europeu do clube porque construiu uma das maiores viradas da história da Champions. Também deste esporte cada vez mais apaixonante por noites como essa em Liverpool.

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Messi, elétrico e genial, decide para um Barcelona concentrado e iluminado http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/01/messi-eletrico-e-genial-decide-para-um-barcelona-concentrado-e-iluminado/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/01/messi-eletrico-e-genial-decide-para-um-barcelona-concentrado-e-iluminado/#respond Wed, 01 May 2019 21:19:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6432 Primeiro foi Roberto Firmino no sacrifício iniciando no banco. Depois a opção mais que questionável de Jurgen Klopp por Joe Gomez na lateral direita deixando Alexander-Arnold na reserva. Wijnaldum no centro do ataque do Liverpool, como “falso nove”, e o meio-campo com Fabinho, Milner e Keita. Este lesionado e substituído ainda no primeiro tempo por Henderson.

A primeira semifinal da Liga dos Campeões no Camp Nou sempre deixou a impressão de que tudo conspirava a favor do Barcelona. Mesmo com toda intensidade e força coletiva do Liverpool, especialmente no segundo tempo. Muito volume de jogo e imposição física.

Só que o time de Ernesto Valverde colaborou muito para o vento favorável. Concentração absurda, especialmente no trabalho defensivo. Da última linha atenta às diagonais de Salah e Mané. De Piqué absoluto por baixo e pelo alto. Da compactação das linhas – a do meio com Vidal, a novidade na escalação, pela direita e Coutinho voltando à esquerda.

A surpresa foi o Barça não apostando nas pausas e na posse e duelando com os Reds na pressão pós perda e aceleração nas transições ofensivas. Sempre procurando o Messi bem vigiado por Fabinho e Jordi Alba pela esquerda, no setor do frágil Gomez. O lateral esquerdo foi o autor do passe precioso que achou Suárez. O primeiro gol do uruguaio nesta edição da Champions, o segundo nos últimos vinte jogos na competição.

O sinal de que tudo daria muito certo no segundo tempo. De resistência à pressão do adversário, com chute de Milner, livre, para defesaça de Ter Stegen. Até o contragolpe de Messi para Sergi Roberto, com a bola chegando a Suárez. Toque por cima no travessão e sobrando para Messi na hora certa, no lugar exato.

Dois a zero que virou três na cobrança de falta inacreditável do melhor do mundo. Coisa de gênio. Alisson pulou, mas não teve como pegar a bola no ângulo. Assim como não houve como o Liverpool ir às redes e diminuir o prejuízo. Com Firmino em campo e chute de Salah na trave de Ter Stegen depois de mais uma “blitz”. O time inglês terminou com mais posse de bola (52%) e as mesmas nove finalizações do adversário. Lutou, deixou 100% em campo, mas os donos da casa estavam mesmo iluminados.

A noite só não foi perfeita porque, na pressa de atacar, os visitantes deram espaços demais e Dembelé, que substituiu Suárez já nos acréscimos, teve tempo para desperdiçar dois contragolpes com vantagem numérica. Inacreditável no último lance de três contra um. Para o desespero de um Messi ligado no jogo como nunca na carreira. Também pelo melhor planejamento da comissão técnica para descansar a grande estrela da equipe.

O Barcelona perdeu a chance de definir o confronto, mas leva para Anfield o conforto do placar e mais o descanso físico e mental por já ser campeão espanhol, enquanto o oponente ainda luta pela Premier League e vê crescer a possibilidade de fazer uma temporada espetacular, mas terminar sem conquistas.

O fator de desequilíbrio, porém, foi mesmo um Messi elétrico, líder e decisivo. Em uma temporada que começa a ganhar traços de perfeição para o Barcelona e o maior jogador de sua história. A tríplice coroa, que pode ser a terceira em dez anos, nunca pareceu tão próxima.

(Estatísticas: UEFA)

 

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