evertonribeiro – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Tite pensa como Jorge Jesus. Por isso trio do Flamengo não deve jogar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/06/tite-pensa-como-jorge-jesus-por-isso-trio-do-flamengo-nao-deve-jogar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/06/tite-pensa-como-jorge-jesus-por-isso-trio-do-flamengo-nao-deve-jogar/#respond Fri, 06 Mar 2020 17:37:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8107

Vasco 0 x 2 Flamengo – 14/04/2019 – (Final Campeonato Carioca)

Desde a primeira entrevista coletiva em 2020, Jorge Jesus tem afirmado que os jogadores que o Flamengo contratou para encorpar o elenco em 2020 estão atrás do time que fez história em 2019, incluindo aí Diego Ribas e Vitinho, reservas que entravam com frequência na equipe.

Uma questão de “hierarquia”, adaptação ao modelo de jogo, gestão de vestiário e outras questões que influenciam nas decisões do treinador. Difícil já chegar jogando, a menos que se abra uma vaga, como aconteceu com a saída de Pablo Marí e os reforços Gustavo Henrique e Léo Pereira disputam a posição.

A seleção brasileira não vive hoje o “hype” do campeão brasileiro com recorde nos pontos corridos e sul-americano (Libertadores e Recopa). Mas tem com Tite uma história de liderança absoluta nas últimas eliminatórias e título da Copa América disputada em casa no ano passado.

Há também jogadores com histórico de convocações, vivência em bons e maus momentos e experiência em disputas no continente. Sem contar a capacidade de competir em altíssimo nível, jogando grandes ligas nacionais e a Champions. É inegável que estão um degrau acima na escala de prioridades do técnico da seleção. E a lista mostra isso.

Mesmo buscando recuperação de desempenho no Bayern de Munique, Philippe Coutinho foi convocado para os jogos contra Bolívia e Peru. Gabriel Jesus está suspenso para a estreia na disputa pela vaga na Copa do Catar, por conta da expulsão na final da Copa América, mas Tite conta com o atacante, em alta no Manchester City, para a sequência do trabalho. Sem ele, a tendência é formar o trio de ataque com Richarlison, Firmino e Neymar.

No meio-campo, difícil fugir de Casemiro, Arthur ou Bruno Guimarães – este, sim, a grande nova por conta da maturidade na adaptação rápida ao Lyon – e Coutinho. Se Tite optar por recuar Neymar para articular jogadas, como tem feito rotineiramente no PSG, Everton, destaque na Copa América, tende a ganhar oportunidade na vaga do meia do time bávaro.

E o trinca de convocados do Flamengo? A tendência é que os badalados Everton Ribeiro, Gabriel Barbosa e Bruno Henrique comecem no banco de reservas. Dos três, Gabriel parece com mais chance de disputar uma vaga na primeira partida, mas só por conta da ausência do xará Jesus.

Porque é assim que funciona quando o trabalho segue uma linha com um mínimo de coerência, até para não gerar grandes instabilidades. Até porque, a rigor, a seleção desde o segundo semestre de 2016 não sofreu nenhum abalo sísmico para virar tudo do avesso. Oscilações são naturais, mas eram amistosos. Quando valeu a Copa América, o Brasil correspondeu.

Por isso todo o barulho – do clamor da imprensa por uma “base” rubro-negra ao desespero da maior torcida do país pela perspectiva do time de coração perder por um tempo suas estrelas –  deve render bem pouco, na prática. Tite pensa como Jorge Jesus. E não está errado.

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Flamengo estreia mal, mas Everton Ribeiro vai além do “craque invisível” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/04/flamengo-estreia-mal-mas-everton-ribeiro-vai-alem-do-craque-invisivel/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/04/flamengo-estreia-mal-mas-everton-ribeiro-vai-alem-do-craque-invisivel/#respond Thu, 05 Mar 2020 02:48:41 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8095 O Flamengo jogou mal em Barranquilla, considerando o padrão de excelência de um time já histórico pelas quatro conquistas nacionais e internacionais em oito meses de Jorge Jesus.

Erros técnicos incomuns pelos desfalques de Rodrigo Caio, Rafinha, Willian Arão e Bruno Henrique, mas também por um certo desleixo e pelo equívoco de cair em pilha errada num jogo tenso e violento em alguns momentos.

Talvez pelo gol logo aos cinco minutos. E as enormes limitações técnicas e táticas do Junior. Em um 4-4-2 sem articulação no meio-campo. Vivendo de ligações diretas para a dupla de ataque formada por Borja e Teo Gutierrez ou das iniciativas pelos flancos de Cetré e Hinestroza.

Um jogo aleatório, porém intenso e que se aproveitou dos vacilos do atual campeão sul-americano para fazer Diego Alves trabalhar. Foram 14 finalizações, mas apenas cinco no alvo. A última de Teo Gutierrez nas redes, fechando os 2 a 1. Atacante veterano que fez de tudo e deveria ter sido expulso, mas a arbitragem mostrou a típica permissividade com a violência dos sul-americanos.

Mesmo devendo na estreia pela Libertadores, defendendo o título, a equipe de Jorge Jesus teve um talento para decidir. Não foi Gabriel Barbosa, que tentou muito, porém faltou precisão. Nem De Arrascaeta, que só apareceu na assistência do primeiro gol. Muito menos Gerson, talvez o mais displicente, falhando feio e quase entregando um gol a Gutierrez no primeiro tempo.

Desta vez foi Everton Ribeiro, que costuma ser o “craque invisível”, o discreto facilitador do trabalho dos companheiros. Mas apareceu logo no início completando jogada pela esquerda construída por Vitinho, o substituto de Bruno Henrique. Inicialmente pela direita no 4-2-3-1, foi o ponta articulador e ainda auxiliou o hesitante João Lucas, que entrou na vaga de Rafinha. O lateral errou muito, inclusive tocando com o braço na recuperação da bola no início da jogada do primeiro gol.

Quando Jesus trocou Arrascaeta por Michael, Everton foi para o centro da articulação e apareceu para completar o contragolpe que começou com Gabriel e passou por Michael à direita antes de chegar ao capitão. Dois gols para compensar tudo que ficou faltando coletivamente.

Garantindo um triunfo importante no Grupo A. Com outra boa notícia: Thiago Maia, correto na proteção da defesa e com bom aproveitamento nos passes. Entrou na vaga de Willian Arão e já se apresenta como o reserva com mais possibilidade de disputar posição, considerando que Gustavo Henrique e Léo Pereira têm jogado juntos e hoje é difícil dizer quem será o titular ao lado do lesionado Rodrigo Caio.

Foram 54% de posse e 11 finalizações, quatro na direção da meta de Sebastián Viera. O suficiente para impor a superioridade gritante, mas que não se refletiu no jogo e no placar. Por deméritos do Flamengo. Mas Everton Ribeiro descomplicou.

(Estatísticas: SofaScore)

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Os problemas do futebol brasileiro que pesaram contra o Flamengo no Mundial http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/21/os-problemas-do-futebol-brasileiro-que-pesaram-contra-o-flamengo-no-mundial/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/21/os-problemas-do-futebol-brasileiro-que-pesaram-contra-o-flamengo-no-mundial/#respond Sat, 21 Dec 2019 22:58:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7760 A bola do empate que caiu no pé direito de Lincoln e foi por cima da meta de Alisson no final da prorrogação foi o último sinal de que o Flamengo fizera muito mais do que o possível na final do Mundial de Clubes em Doha contra o Liverpool.

O time titular, já na história do clube, igualou mais do que o esperado em 77 minutos o confronto com a melhor equipe da Europa e do planeta. Os Reds perderam chances cristalinas com Firmino, uma na trave no início do segundo tempo, e Keita.

Mas os comandados de Jorge Jesus responderam como nenhum outro brasileiro campeão sul-americano neste século em agressividade, qualidade técnica e organização para atacar e defender. Nem mesmo o Corinthians de Tite que venceu há sete anos o Chelsea em crise de Rafa Benítez, apresentou algo parecido.

A partida, porém, mostrou que alguns problemas do futebol brasileiro pesam a mão e puxam para baixo qualquer equipe do país que queira estabelecer um patamar mais próximo das principais equipes do mundo.

A começar pelo calendário que colocou o Flamengo em seu 74º jogo oficial no ano justamente no desafio mais complicado. São 76 se contarmos os dois pela Flórida Cup. Quinze deles no estadual, que é sempre o que desequilibra a balança e, pior, atropela a temporada no segundo semestre. Ainda mais em ano de Copa América.

Não adiantou muito a “intertemporada” que ajudou Jorge Jesus assim que assumiu o comando técnico. O desgaste foi absurdo, até pela sequência de jogos no returno do Brasileiro emendados com Libertadores que fizeram o Flamengo entrar em campo, na média, uma vez a cada quatro dias. Sem os quatro meses dedicados a algo que só existe no Brasil, aquele gás que faltou na prorrogação poderia ter deixado o duelo com o gigante europeu menos desigual por mais tempo.

Assim como um elenco mais equilibrado. A chance desperdiçada por Lincoln – que não tem culpa de nada e procurou contribuir sempre, inclusive com gol importante na vitória sobre o Botafogo no Nilton Santos – poderia ter caído em pés mais experimentados saindo do banco. O time já sentira a queda de produção depois das trocas de Everton Ribeiro e De Arrascaeta por Diego e Vitinho.

O milagre do encaixe de quatro contratações em janeiro com outras quatro no meio do ano, mais o treinador estrangeiro, não foi suficiente para compensar a reposição com muitos garotos e “heranças” do passado que até surpreenderam pela recuperação e reinvenção, como Diego Ribas. Mas é preciso planejar melhor o ano e, de preferência, começar a temporada com o grupo mais completo.

E também escolher com mais critério o técnico para não precisar fazer a troca durante a temporada. Resultado também da prática habitual de trabalhar por etapas, pensando no primeiro semestre de estadual e fase de grupos de Libertadores e depois nas principais competições. Mas o que poderia ter feito o Flamengo de Jorge Jesus com pré-temporada decente, calendário digno e elenco completo desde o início do ano?

A esperança dos rubro-negros é que isso seja possível em 2020. Só que outro obstáculo intransponível do futebol nacional ameaça se impor no ano que vem: o mercado volátil e sujeito a propostas sedutoras em moedas bem mais fortes que o real. Como garantir a manutenção de Gabriel Barbosa, Bruno Henrique e outros destaques da temporada se até mercados alternativos, como China e o “mundo árabe”, podem desmanchar o que foi feito?

O Liverpool nada tem com isso e alcançou o título inédito. Mesmo sem ser prioridade, a celebração foi grande. Até pela dificuldade da conquista. Consolidada no belo gol de Firmino em contragolpe letal na prorrogação. Depois de um primeiro tempo que quase levou Jurgen Klopp à loucura e deixou todos cientes de que não estavam enfrentando qualquer um.

Mas venceram. Porque têm um trabalho de quatro anos. Aperfeiçoando processos e acertando mais nas contratações. Talvez o Flamengo tivesse melhor sorte contra Karius na meta, ou mesmo Adrian. Desta vez havia Alisson, que venceu o duelo particular com Gabriel Barbosa.  Há dinheiro e planejamento para preservar o que funciona e gastar no intuito de minimizar problemas. Mesmo com os desfalques na zaga e no meio-campo, o time segue fortíssimo.

O Flamengo fez o que pôde. Foi uma ilha de excelência no Brasil e no continente, mas nos detalhes que atrapalham o futebol do país há décadas – e o time mais popular também carrega sua responsabilidade por não se insurgir, de fato, contra o que é possível mudar – não conseguiu dar o salto definitivo.

Há muito do que se orgulhar, mas também refletir para seguir crescendo e tentar “o mundo de novo” sem precisar esperar mais 38 anos.

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Flamengo precisa entender o tamanho que ganhou. Empate é título para rivais http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/14/flamengo-precisa-entender-o-tamanho-que-ganhou-empate-e-titulo-para-rivais/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/14/flamengo-precisa-entender-o-tamanho-que-ganhou-empate-e-titulo-para-rivais/#respond Thu, 14 Nov 2019 03:39:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7564 Aconteceu em Fortaleza, com o mosaico da polêmica de torcida local x nacional. Passou pelo Goiás no Serra Dourada com clima de final de Copa do Mundo. Sem contar a entrega com alguma violência do Botafogo no Nilton Santos e agora o Vasco jogando a vida, sem nunca desistir, depois da apatia completa em São Januário há sete dias contra o time misto do Palmeiras.

O maior adversário do Flamengo hoje é o ódio dos rivais. Natural contra o time de maior torcida, mas também pelos elogios da imprensa, a solidez financeira e administrativa, os acertos nas contratações, além do debate Jorge Jesus versus treinadores brasileiros.

Todo jogo é decisão para os adversários da equipe que chega a 24 jogos de invencibilidade na temporada, 20 no Brasileiro. O Flamengo precisa entender o tamanho que ganhou na temporada. A ponto do gigante São Paulo celebrar ter sido o único time da competição a não ser derrotado pelo líder.

No Maracanã parece ter desconcentrado com o gol rápido, antes do primeiro minuto, na arrancada de Reinier pela esquerda até a conclusão de Everton Ribeiro. A proposta agressiva, com última linha defensiva adiantada, necessita de intensidade na pressão pós-perda e sem ela os setores ficam espaçados e a defesa exposta.

Mas em outro contexto o rival se desmancharia com um gol sofrido tão rápido no estádio com maioria rubro-negra. Só que o Vasco é o maior expoente do ódio ao Flamengo. Não só pela rivalidade histórica, mas por um discurso sedimentado durante décadas pelo finado Eurico Miranda, que formou gerações e gerações de torcedores que parecem viver mais em função do rival do que do próprio clube. Muitos vibram mais com as derrotas do Fla do que com os triunfos do time de coração.

A raiva foi aditivada pela boa estratégia de Vanderlei Luxemburgo, usando Raul, Pikachu e Rossi ou Marrony para cima de Pablo Marí e Filipe Luís e, um pouco menos, Danilo Barcelos, Marcos Júnior e o atacante que ficasse no lado oposto do 4-4-2 vascaíno contra Rafinha e Rodrigo Caio. Assim construiu a virada em três minutos, com gols de Marrony – pegando a defesa sem Rodrigo Caio, que avançou aleatoriamente – e de Yago Pikachu, em pênalti sofrido – jogada espetacular contra Marí e Gerson! – e convertido pelo lateral.

O Flamengo teve mais sorte que juízo ao empatar no final do primeiro tempo com cruzamento de Rafinha que desviou em Barcelos e entrou. Na comemoração, a provocação do lateral a Edmundo, hoje comentarista que, quando da contratação do ex-Bayern de Munique, afirmou que ele era do mesmo nível de Rodinei e Pará.

Na volta do intervalo, o time titular do Flamengo voltou a se reunir com a troca de Reinier por De Arrascaeta, recuperado de torção no joelho. Mas a dispersão seguiu igual e, em nova jogada pela direita, o Vasco abriu 3 a 2 com gol de Marcos Júnior, livre na pequena área. Expostos e com muito campo para correr, Marí e Filipe Luís sofreram. Mérito de Luxemburgo, o primeiro a explorar com qualidade e eficiência um problema defensivo do líder do Brasileiro que ainda não tinha se notado.

O Flamengo voltou a se instalar no campo de ataque, mas empatou em contragolpe rápido: arrancada de Bruno Henrique, assistência de Arrascaeta e gol do vice-artilheiro do campeonato. Autor também do gol da virada, o décimo sétimo do atacante, em grande jogada de Vitinho, que substituiu Gerson e foi para a ponta direita empurrar o Flamengo ainda mais para frente.

Parecia que a segunda virada consecutiva no Maracanã estava consolidada. Jesus restabeleceu o equilíbrio no meio-campo trocando Everton Ribeiro por Piris da Motta. Poderia ter sacado Gabriel, que desta vez só mostrou vontade e errou muito tecnicamente, como quase todo time. Mas Everton vem jogando seguidamente e convive com uma tendinite.

O Vasco parecia sem pernas e a derrota nem faria tanta diferença na tabela. É aí, porém, que o Flamengo precisa ficar mais atento. A raiva, a indignação com mais um revés para o grande rival empurrou o time cruzmaltino para frente. Bola levantada na área por Bruno César, substituto de Marcos Júnior, mais uma falha defensiva do Fla e gol de Ribamar, que entrara na vaga de Marrony e já fizera Diego Alves trabalhar com bela defesa.

Quatro a quatro. Um resultado adequado ao que foi um jogo histórico. Prêmio à fibra inesgotável dos vascaínos. No final, confusão e um ambiente de guerra. Parecia final de campeonato. Nas arquibancadas, festa da torcida “visitante”.

E deve ser assim nas próximas partidas da equipe de Jorge Jesus. Tudo para o líder será vendido muito caro. O Grêmio mordido pelos 5 a 0 na Libertadores também vai criar um clima hostil em Porto Alegre no domingo. Talvez seja essa a única esperança para o Palmeiras se agarrar. E, claro, também jogar a vida no confronto com os rubro-negros em casa na antepenúltima rodada, se ainda houver chances matemáticas.

Ao Flamengo resta um último esforço no domingo. Para enfim ter um período de descanso, recuperação e treinamento e disputar o título continental em Lima contra o River Plate. Quando voltar, com ou sem taça, será preciso retomar a concentração para confirmar a conquista nacional. Não será tão fácil quanto parecia. Porque empate para os rivais agora é título.

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Flamengo vence no talento que sobra, mas Santos deixa boas lições coletivas http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/14/flamengo-vence-no-talento-que-sobra-mas-santos-deixa-boas-licoes-coletivas/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/14/flamengo-vence-no-talento-que-sobra-mas-santos-deixa-boas-licoes-coletivas/#respond Sat, 14 Sep 2019 22:31:00 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7256 Velocidade, dribles e quase um golaço de Bruno Henrique no segundo tempo, jogadas mágicas de Everton Ribeiro que compensaram a pouca inspiração do desgastado De Arrascaeta, os passes sempre objetivos de Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís, a onipresença de Gerson no meio-campo com o auxílio luxuoso de Willian Arão, a grande recuperação do trabalho de Jorge Jesus até aqui.

Acima de tudo, o gol antológico de Gabriel Barbosa encobrindo Everson após belo lançamento de Everton Ribeiro. O Flamengo venceu no Maracanã à base do talento que vem sobrando no Brasileiro. Não que Jorge Jesus não tenha enorme mérito na liderança isolada fechando o primeiro turno do Brasileiro. O trabalho do treinador português é excelente para quase três meses, mas está no começo.

Jorge Sampaoli está no Santos desde o início de 2019 e a equipe paulista mostrou ligeira superioridade na força coletiva ao longo dos 90 minutos. Mesmo exagerando nas faltas no início, principalmente sobre Bruno Henrique, e depois nas reclamações contra a arbitragem, aditivada pelos surtos do técnico argentino à beira do campo.

A escolha do técnico foi pelo 4-3-3 com Luan Peres, a surpresa na escalação, na lateral esquerda. Jorge foi adiantado para o meio-campo, alinhando com Carlos Sánchez à frente de Alison. No ataque, Marinho pela direita com Sasha e Soteldo, o melhor santista dando trabalho para Rafinha e Rodrigo Caio. Organização, intensidade, volume de jogo.

Mantidos durante toda partida, mesmo com as entradas de Felipe Jonatan, Cueva e Uribe. O elenco tem limitações, mas é homogêneo. Fruto de um trabalho mais consolidado. Simbólico que Jorge Jesus tenha esperado 37 minutos do segundo tempo para trocar De Arrascaeta por Berrío e aos 44 tirar Filipe Luís e colocar Renê. Talvez por ainda não confiar plenamente nas opções e temer desorganizar ou criar um elo fraco na equipe que se ajustou rapidamente sem Cuéllar.

A intensidade da disputa com espírito de decisão fizeram as equipes errarem mais que o habitual. Sessenta e um passes errados do Fla, quarenta e sete do Santos, que terminou com mais posse: 52%. Faltou a contundência. Apenas sete finalizações, nenhuma no alvo. Os rubro-negros também não foram muito eficientes: de doze finalizações, só duas na direção da meta de Everson.

O detalhe decidiu: passe errado de Sasha que parou nos pés de Everton Ribeiro e do meia para Gabriel ir às redes pela 16ª vez na competição, trigésima na temporada que já é a melhor da carreira. A comemoração apoteótica foi mais uma prova da simbiose da torcida com o atacante. Também com o time e com o treinador, ovacionado no apito final.

Mas é preciso evoluir como equipe. Em alguns momentos falta fluência na frente. Assim como a saída de bola fica insegura quando bem pressionada e Diego Alves apelou algumas vezes para o chutão, devolvendo a bola para o adversário. Por outro lado, a pressão na frente rendeu alguns bons contragolpes que poderiam ter aumentado a vantagem. Sem contar as variações táticas, com Bruno Henrique começando na ponta, depois passando para o ataque revezando com Gabriel e Everton Ribeiro circulando por todo campo.

A boa notícia para o líder do Brasileiro é que setembro não é mês para o time atingir o auge. Cada partida é um aprendizado e o Santos, disparado o adversário mais competitivo desta sequência de seis vitórias no campeonato por pontos corridos, deixa boas lições coletivas que podem ser muito úteis mais à frente, especialmente na Libertadores.

O jogo foi grande e a resposta do Flamengo, que falhou tantas vezes em situações semelhantes, foi concentração e espírito de final. Sem contar o talento, sempre fundamental.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

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A vitória do Flamengo e uma reflexão sobre tempo, espetáculo e calendário http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/10/a-vitoria-do-flamengo-e-uma-reflexao-sobre-tempo-espetaculo-e-calendario/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/10/a-vitoria-do-flamengo-e-uma-reflexao-sobre-tempo-espetaculo-e-calendario/#respond Sun, 11 Aug 2019 00:30:45 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7020 O Flamengo teve uma semana “cheia” para treinar pensando no jogo contra o Grêmio pelo Brasileiro. Indesejada, já que a Copa do Brasil era uma competição importante na temporada. Mas com tempo de trabalho foi possível sair do olho do furacão e tentar equalizar fisicamente o elenco heterogêneo, com quatro jogadores que vieram da Europa no segundo semestre.

O resultado foi uma boa atuação da equipe de Jorge Jesus na vitória por 3 a 1 no Maracanã. Com alguma dificuldade no primeiro tempo contra as transições ofensivas em velocidade de Pepê pela esquerda para cima de Rafinha. Duas boas oportunidades que podiam ter feito os reservas gremistas saírem na frente.

Natural o Fla sentir falta de Everton Ribeiro na articulação e de Gabriel Barbosa na finalização. Até De Arrascaeta aparecer com belo passe  – sétima assistência do uruguaio para gol no novo clube – para Willian Arão abrir o placar. Vantagem que poderia ter sido ampliada se a equipe de arbitragem, VAR incluso, não tivesse ignorado um pênalti claro de Rafael Galhardo sobre Bruno Henrique. Galhardo que acabou sendo o autor do gol de empate na cobrança de penalidade máxima, também evidente, de Pablo Marí tolamente puxando a camisa de David Braz na área rubro-negra.

Na segunda etapa, o ajuste com Berrío procurando mais o lado direito. O colombiano é jogador de velocidade pela ponta, não para jogar de costas. Mesmo compreendendo a falta de opções no ataque é contraproducente. Assim como Bruno Henrique pode ser muito produtivo aberto pela esquerda, ainda mais com Filipe Luís, um lateral construtor que raramente vai ao fundo. Na jogada do atacante com finalização na trave de Júlio César, o gol de Arrascaeta no rebote.

Com Gerson muito bem pela direita e mantendo o nível por dentro depois da entrada de Everton Ribeiro no lugar de Berrío, o Fla dominou o jogo por completo e brindou o público no Maracanã cheio novamente com belas jogadas, individuais e coletivas. Até Everton Ribeiro mostrar para Gerson que também sabe cortar para dentro e finalizar com precisão para fechar o placar.

Vitória que pressiona o Palmeiras e diminui a vantagem do Santos na liderança. Também oportunidade para uma reflexão: se quem paga a conta no futebol brasileiro olhasse com carinho para o espetáculo que proporciona e os torcedores cobrassem um futebol bem jogado associado aos resultados seria possível vislumbrarmos um calendário menos inchado no país. Com o tempo reservado para jogos pouco relevantes, como a grande maioria dos estaduais, sendo dedicado aos treinamentos para melhorar o rendimento.

Imaginemos esse Flamengo mais bem preparado enfrentando os titulares do Grêmio em um cenário que não tornasse quase obrigatório Renato Gaúcho, até pela cultura do clube de priorizar as copas, escalar reservas com tanta frequência no Brasileiro. Que jogo teríamos!

E o maior paradoxo: esse time de Jorge Jesus, se não trocar o treinador nem perder peças, provavelmente estará voando no início de 2020. Com todos adaptados ao clube, ao futebol brasileiro e com uma pré-temporada, ainda que longe do tempo ideal para trabalhar. Tudo isso para encarar um Carioca pouco desafiador…e chegar cansado e com vários jogos nas costas no segundo semestre, quando as principais competições afunilarem.

Talvez um dia o futebol seja realmente prioridade no país. Acima de ganâncias e politicagens. Enquanto aguardamos o quase impossível vamos nos contentando com espasmos como o espetáculo rubro-negro em um divertido sábado à noite.

 

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Filipe Luís é ótima contratação, mas não o lateral que o Flamengo precisa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/23/filipe-luis-e-otima-contratacao-mas-nao-o-lateral-que-o-flamengo-precisa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/23/filipe-luis-e-otima-contratacao-mas-nao-o-lateral-que-o-flamengo-precisa/#respond Tue, 23 Jul 2019 14:04:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6926

Foto: Heino Kalis/Reuters

Depois de um longo processo conduzido por Filipe Luís com coerência na abordagem do mercado e lealdade ao Atlético de Madrid, o lateral esquerdo se acertou com o Flamengo. O clube brasileiro o seduziu aos poucos e, principalmente, ofereceu o desejado contrato de dois anos, até o fim de 2021.

O anúncio oficial saiu nesta manhã e o jogador já é esperado para iniciar os treinamentos. Assim como Pablo Marí e Gerson, além do centroavante solicitado pelo treinador Jorge Jesus, Filipe Luís é mais um jogador que o Flamengo traz no segundo semestre, sem participar da intertemporada na pausa para a Copa América e que entra meio à forceps no time para ganhar entrosamento durante a disputa de jogos importantes.

Jesus foi eliminado da Copa do Brasil em sua terceira partida oficial. Rafinha errou no bote sobre Rony no gol do empate do Athletico que levou a disputa pelas quartas do mata-mata nacional em seu segundo jogo. Gerson estreou domingo, contra o Corinthians. A rigor, Filipe Luís pode nem atuar pela Libertadores, caso os rubro-negros não passem pelo Emelec. Planejamento bastante questionável, mas o possível na busca de jogadores atuando na Europa.

De qualquer forma, a contratação é ótima, mesmo aos 33 anos. Jogador inteligente, articulado, com vivência de 14 temporadas no Velho Continente, seis e meia sob o comando de Simeone no Atlético. Acrescenta prestígio por ser titular da seleção brasileira, impõe respeito aos adversários e é um “upgrade” em relação a Renê, laterais com características muito semelhantes, especialmente na responsabilidade defensiva.

Mas aí está o paradoxo: o Flamengo precisava qualificar o setor esquerdo depois da chegada de Rafinha para resolver o problema pela direita e Filipe Luís era o melhor nome disponível e viável no mercado. Só que não é exatamente o jogador que a equipe precisa.

O Fla é time de posse de bola, que busca o protagonismo nos jogos. Se instala no campo de ataque e trabalha para criar espaços e furar as linhas defensivas dos adversários. Filipe Luís tem força no apoio, por dentro ou abrindo o campo, mas não é o lateral que ataca espaço e chega rápido ao fundo, surpreendendo a marcação. É mais um que progride tocando.

Vale lembrar o segundo gol sobre o Goiás, que pavimentou o caminho para os 6 a 1 no Maracanã: De Arrascaeta achou um belo passe entre as pernas do defensor para Trauco, em um raro momento de intensidade e rapidez chegando ao fundo. Assistência do lateral e gol de Bruno Henrique em lance confuso. O toque genial do uruguaio clareou tudo, mas sem o peruano se projetando talvez a jogada não se concretizasse.

O ideal seria que o lateral da profundidade atuasse pela direita, aproveitando o corredor deixado por Everton Ribeiro, o ponta articulador canhoto que corta para dentro e procura os espaços às costas dos volantes do oponente. Foi o que os treinadores anteriores tentaram com Rodinei, mas o que sobra em força e velocidade falta em leitura de jogo e posicionamento defensivo.

Mas à esquerda seria possível adequar um lateral mais intenso à movimentação de Arrascaeta na mesma dinâmica: um procura o centro do campo e outro faz a ultrapassagem rápida. Com Filipe Luís é possível criar boas combinações pela qualidade técnica, mas sem a chegada forte para servir os companheiros na área. Ou o drible que descoordena a marcação.

Segundo o site Whoscored.com, Filipe entregou duas assistências para gol em 27 partidas na última liga espanhola, três saindo do banco de reservas. Tem média inferior a um drible certo e um “key pass” – passe decisivo que cria a chance de gol e viabiliza a finalização- por jogo. Não é acaso que o clube espanhol tenha ido atrás de Renan Lodi.

Fica a dúvida também quanto à resistência do atleta veterano ao contexto brasileiro: temperatura que aumenta a partir de setembro, desgaste pelas viagens longas em país continental, um jogo de mais bate-volta. Cenário ainda mais complexo no ano que vem, incluindo os jogos do estadual.

O Flamengo investe alto em 2019 e torna o elenco mais equilibrado, mas ainda dá a impressão de que contrata olhando mais a “grife” que as necessidades do time, combinando características. Cabe a Jorge Jesus encontrar a maneira de dar o “click” e encaixar as peças na formação de uma equipe forte e, o mais importante, vencedora.

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Eliminação sinaliza que maior trabalho de Jesus no Flamengo será mental http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/18/eliminacao-sinaliza-que-maior-trabalho-de-jesus-no-flamengo-sera-mental/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/18/eliminacao-sinaliza-que-maior-trabalho-de-jesus-no-flamengo-sera-mental/#respond Thu, 18 Jul 2019 04:17:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6889 Desfalque de Bruno Henrique pouco antes do jogo no Maracanã. Depois a lesão de Arrascaeta que esfriou a pressão sufocante dos primeiros 20 minutos. Principalmente a qualidade e a força mental de um Athletico com o trabalho de Tiago Nunes consolidado e a confiança de títulos recentes, incluindo a Sul-Americana.

O Flamengo tinha muitos obstáculos para encarar na volta das quartas de final da Copa do Brasil. Tudo teria se descomplicado se Arrascaeta e Lincoln, o substituto de Bruno Henrique na manutenção do 4-1-3-2 de Jorge Jesus, tivessem aproveitado as três oportunidades no período de domínio. Não aconteceu e o time paranaense foi se aprumando no jogo, adiantando a marcação e acelerando os contragolpes com a velocidade do quarteto ofensivo formado por Marcelo Cirino, Nikão, Rony e Marco Ruben, alimentados pelo toque inteligente de Bruno Guimarães.

A liderança e a energia do novo treinador à beira do campo ajudaram a manter o time ligado e atacando, mas era nítida a queda de confiança, com Vitinho aberto pela esquerda com intensidade abaixo dos companheiros e sobrecarregando Diego e Everton Ribeiro na articulação. Até o ponteiro enfim desequilibrar no segundo tempo driblando Jonathan e cruzando. Aí valeu a proposta ofensiva, com muitos jogadores entrando na área adversária: Everton Ribeiro ajeitou e Gabriel Barbosa se antecipou a Robson Bambu.

Além da dupla protagonista no gol, Berrío também estava na área atleticana. O ponteiro entrou no lugar de Lincoln, mas mantendo a dupla de ataque. E preservando as linhas adiantadas que cobraram um preço alto: Rony ganhou de Rafinha na intermediária, disparou e entrou nas costas da defesa para empatar. Levar gol em contragolpe com vantagem no placar é um risco inerente ao modelo de jogo de Jorge Jesus. Ainda mais quando o treinador encara um jogo decisivo com menos de um mês de trabalho e apenas duas partidas oficiais.

O empate trouxe o abatimento de um grupo que vem sofrendo reveses seguidos nas principais competições. Com a queda mental, o desgaste físico bateu no final. A senha para derreter psicologicamente nos pênaltis. A começar por Diego, que cumpriu boa atuação nos 90 minutos, mas não tem retrospecto positivo nas cobranças. Para complicar, o árbitro demorou a autorizar e minou ainda mais a confiança. O chute foi ridículo, até bizarro.

O golpe final no emocional que foi para o espaço no chute por cima de Vitinho e depois Everton Ribeiro também “atrasando” para o goleiro Santos. Diego Alves fez o que pôde, pegando a cobrança de Bruno Nazário e só sendo deslocado no por Bruno Guimarães, mas não evitou a eliminação. Dentro de um confronto equilibrado, em Curitiba e no Rio de Janeiro, qualquer detalhe faz diferença.

O Athletico foi mais sereno e seguro e está na semifinal. Ficou claro para Jorge Jesus que suas ideias podem dar muito certo com tempo e respaldo, mas no Flamengo o maior trabalho, ao menos neste início, será no aspecto mental. É muita pressão para transformar o investimento em conquistas. Para voltar a vencer em nível nacional e internacional, antes de tudo, é preciso ter calma. Sem a montanha-russa do “oba oba” de domingo e a depressão na quarta-feira.

Não há mágica, nem milagre. Só o trabalho consistente que o treinador português é capaz de entregar.

 

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Flamengo atropela Goiás com a fome que vinha faltando há muito tempo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/14/flamengo-atropela-goias-com-a-fome-que-vinha-faltando-ha-muito-tempo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/14/flamengo-atropela-goias-com-a-fome-que-vinha-faltando-ha-muito-tempo/#respond Sun, 14 Jul 2019 15:55:54 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6865 Em sua estreia no Maracanã com 65 mil presentes, Jorge Jesus começa a sinalizar como pretende fazer o Flamengo atuar em casa para abrir sistemas defensivos bem fechados: reunindo o máximo de qualidade técnica possível e colocando intensidade, principalmente na pressão logo após a perda da bola. Mesmo no sol de inverno carioca às 11h.

A goleada por 6 a 1 sobre o Goiás, com 4 a 1 ainda no primeiro tempo, não indicam uma exibição próxima da perfeição. O time rubro-negro teve problemas naturais para uma mudança tão radical na formação e no modelo de jogo. Com Rafinha estreando pela direita e Trauco à esquerda colocando Renê no banco. No meio, Willian Arão sendo o titular como volante à frente da defesa no 4-1-3-2.

Duas dificuldades chamaram a atenção: no momento de tensão depois que o Goiás empatou com Kayke após falha de Rodrigo Caio, o time afunilou demais as jogadas. Porque Rafinha e Trauco têm características de laterais construtores, sem rapidez e intensidade para chegar ao fundo. Sem espaços acabavam cruzando da intermediária ofensiva e facilitando a marcação.

Também a transição defensiva ainda descoordenada quando o Goiás saía da pressão inicial e achava o rápido e habilidoso Michael pela esquerda. Ponteiro que acertou a trave de Diego Alves. Arão também vai se adaptando à tamanha responsabilidade defensiva, já que Everton Ribeiro, Diego, Arrascaeta, Gabriel Barbosa e Bruno Henrique, por mais que se esforcem, não conseguem uma compactação perfeita quando a equipe recua linhas.

De Arrascaeta foi o fator de desequilíbrio em sua melhor atuação pelo novo clube. Abriu o placar completando jogada que iniciou com a ação individual de Everton Ribeiro e passou por Gabriel. Depois descomplicou o 1 a 1 com lindo passe para Trauco enfim chegar rapidamente ao fundo e servir Bruno Henrique em um lance de presença de área e sorte.

Com vantagem no placar e o Goiás zonzo, o Flamengo mostrou uma força que já tinha nos tempos de Abel, mesmo sem organização. Tendo campo para acelerar e muita gente para chegar na área adversária, o final do primeiro tempo foi de um vendaval que terminou em mais dois de Arrascaeta: aparecendo na área completando passe rasteiro para trás de Gabriel e depois um cruzamento da esquerda que encobriu o goleiro Tadeu.

O uruguaio ainda encontraria Gabriel solto no quinto gol aos 10 minutos do segundo tempo. Para o Goiás desistir de vez de buscar qualquer recuperação e Jorge Jesus pensar no jogo da volta pelas quartas da Copa do Brasil contra o Athletico. Descansou Rafinha, Arão e Bruno Henrique e colocou Rodinei, Cuéllar e Vitinho para manter a intensidade e seguir atacando, mantendo a comunhão com a torcida. Até o passe de Everton Ribeiro, a segunda assistência de Arrascaeta e outro gol de Gabriel.

Festa na arquibancada e um otimismo com razão de ser. Afinal, a fome mostrada em campo era o que vinha faltando há muito tempo. A posse de bola rondou entre 65% e 70% (67% no final)  e foram 28 finalizações. 17 no alvo, o que mostra evolução também na contundência da equipe que sofreu tantas vezes com o “arame liso” – cercar sem furar a defesa do oponente.

Mas é nítido e até lógico que ajustes precisam de tempo e também da colaboração das novidades já anunciadas, como Gerson e o zagueiro Pablo Marí, e quem mais chegar – apesar dos três gols de Gabriel em dois jogos, o centroavante típico continua sendo necessidade.

É preciso reforçar o óbvio: nem sempre será assim, nem no Maracanã. Até porque o desgaste pela sequência de jogos deve reduzir o ritmo alucinante dessas duas primeiras partidas depois de 20 dias de treinamentos. Mas não há como recolher o elogio à atuação mais que promissora na maior goleada do Brasileiro. É um novo Flamengo se desenhando.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

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Com ou sem Rafinha, Flamengo precisa resgatar força histórica nas laterais http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/22/com-ou-sem-rafinha-flamengo-precisa-resgatar-forca-historica-nas-laterais/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/22/com-ou-sem-rafinha-flamengo-precisa-resgatar-forca-historica-nas-laterais/#respond Wed, 22 May 2019 09:32:27 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6573

O presidente Rodolfo Landim afirmou em redes sociais que a torcida terá boas notícias muito em breve quanto ao anúncio oficial da contratação de Rafinha, que se despediu do Bayern de Munique com o heptacampeonato alemão. O lateral está apalavrado com o Flamengo desde o início de 2019 para um contrato de dois anos, mas nos seguintes termos: se voltar ao Brasil será para atuar pelo rubro-negro. A questão é que, apesar dos 33 anos, o brasileiro tem mercado na Europa. Ainda assim, o negócio parece mesmo muito bem encaminhado.

O Fla ainda tenta convencer Filipe Luís a retornar ao Brasil, mas neste caso parece menos viável pelo mercado ainda mais amplo do lateral esquerdo do Atlético de Madrid e a vontade da família de permanecer no Velho Continente. Mesmo com a solidez financeira do clube carioca, a crise do país em todas as instâncias não encoraja muito o retorno às origens.

Seja como for, o Flamengo precisa qualificar o trabalho pelos lados do campo. Pela direita, Pará e Rodinei são alvos da torcida por atuações fracas em jogos decisivos. À esquerda, Renê apresenta regularidade, a ponto de ter sido eleito o melhor da posição na última edição do Brasileiro, mas não é brilhante no apoio. O reserva, Trauco, é o contrário: ataca bem, mas tem dificuldades no trabalho defensivo.

A história mostra que o time costuma ser bem sucedido quando conta com bons laterais. Ou craques, como foram Leandro e Júnior no maior time da história do clube com o auge em 1981. No ano anterior campeão brasileiro com Toninho Baiano, que fez parte do grupo da seleção na Copa do Mundo de 1978, pela direita. Em 1984, quando Leandro virou zagueiro por problemas nos joelhos e Júnior foi ser meio-campista na Itália, o Fla contratou Jorginho ao América e promoveu Adalberto da base, ambos campeões mundiais sub-20 no ano anterior.

Adalberto – pai do atacante Rodrigo Moreno, naturalizado espanhol e atuando pelo Valencia – foi destaque até uma fratura na perna comprometer sua carreira. Sucedido por Leonardo na equipe campeão da Copa União de 1987. No time que venceu o Carioca de 1991 e o Brasileiro no ano seguinte, Charles Guerreiro e Piá não eram talentosos, mas contribuíam com velocidade na parceria com os ponteiros Paulo Nunes e Nélio e precisão nos cruzamentos.

No tricampeonato estadual iniciado em 1999 e na conquista da Copa Mercosul no mesmo ano, destaque para Athirson pela esquerda e mais a contribuição de Fabio Baiano, Maurinho ou Pimentel do lado oposto. Até chegar ao domínio de Leonardo Moura e Juan, titulares absolutos em outro tri carioca (2007/2009), mais a Copa do Brasil 2006 e o Brasileiro de 2009, além da incrível campanha de recuperação com Joel Santana que levou o time da zona de rebaixamento à vaga na Libertadores com o terceiro lugar em 2007. Com o jogo baseado na qualidade dos seus alas.

Agora o Fla se ressente da ausência de jogadores mais técnicos para servir os atacantes e/ou com velocidade para chegar ao fundo. O jogo não flui, especialmente pela direita. Com Everton Ribeiro, um ponta articulador canhoto que costuma trabalhar por dentro, o setor precisa de alguém abrindo o campo e chegando de trás com rapidez e inteligência. Pará não é tão ágil e falta leitura de jogo a Rodinei. Mesmo veterano e sem o vigor de outros tempos, Rafinha já seria um enorme “upgrade”. João Lucas, jovem contratado ao Bangu depois de boas atuações no estadual, pode ser útil pela intensidade. Mapear o mercado sul-americano também ajuda.

Pela esquerda, mesmo sem reforços é possível compor com Bruno Henrique aberto ou buscando as infiltrações em diagonal e Renê apoiando por dentro, como nos melhores momentos da formação que chegou à liderança do Brasileiro do ano passado sob o comando de Maurício Barbieri. A solução criava superioridade no meio e Vinícius Júnior garantia amplitude e possibilidade de jogadas individuais para desarticular a marcação.

Na verdade do campo, porém, a carência nas laterais salta aos olhos. No Flamengo isto causa ainda mais estranheza. É preciso resgatar uma das grandes virtudes dos times mais vencedores da história do clube. Com urgência para não amargar mais uma temporada sem títulos relevantes.

 

 

 

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