fernandodiniz – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com o São Paulo de Diniz, um jogo na mão é vendaval http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/06/com-o-sao-paulo-de-diniz-um-jogo-na-mao-e-vendaval/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/06/com-o-sao-paulo-de-diniz-um-jogo-na-mao-e-vendaval/#respond Fri, 06 Mar 2020 07:01:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8101

Foto: Ernesto Benavides / AFP

“Dinheiro na mão é vendaval na vida de um sonhador”, canta Paulinho da Viola em “Pecado Capital”.

Fernando Diniz é um treinador que sonha com um futebol que combine a essência brasileira, do menino que sente prazer em estar com a bola, com a maneira atual de se jogar – intensidade, pressão, saída de bola coordenada, jogo apoiado. Saudável, até louvável.

Mas há algo na execução que não funciona. E interfere diretamente na construção das vitórias que devem sustentar qualquer trabalho. Afinal, o objetivo é que o desempenho gere resultados. Mas o Athletico, o Fluminense e agora o São Paulo de Diniz falham miseravelmente na finalização das ações de ataque. Sem os gols que constroem a boa vantagem, o adversário se mantém no jogo e a menor intensidade com o desgaste pelo passar do tempo e a proposta ofensiva, com o time adiantado, ocupando o campo de ataque, oferecem espaços que os oponentes aproveitam. E não costumam perdoar quando têm a chance.

Um roteiro que se repete muitas vezes, apesar da recuperação no Paulista. E fica ainda mais complexo na altitude de 3.825 metros em Juliaca, no Peru. Com a tensão da estreia na Libertadores, depois da eliminação antes da fase de grupos no ano passado. Ainda a responsabilidade de garantir os 100% de aproveitamento dos brasileiros na primeira rodada, algo que não acontecia desde 2003.

O São Paulo não se intimidou diante do estreante Binacional. Mesmo com Diniz suspenso por atraso na volta do intervalo quando ainda comandava o Fluminense, contra o Peñarol na Sul-Americana. Se organizou para atacar, trocou passes com calma e movimentou as peças, com as trocas de posicionamento e de funções entre Daniel Alves e Igor Gomes no meio-campo e Pablo e Alexandre Pato na frente, completando o ataque com Antony.

Assim foi às redes com Pato e novamente alimentou a ilusão de que o jogo parecia controlado. Até pelas limitações do Binacional, com muitos erros técnicos, espaços entre os setores e sem apelar para a pressão sufocante que os times costumam impor quando mandam as partidas na altitude.

Mas era preciso resolver o jogo para administrar com mais tranquilidade a perda gradativa do fôlego. Justo o problema crônico. Antony e Pablo perderam chances cristalinas. Nem o ar rarefeito interferindo na força dos chutes podem justificar. E o primeiro tempo de domínio terminou só com um gol de vantagem. Pouco para o que o tricolor produziu.

Cobrou o preço no segundo tempo. O cansaço puxou o time para trás e empurrou o Binacional para o ataque, mesmo sem tanta qualidade. Marco Rodriguez e Johan Arango marcaram os gols da virada que seria improvável pelo que se jogou no primeiro tempo. Não contra o São Paulo, que cansou, cedeu espaços, perdeu força na frente e sucumbiu na defesa. Mesmo com 53% de posse, 87% de efetividade nos passes e 18 finalizações. Seis no alvo, uma a mais que o time peruano, que concluiu 16.

Diniz, representado por Márcio Araújo à beira do campo, perdeu de novo. Porque o São Paulo só não é superior no Grupo D ao River Plate, mas corre sério risco de sair eliminado contra LDU e o próprio Binacional, clube com apenas nove anos de existência. Porque quase sempre escorrega nos mesmos pecados capitais. Assim, um jogo na mão é vendaval.

(Estatísticas: SofaScore)

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Sem gols, Palmeiras e São Paulo pagam por clássico “prematuro” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/26/sem-gols-palmeiras-e-sao-paulo-pagam-por-classico-prematuro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/26/sem-gols-palmeiras-e-sao-paulo-pagam-por-classico-prematuro/#respond Sun, 26 Jan 2020 21:25:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7866 O São Paulo controlou o “Choque-Rei” no início do primeiro tempo pela posse de bola. Em um 4-1-4-1 compacto, trazia o canhoto Helinho pela direita e o destro Vitor Bueno à esquerda cortando para dentro e procurando os meias Daniel Alves e Hernanes, criando superioridade numérica no meio. Com Tche Tche auxiliando Arboleda e Bruno Alves na saída de bola.

O Palmeiras sofria com setores espaçados e pouca mobilidade em um 4-2-3-1 que deixava Lucas Lima mais próximo de Luiz Adriano e fazia Dudu se sacrificar voltando pela esquerda, a mesma função de Gabriel Veron do lado oposto. Mudou depois da parada técnica, com mais dinâmica: Dudu e Lucas Lima alternando por dentro e aberto, revezando o posicionamento com Veron. Mais participação ofensiva dos meio-campistas por dentro também – Gabriel Menino e Ramires.

A equipe de Vanderlei Luxemburgo criou as melhores oportunidades, com Dudu recebendo de Lucas Lima e batendo em cima de Tiago Volpi e Ramires aparecendo para bater na trave. Nítida superioridade nos vinte minutos finais. Apesar dos 54% de posse do time de Fernando Diniz, além das dez finalizações a seis – três a um no alvo.

Vanderlei Luxemburgo desfez o 4-3-3 palmeirense da estreia, mas no 4-2-3-1 a equipe alviverde só cresceu quando fez Dudu, Lucas Lima e Veron circularem. São Paulo começou bem criando superioridade numérica no meio, dentro da execução do 4-1-4-1, mas faltou intensidade e profundidade (Tactical Pad).

Insatisfeito, Diniz trocou Helinho, que nada produziu pela direita nem auxiliou Juanfran na recomposição, por Liziero na volta do intervalo. Daniel Alves foi para a direita, mas com liberdade para circular. A ponto de aparecer na frente de Weverton numa reposição perfeita de Volpi e perder a melhor chance tricolor no jogo.

Vanderlei respondeu trocando Veron por Willian e depois os volantes: Ramires por Zé Rafael e Patrick de Paula. O calor na Arena Luminosa, em Araraquara, pesou no desgaste das equipes em um início de temporada. Mas novamente foi do Palmeiras a chance mais cristalina, na cabeçada de Luiz Adriano no travessão, completando cruzamento preciso de Marcos Rocha.

Diniz tentou aumentar a profundidade e o poder de fogo com Everton e Alexandre Pato nas vagas de Hernanes e Pablo, com Dani Alves voltando ao meio-campo e Vitor Bueno circulando mais por dentro. Mas de novo ficou a impressão de um time com intensidade baixa para um clássico. Morno, sem “punch”.

Mesmo com as substituições, times não mudaram suas estruturas táticas e foram cansando ao longo do tempo. São Paulo seguiu sem “punch”. Palmeiras teve a melhor chance com Luiz Adriano, mas segue dependendo demais de Dudu. Destaque para a boa movimentação de Lucas Lima (Tactical Pad).

Números equilibrados: São Paulo com 51% de posse, 17 finalizações para cada lado, 5 a 4 no alvo a favor do Tricolor. Mais uma chance desperdiçada de vencer o rival – são 11 anos de jejum no Paulistão. Para o Palmeiras, o incômodo de não ter conseguido se impor, mesmo com mando de campo e sendo ligeiramente superior. Precisa depender menos de Dudu, mas o desempenho de Lucas Lima novamente foi animador.

Problemas naturais em um início de temporada. Pagaram com apenas um ponto para cada lado. Janeiro não deveria ser mês de clássico. Faltou o gol no duelo “prematuro”.

(Estatísticas: SofaScore.com)

 

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Tempo é o grande “reforço” do São Paulo de Fernando Diniz para 2020 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/13/tempo-e-o-grande-reforco-do-sao-paulo-de-fernando-diniz-para-2020/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/13/tempo-e-o-grande-reforco-do-sao-paulo-de-fernando-diniz-para-2020/#respond Mon, 13 Jan 2020 11:11:11 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7824

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

A vitória por 2 a 1 sobre o Internacional no Morumbi pela penúltima rodada do Brasileiro garantiu o São Paulo na sexta colocação e a última vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2020. Feito comemorado com empolgação por jogadores e dirigentes. Exagero para um gigante tricampeão sul-americano, mas o contexto ajuda a explicar.

2019 começou com Flórida Cup e disputa das fases classificatórias para o torneio continental. Eliminação para o Talleres na segunda etapa e, em fevereiro, o São Paulo já estava em crise e sem treinador, após a saída de André Jardine. Era importante não ficar de fora da Libertadores, mas de preferência fugindo do evento traumático e que sempre compromete qualquer planejamento pela obrigação de queimar etapas na preparação.

Pode ajudar muito uma equipe que ganhou reforços e trocou de treinador durante a principal competição nacional e Fernando Diniz, o atual responsável pelo comando técnico, encarou uma sequência de jogos desde a estreia com a retranca que foi obrigado a fazer para conter o então líder Flamengo no Maracanã no empate sem gols. Um returno insano, com jogos de quatro em quatro dias na média e sem tempo para treinamentos.

Agora há pré-temporada, base montada e técnico mantido. Só não há paz, em um clube sempre enfiado em turbulências políticas. A mudança da data de reapresentação do dia seis para oito gerou protestos contra um grupo, ou parte dos jogadores, que carrega a fama de preguiçoso, acomodado. Objetivamente não muda nada e pode ser usado como combustível.

Para a mudança tão desejada pelos tricolores. Um time consistente, trabalhando com conceitos atuais, mas também brilho nos olhos para tirar o São Paulo deste “limbo” em que se enfiou. Sem títulos desde a Sul-Americana de 2012, mas também sem um “fundo do poço” – como o rebaixamento, por exemplo – para virar tudo do avesso. Tudo muito morno.

Melhor seria contar com todos os atletas na preparação, mas a seleção pré-olímpica, comandada por André Jardine, levou Antony, Igor Gomes e Walce, que sofreu lesão grave no joelho e deve ficar oito meses sem jogar. Ainda assim, é possível encontrar, enfim, o melhor posicionamento para Daniel Alves  – este blogueiro segue acreditando que o jogador multicampeão deve ser um “oito” com a camisa dez – e completar a adaptação de Juanfran ao futebol brasileiro.

Também recuperar o melhor desempenho de Pablo e fazer Hernanes e Alexandre Pato contribuírem mais coletivamente. Ainda equilibrar juventude e experiência afirmando jogadores como Helinho e Shaylon e aproveitando os jovens das divisões de base. Por fim, o próprio Diniz amadurecendo as ideias e consolidando uma proposta de jogo dentro do que o treinador acredita, mas adicionando intensidade e competitividade que vêm faltando em seus trabalhos na Série A. A insistência nos primeiros treinos para o time reagir rápido e ser agressivo após a perda da bola para tentar recuperá-la é um bom começo.

A grande contratação até aqui foi a aquisição definitiva do goleiro Tiago Volpi. Nada excepcional, mas ao menos resolve um problema na meta desde a aposentadoria de Rogério Ceni. O principal “reforço” são-paulino, porém, é o tempo. Diante de tantas urgências, especialmente da torcida, a paciência pode ser a maior aliada do clube na temporada.

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Com Arteta, Arsenal tenta sair do limbo que, no Brasil, ameaça o São Paulo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/30/com-arteta-arsenal-tenta-sair-do-limbo-que-no-brasil-ameaca-o-sao-paulo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/30/com-arteta-arsenal-tenta-sair-do-limbo-que-no-brasil-ameaca-o-sao-paulo/#respond Mon, 30 Dec 2019 11:47:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7784

Foto: Getty Images

Mikel Arteta se aposentou como jogador em 2016 no Arsenal, aos 34 anos, e foi ser auxiliar de Pep Guardiola no Manchester City. Com visão privilegiada de meio-campista e sensibilidade para lidar com os atletas que enfrentava até pouco tempo atrás, era uma “ponte” importante entre treinador e elenco.

Conceitos atuais e liderança que seduziram o Arsenal a apostar no espanhol para suceder Unai Emery no comando técnico. Arteta que foi convidado por Arsène Wenger assim que parou de jogar para comandar a Academia. Desenvolvendo jovens atletas que hoje são a esperança do clube e do novo treinador em um projeto a médio/longo prazo, a julgar pelo contrato de três anos e meio.

O grande obstáculo em sua primeira experiência é justamente a urgência de uma torcida que está cansada de esperar. Porque o clube demorou a entender que era hora de agradecer a Wenger pelos serviços prestados e buscar outros caminhos. Por mais que se defenda trabalhos a longo prazo e se reverencie quem consiga executar um projeto durante décadas, a noção de “timing” é fundamental.

Faltou isso à diretoria dos Gunners. Ou o bilionário Stan Kroenke, “dono” do clube, deu mais importância aos lucros do que aos resultados esportivos. Na prática, a imagem de clube que contrata e trabalha na evolução de jovens atletas que vão vencer em outras agremiações foi consolidada e teve em Cesc Fàbregas seu maior símbolo. Chegou ao clube em 2003, com 16 anos foi o jogador mais jovem a entrar em campo pelo time principal. No entanto, não pôde ser considerado campeão invicto em 2003/04 porque não jogou nenhum minuto pela Premier League.

Saiu em 2011, com apenas uma Copa da Inglaterra (2004/05) e uma Supercopa (2004). Para ganhar quase tudo no Barcelona em três anos, exceto a Liga dos Campeões, e vencer sua primeira Premier League logo em sua volta à Inglaterra, mas pelo Chelsea, grande rival do Arsenal.

Foram anos se satisfazendo com a quarta vaga na Inglaterra para a Champions, campanhas que foram minguando depois do vice-campeonato em 2006 e da chegada às semifinais em 2008/09. Com incrível sequência de sete eliminações nas oitavas, a última de forma humilhante para o Bayern de Munique por 10 a 2 no placar agregado em 2016/17.

Com a ascensão do Tottenham de Mauricio Pochettino e a redenção do Liverpool de Jürgen Klopp se juntando a Manchester City e Chelsea, além das oscilações do Manchester United, não havia mais vaga no principal torneio de clubes do planeta para os Gunners. Precisou que o próprio Wenger, imaginando a possibilidade de demissão, encerrasse o ciclo de 22 anos como manager em abril de 2018. Período que ele mesmo considerou longo demais em entrevista posterior à saída: “Sou uma pessoa que gosta de se mover, mas também gosto de um desafio. Só que eu acabei sendo um prisioneiro dos meus próprios desafios”, declarou à rádio francesa “RTL”.

Depois do fenômeno “Invincibles” em 2003/04, os títulos vieram apenas na Copa da Inglaterra: 2004/05, 2013/14, 2014/15 e 2016/17. Tornando o clube recordista de conquistas do torneio, com 13. Mesmo número de títulos ingleses, só ficando atrás de Manchester United e Liverpool. Mas apenas três na Era Premier League, desde 1992.

Um clube vencedor, mas que parece ter se enfiado em uma espécie de “limbo”. A falta de maiores ambições durante anos, uma sensação de imobilidade conformada. O Arsenal ficou morno, sem enorme crise nem grande conquista. Wenger virou refém de sua própria imagem que ganhou um ar romântico e até quixotesco ao longo do tempo.

Fez mal, porém, à instituição que hoje luta para se reposicionar. Na derrota para o Chelsea no Emirates por 2 a 1, segunda partida de Arteta no comando depois do empate por 1 a 1 na estreia contra o Bournemouth, uma virada improvável dos Blues depois do domínio dos donos da casa, especialmente no primeiro tempo. Gol de Aubameyang, mas falha grotesca de Leno no gol de Jorginho aos 38 minutos e, quatro minutos depois, o golpe final com Abraham. Mais um revés para o algoz na final da última Liga Europa, com goleada por 4 a 1.

Para deixar o time na 12ª colocação no campeonato. A sete pontos da vaga na Liga Europa, a seis da zona de rebaixamento. Um elenco com potencial para ir além, mas que tem em Mesut Özil a imagem mais emblemática: 31 anos, no clube desde 2013. Acomodado, de brilhos esparsos e que desaparece em momentos decisivos. Como se reconstruir desta forma? Só Arteta no comando não basta.

Um buraco que, no Brasil, ameaça o São Paulo. Clube ainda mais vencedor que o Arsenal, pelas grandes conquistas internacionais, mas que segue errante, sem rumo desde o tricampeonato brasileiro em 2008. Depois da Sul-Americana em 2012, um duro período de seca, mesmo no Paulista que já perdeu relevância no cenário nacional.

Turbulência política, a perda da imagem de “Soberano” e também do Morumbi como palco dos grandes jogos dos rivais Corinthians e Palmeiras, o que gerava receitas e prestígio pela imagem de clube organizado. Hoje vive de olhar para o passado buscando algum sinal, uma luz.

Tentou a guinada com a contratação de Daniel Alves, o jogador mais vencedor da história do futebol, com 40 títulos oficiais na carreira. Mas nem o carisma mudou o marasmo, ao menos por enquanto. Os grandes “feitos” na temporada foram a vaga direta na fase de grupos da Libertadores – com a sexta colocação no Brasileiro, aproveitando as vagas deixadas por Flamengo e Athletico – e ter sido o único time a não ser derrotado pelo campeão com recorde de pontos. Muito pouco para um gigante.

Mas parece suficiente para Fernando Diniz, que detecta poucas carências para o elenco. De fato, há qualidade. Falta, porém, uma centelha de protagonista difícil de encontrar depois que se acostuma com papeis secundários. O risco é o hábito de ser coadjuvante empurrar ladeira abaixo, como parece o caminho do Arsenal na Inglaterra. Um triste ocaso para tanta história.

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Fluminense e Odair Hellmann: parceria em busca de identidade http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/20/fluminense-e-odair-hellmann-parceria-em-busca-de-identidade/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/20/fluminense-e-odair-hellmann-parceria-em-busca-de-identidade/#respond Fri, 20 Dec 2019 11:16:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7757

Foto: Mailson Santana / Fluminense

O Fluminense viveu 2019 sob as impressões digitais de Fernando Diniz. O treinador colocou em prática seu modelo de jogo particularíssimo logo no início da temporada e, com os maus resultados no Brasileiro, acabou demitido. O discurso no clube era a necessidade de fazer um jogo mais direto e ser eficiente nas finalizações, maior problema da “Era Diniz”.

Chegou Oswaldo de Oliveira, escolha infeliz da direção, que teve resistência desde o primeiro dia pelas diferenças nos métodos de treinamento e no trato pessoal com os atletas. Não durou muito e Marcão foi de interino a efetivo até o fim da principal competição nacional.

O que se viu em campo foi uma equipe com posse, até pelas características de jogadores como Allan, Caio Henrique, Paulo Henrique Ganso, Nenê e Daniel, porém sendo mais efetiva quando compactava os setores sem bola e acelerava as transições ofensivas com Yonny González. Parecia mais incerteza do que convicção de que a versatilidade era a melhor escolha.

Odair Hellmann foi auxiliar técnico de Rogério Micale na conquista do ouro olímpico no Rio de Janeiro em 2016. Interino no final de 2017 no Internacional, depois da demissão de Guto Ferreira, garantiu o acesso à Série A que já estava bem encaminhado, mesmo sem título, e acabou efetivado para a temporada seguinte após a recusa de Abel Braga.

Tentou construir um time que valorizava o controle de bola, embora as características dos jogadores fossem mais propícias a um jogo de imposição física e definição rápida das jogadas. Acabou cedendo ao óbvio e, em 2019, o protagonismo foi de Edenilson e Patrick, meio-campistas de área a área com intensidade, se aproximando de Paolo Guerrero.

Acabou pagando por escolhas questionáveis, mas, principalmente, pelo excesso de cautela no Maracanã contra um Flamengo de Jorge Jesus ainda não tão dominante, nas quartas da Libertadores e também na final da Copa do Brasil diante do Athletico. Mesmo sendo premiado pela coragem ao eliminar o favorito Palmeiras na semifinal do mata-mata nacional. Talvez o resultadismo que impera no futebol brasileiro e o apego ao cargo tenham interferido no trabalho.

Na coletiva de apresentação nas Laranjeiras, o novo técnico tricolor, que foi jogador do clube em 1999, disse que rejeita rótulos e busca um time equilibrado na defesa e no ataque. De fato, chamar o treinador de “retranqueiro” é um exagero. A pequena amostragem de sua carreira como treinador não sinaliza uma prioridade ao sistema defensivo.

O discurso inicial está correto, mas as ideias precisam ser claras, até para dar segurança aos jogadores. A partir de um modelo de jogo, as adaptações são feitas de acordo com contextos e adversários. Mas sem fugir muito da proposta central. Inclusive pelas dificuldades financeiras para contratar. Não dá para ser na base da tentativa e erro.

Qual será o Fluminense de 2020? E que Odair vai comandar o time? O da posse no campo de ataque ou da segurança defensiva com rápidas transições? As respostas virão no ano que vem, mas já vale a reflexão na busca de identidade. Saber o que se quer é sempre um bom começo.

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Quem dera Fernando Diniz fosse “guardiolista”… http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/13/quem-dera-fernando-diniz-fosse-guardiolista/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/13/quem-dera-fernando-diniz-fosse-guardiolista/#respond Wed, 13 Nov 2019 09:40:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7559

Foto: Assessoria de Imprensa / Fernando Diniz

Bastaram duas derrotas do São Paulo, contra Fluminense e Athletico, para Fernando Diniz voltar a ser alvo das críticas de sempre: muita posse de bola, pouca efetividade, fragilidade defensiva…”Muita teoria, pouco resultado”.

Uma crítica que até tem fundamento, já que o aproveitamento de Diniz nos três clubes citados acima, justamente os que comandou na Série A, comprovam que sua proposta de jogo não entrega os resultados esperados. Ainda que os números tenham melhorado: no Athletico e no Fluminense ganhou 26% dos pontos, no Tricolor do Morumbi chegou a 51.5%  – cinco vitórias, dois empates, quatro derrotas. Mesmo assim insuficiente para as expectativas criadas em relação ao elenco que ganhou Juanfran e Daniel Alves.

O problema é o conteúdo dessas ressalvas ao trabalho do treinador. Principalmente a comparação no estilo com Pep Guardiola. Apesar da visita ao treinador catalão quando Diniz esteve na Europa e apontar algumas semelhanças que  vê nas ideias de jogo, ele nunca citou diretamente como influência. Sempre falou em resgate da essência do futebol brasileiro, o lado lúdico dos jogadores.

Quando chegou ao São Paulo lembrou Telê Santana, mas em entrevista ao nosso Bolívia, no Youtube, falou em Diego Simeone como referência. Nada, ou bem pouco a ver com que suas equipes apresentam. Muito provavelmente pela cultura muito enraizada no futebol brasileiro, que analisa tudo a partir das individualidades, de que o grande treinador é o que consegue formar um grande time, ou ao menos um muito competitivo, sem grandes orçamentos. Como se o Atlético de Madrid fosse um pobre diabo na Europa…

As velhas máximas “treinador bom é o que não atrapalha”, “com craques é só distribuir as camisas” e “quero ver o Guardiola ser campeão da Série B no Brasil” que não têm nenhuma conexão com a realidade atual. Como se um grande chef fosse obrigado a fazer um prato sofisticado e saboroso em uma cozinha mambembe, sem recursos e um mínimo de higiene.

Diniz parece um tanto confuso entre suas convicções e o que necessita entregar em termos de resultado. Estreou se fechando contra o Flamengo e garantindo o empate sem gols que tornou o São Paulo a única equipe do campeonato a não ser derrotada pelo líder absoluto e virtual campeão brasileiro – no turno, 1 a 1 contra os reservas rubro-negros, ainda comandados por Abel Braga.

Depois deu a impressão de que tentaria combinar a solidez defensiva demonstrada com Cuca com mais posse e qualidade no ataque. Mas seu trabalho parece seguir o curso dos anteriores: com o tempo as ideias se estagnam, sem maiores variações. O método não consegue entregar a evolução de desempenho e também fica a impressão de que com o desgaste dos revezes a gestão do vestiário se perde.

Para complicar, o São Paulo segue em seu “limbo” no futebol brasileiro. Nem redenção, nem fundo do poço. É um clube morno, mesmo afundado em seguidas crises políticas. Não chega ao topo, nem enfrenta uma crise institucional séria – como um rebaixamento, por exemplo – para unir todos em torno do clube e virar as costas de vez para o passado, criando uma versão moderna e vencedora de um dos clubes brasileiros com mais conquistas nacionais e internacionais.

Diniz sofre sem resultados e para muita gente a “culpa” é de Guardiola. Agora então com o City em momento menos brilhante e vendo o Liverpool disparar na Premier League… O equívoco maior é associar o técnico do time azul de Manchester a um “tiki-taka” que ficou para trás no Barcelona. O próprio criador do melhor time que este que escreve viu jogar diz que aquele modelo já foi atualizado. Quem viu o Bayern de Munique e agora assiste aos jogos do time inglês sob o comando de Pep nota em cinco minutos se olhar com atenção.

Guardiola muitas vezes sofre críticas por trabalhos influenciados pelo seu estilo. Como a Espanha bicampeã da Europa e vencedora no Mundial de 2010, na África do Sul. Seleção comandada por Vicente Del Bosque com base do Barcelona e proposta diferente da equipe comandada por Luis Aragonés. Uma posse mais defensiva de quem sabia não ter em Villa e Fernando Torres os artilheiros de dois anos antes e optou ficar com a bola no ritmo de Xavi e Iniesta. Mas com diferenças bem nítidas do time blaugrana, além da ausência de um Messi para desequilibrar.

Talvez os paralelos que se criam entre Diniz e Guardiola sejam fruto de uma visão bastante equivocada sobre as fontes de Pep. Só porque um dia, depois de ver seu Barça enfiar 4 a 0, fora o baile, no Santos em 2011 na final do Mundial, o treinador foi gentil com os jornalistas brasileiros e disse que seu time jogava o que seu avô falava sobre o futebol cinco vezes campeão do mundo, o mito de que ele tem como influência o estilo brasileiro foi criado.

Basta uma breve pesquisa sobre Pep para perceber que, quando ele resolveu viajar para amadurecer suas ideias antes de iniciar a nova carreira, ele não veio ao Brasil. Pode ter conversado muito com Pepe sobre o Santos de Pelé no final da carreira de jogador no Catar e declarar amor pela seleção de 1982, mas no momento em que sentiu necessidade foi expor suas ideias a Marcelo Bielsa, Arrigo Sacchi, César Menotti, Louis Van Gaal, Juan Manuel Lillo e outros treinadores.

Basicamente das escolas holandesa, espanhola e argentina. Nem sinal de Brasil, para desespero dos orgulhosos que acham que tudo ainda gira em torno do nosso “jogo bonito”. Na essência, a referência de Guardiola é Johan Cruyff, treinador que moldou seu jogo como atleta no início dos anos 1990. Mesmo paradigma, aliás, de Jorge Jesus, outro que hoje é apontado como o técnico responsável por “resgatar” o futebol brasileiro. Com um modelo tipicamente europeu, mas obviamente adaptado à cultura local e ao que o português chama de “jogar a Flamengo”.

Guardiola se diz um “ladrão de ideias”. Hoje o City que comanda quer a bola e adianta as linhas, mas entende a necessidade de velocidade nas transições, de um jogo mais direto, principalmente quando recupera a bola no campo de ataque. A decisão da jogada precisa ser imediata. É obrigatório trabalhar com carinho as bolas paradas, de ataque e defesa. O técnico quer vencer e empilha novas influências, inclusive do grande rival Jurgen Klopp.

O alemão também mostra que sabe combinar ideias. Hoje seu Liverpool tem momentos em que valoriza a posse para tirar um pouco a aleatoriedade do jogo de bate e volta na intensidade máxima. Bebe também em Pep. No mundo em que a informação circula ficar parado é pedir para ser atropelado.

Fernando Diniz hoje só parece um treinador no meio do caminho entre o que acredita e o que julga fundamental para prosperar na carreira. No São Paulo não entrega ideias, nem desempenho, muito menos os resultados esperados. Quem dera fosse “guardiolista” mesmo e estivesse contribuindo de fato para a evolução do nosso jogo…

 

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A gangorra de Palmeiras e São Paulo na sequência maluca de jogos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/03/a-gangorra-de-palmeiras-e-sao-paulo-na-sequencia-maluca-de-jogos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/03/a-gangorra-de-palmeiras-e-sao-paulo-na-sequencia-maluca-de-jogos/#respond Sun, 03 Nov 2019 11:51:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7516

Foto: Gazeta Esportiva

É quase um consenso entre treinadores, médicos e fisiologistas que o cenário de sonhos no futebol profissional em alto nível seria de um jogo por semana. Para combinar descanso, recuperação e treinamentos. Dentro da realidade em praticamente todo o mundo de jogos de liga e copas nacional e internacional, o melhor quadro é de uma semana “cheia” e outra com dois jogos.

Necessário ressaltar que o desgaste do jogador é preciso ser medido dentro de uma disputa em alto nível e em comparação com o adversário. Ou seja, o cansaço que é imposto pela intensidade do oponente. Não dá para comparar com o peladeiro que brinca todo dia. O atleta profissional aguenta jogar de domingo a domingo e muitas vezes faz isso nas férias, mas não com as exigências de uma competição.

Dentro deste contexto é possível notar a loucura que estamos vivendo neste returno de Brasileiro. Mais insano ainda é o calendário do Flamengo, que nas duas semanas livres em outubro decidiu a vida na Libertadores. O Grêmio, adversário na semifinal, também, mas poupando titulares nos dois jogos pelos pontos corridos que antecederam as partidas de mata-mata no torneio continental.

Jorge Jesus acabou fazendo uma espécie de “rodízio natural”, por conta de lesões, suspensões e convocações. Mas, mesmo assim, os titulares começam a dar claros sinais de cansaço e o treinador português já começa a mudar a prática: contra o Goiás, Rafinha e Gerson iniciaram no banco de reservas. E mesmo com o empate por 2 a 2 com o Goiás a sequência de bons resultados com desempenho satisfatório na maioria das partidas é surpreendente.

Porque todos sentem dificuldade. Não só pelo excesso de jogos, mas principalmente por conta da falta de treinamentos para corrigir erros e testar novas soluções. O aspecto mental, com exigência de concentração máxima, vai exaurindo também os atletas.

Por isso São Paulo e Palmeiras viveram uma espécie de gangorra na semana que passou. O atual campeão brasileiro e vice-líder desta edição não foi bem na vitória fora de casa sobre o Avaí por 2 a 1 no domingo passado, atropelou o São Paulo por 3 a 0 em sua casa e, de novo no Allianz Parque, sofreu para vencer um Ceará repleto de reservas por 1 a 0. Com Weverton pegando pênalti e salvando o time com outras duas defesas espetaculares. Sem contar o polêmico gol anulado do time visitante pelo VAR por impedimento bastante duvidoso de Bergson.

A obrigação de vencer para tirar uma diferença que agora é de cinco pontos, mas com um jogo a mais em relação ao líder Flamengo, já seria desgastante. A falta de tempo para treinar e se concentrar no desempenho da execução do modelo de jogo só pode aumentar a oscilação. É claro que o nível dos adversários e o contexto de cada partida ajudam também a criar a instabilidade, mas o caso do Palmeiras foi curioso porque a partida mais tranquila foi teoricamente a mais difícil.

O São Paulo esteve irreconhecível no clássico do meio de semana, depois de boa atuação nos 2 a 0 sobre o Atlético Mineiro no Morumbi. O pior dos times de Fernando Diniz apareceu no estádio do rival: posse de bola inócua e fragilidade defensiva. Para voltar a encaixar um bom jogo no fim de semana, com os 3 a 0 sobre a Chapecoense na Arena Condá. Destaque para a redenção de Antony com um golaço. No caso tricolor, o nível dos adversários pesou um pouco, ainda que a Chape viesse de uma grande vitória como visitante sobre o Galo. Ou seja, todos estão mesmo nessa gangorra.

Porque a exigência de compactação de setores, atenção no gesto técnico quando pressionado e outras demandas do futebol atual pedem o melhor dos atletas. E como trabalhar coletivamente sem exercitar com tempo para correção?

Para muitos é “mi-mi-mi”. Para quem trabalha, porém, é o mínimo para atender as cobranças por resultado e desempenho. Na impossibilidade de responder bem nos dois níveis, os três pontos são a prioridade. O Palmeiras não foi bem em duas partidas, mas somou nove pontos e melhorou o aproveitamento que era de 66% – na média, dois pontos a cada três disputados. Eis a única boa notícia.

Para o São Paulo, a recuperação rápida que mantém a caça ao Santos pela terceira colocação e a vantagem sobre Grêmio, Internacional e Corinthians na disputa pela quarta vaga direta na fase de grupos da Libertadores do ano que vem. Em rodada de Gre-Nal e do grande rival, em crise, indo ao Rio de Janeiro enfrentar o Flamengo.  Quem vai oscilar? Ou todos vão?

O campeonato pode ganhar em emoção, mas perde em qualidade. E ainda vem por aí a última data FIFA, desta vez desfalcando os times apenas dos estrangeiros convocados. Tudo por conta de um calendário inchado pelos estaduais e que agora deveria entregar o filé, mas só resta o bagaço de profissionais esgotados por uma sequência maluca de jogos.

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Tabela e desempenho jogam o Fluminense na zona do desespero http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/01/tabela-e-desempenho-jogam-o-fluminense-na-zona-do-desespero/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/01/tabela-e-desempenho-jogam-o-fluminense-na-zona-do-desespero/#respond Fri, 01 Nov 2019 10:52:45 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7513

Foto: Agência Estado

Entrar no Z-4 em uma reta final de campeonato é sempre preocupante. Mas estar em 17º, olhar para cima e ver cinco times a apenas cinco pontos de distância com oito rodadas a disputar, em tese, não seria nada muito desesperador.

Menos para o Fluminense, que efetivou Marcão como treinador depois da traumática transição de Fernando Diniz para Oswaldo de Oliveira, teve uma reação imediata pelo tal “fato novo”, mas agora se vê sem muitas soluções para reagir no campo. Ainda uma “herança” de Fernando Diniz, com momentos de posse de bola inócua e pouca eficiência nas finalizações e fragilidade defensiva, com os adversários precisando de poucas conclusões para irem às redes tricolores. E depender da regularidade de Paulo Henrique Ganso e Nenê não parece muito promissor.

Para piorar, a tabela aponta confrontos complicados: um clássico contra o Vasco no Maracanã na próxima rodada e depois cinco jogos fora e apenas três no Rio de Janeiro. A sequência: São Paulo no Morumbi, Internacional no Beira-Rio, Atlético Mineiro no Rio de Janeiro, CSA em Alagoas, Palmeiras no Maracanã, Avaí na Ressacada, Fortaleza em casa e Corinthians em Itaquera.

Ou seja, enfrenta concorrentes diretos para fugir da “confusão”, o Palmeiras que ganha fôlego ao reduzir para oito pontos a distância para o líder e times envolvidos na disputa parelha pelas vagas na Libertadores de um G-6 que pode virar G-7 caso o Flamengo conquiste a edição 2019 do torneio continental. Todos inconstantes, mas em uma reta final de campeonato, principalmente em seus domínios, não vão dar muitas brechas para surpresas ao cruzar com um time na rabeira da tabela.

O melhor cenário seria tentar aproveitar uma possível queda anímica do Vasco por conta da derrota para o Grêmio por 3 a 1 em São Januário que freou a reação em busca do G-6, empurrar o Atlético Mineiro para baixo no confronto direto, torcer para encarar um Palmeiras já sem esperanças de título, o Avaí matematicamente rebaixado na antepenúltima rodada e Fortaleza e Corinthians sem maiores aspirações na reta final. E tentar pontuar nos jogos mais difíceis como visitante.

Possível, mas ainda assim bem complicado. Porque falta conteúdo de jogo e bateu o desespero com a sequência de quatro jogos sem vencer – derrotas para Athletico, Flamengo e Ceará, empate em casa com a Chapecoense.  E o pior: com duas rodadas por semana não há muito tempo para treinar e melhorar o rendimento. A tabela e a bola jogada atiram o Fluminense no desespero e hoje parece difícil que ele saia de lá até o dia oito de dezembro.

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A lenta agonia do Cruzeiro. O que Abel Braga foi fazer em Belo Horizonte? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/14/a-lenta-agonia-do-cruzeiro-o-que-abel-braga-foi-fazer-em-belo-horizonte/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/14/a-lenta-agonia-do-cruzeiro-o-que-abel-braga-foi-fazer-em-belo-horizonte/#respond Mon, 14 Oct 2019 09:44:24 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7434

Imagem: Reprodução / Premiere

Este blogueiro até evitou fazer qualquer análise sobre as possibilidades de Abel Braga no Cruzeiro logo depois do anúncio da contratação por conta da incredulidade com o acerto do treinador com o novo clube. Não só pela situação do time mineiro, mas principalmente pela prática quase ritualística de assumir trabalhos apenas no início da temporada. A última vez que aceitou um convite no segundo semestre foi no Fluminense em 2011, mas com promessa de trabalho a longo prazo – ficou até 2013 faturando os títulos carioca e brasileiro.

Abel falou em “dívida” na primeira coletiva, alegando que o Cruzeiro abriu as portas para ele, ainda jogador, em 1981 depois de dois anos no Paris Saint-Germain. Mas nas entrelinhas deu a impressão de aceitar o apelo de jogadores que comandou e com os quais foi vitorioso e criou amizades, como Thiago Neves e Fred. Também pode estar vendo o mercado de treinadores ficar mais restrito com a renovação e chegada de estrangeiros – Abel não foi a primeira opção da diretoria, que chegou a sondar Dorival Júnior e pensar em outros nomes.

Seja como for, o “fato novo” com impacto no vestiário e no campo depois da passagem conturbada de Rogério Ceni, já resgatando confiança e conseguindo resultados rapidamente, não aconteceu. Estreia um dia depois da apresentação com derrota para o Goiás por 1 a 0, depois empates com o Internacional (1 a 1), Fluminense (0 a 0) e o péssimo, frustrante com a Chapecoense por 1 a 1. Com gol sofrido aos 49 minutos do segundo tempo, de Camilo em lance difícil confirmado pelo VAR.

A transformação anímica não veio. Turbulência política, crise financeira, dirigentes sob investigação e confiança baixa também não ajudam, assim como a dívida estimada em 520 milhões de reais. A campanha é vergonhosa: apenas quatro vitórias, dez empates e onze derrotas. 19 gols marcados, 33 sofridos. Antepenúltimo colocado, já quatro pontos e três vitórias atrás do Ceará, 16º . Sem direito ao confronto direto nas 13 rodadas que faltam – empatou sem gols na despedida de Ceni.

O cenário já é desesperador. Porque a competição afunila e no caso do time grande, que nunca caiu, o peso é maior do que sobre os concorrentes. É possível se safar, mas terá que virar a campanha do avesso. Em 13 rodadas é preciso  somar 23 pontos, um a mais do que alcançou em 25 partidas. Talvez a “nota de corte” fique abaixo dos 45. Mas a missão não parece das mais fáceis.

Menos ainda olhando para a tabela: já na próxima rodada pega em Belo Horizonte o redivivo São Paulo, de Fernando Diniz que com um Fluminense enfraquecido deu trabalho a Abel no comando do estelar Flamengo em todos os confrontos no Carioca. Agora os elencos, ao menos no papel, são equivalentes. E o momento do tricolor do Morumbi é bem superior.

Depois visita o Corinthians, recebe o Fortaleza em um confronto direto, sai para novo duelo de “seis pontos” com o Botafogo. Em seguida, Bahia no Mineirão, Athletico na Arena da Baixada, o clássico mineiro, Avaí em casa, Santos fora, CSA em Minas Gerais, visita o Vasco e o Grêmio em sequência para fechar a campanha contra o Palmeiras em casa. Difícil prever os pontos mais acessíveis, porque os confrontos também dependem dos cenários para os oponentes.

É claro que há nesta edição do Brasileiro quatro times para cair no lugar do gigante mineiro. Mas é difícil encontrar esperanças diante da falta de vitórias para quem precisa pontuar tanto. E a perspectiva do rebaixamento é ainda mais assustadora considerando a queda brusca nas receitas de TV. A gestão ficaria praticamente inviável.

Difícil abordar qualquer questão técnica ou tática. Sem tempo para treinar com dois jogos por semana e considerando que Abel mostrou no Flamengo que o conteúdo não está tão atualizado, a esperança era que a gestão de pessoas fizesse a diferença. Mas o discurso conhecido de “meu grupo tem caráter”, “a gente resolve lá dentro do vestiário e aqui com vocês (imprensa) eu seguro” e outros clichês parece não ter o impacto de outros tempos.

Agora o time celeste precisa mesmo é de coordenação dos setores, dar menos trabalho ao goleiro Fábio e caprichar no acabamento dos ataques. Mas em momentos de pressão a perna “encolhe”, o campo fica imenso e a meta adversária minúscula. Mesmo para um grupo de veteranos. Para piorar, não há orientação segura ou estratégia para dar um pouco de racionalidade ao caos.

O Cruzeiro agoniza lentamente. E este que escreve continua sem entender: que Abel foi fazer em Belo Horizonte?

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Fluminense simplifica com Marcão, Botafogo se complica e demite Barroca http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/06/fluminense-simplifica-com-marcao-botafogo-se-complica-e-demite-barroca/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/06/fluminense-simplifica-com-marcao-botafogo-se-complica-e-demite-barroca/#respond Sun, 06 Oct 2019 23:04:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7383 Fernando Diniz costuma dizer que pede aos seus jogadores apenas  “uma porrada de coisas simples”. Mais coragem para jogar e ainda tenta resgatar o lado lúdico do garoto que em algum momento foi o melhor jogador da sua rua. De fato, não parece complicado. Mas unir tudo isso com a tensão pela falta de resultados pode ser bem complexo.

Esta foi a dificuldade do treinador tanto no Athletico quanto no Fluminense. Tiago Nunes soube manter o que era bom no time paranaense, lapidar, adicionar intensidade ao modelo e mais contundência ao ataque. Assim montou a equipe campeão da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil.

No Flu, o sucessor Oswaldo de Oliveira sofreu a resistência do grupo de jogadores desde o início, pela diferença na visão de futebol e, principalmente, no trato com os atletas. Não podia dar certo. Marcão assumiu como interino e vai ficando conforme os resultados, situação parecida com a de Zé Ricardo no Flamengo em 2016. Aquele perfil conhecido, do auxiliar no clube há muito tempo, que tem o carinho de todos, a cumplicidade das lideranças e os jogadores correm por ele.

Mantendo os conceitos básicos de Diniz, já assimilados pelos jogadores a ponto de fazerem “de memória”. Mas com um foco maior nos resultados, simplificando processos e não tendo vergonha de se fechar e jogar em rápidas transições ofensivas quando necessário. Para fugir definitivamente do risco de rebaixamento.

Assim o Fluminense foi ao Estádio Nilton Santos e venceu o Botafogo por 1 a 0, gol de Yony González. No 4-3-3 com que Diniz costumava trabalhar, apostando em qualidade no meio-campo com Allan, Daniel e Paulo Henrique Ganso. Mas sem vergonha de apelar 31 vezes para as rebatidas, recuar linhas e se fechar no 4-1-4-1 ou em duas linhas de quatro, recuando Ganso e Nenê pelos lados, mas deixando Yony e João Pedro para acelerar os contragolpes.

Depois Wellington Nem entrou na vaga de Ganso para colocar ainda mais velocidade e perder chance clara à frente de Gatito Fernández. O Flu nunca abdicou do jogo. Terminou igualando a posse de bola com o rival e finalizando mais – 12 a 11, cinco no alvo para cada lado.

O Botafogo afunda no returno. Derrotas para São Paulo, Bahia, Fortaleza e no clássico “vovô”. Na busca de uma solução para melhorar o rendimento e também surpreender, Eduardo Barroca arriscou um 4-1-3-2 semelhante ao que Jorge Jesus usa como base no Flamengo. Mas distribuindo funções no meio-campo que não casam tanto as características dos jogadores com as necessidades na dinâmica de jogo.

Cícero mais plantado; Gustavo Bochecha e João Paulo pelos lados e Diego Souza centralizado. Jogadores lentos, que rendem mais próximos e não abrindo tanto o campo. O resultado prático foi sacrificar os laterais Marcinho e Gilson jogando de uma linha de fundo à outra. Talvez a intenção fosse dar profundidade aos ataques com a dupla Luiz Fernando e Vinicius Tanque na frente e evitar o recuo excessivo dos pontas na execução do 4-1-4-1.

Legítimo e compreensível pelo contexto. Mas objetivamente não funcionou, mesmo com as entradas de Victor Rangel, Rodrigo Pimpão e Leo Valencia na segunda etapa. Pressão natural pelo mando de campo, porém não tornou a equipe mais contundente. Outro resultado ruim adicionado a todos os problemas no clube criam uma impressão de queda livre. O Bota caiu para a 12ª colocação e está a apenas sete pontos do Cruzeiro, o 17º colocado.

A solução fácil é criar o tal “fato novo” para tentar mudar a tendência. Por isso a demissão de Barroca, mais uma no Brasileiro. Questionável porque o treinador parece pagar pelo bom início de trabalho minado por conta das dificuldades financeiras. Como cobrar sem fazer o básico?

Mas a mudança simplificando processos como contraponto ao conteúdo do jovem treinador que deixa o clube pode funcionar. Como no Fluminense de Marcão que agora respira abrindo cinco pontos sobre o Z-4. Definitivamente, no futebol não há receita de bolo.

(Estatísticas: Footstats)

 

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