florentinoperez – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Trocar o jogo pelo marketing foi o grande erro do Real Madrid “galáctico” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/15/trocar-o-jogo-pelo-marketing-foi-o-grande-erro-do-real-madrid-galactico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/15/trocar-o-jogo-pelo-marketing-foi-o-grande-erro-do-real-madrid-galactico/#respond Fri, 15 May 2020 12:35:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8492

Foto: Getty Images

Uma estrela por temporada. Era a promessa de Florentino Pérez ao assumir o Real Madrid em 2000. Começou tirando Luís Figo do Barcelona. Em 2001, contratou Zinedine Zidane. E no ano seguinte, Ronaldo Fenômeno.

Era a temporada 2002/03. Depois de vencer a Liga dos Campeões no ano anterior, o Real Madrid alcançou o título mundial vencendo o Olimpia por 2 a 0 em Tóquio e faturou a liga espanhola, superando a surpresa Real Sociedad. Na Champions, eliminação nas semifinais para a Juventus, que seria vice-campeã.

Uma jornada que poderia ser considerada natural, mesmo com elenco estelar. A campanha nos pontos corridos não foi tão sólida, mas a equipe de Vicente Del Bosque se afirmou na reta final com maior entrosamento de Ronaldo com os companheiros e a consolidação de uma maneira de jogar.

O desenho tático, na prática, era um 4-2-3-1. O lado forte era o esquerdo, com Roberto Carlos apoiando no corredor deixado por Zidane, que era uma espécie de “ponta articulador”, circulando por todo campo. Ronaldo também caía muito por ali. Raúl ficava mais centralizado, como um ponta-de-lança à moda antiga.

Do lado oposto, Luis Figo atuava bem aberto, abusando das jogadas individuais em busca da linha de fundo. Contava com o apoio do brasileiro Flávio Conceição, já que Michel Salgado descia pouco. Fernando Hierro, com 34 anos, liderava a zaga com experiência e Helguera saía mais para cobrir Roberto Carlos.

À frente da defesa, Claude Makelele. 30 anos, posicionamento preciso. Inteligência na leitura dos espaços, senso se cobertura. Também sabia jogar, até pelo passado como ponta direita. Tinha drible e passe corretos. Porém discreto, sem grande marketing. Trabalhava para as estrelas brilharem. Equilibrava o time.

Não era o bastante para Florentino. “Não vendia camisas, por isso foi descartado”, afirmou Carlos Queiroz, o treinador do time merengue na temporada seguinte. Para Florentino, o volante não sabia cabecear e não arriscava passes mais longos que de três metros. Hierro discordava, considerando o francês o mais importante jogador da equipe naquele período.

Makelele quis um aumento de salário, Florentino alegou que não tinha recursos. Uma piada considerando que acabara de anunciar a quarta estrela da constelação: David Beckham, por 37,5 milhões de euros. O francês partiu para se consagrar no Chelsea, a partir da temporada 2004/05 com José Mourinho. A ponto de muitos na Inglaterra tratarem a função de primeiro volante como “Makelele role”.

E o Real? Bem, Florentino não foi tão feliz na reformulação do elenco. Hierro partiu para o fim da carreira no futebol árabe, atuando pelo Al-Rayyan. Carlos Queiroz queria Gabriel Milito, Luisão ou Pepe. Ficou com Pavón. Contava com Morientes, que foi parar no Monaco. Justamente o algoz da eliminação nas quartas-de-final do torneio continental.

E Beckham? Bem, na função que executava no Manchester United o Real já tinha Figo. A única vaga disponível era o volante apoiador pela direita, já que Flávio Conceição havia sido emprestado para o Borussia Dortmund. Sem Makelele, tentou Guti, Cambiasso, Solari e Raúl Bravo como parceiros do inglês no meio-campo. Mas o fato é que o time perdeu unidade.

Foi o auge da fase “Zidanes e Pavóns”. Estrelas na frente buscando encaixe e queimando na fogueira das vaidades, com espanhois de um lado liderados por Raúl, estrangeiros do outro. Ou europeus contra sul-americanos mais à frente, quando Vanderlei Luxemburgo assumiu e, com Robinho em 2005, encheu o elenco de brasileiros.

Na segunda metade de 2004/05, Luxemburgo tentou encontrar uma maneira de abrigar as estrelas, que ganhara Michael Owen para aquela temporada. Florentino pensou que poderia consertar a bobagem de dispensar Makelele contratando o dinamarquês Thomas Gravesen. Ele seria o “cão-de-guarda” protegendo a defesa.

Luxemburgo arriscou inicialmente um losango que teria Gravesen plantado, Beckham pela direita, Zidane à esquerda e Raúl como “enganche”. Na frente, Owen e Ronaldo. Figo perdia a vaga com o novo sistema tático. O time até conseguiu uma arrancada, mas não tirou o título do Barcelona de Ronaldinho Gaúcho. Apesar da boa exibição nos 4 a 2 sobre o rival catalão no Santiago Bernabéu.

Na Liga dos Campeões, nova eliminação para a Juventus. No famoso erro admitido por Luxemburgo que minou sua permanência em Madri: tirar Ronaldo no primeiro jogo e Zidane na partida de volta em Turim. Logo as grandes estrelas que dominaram a premiação de melhor do mundo naquele período. Os mais temidos. Beckham também foi sacado pelo treinador brasileiro.

Ainda assim, foi o melhor momento do Real com o camisa 23 até a conquista do titulo em 2006/07. Sem Florentino na presidência, com Fabio Capello no comando técnico e um elenco mais competitivo. Zidane se aposentara, Ronaldo partiria para o Milan na segunda metade, deixando o comando do ataque para Van Nistelrooy, artilheiro do time na temporada com 33 gols.

Foi a única conquista relevante de Beckham, que também vencera a Supercopa da Espanha assim que chegou ao clube. É claro que o inglês protagonizou belos lançamentos, chutes de média/longa distância e cobranças de falta. Também rendeu muito aos cofres do clube, especialmente no mercado asiático. Ajudou demais a reforçar a marca global.

Em campo, porém, dispensar Makelele e contratar Beckham se mostrou o grande erro de Florentino Pérez. A melhor definição foi de Zidane: “Para que aplicar mais uma camada de tinta dourada no Bentley se você acabou de perder o motor?”

O Real Madrid trocou o jogo pelo marketing. No futebol não costuma dar muito certo. Porque nada vende mais e melhor do que um time forte e vencedor.

 

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A inacreditável crise de pré-temporada no Real Madrid http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/13/a-inacreditavel-crise-de-pre-temporada-no-real-madrid/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/13/a-inacreditavel-crise-de-pre-temporada-no-real-madrid/#respond Tue, 13 Aug 2019 12:45:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7036

Foto: EPA

A celebração pelo tricampeonato da Liga dos Campeões depois da vitória por 3 a 1 sobre o Liverpool em Kiev era um misto de alegria pela certeza do feito inédito e histórico do Real Madrid na Era Champions e também uma certa nostalgia pela impressão de fim de ciclo que virou certeza com o anúncio das saídas de Zinedine Zidane e Cristiano Ronaldo.

Imaginava-se que Florentino Pérez, depois de três temporadas sem grandes investimentos a pedido de Zidane, que apostava em manutenção da base vencedora e pinçar jovens revelados pelo clube, sacudiria o mercado com uma pesada reformulação. Chegava o momento de construir outro time merengue repleto de estrelas depois do movimento iniciado em 2009, com as contratações de Cristiano Ronaldo, Benzema e Kaká.

Mas o dirigente cometeu um erro muito comum em clubes vencedores que acreditam ter encontrado uma fórmula para conquistas: a crença no “piloto automático”. Basta manter a estrutura que a coisa caminha naturalmente. Até porque não seria fácil simplesmente descartar símbolos como Sergio Ramos e Marcelo, ou jogadores consagrados que não vão deixar o maior time do planeta por qualquer motivo – casos de Varane, Modric, Kroos e Gareth Bale.

Chegou Julen Lopetegui, um equívoco desde a negociação e o anúncio precoce com o treinador da seleção espanhola envolvido com a preparação para a Copa do Mundo na Rússia. Nenhuma grande novidade no mercado além de Courtois para a meta e Odrioloza como opção para a lateral direita, sem contar a chegada de Vinícius Júnior, que só ganhou oportunidades mais sólidas depois da saída do técnico já no final de outubro, após a goleada do Barcelona por 5 a 1, e a efetivação de Santiago Solari.

Durante toda temporada 2018/19, uma sensação de estagnação. Conquista única e protocolar do Mundial de Clubes e, no momento que parecia o mais promissor, depois de vencer o Ajax fora de casa por 2 a 1 na ida das oitavas da Champions, os humilhantes 4 a 1 no Santiago Bernabéu impostos pela equipe holandesa foram o duro choque de realidade. O ano que deveria funcionar como transição foi perdido.

A volta de Zidane parecia uma retomada do caminho, com o francês planejando a reformulação já no final da temporada para ir ao mercado atrás dos alvos certos. Também sinalizar para Bale, com quem sempre teve um relacionamento complicado, que enfim chegava a hora de deixar o clube.

O investimento foi pesado: nada menos que R$ 1,6 bilhão em Eden Hazard, Luka Jovic, Éder Militão, Ferland Mendy e Rodrygo. O belga para herdar o posto de estrela midiática vago depois da saída de Cristiano Ronaldo e novidades na defesa e no ataque.

Só que a base continua a mesma. Envelhecida, um tanto acomodada depois de alcançar o auge. O que ainda é capaz de motivar Varane, Sergio Ramos, Marcelo, Modric e Kroos? Benzema é o único que segue com fome, mas seu papel é de coadjuvante, não de liderança em um processo.

Para complicar, Hazard chegou bem acima do peso. Mesmo respeitando a liberdade nas férias é difícil aceitar que a maior contratação da história do clube – 140 milhões de euros – e um símbolo da transformação de um clube gigante se apresente tão fora de forma. Mais um fato que só reforça a imagem de que o Real Madrid, por si só, é o topo do futebol mundial e, para muitos, os desafios acabam no momento em que se veste a camisa branca do time merengue.

O resultado disso tudo é uma pré-temporada catastrófica. Mesmo relativizando resultados no período em que a equipe entra em campo com pouquíssimos dias de preparação para cumprir compromissos comerciais, não dá para aceitar passivamente levar sete gols do rival Atlético de Madrid. Sete que poderiam ter virado dez, tal a letargia em campo e o problema crônico na transição defensiva.

Mais derrotas para Bayern de Munique (3 a 1) , Tottenham (1 a 0) e Roma – 5 a 4 nos pênaltis depois de 2 a 2 no tempo normal.  Vitórias sobre Fenerbahçe por 5 a 3 e Red Bull Salzburg por 1 a 0, única partida sem sofrer gols. Com Zidane experimentando o sistema com três zagueiros:  Varane, Ramos e Militão dando liberdade aos alas Carvajal e Marcelo e aproximando Hazard de Benzema no ataque. Pode ser uma solução interessante, mas seria necessário buscar mais um zagueiro no mercado, já que além dos três só há Nacho Fernández como opção.

A estreia no campeonato espanhol contra o Celta de Vigo no sábado, dia 17, que deveria estar cercada de expectativas positivas, se transforma em grande ponto de interrogação e também um tormento: o Real Madrid chega ao primeiro jogo oficial de 2019/20 enfiado em uma crise inacreditável. Com Asensio, Brahim Díaz e Mendy lesionados, Bale e James Rodríguez numa espécie de “limbo” e os rumores de Neymar e Pogba no final da janela para tentar transformar a turbulência em esperança. E desviar o foco das notícias que já surgem sobre insatisfação e novos conflitos entre Florentino e o treinador.

Consequências da dimensão exagerada quando o assunto é o time mais vencedor do planeta, mas também de erros seguidos de planejamento e execução em um fim de ciclo que não chegou e agora fica difícil recomeçar com tantas lacunas e assuntos pendentes. Um desafio enorme para Zidane e também para a instituição. É hora da reciclagem à forceps.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Zidane volta ao Real “à la Cuca”. Foi bombeiro, agora será arquiteto? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/11/zidane-volta-ao-real-a-la-cuca-foi-bombeiro-agora-sera-arquiteto/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/11/zidane-volta-ao-real-a-la-cuca-foi-bombeiro-agora-sera-arquiteto/#respond Mon, 11 Mar 2019 19:44:48 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6116 A surpresa da volta de Zinedine Zidane ao comando técnico do Real Madrid se dá mais pelas fortes especulações na Europa de que o francês já teria um acerto encaminhado com a Juventus para suceder Massimiliano Allegri. Porque o retorno para o clube no qual foi tricampeão da Liga dos Campeões como treinador não é difícil de entender.

No Brasil tivemos um exemplo parecido recentemente: Cuca saiu do Palmeiras campeão brasileiro de 2016, ainda com Paulo Nobre na presidência e algum desgaste no relacionamento com jogadores e diretoria. Mauricio Galiotte era o novo presidente, da situação, mas o treinador preferiu deixar o clube, também por questões particulares. Que cinco meses depois ficou claro que não eram tão sérias assim, já que voltou para suceder Eduardo Baptista. Depois de uma campanha traumática no Campeonato Paulista.

Nos dois casos, a sacada é voltar com muito mais moral em um clube por baixo. Desafetos, críticos e céticos em silêncio e estendendo tapete vermelho. Zidane não é tão “sanguíneo” quanto Cuca, mas trabalhar com Florentino Pérez não deve ser algo muito confortável. É bem provável que a relação conflituosa da direção do clube merengue com Cristiano Ronaldo, o que culminou com sua saída para a Juventus, tenha empurrado também Zidane para fora.

E o futuro? Bem, Zidane foi um “bombeiro” no Real Madrid quando assumiu na virada para 2016, sucedendo Rafa Benítez. Havia sido auxiliar de Carlo Ancelotti, conhecia e contava com o respeito e a amizade dos jogadores e fez o simples: reconstruiu o vestiário e resgatou os conceitos do técnico italiano que levou o time à décima Champions e fez a equipe jogar um grande futebol no segundo semestre de 2014. Acabou demitido basicamente por não impedir que o Barça de Messi, Suárez e Neymar faturasse a tríplice coroa em 2015.

Nas duas temporadas e meia praticamente não foi ao mercado, investiu mais na manutenção do bom ambiente evitando contratações midiáticas para não gerar ciúmes e apostou nas divisões de base. Abraçou o lema “a melhor notícia é não ter notícia”. Acabou alcançando um feito inédito: ganhou duas Ligas dos Campeões com a mesma escalação inicial: Navas; Carvajal, Varane, Sergio Ramos e Marcelo; Casemiro, Modric e Kroos; Isco; Cristiano Ronaldo e Benzema.

Todos seguem no clube, exceto a estrela máxima. Mas parece claro que o ciclo de muitos já se encerrou e é preciso reformular, corrigir a rota. Ou pavimentar um novo caminho. Aí está o grande desafio de Zidane. Agora terá que ser arquiteto: planejar a construção de um novo elenco. Combinando características e casando perfis para encontrar a química. A chama que feneceu. Será capaz?

No Palmeiras, Cuca não chegou no final de 2017 para planejar o ano seguinte. Precisou trabalhar e buscar os títulos com um elenco diferente e contratações que não indicou. Zidane chega com a terra arrasada por Julen Lopetegui e Santiago Solari e com poucas boas notícias – basicamente, a ascensão de Reguilón, Llorente e Vinícius Júnior. O final de temporada será para cumprir a obrigação de assegurar vaga para a próxima Champions, avaliar o que deu errado e quais peças precisam ser trocadas.

Agora com ainda mais moral pelo status de treinador mais vencedor dos últimos anos e orçamento milionário para movimentar o mercado de transferências no verão. Um novo cenário que, a rigor, mantém Zidane como o que era quando assumiu pela primeira vez: uma grande incógnita.

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O Real Madrid protocolar e burocrático é suficiente no Mundial de Clubes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/o-real-madrid-protocolar-e-burocratico-e-suficiente-no-mundial-de-clubes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/o-real-madrid-protocolar-e-burocratico-e-suficiente-no-mundial-de-clubes/#respond Wed, 19 Dec 2018 18:23:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5681 Quando Cristiano Ronaldo e Zinedine Zidane deixaram o Real Madrid logo depois do tricampeonato da Liga dos Campeões a impressão era de que Florentino Pérez incendiaria o mercado renovando o elenco com as contratações necessárias e usando jogadores multicampeões, mas com ciclo aparentemente encerrado no clube, como moedas de troca milionárias.

Mas a constatação de que a continuidade ajudou o clube a construir a sequência de títulos fez com que a movimentação fosse tímida. Florentino foi atrás de Julen Lopetegui na seleção, e criou uma crise enorme pouco antes da Copa do Mundo, e efetivou Gareth Bale como parceiro de Benzema no ataque merengue. Na meta, a grife de Courtois no lugar de Keylor Navas.

A rigor, mais do mesmo. Tanto na formação em campo como na questão anímica. Como extrair novamente o melhor de um time que já entregou e ganhou tudo, sem o comandante que mobilizou o grupo e a máquina de gols, recordes e motivação?

Eis o calvário do Real Madrid na temporada. Ainda com muita qualidade, mas sem chama, brilho nos olhos. Um clichê que no caso dos merengues é claro demais. Por isso a campanha cheia de oscilações e derrotas vergonhosas como os 3 a 0 para CSKA e Eibar e os históricos 5 a 1 impostos pelo Barcelona. Lopetegui caiu e a escolha foi por nova solução caseira: Santiago Solari. Nada impactante.

Se no mais alto nível o Real parece estagnado, um tanto sonolento, no Mundial de Clubes o futebol protocolar é mais que suficiente para se impor. Pelo menos na semifinal contra o Kashima Antlers o time sobrou jogando em ritmo de treino.

A equipe japonesa tentou impor alguma resistência com duas linhas de quatro bem coordenadas e arriscando em contragolpes e jogadas aéreas com bola parada ou rolando. Mas desta vez não havia Shibasaki, estrela da edição do torneio em 2016 que marcou dois gols na final contra o mesmo Real e hoje atua no Getafe.

Os campeões asiáticos conseguiram um mínimo de equilíbrio até a tabela entre Marcelo e Bale concluída com precisão pelo galês, que atuou pela esquerda na variação de 4-3-3 para as duas linhas de quatro que tinha Lucas Vázquez fazendo todo o corredor pela direita.

No segundo tempo, desconcentração total dos japoneses. Duas falhas grotescas dos defensores do Kashima no mesmo lance deram o segundo a Bale. Depois nova assistência de Marcelo, triplete do galês. Como de hábito, porém, Marcelo errou no posicionamento defensivo e Shoma Doi aproveitou para marcar o gol único. Mesmo com o “guardião” Casemiro saindo do banco para ganhar minutos. Os 3 a 1 ficaram adequados para o que foi o jogo.

Favoritismo absoluto e óbvio na final contra o Al Ain. Até porque não haverá o fator surpresa que fez sangrar o River Plate. O tricampeonato inédito  – quarto no formato FIFA e o sétimo incluindo as disputas intercontinentais – deve ser uma simples formalidade, como já virou rotina. No Mundial, o Real Madrid sobra quase sem querer.

 

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Onde há fome de Champions, lá está Cristiano Ronaldo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/onde-ha-fome-de-champions-la-esta-cristiano-ronaldo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/onde-ha-fome-de-champions-la-esta-cristiano-ronaldo/#respond Wed, 11 Jul 2018 10:05:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4901

Foto: Divulgação/ Juventus

O fim da relação entre Cristiano Ronaldo e Real Madrid é a prova de que até os casamentos mais bem sucedidos passam por desgastes. Os mortais, os comuns normalmente aceitam uma vida sem o desafio da conquista diária. Colocam outras vantagens, inclusive a estabilidade e a ciência das virtudes e defeitos da parceria.

Não para Florentino Pérez, certamente incomodado pela falta de negociações nas últimas janelas de transferências por conta da sede de entrosamento e sintonia de Zinedine Zidane. Bi da Liga dos Campeões repetindo a escalação em duas finais, algo inédito. Mais ainda para um clube comprador e um presidente viciado em times galácticos.

Muito menos para o CR7. Competitivo em tudo. Quer sempre o topo. Dos prêmios individuais, da artilharia, entre os mais bem pagos. Também quer ser amado. E os aplausos da torcida na Arena Juventus depois de seu gol antológico de bicicleta certamente pesaram na hora de escolher a Juventus. Ainda que seja um negócio de 105 milhões de euros por um jogador de 33 anos.

Ou melhor, um atleta. De força inesgotável, foco inigualável. Treinamento, alimentação, repouso, força mental. Tudo cuidado com profissionalismo, sem concessões. Gestão de carreira impecável. Para seguir no mais alto nível até quando for possível – e como é difícil imaginar até quando isto vai durar com tamanha disciplina e uma estupenda mentalidade vencedora.

Acima de tudo, para continuar vencendo o principal torneio de clubes do planeta. O grande trunfo na disputa pelo prêmio de melhor do mundo. Está claro que Cristiano Ronaldo quer desenhar uma história única na Champions. Ser o maior vencedor e por clubes diferentes para que ninguém duvide que a força está com ele, não com o time. Ainda que o atacante cada vez mais dependa dos companheiros para decidir com sua ímpar capacidade de concluir as jogadas.

Mesmo para o gigante Real Madrid de 13 títulos será difícil manter o espírito competitivo depois de um tricampeonato. O tetra pode até vir, mas em um elenco renovado, com protagonistas querendo acrescentar a conquista no currículo. Com Ronaldo ficaria a impressão de uma fé no “piloto automático” que não existe no mais alto nível.

Foi assim na saída do Manchester United sem forças para rivalizar com o Barcelona de Guardiola e Messi e já caminhando para o fim da Era Alex Ferguson. Na época, o Real estava há sete temporadas sem vencer a Champions e encarava uma sequência de eliminações nas oitavas de final. Ele chegou e reescreveu a história.

Agora a escolha do português não podia ser melhor. A Juventus rica e estruturada, mas já saturada de conquistas nacionais com um hepta da Série A italiana vai focar tudo na Liga dos Campeões que não conquista desde 1996. A presença de Ronaldo e toda a visibilidade embutida aumentam o poder de atrair outros talentos, incluindo colegas de Real. Difícil até vislumbrar uma formação titular de Massimilano Allegri com a nova estrela.

É óbvio que é impossível prever se haverá química entre craque, clube e companheiros. Os títulos podem demorar um pouco, como aconteceu em Madri. A saída de Buffon é baixa importante, na história e no vestiário. Mas em tese a presença de alguém tão vencedor vai estimular o crescimento de todos, especialmente Dybala. Falta ao argentino de 24 anos a chama que sobra no maior artilheiro da história da seleção portuguesa e do Real Madrid.

Para quem ama o esporte, fica o “luto” pelo fim da maior rivalidade local de todos os tempos entre gênios de uma mesma época. Messi e Cristiano Ronaldo disputando a mesma liga nacional com dois duelos garantidos por temporada em gigantes como Barcelona e Real Madrid. Um roteiro de filme. Acabou. Pelo menos não haverá remorso de quem curtiu cada embate sem a preocupação de ficar desqualificando um para exaltar o outro.

Buffon partiu lamentando que o CR7 tivesse encerrado por duas vezes o sonho continental da Velha Senhora. Agora o gênio da grande área do século 21, de impressionantes 451 gols em 438 jogos no time merengue vai se testar em Turim. Porque onde há fome de Champions, lá está Cristiano Ronaldo.

 

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