garethbale – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por que Gareth Bale é um “patinho feio” no Real Madrid? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/29/por-que-gareth-bale-e-um-patinho-feio-no-real-madrid/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/29/por-que-gareth-bale-e-um-patinho-feio-no-real-madrid/#respond Tue, 29 Oct 2019 10:38:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7502

Foto: Laurence Griffiths / Getty Images

Gareth Bale chegou ao Real Madrid em 2013 com a pompa da contratação mais cara da história na época: cerca 101 milhões de euros. Mas também questionamentos sobre a qualidade do atacante vindo do Tottenham que justificasse tamanho investimento. Inclusive este que escreve chegou a chamá-lo de “Sávio galês”, em referência ao repertório que parecia limitado a cortar para fora pela esquerda e cruzar ou para dentro à direita e finalizar, como era o do ex-jogador do Flamengo e do próprio Real, que evoluiu tecnicamente mais na reta final da carreira.

Bale mostrou que era muito mais que isso e na primeira temporada ajudou o time merengue a conquistar a tão sonhada “La Decima”. Pela direita deu a liga à variação do 4-3-3 para o 4-4-2 de Carlo Ancelotti, fazendo função dupla, indo e voltando para dar liberdade a Cristiano Ronaldo do lado oposto. Marcou o gol do título da Copa do Rei em arrancada espetacular de “jogador mais rápido do mundo” e fez também o da virada, na prorrogação, sobre o Atlético de Madrid na final da Liga dos Campeões 2013/14.

Rafa Benítez sucedeu o treinador italiano e tentou adaptar Bale como meia central em um 4-2-3-1. O camisa onze até marcou alguns gols, não se saiu mal. Mas a equipe não se acertou e Zinedine Zidane chegou para apaziguar os ânimos no início de 2015 e resgatar ideias de Ancelotti, já que havia sido seu auxiliar. Mas Isco acabou crescendo e contribuindo na ligação do meio-campo com o ataque e o francês acabou mudando o sistema tático para uma espécie de 4-3-1-2 “móvel”. Bale virou o reserva imediato da dupla de ataque formada por Benzema e Cristiano Ronaldo.

É dever ressaltar que entre 2013 e 2018, Bale teve 25 lesões que o tiraram de 78 jogos do Real. Não é pouco. Mas quando esteve em campo quase sempre foi importante, como no gol antológico na final da Champions em 2018 sobre o Liverpool que sacramentou o inédito tricampeonato no fim do ciclo vitorioso de uma equipe lendária.

Com a saída de Cristiano Ronaldo, a expectativa era pelo protagonismo de Bale. Ele até foi o melhor jogador e artilheiro da última conquista relevante, o Mundial de Clubes no ano passado. Mas com a volta de Zidane e as chegadas de Hazard, Jovic e Rodrygo, além do retorno de James Rodríguez, o atacante volta a ser relegado a segundo plano. As informações de bastidores da imprensa espanhola é que o treinador mal se dirige a Bale e surgem novos rumores, agora mais fortes, de saída.

“Marca” e “As” dão como certa uma transferência do atleta de 30 anos já em janeiro, na janela de inverno. Na melhor das hipóteses, um retorno ao futebol inglês. Se não der certo,  o mercado chinês parece mais atraente em termos financeiros. Apesar das cifras milionárias é jogador ainda com potencial para entregar desempenho em alto nível.

Difícil é compreender por que o Real Madrid descarta um atacante com 14 títulos em cinco temporadas e meia. Quatro Champions marcando gols em duas decisões e na semifinal de 2015/16 contra o Manchester, o único no placar agregado. Em 238 jogos, marcou 104 gols e serviu 64 assistências. Sim, o tempo passa para todos. Mas soa como ingratidão do clube.

Entre tantos astros que passaram pelo Santiago Bernabéu e até hoje são tratados como grandes ídolos mesmo sem ter entregado grandes conquistas, Bale é um jogador cuja chegada pode ser tratada como divisor de águas na história do clube mais vencedor do planeta. Agora a tendência é sair pela porta dos fundos, como “patinho feio”. Vai entender…

 

 

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O Real Madrid protocolar e burocrático é suficiente no Mundial de Clubes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/o-real-madrid-protocolar-e-burocratico-e-suficiente-no-mundial-de-clubes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/o-real-madrid-protocolar-e-burocratico-e-suficiente-no-mundial-de-clubes/#respond Wed, 19 Dec 2018 18:23:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5681 Quando Cristiano Ronaldo e Zinedine Zidane deixaram o Real Madrid logo depois do tricampeonato da Liga dos Campeões a impressão era de que Florentino Pérez incendiaria o mercado renovando o elenco com as contratações necessárias e usando jogadores multicampeões, mas com ciclo aparentemente encerrado no clube, como moedas de troca milionárias.

Mas a constatação de que a continuidade ajudou o clube a construir a sequência de títulos fez com que a movimentação fosse tímida. Florentino foi atrás de Julen Lopetegui na seleção, e criou uma crise enorme pouco antes da Copa do Mundo, e efetivou Gareth Bale como parceiro de Benzema no ataque merengue. Na meta, a grife de Courtois no lugar de Keylor Navas.

A rigor, mais do mesmo. Tanto na formação em campo como na questão anímica. Como extrair novamente o melhor de um time que já entregou e ganhou tudo, sem o comandante que mobilizou o grupo e a máquina de gols, recordes e motivação?

Eis o calvário do Real Madrid na temporada. Ainda com muita qualidade, mas sem chama, brilho nos olhos. Um clichê que no caso dos merengues é claro demais. Por isso a campanha cheia de oscilações e derrotas vergonhosas como os 3 a 0 para CSKA e Eibar e os históricos 5 a 1 impostos pelo Barcelona. Lopetegui caiu e a escolha foi por nova solução caseira: Santiago Solari. Nada impactante.

Se no mais alto nível o Real parece estagnado, um tanto sonolento, no Mundial de Clubes o futebol protocolar é mais que suficiente para se impor. Pelo menos na semifinal contra o Kashima Antlers o time sobrou jogando em ritmo de treino.

A equipe japonesa tentou impor alguma resistência com duas linhas de quatro bem coordenadas e arriscando em contragolpes e jogadas aéreas com bola parada ou rolando. Mas desta vez não havia Shibasaki, estrela da edição do torneio em 2016 que marcou dois gols na final contra o mesmo Real e hoje atua no Getafe.

Os campeões asiáticos conseguiram um mínimo de equilíbrio até a tabela entre Marcelo e Bale concluída com precisão pelo galês, que atuou pela esquerda na variação de 4-3-3 para as duas linhas de quatro que tinha Lucas Vázquez fazendo todo o corredor pela direita.

No segundo tempo, desconcentração total dos japoneses. Duas falhas grotescas dos defensores do Kashima no mesmo lance deram o segundo a Bale. Depois nova assistência de Marcelo, triplete do galês. Como de hábito, porém, Marcelo errou no posicionamento defensivo e Shoma Doi aproveitou para marcar o gol único. Mesmo com o “guardião” Casemiro saindo do banco para ganhar minutos. Os 3 a 1 ficaram adequados para o que foi o jogo.

Favoritismo absoluto e óbvio na final contra o Al Ain. Até porque não haverá o fator surpresa que fez sangrar o River Plate. O tricampeonato inédito  – quarto no formato FIFA e o sétimo incluindo as disputas intercontinentais – deve ser uma simples formalidade, como já virou rotina. No Mundial, o Real Madrid sobra quase sem querer.

 

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Real Madrid se sai melhor que o Liverpool nos clássicos antes de Kiev http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/07/real-madrid-se-sai-melhor-que-o-liverpool-nos-classicos-antes-de-kiev/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/07/real-madrid-se-sai-melhor-que-o-liverpool-nos-classicos-antes-de-kiev/#respond Mon, 07 May 2018 10:12:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4541 Havia muito em jogo para Real Madrid e Liverpool contra Barcelona e Chelsea, respectivamente, na reta final das ligas nacionais, impedindo que os times pudessem se dedicar exclusivamente à final da Liga dos Campeões no dia 26 em Kiev.

Para os Reds era a chance de confirmar a vaga na próxima edição do principal torneio do continente. No Stamford Bridge contra um adversário direto na Premier League. Já o time merengue entraria no Camp Nou com a missão de impedir o título espanhol invicto do rival Barcelona e ainda “carimbar” a despedida de Iniesta do clássico.

Tirando tudo que foi desnecessário no duelo entre os últimos campeões espanhois e europeus, desde o Real se recusando a recepcionar em campo o adversário que confirmou a conquista na rodada anterior até as brigas, chutes e pontapés que tiraram muito da beleza de um jogo sempre especial, não é absurdo dizer que a equipe de Zinedine Zidane deu mais uma demonstração de força.

Por iniciar pressionado pela dupla Messi-Suárez mais acesa que o habitual e pelo gol do uruguaio logo aos nove minutos em saída rápida bem engendrada com assistência de Sergi Roberto. Mas responder rapidamente com jogada coletiva ainda mais bela: calcanhar de Cristiano Ronaldo para Kroos, centro do alemão para Benzema preparar e o gênio português finalizar a obra que iniciou. O 25º do vice artilheiro da competição.

Real com uma “velha novidade” de Zidane: o trio “BBC”, fazendo a variação do 4-3-3 para as duas linhas de quatro sem a bola com o recuo de Gareth Bale pela direita. Na transição ofensiva, muita movimentação dos três, enchendo mais a área adversária. Ao menos por 45 minutos, já que Cristiano Ronaldo, por precaução, teve que sair no intervalo, substituído por Asensio.

Não só porque sentiu uma entrada dura, aparentemente maldosa, de Piqué justamente no lance do gol que empatou a disputa. Também por conta da pancadaria que tomou conta do jogo, muito mal conduzido pelo árbitro Alejandro José Hernandez, que culminou na expulsão de Sergi Roberto, que ingenuamente agrediu Marcelo na frente do juiz.

Desta vez o Real pode reclamar muito das decisões da arbitragem. Principalmente pela falta clara de Suárez na disputa com Varane que terminou no golaço de Messi quanto na falta dentro da área do Barça não menos nítida de Jordi Alba em Marcelo. Podia ter mudado o clássico e complicado a vida e a invencibilidade do time da casa muito mais que o golaço de Bale, completando assistência de Asensio. Foram 17 finalizações contra 11 do time blaugrana.

Mesmo com os 2 a 2, a força mental e a cultura de vitória se fizeram presentes. O desempenho geral também foi satisfatório. Confirmando algo que já virou senso comum: é difícil superar este Real Madrid em jogo grande.

O Liverpool também costuma crescer neste tipo de confronto, mas não foi o caso do duelo em Londres. Porque o time de Jurgen Klopp, ainda que mantenha a proposta ofensiva longe do Anfield Road, não consegue reproduzir o “arrastão” num ciclo de pressão pós-perda, acelerar a circulação da bola e acionar o seu trio de ataque.

Salah, Firmino e Mané também pagam um pouco o preço do sucesso e da visibilidade. Estão mais estudados e, consequentemente, vigiados em campo. Ainda mais contra o time de Antonio Conte com sua linha de cinco defensores e mais Kanté e Bakayoko na proteção.

Deram algum trabalho ao goleiro Courtois na primeira etapa, mas nos minutos finais apelaram para os muitos cruzamentos procurando Solanke, que entrou na vaga do lateral esquerdo Robertson, e o zagueiro Van Dijk, que se transformou em um segundo centroavante. Sem ideias, sem brilho. Os torcedores podem até desdenhar, mas quando os espaços diminuem o fato é que Philippe Coutinho faz muita falta aos Reds.

Assim como a equipe se ressente de uma maior solidez defensiva, especialmente pelo alto. No centro da direita, Giroud subiu mais que Lovren para marcar o gol único do duelo, ainda no primeiro tempo. Na ausência do lesionado Oxlade-Chamberlain, Klopp deixou Henderson no banco e arriscou uma formação com Alexander-Arnold formando o meio-campo com Wijnaldum e Milner e Clyne entrando na lateral direita. Podia ter sido melhor.

Apesar dos 68% de posse, foram apenas dez finalizações dos visitantes contra 12 dos Blues, que também foram superiores em desarmes e no jogo aéreo. Resultado coerente com o que foi a partida disputada com a intensidade típica do Campeonato Inglês.

Agora é obrigatório vencer o Brighton em Anfield para chegar aos 75 pontos e garantir ao menos a quarta colocação. A menos que venha a apoteose na Ucrânia com o sexto título da Champions. Depois de onze anos sem chegar a uma decisão e treze da última conquista.

Missão que já era complicada por enfrentar o atual bicampeão e maior vencedor da história. Depois dos clássicos fica a impressão de que a tarefa ficou ainda mais difícil.

(Estatísticas: Whoscored.com)

 

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A pobreza do “Mourinhobol” e a mentalidade vencedora do Real de Zidane http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/08/08/a-pobreza-do-mourinhobol-e-a-mentalidade-vencedora-do-real-de-zidane/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/08/08/a-pobreza-do-mourinhobol-e-a-mentalidade-vencedora-do-real-de-zidane/#respond Tue, 08 Aug 2017 21:41:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3076 Zinedine Zidane deixou no banco Cristiano Ronaldo, voltando de férias depois da participação na Copa das Confederações. Colocou Bale em seu lugar e manteve a equipe campeã espanhola e da Liga dos Campeões para a disputa da Supercopa da Europa na Macedônia. Com Isco novamente fazendo a ligação do meio com o ataque.

Com Casemiro, Modric e Kroos ajudaram o Real Madrid a jogar fácil. Nada revolucionário nos conceitos. Zidane quer aproximação, troca de passes, movimentação e simplicidade. E explora a grande virtude da equipe merengue: a qualidade na execução das jogadas. Precisão. Mesmo com erros incomuns, mas compreensíveis para um início de temporada. Como Kroos errar feio numa saída de bola.

Contra o Manchester United de José Mourinho assumiu naturalmente o protagonismo, ocupou o campo de ataque e com os avanços de Carvajal, que busca mais o fundo em velocidade que Marcelo do lado oposto, fez Lingard recuar como lateral formando com Valencia, Lindelof, Smalling e Darmian uma linha de cinco na defesa.

Acabou superado pela infiltração de Casemiro, impedido por centímetros ao receber passe de Carvajal para abrir o placar. Ampliou na bela combinação de Bale e Isco, que tocou na saída do goleiro De Gea. Toques rápidos e objetivos.

O United permitia que o Real tivesse a bola, mas as transições em velocidade criaram problema para o sistema defensivo espaçado do time espanhol por conta da proposta ofensiva e do condicionamento físico ainda em evolução no fim da pré-temporada.

Rashford, que entrou na vaga de Lingard, e Lukaku, grande contratação da temporada, perderam chances cristalinas. O atacante belga ao menos aproveitou o rebote de Keylor Navas para diminuir e ao menos criar a expectativa de reação.

Mas um time com tamanho poder de investimento não pode recorrer a Fellaini e um jogo físico e limitado às bolas aéreas em um jogo grande. Um “Mourinhobol” que pode até funcionar, mas é um enorme desperdício.

O Real, mesmo cansado, teve chances de matar o jogo nos contragolpes com Lucas Vázquez, Cristiano Ronaldo e Asensio. Mas nem foi preciso, porque controlou a partida aproveitando a pobreza do repertório dos Red Devils.

Também usando algo subjetivo, mas que no caso da equipe de Zidane fica bem nítido, quase palpável: a mentalidade vencedora. A certeza de que é melhor e pode ganhar. Por isso soma mais um título, sua quarta Supercopa europeia. O primeiro ato de um time pronto para seguir fazendo história.

 

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