guerrero – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Dupla Grenal aquece ainda mais o clássico histórico, cada um ao seu estilo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/#respond Wed, 04 Mar 2020 02:34:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8089 O Internacional de Eduardo Coudet, ainda no segundo mês de trabalho, aproveitou a experiência “forçada” das duas etapas classificatórias antes da fase de grupos da Libertadores. Em casa, contra a Universidad Católica bicampeã chilena, e sem D’Alessandro, suspenso, apostou tudo na intensidade.

Principalmente na pressão no campo de ataque. Com mais agilidade e vigor, optando por Thiago Galhardo na vaga do camisa dez veterano ao lado de Paolo Guerrero na frente. Deixando Rodrigo Lindoso no banco para Edenilson centralizar à frente de Musto, porém com muita liberdade para chegar à frente. Pelos lados, Marcos Guilherme ganhou oportunidade pela direita e Boschilia mantido à esquerda.

Testes realizados contra Universidad de Chile e Tolima, com pressão de jogo decisivo. Importantes para se impor na primeira rodada do duro Grupo E. Sufocando o adversário, roubando bolas no campo de ataque e finalizando 28 vezes, nove no alvo. E não permitindo uma conclusão na direção da meta de Marcelo Lomba. Um massacre.

Mas com um pouco de sorte, sempre bem-vinda. Na cobrança de falta de Guerrero que desviou na barreira e saiu do alcance de Matias Dituro, abrindo o placar e acabando com a angústia no Beira Rio por um domínio absoluto sem bola na rede. Tranquilidade para aproveitar erro na reposição do goleiro adversário para Galhardo servir Guerrero e o centroavante, aí sim em bela jogada trabalhada, servir Marcos Guilherme para fechar os 3 a 0 com autoridade.

E Edenilson resgatando o melhor de sua imposição física em momento importante. A tendência é o camisa oito, grande destaque ao lado de Guerrero, crescer ainda mais dentro da proposta de jogo de Coudet. A começar pelo clássico histórico na próxima rodada.

Na Arena do Grêmio, que estreou de fato no torneio em jogo complicado fora de casa. Diante do América de Cali, campeão do Clausura na Colômbia,  que arriscava em um 4-3-3 que na maior parte do tempo se defendeu com sete homens, deixando o trio Pisano-Rangel-Vergara mais adiantado.

Um convite para a circulação de bola do time de Renato Gaúcho. Ainda mais com Lucas Silva se juntando a Matheus Henrique e Maicon num meio-campo móvel, variando o desenho de um volante mais plantado (Lucas), ou dois fixos e Maicon adiantado como meia. Assim alternando o desenho de 4-2-3-1 para 4-3-3.

Na frente, Diego Souza se movimentava fazendo pivô e buscando espaços às costas do volante Rodrigo Ureña para acionar os ponteiros. Especialmente Everton, que perdeu duas chances cristalinas, porém foi novamente a grande válvula de escape e preocupação da defesa adversária com as infiltrações em diagonal.

Os gols, porém, saíram dos construtores de trás. Victor Ferraz, impedido, aproveitando cobrança de falta de Lucas Silva que bateu em Diego Souza. Para acalmar o jogo, mas também atrair o América, que poderia ter empatado com Pisano, que bateu no travessão, e, na sequência, com Sierra em cabeçada que Vanderlei salvou.

E Matheus Henrique, para premiar um Grêmio que retomou o controle do jogo na segunda etapa. Com Thaciano na vaga de Maicon, mas foi o meio-campista jogando de área a área que marcou um golaço e murchou os colombianos, inclusive a torcida.

O Grêmio terminou com menos posse (45%) e finalizações- dez contra 15, três a cinco no alvo. Mas venceu à sua maneira, com a vivência de campeão de 2017 e vagas nas semifinais nas duas últimas edições. Experiência para “congelar” a bola.

Agora recebe o maior rival em um duelo que, se já era esperado, Porto Alegre agora vai respirar ainda mais o Grenal até a bola rolar na próxima quinta, dia 12. Que venha logo!

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Peru surpreende Chile com aula de contra-ataques que podem ameaçar Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/03/peru-surpreende-chile-com-aula-de-contra-ataques-que-podem-ameacar-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/03/peru-surpreende-chile-com-aula-de-contra-ataques-que-podem-ameacar-brasil/#respond Thu, 04 Jul 2019 02:39:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6810 O Chile mostrou dificuldades desde a primeira fase com a transição defensiva por conta do meio-campo sem a intensidade do auge da melhor geração da história do país, o que expunha a última linha lenta e envelhecida. A seleção comandada por Reinaldo Rueda era forte com volume de jogo, trabalhando a bola e recuperando rápido no campo de ataque.

A resposta peruana na Arena do Grêmio foi a organização sem bola da variação do 4-1-4-1 com Tapia entre as linhas de quatro e o 4-2-3-1 com Cueva mais solto atrás de Guerrero. Sempre com os pontas Carrilo e Flores voltando como laterais e permitindo que Advincula e Trauco marcassem mais por dentro, muitas vezes formando uma linha de cinco atrás. Também alternando marcação adiantada e compacta no próprio campo.

Mas principalmente a coordenação precisa nas transições ofensivas, com passes certos e verticais e o trabalho preciso de Guerrero como pivô. Explorando os espaços às costas dos laterais Isla e Beausejour e também do volante Pulgar. Assim Cueva perdeu chance incrível no primeiro tempo e Yotun desperdiçou oportunidade ainda mais inacreditável na segunda etapa.

Mas dentre as oito finalizações da equipe de Ricardo Gareca, três foram na direção da meta de Arias: Os gols de Flores e Yotun no primeiro tempo e o golpe fatal de Guerrero nos acréscimos. Todos em ações de ataque perfeitas, na construção até a finalização. Uma aula. O segundo aproveitando erro na saída do goleiro chileno.

Fruto da confiança depois da classificação contra o Uruguai nas quartas, mas também o jogo “de memória” dentro de um trabalho de quatro anos. Mesmo com o sufoco na segunda etapa de 60% de posse, 13 finalizações chilenas (17 no total) e abafa com o alto zagueiro Maripan na área adversária.

Uma vitória com autoridade e Gallese ainda pegando a cavadinha de Vargas no lance final para não ficar nenhuma dúvida. E reforçar o que este blog registrou logo após os 5 a o impostos pelo Brasil no encerramento da fase de grupos: o gol no início e depois a falha de Gallese na frente de Firmino condicionaram o jogo e encaminharam a goleada. Atípico. O placar ficou maior que a distância entre as seleções que se reencontram no Maracanã.

O Brasil é o favorito natural. Seria mesmo contra o bicampeão Chile. Mas vai depender novamente de um gol no início para não sofrer tanto contra os perigosos contragolpes do Peru. Uma ameaça em potencial para que a “zebra” não passeie pelo Rio de Janeiro e leve a Copa América para casa.

(Estatísticas: Footstats)

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Peru manda Uruguai para casa e vira a “zebra”. Nada é definitivo no futebol http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/29/peru-manda-uruguai-para-casa-e-vira-a-zebra-nada-e-definitivo-no-futebol/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/29/peru-manda-uruguai-para-casa-e-vira-a-zebra-nada-e-definitivo-no-futebol/#respond Sat, 29 Jun 2019 21:57:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6779 O jogo na Fonte Nova foi de baixíssimo nível técnico. Muitos erros de passe, condicionados também pelos eficientes sistemas defensivos e outro gramado ruim. Faltou novamente ao Uruguai a criatividade, por dentro e pelos flancos. A ausência de Laxalt pela esquerda pesou muito na equipe de Óscar Tabárez.

Ainda assim, Suárez, Cavani e Godín tiveram chances cristalinas, sem contar os gols anulados da dupla de ataque e de Arrascaeta. Camisa dez  que era a chama criativa, mas vivendo de espasmos, uma constante na carreira do meia do Flamengo. Acende e apaga. Serve um passe para finalização, mas depois some da partida. Baixíssima intensidade, pouca mobilidade. A julgar pelo que Jorge Jesus quer neste início de trabalho no time rubro-negro, a adaptação não será simples.

Já Trauco voltará ao Rio de Janeiro mais tarde e por cima. Se não for negociado antes, claro. Bom desempenho no torneio, inclusive no trabalho defensivo que costuma ser o ponto fraco. Dentro do 4-1-4-1 que tirou velocidade da transição ofensiva com Guerrero isolado e, eventualmente, Cueva se aproximando. Mas compactando setores e guardando a meta de Gallese com muita entrega e concentração máxima. Trocando muitos passes no campo de defesa, o que garantiu a superioridade mínima na posse: 51%;

Foram nove finalizações uruguaias, três no alvo. Três peruanas, nenhuma na direção da meta de Muslera. Mas a eficiência da seleção comandada por Ricardo Gareca foi máxima na decisão por pênaltis. Sobrou para Suárez, na primeira cobrança da série, o papel de vilão. Logo o maior artilheiro da história da Celeste. Defesa de Gallese, fim do sonho, volta para casa.

Aos que detonaram o Peru depois dos 5 a 0 impostos pelo Brasil, este blog reforça: gol no início hoje muda tudo. Condiciona o jogo, abre espaços, abala o ânimo de quem sofre. A falha de Gallese no gol de Firmino pavimentou o caminho para a goleada.

Julgamentos definitivos no futebol já são perigosos, com o nivelamento de hoje então…E o Chile, depois do vexame nas eliminatórias e o vacilo de poupar titulares contra o próprio Uruguai na fase de grupos, vira favorito à vaga na sua terceira final sul-americana consecutiva. Mas nem tanto. Convém respeitar a “zebra” entre os semifinalistas.

(Estatísticas: Footstats)

 

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São Paulo vence Flamengo pela melhor reposição das perdas http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/19/sao-paulo-vence-flamengo-pela-melhor-reposicao-das-perdas/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/19/sao-paulo-vence-flamengo-pela-melhor-reposicao-das-perdas/#respond Thu, 19 Jul 2018 03:18:41 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4953 A parada para a Copa do Mundo foi importante para recuperação física e um período mais longo de treinamentos. Mas era natural que na volta os times, mesmo descansados, sentissem a falta de ritmo de competição e a baixa intensidade.

A vantagem do São Paulo foi manter a base da boa campanha nas 12 primeiras rodadas e adicionar o equatoriano Joao Rojas, que teve ótima atuação na estreia. Fez todo o corredor pela direita, repondo as saídas de Marcos Guilherme e Valdívia, auxiliando Éder Militão sem a bola e no ataque dando trabalho a Renê, que não teve o devido auxílio de Marlos Moreno.

O colombiano foi a reposição possível no elenco disponível para a saída de Vinícius Júnior para o Real Madrid. Mas foi um elo fraco, caindo demais e não dando sequência às jogadas. Só apareceu em uma boa descida pela esquerda no segundo tempo, servindo Diego, que chutou e Guerrero completou de cabeça para fora.

O peruano entrou na vaga de Henrique Dourado, suspenso. Tecnicamente, um “upgrade” considerável. Mas estava claramente fora de sintonia em relação aos companheiros e ao modelo de jogo de Maurício Barbieri. Errou lances bobos e repetiu um problema que prejudicou o Fla tantas vezes e também o Peru na Copa do Mundo: precisa de muitas finalizações para ir às redes. Desta vez foram seis, duas no alvo. Nenhum gol. Um problema quando o time não tem outros bons finalizadores.

Para complicar, a ausência de Cuéllar, também suspenso. Com Jonas negociado, sobrou para Rômulo. O volante contratado como solução em 2017, mas que nunca rendeu o esperado, até que não jogou mal. Mas sozinho na proteção com o avanço de Lucas Paquetá na execução do 4-1-4-1 e com a falta da intensidade na pressão logo após a perda da bola que foi uma das armas do Fla nas vitórias que levaram o time à liderança do Brasileiro acabou penando.

Até dar lugar a Trauco. Com Matheus Sávio de volta ao time no lugar de Everton Ribeiro e a estreia do colombiano Fernando Uribe na vaga de Marlos, o Fla partiu para o ataque em um 4-4-2 engessado, abusando dos cruzamentos (42 no total). Podia ter empatado com Uribe em duas chances claras. Perdeu a primeira, livre, em um rebote de Sidão, e na segunda nitidamente “pipocou”: mesmo com liberdade para avançar e chutar, preferiu esperar Guerrero para transferir a responsabilidade.

Melhor para um São Paulo aguerrido, como exige o treinador Diego Aguirre. Com Anderson Martins absoluto na zaga e Liziero entrando bem no lugar do lesionado Jucilei, tornando o meio-campo mais dinâmico. Outra reposição para melhor no tricolor paulista. Nenê e Diego Souza contribuíram com luta e experiência para administrar a vantagem.

O destaque, porém, foi mesmo Rojas, que deu encaixe ao 4-2-3-1 de Aguirre e também a assistência para o gol de Everton. Valeu de novo a “lei do ex”. Um prêmio a quem se dedicou voltando com Rodinei na recomposição e acelerando os contragolpes. Ainda respeitou a massa rubro-negra no Maracanã cheio não comemorando o gol único da partida.

Mas decidiu. Na melhor das duas finalizações no alvo do São Paulo, no total de 14. O Fla concluiu 24, nove na direção da meta de Sidão. Terminou com 58% de posse de bola. Mais inteiro que um adversário extenuado e que perdeu força na transição ofensiva com Araruna, expulso nos acréscimos, e Tréllez na vaga de Everton.

De qualquer forma, não faltou apenas o gol ao ainda líder. O Fla precisa de qualidade no banco e contundência na frente, por isso está no mercado. O São Paulo parece mais pronto para a retomada do campeonato. Com apenas a Sul-Americana em paralelo, é time pra brigar pelo topo da tabela.

(Estatísticas: Footstats)

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Vitória da Chape é mais uma prova do mito do “elenco forte” no Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/13/vitoria-da-chape-e-mais-uma-prova-do-mito-do-elenco-forte-no-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/13/vitoria-da-chape-e-mais-uma-prova-do-mito-do-elenco-forte-no-flamengo/#respond Sun, 13 May 2018 21:42:02 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4572 Maurício Barbieri foi corretíssimo ao descansar alguns titulares na Arena Condá pensando na decisão contra o Emelec no Maracanã pela Libertadores. Os sinais de desgaste já tinham ficado claros no empate contra a Ponte Preta que valeu a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil.

Mas poupar significa enfraquecer um Flamengo que novamente deu provas que, na prática, tem o cobertor bem curto na qualidade do elenco. Mesmo com alto investimento em reforços e nas divisões de base.

A começar por Trauco, de volta à lateral esquerda e reforçando suas virtudes e seus defeitos. O peruano que deve estar na Copa do Mundo tem bom passe e acertou duas assistências para os dois gols do Fla. Guerrero, o primeiro na volta da suspensão por doping aproveitando falha grotesca do goleiro Jandrei, e Vinicius Júnior, que saiu do banco para contribuir com seu talento para que uma equipe naturalmente desorganizada pelas mudanças pudesse se impor mais uma vez através de lampejos.

Mas defensivamente é um desastre. Pior ainda sem o devido auxílio na recomposição de Marlos Moreno, outra contratação que até aqui não trouxe respostas em campo. Apodi e Guilherme voaram pelo setor do peruano. Inclusive no lance do único gol do primeiro tempo, de Canteros completando assistência do lateral veloz.

Sem Paquetá e Cuéllar, o meio-campo teve poder de marcação com Jonas e condução de bola com Diego e o jovem Jean Lucas, mas quase nada de circulação de bola através dos passes. Muito menos criatividade. Por isso Trauco acabou aparecendo com dois passes para gols.

Para piorar, o titular Juan acabou falhando também, na saída de bola que terminou no pênalti bastante discutível de Jonas que Guilherme sofreu e converteu em bela cobrança. Pareceu mais disputa por espaço que falta. Mas não dá para colocar a derrota por 3 a 2 na conta do árbitro Leandro Vuaden.

Porque Barbieri resolveu poupar Diego Alves para dar minutos a César, que acabou surpreendido pelo toque de Leandro Pereira, o substituto do suspenso Wellington Paulista, e com o pé colocou para dentro da própria meta nos minutos finais. Outra falha individual para a Chapecoense encerrar com vitória sobre o ainda líder uma sequência de quatro empates na temporada.

Mais uma prova de que a ideia de que o Flamengo tem elenco robusto para dividir esforços ao longo da temporada não passa de um mito. Se fica difícil combinar características e extrair qualidade no jogo coletivo com todos disponíveis, imagine mesclando titulares e reservas.

Sobreviveu na Copa do Brasil, manteve a liderança do Brasileiro pelo saldo superior a Corinthians e Atlético Mineiro e joga a tão desejada classificação para o mata-mata do torneio continental na quarta. Mas com um grupo de jogadores tão desigual e heterogêneo é difícil vislumbrar aonde pode chegar um dos maiores orçamentos do país que não consegue ser consistente na temporada.

Resta à maior torcida do país rezar para “São Paquetá” seguir tirando coelhos da cartola. Sem ele, o Flamengo não passa de um time bem comum.

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Flamengo: a lenta agonia do time que não dá liga http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/17/flamengo-a-lenta-agonia-do-time-que-nao-da-liga/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/17/flamengo-a-lenta-agonia-do-time-que-nao-da-liga/#respond Fri, 17 Nov 2017 11:57:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3701

A derrota para o Coritiba no Couto Pereira foi mais uma típica do Flamengo no Brasileiro 2017: domina a posse de bola (65%), finaliza mais que o adversário – 11 a 5, 4 a 1 no alvo – mas não consegue traduzir em gols o controle do jogo.

As críticas sobre jogadores e o treinador Reinaldo Rueda giram em torno do comodismo, de aceitar a derrota com um discurso conformado, de uma apatia que se mistura à indiferença. Protestos com alguma razão, mas os problemas vão um pouco além disso.

O fato é que o time não dá liga. Ou seja, as características dos jogadores não combinam entre si, por mais que Zé Ricardo e depois Rueda tentassem e ainda tentem um encaixe.

É um efeito dominó. Everton Ribeiro foi contratado para ser o ponta articulador. O meia que sai do lado do campo para se movimentar às costas do volante, criar superioridade no meio e criar as jogadas. Mas para isso o ideal é que, como Ricardo Goulart fazia no Cruzeiro bicampeão brasileiro com o próprio Everton, o meia central no 4-2-3-1 que não se alterou com a mudança no comando técnico se aproxime mais do centroavante e se comporte como uma espécie de segundo atacante.

Diego Ribas não faz isso. Por costume, recua para ajudar na armação ou procura os lados do campo. Quando pisa na área sempre é mais útil, mas prefere voltar à intermediária. Pior: prende demais a bola, dá sempre um ou dois toques a mais e quase sempre atrasa a transição ofensiva. Tenta compensar com vontade, liderança positiva e qualidade nas cobranças de faltas e escanteios, mas coletivamente o saldo quase sempre é negativo.

Para aproveitar o espaço que o camisa sete deixa à direita, um lateral de velocidade daria uma opção interessante para buscar a linha de fundo. Não é Pará. Seria Rodinei, mas este tem sérios problemas de leitura de jogo e, principalmente, no posicionamento defensivo.

Porque os zagueiros, embora experientes e de bom nível técnico, são lentos. Para evitar os muitos gols sofridos nas costas da última linha no final do trabalho de Zé Ricardo, Rueda prefere os laterais com um posicionamento mais conservador.

Também para encaixar Cuéllar no meio-campo, à frente da retaguarda. Mas o colombiano, embora tenha bom passe, não é o organizador que o setor precisa nesta ideia de ser protagonista, jogar no campo adversário e controlar as partidas com posse de bola. Nem ele, nem Willian Arão, que eventualmente até acerta alguns passes em profundidade, mas tem como principal virtude a infiltração. O camisa cinco, porém, é um atleta que nitidamente se permite afetar pelas instabilidades do time e sente as cobranças. Sem contar a dispersão no trabalho defensivo.

Por isso Márcio Araújo acaba jogando mais do que deveria. Com Zé Ricardo e agora ganhando chances com Rueda em algumas partidas. No Couto Pereira, o gol de Cléber logo aos sete minutos fez com que a presença do volante se tornasse ainda mais desnecessária por sua nulidade na construção das jogadas. Só deixou o campo aos 13 minutos da segunda etapa. Joga porque defende melhor que Arão e protege a zaga sem velocidade. Romulo não justificou a contratação e o jovem Ronaldo, sem oportunidades, foi ganhar rodagem no Atlético-GO.

Na frente, outro problema: Guerrero não é o típico centroavante, que fica na área e finaliza com bom aproveitamento. O peruano sempre foi muito mais de circular e trabalhar coletivamente. No Fla se destaca pelo trabalho de pivô, por conta de todos os problemas do meio-campo na criação. Recua, faz a parede e procura os ponteiros. Muitas vezes não dá tempo de chegar na área. E dificilmente recebe a bola com chance clara de concluir com liberdade porque as jogadas não fluem, há poucas infiltrações em diagonal.

Porque os ponteiros não têm essa característica. Nem Berrío, agora lesionado, nem Everton. O ponta pela esquerda até vem aparecendo na área e já fez dez gols na temporada. Mas poderia ter feito bem mais se nas muitas vezes em que Guerrero recuou ele penetrasse no espaço certo. Não tem o hábito.

Assim como Filipe Vizeu, o substituto de Guerrero, parece não ter aprendido nas divisões de base a fazer a proteção da bola para a aproximação dos companheiros. Nem fazer a leitura do espaço que precisa atacar para chegar em melhores condições para finalizar. Não é o centroavante para a proposta rubro-negra. Por isso a improvisação de Lucas Paquetá, que não é exatamente um goleador e, apesar da luta, desperdiça oportunidades cristalinas como a que o goleiro Wilson salvou no primeiro tempo em Curitiba.

O encaixe mais promissor foi quando Rueda utilizou Orlando Berrío pela direita com Pará e Everton Ribeiro à esquerda. Se Trauco e Renê também não são laterais rápidos na chegada ao fundo, ao menos a movimentação do meia abria espaços para o deslocamento de Guerrero, que prefere buscar aquele setor e não faz o mesmo movimento à direita. Mas o colombiano teve grave lesão e só volta em 2018 e o peruano está suspenso por doping e também só deve retornar no ano que vem.

Todo esse cenário desfavorável, sem que os treinadores encontrem soluções, é que parece ser o responsável por esse desânimo que se vê em campo. Os jogadores percebem que não combinam entre si e se acomodam. Começa a se espalhar a ideia de “fazer o seu e, se não dá certo, a culpa não é sua”. A desclassificação na fase de grupos na Libertadores foi um golpe na confiança que vinha em alta com a boa campanha no Brasileiro do ano passado e o título estadual.

As críticas e protestos de torcida e parte da mídia, porém, são justas porque nos clássicos cariocas, por conta de uma mentalidade provinciana que impera no clube há algum tempo, aparece a indignação com a derrota. Algo fundamental quando as coisas não vão bem. Um nível mais alto de concentração, fibra e entrega para compensar os problemas. Em jogos “comuns”, ainda mais numa competição por pontos corridos e que nunca foi tratada como prioridade ao longo da temporada, volta a apatia.

Quem deve ser responsabilizado? Todos no clube, mas principalmente a direção. Por erros de planejamento, como ter apenas Alex Muralha e Thiago como goleiros em boa parte da temporada, escolha que acabou prejudicando demais o time na final da Copa do Brasil. Diego Alves chegou tarde.

Também por não perceber as necessidades reais da equipe e contratar Berrío, sendo que o pedido de Zé Ricardo tinha sido um ponteiro driblador e com bom poder de finalização para deixar o ataque menos “arame liso” – cerca, mas não fura – em jogos grandes ou confrontos mais parelhos.  Vinícius Júnior pode até vir a ser este atacante rápido, criativo e com boa finalização, mas é injusto cobrar de um menino de 17 anos, já negociado com o Real Madrid, que seja o pilar ofensivo de um time grande recheado de jogadores experientes e rodados.

O ambiente acaba se tornando um tanto permissivo e morno. Uma falsa sensação de estabilidade, sem grandes cobranças. Talvez por não ter entregado o seu melhor, a direção não se sinta confortável para exigir. Mesmo com salários em dia e melhor estrutura no CT. Vez ou outra ecoa uma voz dissonante, como Juan ou Everton Ribeiro, que na saída de campo no Couto Pereira reclamou que “todo jogo é assim”.

Rueda tem perfil mais administrador, não de ruptura, criativo, ousado para encontrar saídas. A impressão é de que vai tentar o título da Sul-Americana, mas já pensa em reestruturar o elenco para 2018 dentro do que pensa sobre futebol. A dúvida é se será suficiente. Nas coletivas diz não conseguir encontrar explicações para o mau momento. Será que enxerga?

Por tudo isso o Flamengo vive essa lenta agonia em 2017. Ainda com chances de conseguir pelo Brasileiro a vaga nas fases preliminares na Libertadores – insatisfatório diante de tanto investimento. Vivo na semifinal do torneio continental contra o Junior Barranquilla.

Mas que não desperta confiança. Porque os jogadores não combinam e parecem cansados fisicamente e sem força mental para buscar algo que não veio durante toda a temporada. Restam a frustração e a revolta da maior torcida do país. Um desperdício.

(Estatísticas: Footstats)

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Cruzeiro, justo campeão! Mas fraca final é novo alerta para o nosso futebol http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/28/cruzeiro-justo-campeao-mas-fraca-final-e-novo-alerta-para-o-nosso-futebol/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/28/cruzeiro-justo-campeao-mas-fraca-final-e-novo-alerta-para-o-nosso-futebol/#respond Thu, 28 Sep 2017 10:10:59 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3401

Foto: Gilvan de Souza (Flamengo)

O Cruzeiro foi o time do melhor goleiro, nos 180 minutos e na disputa por pênaltis. O título da Copa do Brasil também premiou o trabalho mais longo e consolidado de Mano Menezes, mantido mesmo quando muito questionado no momento de baixa.

A campanha é inquestionável, por ter sido construída desde as fases iniciais e, principalmente, por ter eliminado na semifinal o Grêmio, único brasileiro sobrevivente na Libertadores e que (ainda) pratica o melhor futebol do país.

A disputa final, sim, é que deixou a desejar. Não só pela tensão característica das decisões e pelo muito que estava em jogo no confronto entre clubes que investiram tanto e não tinham uma conquista recente mais pesada para validar o esforço, na nossa mentalidade tão imediatista e que condiciona o trabalho correto ao resultado final.

Cruzeiro e Flamengo protagonizaram um típico jogo entre grandes no Brasil: práticas atualizadas no trabalho defensivo e ainda muito arcaicas e insipientes para justamente superar esse bloqueio com ocupação mais inteligente dos espaços.

Muita preocupação em compactar setores, estreitar o cerco na frente da área para evitar as infiltrações pelo centro ou nas diagonais, evitar superioridade numérica em todos os setores, especialmente pelos flancos. Muita pressão sobre o adversário que está com a bola no terço final do campo, onde nasce a jogada criativa para a finalização.

Por isso Reinaldo Rueda preferiu mandar Everton para o sacrifício, mesmo voltando de lesão. Ele e Berrío executaram a função de ida e volta nas pontas, apoiando os laterais Pará e Trauco. No meio, a proteção de Cuéllar e Willian Arão e Diego, mais uma vez, muito lento, prendendo demais a bola, atrasando as transições ofensivas e fazendo o time depender demais do trabalho de retenção de bola e pivô de Paolo Guerrero na frente.

Mano Menezes teve que conviver com lesões que o obrigaram a mexer na equipe. Primeiro Raniel, logo aos cinco minutos. O jovem atacante, escalado para atacar os espaços e acelerar para cima dos veteranos Rever e Juan, nitidamente somatizou tanta ansiedade e distendeu as duas coxas. Entrou De Arrascaeta, que mudou a dinâmica na frente sem a referência e o time ficou sem profundidade, especialmente à direita com Robinho, que é mais um ponta articulador e não tem o apoio de Ezequiel, que guarda mais o setor.

O meia saiu no intervalo, também por questões físicas, para a entrada de Rafinha, que foi ocupar o espaço à direita com mais intensidade e rapidez. Mas ainda sem aproveitar bem os contra-ataques. Seguiu assim pela esquerda quando Alisson sentiu e deu lugar a Elber.

No Mineirão, o time mandante não se preocupou em ter a posse e tomar a iniciativa. Controlava os espaços, negava brechas aos adversários, fechava o centro e induzia o oponente a abrir a jogada e forçar o cruzamento, mais simples de ser interceptado. Ainda mais contra um Flamengo novamente tendo a bola, mas sem saber bem o que fazer com ela.

No final, foram 53% de posse rubro-negra e 15 finalizações, quatro na direção da meta de Fabio. A mais difícil no final, em jogada pessoal de Guerrero, que cresceu quando Lucas Paquetá entrou na vaga de Everton. O jovem meia procurava o centro para articular com Diego e Arão e abria espaço para o peruano fazer sua jogada característica: receber na esquerda, cortar para dentro e bater para o gol. Sem o sacrifício pelo centro, sempre tendo que girar para servir ou tentar o chute.

O Cruzeiro viveu de uma ou outra incursão pela esquerda, com a movimentação de Arrascaeta indefinindo a marcação de Pará e a cobertura de Rever. Teve a grande chance na saída grotesca da meta de Alex Muralha que o camisa dez uruguaio não aproveitou na segunda etapa. Foram 13 conclusões, só uma no alvo.

Os números de jogadas finalizadas dão a impressão de um jogo bonito, até aberto, com ações bem elaboradas. Mas eis o ponto crucial no futebol jogado atualmente no Brasil: as finalizações acontecem, mas a marcação é tão próxima e intensa que as oportunidades cristalinas são raríssimas. Os chutes mascados, as cabeçadas em divididas. Poucas tabelas e triangulações com o passe diferente que surpreende. Ou a jogada combinada que começa de um lado e na inversão pega o rival em inferioridade numérica para buscar a linha de fundo e encontrar um companheiro livre.

Não acontece porque o futebol brasileiro, na sua pressão insana por resultados imediatos, obriga os treinadores a primeiro “arrumar a cozinha”. E os conceitos mais modernos são uma sofisticação do “fechar a casinha”. Na frente? Ou pressiona e tenta roubar a bola perto da meta adversária, ensaia a bola parada ou depende do lampejo dos mais talentosos. Se treina pouco o ataque. No máximo um campo reduzido, mas sem maiores orientações.

É pouco. Foi insuficiente em Belo Horizonte para definir o campeão nos 90 minutos. Na disputa por pênaltis, a Muralha, grande personagem da final por todo o contexto, foi no mínimo infeliz na “estratégia” de pular sempre no canto direito. Piorou com a enorme competência do time celeste nas cobranças.

O Flamengo tinha um elo fraco na meta e outro em Diego, coroado craque da competição, mas de atuações pífias na reta final. Sem confiança, cobrou mal e Fabio pegou. Quinto título cruzeirense, quarto vice do time carioca. Emoção e festa depois da cobrança de Thiago Neves que chegou a gerar uma pequena polêmica por um suposto segundo toque na bola no meia que escorregou. Nada ilegal.

Venceu o melhor, ou o mais bem sucedido em sua estratégia. A bola jogada, porém, não foi para se guardar na memória. Mais uma vez. A fraca final é outro grito de alerta para o nosso jogo, que precisa fechar o ciclo e se modernizar também quando estiver com a bola. Começa a ficar urgente.

(Estatísticas: Footstats)

 

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A melhor atuação do Flamengo com Rueda, mas Chapecoense não é parâmetro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/20/a-melhor-atuacao-do-flamengo-com-rueda-mas-chapecoense-nao-e-parametro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/09/20/a-melhor-atuacao-do-flamengo-com-rueda-mas-chapecoense-nao-e-parametro/#respond Thu, 21 Sep 2017 00:11:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3357 Reinaldo Rueda manteve Trauco e Everton Ribeiro fazendo a dupla pela esquerda no 4-2-3-1 habitual do Flamengo, depois da boa atuação na vitória por 2 a 0 sobre o Sport pelo Brasileiro. Também pelas ausências de René e Everton, mais a insegurança de Rodinei no trabalho defensivo pela direita.

Com o meia mais criativo pela esquerda e Berrío do lado oposto o quarteto ofensivo deu liga porque a movimentação do camisa sete para dentro procurando Diego na articulação abre espaço para o apoio do lateral e o deslocamento de Guerrero por ali, buscando a diagonal ou permitindo infiltrações de Diego, Willian Arão ou mesmo Cuéllar pelo centro.

Os volantes marcaram os dois primeiros gols no triunfo por 4 a 0 que valeu a classificação para as quartas-de-final da Copa Sul-Americana. Porque a Chapecoense era compacta no 4-1-4-1,  mas os meio-campistas não pressionavam os adversários e a última linha defensiva ficava exposta e, pior, mal posicionada, permitindo as infiltrações em diagonal.

Ofensivamente só incomodava com o equatoriano Penilla, inicialmente pela esquerda e depois procurando o lado direito. Aproximar Arthur Caike de Wellington Paulista não funcionou e deixou ainda mais espaços entre as intermediárias.

Por isso o Fla sobrou na Arena da Ilha na melhor atuação coletiva sob o comando de Rueda. Mesmo com Diego atrasando alguns contragolpes e Berrío se equivocando nas tomadas de decisão. Problemas compensados por belas atuações dos volantes e a perfeição de Juan na defesa e na frente, completando os 3 a 0 no rebote de cabeçada de Guerrero, outro destaque, mesmo não indo às redes. Lucas Paquetá entrou e completou a goleada, completando bela assistência de Everton Ribeiro.

Foram 57% de posse de bola e 14 finalizações do Fla – oito no alvo, bem diferente do “arame liso” de outros jogos. O dobro da Chape. Uma medida da distância entre as equipes no campo.

Um desempenho animador se o Fla pensar na sequência de Brasileiro e Sul-Americana, porque para a final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro o time não terá Everton Ribeiro. Mas vale uma ressalva: a Chapecoense não tem sido um bom parâmetro para avaliar a evolução da equipe.

No Brasileiro, os 5 a 1 no mesmo estádio parecia um marco de recuperação do time comandado por Zé Ricardo, mas seguiu oscilando até a crise que culminou com a mudança no comando técnico. De qualquer forma, fica a impressão de que a combinação de características dos jogadores encontrou um melhor encaixe. Vale observar a sequência de jogos.

(Estatísticas: Footstats)

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De Berrío para Diego. Na jogada diferente, Flamengo na sétima final http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/08/24/de-berrio-para-diego-na-jogada-diferente-flamengo-na-setima-final/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/08/24/de-berrio-para-diego-na-jogada-diferente-flamengo-na-setima-final/#respond Thu, 24 Aug 2017 03:30:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3196 O cenário do jogo no Maracanã com 90% de rubro-negros sinalizava a decisão por pênaltis.

Porque a tensão, o Botafogo negando espaços e sem Rodrigo Pimpão como válvula de escape e o Flamengo mais uma vez com dificuldade para criar espaços, além da arbitragem do goiano Wilton Sampaio parando demais o jogo com faltas (37 no total), facilitavam o trabalho dos sistemas defensivos.

No primeiro tempo, a rigor, foram duas chances. Uma cristalina, de Guilherme completando centro da direita de Roger após falha de Rodinei, que ficou olhando para a bola e deixou o atacante completamente livre para cabecear para fora. Outra de Guerrero, em virada que fez Gatito Fernández trabalhar. O atacante peruano, de volta ao time no sacríficio, foi fundamental mais uma vez no trabalho de pivô.

45 minutos de 54% de posse da equipe de Reinaldo Rueda, armada num 4-2-3-1 com Pará improvisado na lateral esquerda e o peruano Trauco no banco, e cinco a quatro nas finalizações – duas do Fla contra nenhuma dos alvinegros.

Segunda etapa de mais eletricidade e equilíbrio nas ações. O Bota repetia o 4-3-1-2 variando para as duas linhas de quatro e sofria atrás sem Joel Carli. Marcelo Conceição, o substituto, cometeu pênalti, segundo as novas orientações da FIFA, em virada de Guerrero.

Cuéllar podia ter sido expulso por entrada duríssima em Matheus Fernandes, mas menos digna de expulsão que a de Pimpão em Berrío na ida no Nílton Santos. O volante colombiano, porém, foi novamente preciso em desarmes, antecipações e passes. O melhor nos 180 minutos.

Quando o Cruzeiro marcou com Hudson no Mineirão, o cheiro de penalidades definindo os finalistas da Copa do Brasil ficou mais forte. Porque as partidas decisivas novamente careciam de cuidado com a parte técnica. Bola jogada mesmo. A insanidade de tratar qualquer partida eliminatória como “jogo pra ganhar” e não jogar. Muita disputa física, pouco risco.

Até que o improvável aconteceu. Berrío, apesar da fibra, do vigor físico e da velocidade habituais, novamente vinha errando em algumas tomadas de decisão e sem conseguir superar Victor Luis. Talvez por isso tenha surpreendido o lateral do oponente com um drible espetacular, de Neymar, na linha de fundo. Clareou tudo.

Principalmente o passe para Diego. O heroi que novamente não teve bom desempenho. Errando ao tentar dominar e girar contra uma marcação muito estreita, sem respiro na pressão. Mas de novo a entrega foi absoluta e, quando pisou na área adversária e recebeu com liberdade, o toque foi de primeira e cirúrgico.

Gol único de uma vitória que só não foi mais ampla porque Vinicius Júnior, substituto de Berrío, demorou a finalizar à frente de Gatito num contragolpe mortal. Desta vez sobraram concentração e espírito de decisão ao Fla. Rafael Vaz substituiu o lesionado Réver e jogou simples, sem preciosismo, ao lado de um Juan preciso.

O Botafogo de Jair Ventura finalizou apenas uma vez no alvo em 180 minutos. Apostou tudo no erro do rival que não foi aproveitado no primeiro tempo por Guilherme. A punição veio na jogada diferente, que desmonta a defesa. De Berrío e Diego, investimentos do clube com finanças saneadas.

O Flamengo se impôs com 57% de posse e nove finalizações. Rateou na Libertadores e sonhava estar na condição do Botafogo no torneio continental. Mas vai à sua sétima final de Copa do Brasil para buscar o quarto título e igualar o Cruzeiro, o adversário definido nas cobranças de pênalti no Mineirão.

Decisão sem favoritos, ao contrário da de 2003, vencida com facilidade pela equipe celeste histórica de Vanderlei Luxemburgo e Alex. Que seja mais jogada que brigada e o talento prevaleça, como na noite de clássico carioca no Maracanã.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Botafogo x Flamengo: caminhos opostos que se cruzam na semifinal nacional http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/07/27/botafogo-x-flamengo-caminhos-opostos-que-se-cruzam-na-semifinal-nacional/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/07/27/botafogo-x-flamengo-caminhos-opostos-que-se-cruzam-na-semifinal-nacional/#respond Thu, 27 Jul 2017 05:50:39 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3006 Um time que, ao menos em tese, pode tudo no futebol brasileiro. Mas que parece não fazer muita questão, ou não saber muito bem como chegar ao topo. Outro que constrói suas vitórias e só tem chance de ir longe exatamente por querer muito.

O Flamengo do elenco milionário, ainda que não possa escalar as contratações mais recentes na Copa do Brasil. O Botafogo dos recursos limitados, perdendo peças e se virando com o que tem. Os rubro-negros que venceram o Carioca e estão fora da Libertadores. Alvinegros que pelejaram no torneio continental desde as fases preliminares e, por isso, foram obrigados a priorizá-lo, deixando o estadual um pouco de lado.

A equipe de Jair Ventura achou no gol de Joel Carli logo aos quatro minutos de jogo no Nilton Santos a solução para não ser obrigado a propor o jogo e fugir da maneira de atuar com a qual se sente mais confortável. Início com intensidade, marcação no campo de ataque e apoio da torcida para sair na frente o mais rápido possível.

Deu certo. Ainda mais contra um Atlético Mineiro exposto, que adiantou as linhas, teve 62% de posse e efetuou 34 cruzamentos. Mas de 11 finalizações apenas duas foram na direção da meta de Jefferson. Já o Botafogo teve 22 desarmes corretos contra apenas oito do oponente e acertou quatro finalizações no alvo, num total de dez.

Assim construiu os 3 a 0 com gols de Roger e Gilson, um em cada tempo, já perto do final para não dar chances de reação ao adversário. Até quando vai às redes o time parece fazer na hora certa, sabendo o que quer.

O Flamengo também deu essa impressão, ao abrir o placar cedo na Vila Belmiro com o gol de Berrío completando belo passe de Diego – mais um que ele encaixa com precisão em contragolpe, com espaço. Mas, ao contrário de Jair Ventura, Zè Ricardo não consegue compensar coletivamente as limitações de seus comandados.

Ou dos que escolhe, como a inexplicável opção pelo retorno de Alex Muralha no gol, deixando Thiago no banco. Como se os 2 a 0 da Arena da Ilha não fossem reversíveis. Ou a Copa do Brasil, já nas quartas de final, fosse um torneio menos importante para um time que está 12 pontos atrás do líder Corinthians no Brasileiro.

Mesmo fazendo o segundo gol com Guerreiro no início da segunda etapa, após sofrer o empate com Bruno Henrique e ter corrido o risco de levar a virada no pênalti assinalado por Leandro Vuaden e depois invalidado com a ajuda do quarto árbitro, que observou que Rever tocou na bola na disputa com Bruno Henrique, o Flamengo conseguiu se complicar.

Porque a reunião de elos fracos sempre pode comprometer, ou ao menos complicar. Rafael Vaz vacilou e cedeu escanteio bobo, empate com Copete. Márcio Araújo perdeu duas disputas na proteção da retaguarda, a bola sobrou para Victor Ferraz marcar 3 a 2 e fazer a remontada parecer possível no modo “briga de rua” do time de Levir Culpi. Jogo aberto com 29 finalizações – 16 do Santos e 13 do Fla.

A noite na Vila Belmiro só não foi histórica para o alvinegro praiano pelo cansaço de quem sempre teve que subir a ladeira na partida e porque o gol de Copete, em nova hesitação de Muralha, saiu no último minuto dos quatro de acréscimo. No 39º cruzamento na área do time carioca, que perdeu força nos contragolpes com a entrada de mais um elo fraco: Gabriel. Com Mancuello e Vinicius Júnior no banco. A vaga veio mesmo no gol “qualificado”. Ou por não ter sido vazado no Rio de Janeiro. Com Thiago na meta.

Mesmo classificado, o Flamengo novamente deixou o campo num jogo eliminatório exalando fragilidade, sem transmitir a mínima confiança. O que os argentinos chamam de “pecho frio”. Exatamente o contrário do “cascudo” Botafogo. De Jefferson que voltou com autoridade à meta, de Matheus Fernandes, 19 anos com a serenidade de um veterano no meio-campo. Do Roger da bela história de vida com Giulia, sua filha deficiente visual. Do incansável Pimpão.

De uma força mental que parece inabalável no mata-mata. Na semifinal da Copa do Brasil e com classificação encaminhada para as quartas da Libertadores. Subindo e descendo no Brasileiro, mas com campanha digna, na disputa do G-6. Sem recursos generosos, sem holofotes. Mas com aquilo que é difícil definir e, na falta de um nome, chamam de alma.

O que o Flamengo vai precisar tirar de onde até agora não se viu para chegar à sua sétima final de Copa do Brasil. Porque, até pela rivalidade fortalecida recentemente nos bastidores, o Botafogo vai deixar tudo em campo nas duas partidas. E não é pouco.

Os caminhos opostos vão se cruzar no clássico carioca que vale vaga numa decisão nacional. No papel há um favorito. No espírito, outro. Como balanços e relatórios de finanças não entram em campo, o Bota hoje parece mais forte.

(Estatísticas: Footstats)

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