Internacional – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Dunga, o subestimado. Por culpa dele mesmo e do nosso jeito de ver futebol http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/30/dunga-o-subestimado-por-culpa-dele-mesmo-e-do-nosso-jeito-de-ver-futebol/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/30/dunga-o-subestimado-por-culpa-dele-mesmo-e-do-nosso-jeito-de-ver-futebol/#respond Sat, 30 May 2020 14:08:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8571

Imagem: Reprodução TV Globo

Dunga foi campeão mundial de juniores (sub-20) em 1983. Completaria 20 anos em outubro daquele ano, mas já demonstrava liderança, embora o capitão fosse o zagueiro Boni.

Mas chamou atenção mesmo pela capacidade de marcação. Como Geovani e Gilmar Popoca eram meias essencialmente criativos e o ataque era formado por Mauricinho, Marinho Rã e Paulinho, sem um “falso ponta” para ajudar no trabalho sem bola, Dunga ficava plantado à frente da defesa, combatia, dava carrinhos.

Volante sério, cobrava dos companheiros o tempo todo. Mesmo muito jovem, o semblante sempre fechado, também pela concentração máxima no jogo, começou a criar no imaginário popular a imagem de “bravo”. Como só ele marcava, era o cara do “serviço sujo”. O “brucutu” ou “carregador de piano”.

Mesmo que já tivesse bom passe e chute forte e preciso de média/longa distância. Virtude que apareceria mais na seleção brasileira que venceria a medalha de prata em 1984 nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Jogando como segundo homem de meio-campo, à frente do volante Ademir. Assim marcou dois gols pela equipe de Jair Picerni que contava com o Internacional como base.

Do clube gaúcho foi para o Corinthians, que remontou o time com o dinheiro da venda de Sócrates para a Fiorentina. Ajudou na campanha de recuperação no Paulista de 1984 que não impediu o título do Santos de Serginho Chulapa, mas entregou fibra e foi o pilar de sustentação de um meio-campo que tinha Arturzinho, Biro Biro e Zenon.

Seguiu acertando times na breve passagem pelo Vasco, vindo do Santos. Foi em 1987 a primeira vez que este que escreve viu Dunga no estádio. Além dos desarmes, o camisa cinco exigia que seus companheiros Geovani e Tita, que completavam o meio-campo na equipe de Joel Santana, e mais Mauricinho, Roberto Dinamite e até o jovem Romário voltassem até o próprio campo e dessem o primeiro combate. Para que ele viesse por trás para roubar a bola. Assim venceu a Taça Guanabara e fez parte da campanha do título estadual.

Dunga seguiu o caminho natural de jogadores de destaque à época. Inicialmente no Pisa, depois na Fiorentina, onde ficou de 1988 a 1992. Durante este processo foi campeão da Copa América de 1989 e virou titular absoluto da seleção para a Copa de 1990.

Ali começou a via-crúcis. Para elogiar o profissionalismo do jogador, o técnico Sebastião Lazaroni cunhou o termo “Era Dunga”. O impacto na imprensa e nos torcedores foi imediato. Porque ia na contramão da cultura do futebol brasileiro. “Como assim a seleção que conta com o talento de Careca, Bebeto, Romário, Jorginho, Mauro Galvão e Branco tem um volante marcador como símbolo?”

Junte a isso a escolha de um sistema com três zagueiros que era visto como “retranqueiro” e a entrada no meio-campo de Alemão, mais um jogador com características de volante, e tínhamos uma panela de pressão pronta para explodir. A seleção era vista como “europeia” e a briga por conta de premiação, com jogadores tapando com a mão o símbolo do patrocinador da CBF na foto oficial, alimentou a imagem de “mercenários”.

No campo, uma seleção intensa, dedicada e com proposta ofensiva. Os três zagueiros liberavam os alas, que contavam com o suporte dos meias Alemão e Valdo, que tentavam alimentar a dupla Muller-Careca na frente. Por trás, Dunga distribuía o jogo e chegava na frente para finalizar. Foi um dos destaques da melhor atuação brasileira naquele Mundial disputado na Itália: nas oitavas de final contra a Argentina, em Turim.

Mas o lampejo de Maradona servindo Caniggia jogou tudo por terra. As muitas chances desperdiçadas cobraram um preço alto. Dunga cabeceou uma bola na trave no primeiro tempo, mas foi driblado pelo gênio argentino no gol que definiu a eliminação precoce e o volante acabou virando símbolo daquele fracasso.

Uma injustiça reparada por Carlos Alberto Parreira em 1993. Um tanto à forceps, porque o treinador da seleção tentou montar um meio-campo com um volante, Mauro Silva, e três meias – Luis Henrique, Raí e Elivelton, de início. Era a exigência da época por um futebol mais “brasileiro”.

Quando Dunga se firmou como titular novamente ao lado de Mauro Silva, as críticas vieram pesadas. Como aquele “grosso” vai jogar de “oito”? No Brasil de Didi, Gerson, Rivelino, Falcão e Sócrates aquilo era considerado um acinte, uma ofensa ao futebol então tricampeão do mundo.

Na prática, Dunga era o melhor passador e o jogador que fazia o time jogar. Com passes diretos procurando os atacantes Bebeto e Muller, depois Romário. Ou invertendo para as combinações entre os laterais e os meias. Passes curtos e longos. De “chapa” ou de trivela. Um bom repertório, mesmo sem elegância e plástica.

Mas Dunga era volante, não podia armar as jogadas da seleção. E era o símbolo de uma derrota, podia “dar azar” novamente. Estereótipo e superstição sem olhar para o que acontecia no campo. Nada mais brasileiro.

Dunga virou o jogo sendo um dos destaques na conquista do tetra nos Estados Unidos. Teve personalidade para cobrar o último pênalti brasileiro antes de Baggio mandar nas nuvens as chances da Itália na decisão. Foi fundamental até nos bastidores, administrando as indisciplinas de Romário, seu colega de quarto.

Na hora de levantar a taça como capitão, um desabafo. Justo, mas que saiu desproporcional pelos muitos xingamentos. Um contraste com a alegria serena de Bellini, Mauro e Carlos Alberto Torres nas conquistas anteriores. De seleções também questionadas e criticadas pela imprensa, mas nenhum capitão quis se vingar em um momento de êxtase.

Dunga se queimou de vez. O título sem gols na final marcou uma seleção criticada. Magoado, Dunga passou a alfinetar sem nenhuma necessidade a seleção de 1982. Pragmático, não entendia como uma equipe que perdeu podia ser mais elogiada que a dele, que venceu. Comprou brigas bobas, alimentou a antipatia.

Em 1998, a briga com Bebeto durante o jogo contra Marrocos. Grito, xingamento, até uma cabeçada leve no companheiro de seleção. Durante uma partida tranquila ainda na fase de grupos da Copa do Mundo na França. Só porque o atacante veterano demorou a voltar para ajudar na marcação. Para quê?

Com nova derrota, desta vez na final para a anfitriã, mais críticas. Encerrando aos 34 anos um ciclo mais que vitorioso, porém cercado de polêmicas e ódio. De Dunga, de boa parte da imprensa e da torcida. O título de 2002, com os mesmos três zagueiros e dois meio-campistas com características de volante – Gilberto Silva e Kléberson – não atraíram tantas críticas por defensivismo. Afinal, na frente havia Rivaldo e os Ronaldos e a equipe de Felipão venceu os sete jogos, mesmo com dificuldades claras e alguns “apitos amigos”.

Encerrou a carreira salvando o Internacional do rebaixamento com um gol contra o Palmeiras em 1999. Mas a maioria, tirando os colorados, lembra mesmo dos dribles humilhantes do menino Ronaldinho Gaúcho pelo Grêmio. Os detratores de Dunga também lembram de sua carreira sem grandes conquistas e clubes de ponta no exterior para menosprezá-lo, mas na época ir para a Europa significava dinheiro, prestígio e mais chances de ser convocado. Servir à seleção era o grande objetivo dos brasileiros.

E bastou o escrete canarinho fracassar em 2006, com Parreira novamente e uma seleção acusada de pouco compromisso e sem liderança para lembrarem de Dunga. Na impossibilidade de contar com o “Sargento” Scolari, a serviço de Portugal, a CBF inventou o capitão do tetra como treinador. E muitos apoiaram à época. O líder que xingava e gritava seria importante pelo “pulso firme” para controlar os craques. Outro estereótipo tipicamente brasileiro.

Venceu Copa América e Copa das Confederações, terminou na liderança das Eliminatórias. Mas de novo as brigas com jornalistas, declarações nada amigáveis, alimentando um clima de tensão que só piorava o ambiente. Patadas para explicar as ausências de Neymar e Ganso, respostas cheias de veneno para justificar uma convocação que entregava pouco além do forte time titular.

Novo revés, mais uma execração pública. Demissão e a volta em 2014, de novo para apagar incêndio. Desta vez os 7 a 1. Com apenas uma experiência no comando técnico de clube, no Internacional em 2013. Um pouco mais calmo e sorridente no trato com a imprensa e nas declarações públicas. Mas faltou conteúdo e a eliminação da Copa América Centenário encerrou o ciclo.

Muito de positivo nesses 31 anos à serviço da seleção poderia ser lembrado, mas acaba soterrado por questões menores. Responsabilidade do próprio jogador e treinador, com seu temperamento irascível, implacável, sem concessões. Tratada como virtude quando convém na cultura do futebol brasileiro. Tinha que ser o “general”, mas sem se atrever a querer ser destaque como jogador. Este era o papel dos mais habilidosos, malemolentes, criativos. Ele era um “europeu” que vestia a camisa verde e amarela.

Dunga fez parte da seleção da FIFA em duas Copas do Mundo: 1994 e 1998. O melhor passador no título dos Estados Unidos – 589 corretos, só ficando atrás de Xavi em 2010 na história dos mundiais –  e um dos mais eficientes na campanha do vice, quatro anos depois. Mas poucos lembram. Porque Dunga é um dos jogadores mais subestimados da história. Por culpa dele e do jeito brasileiro de ver o futebol. Uma pena.

 

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No primeiro título nacional do Corinthians, Neto foi craque e “falso nove” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/12/no-primeiro-titulo-nacional-do-corinthians-neto-foi-craque-e-falso-nove/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/12/no-primeiro-titulo-nacional-do-corinthians-neto-foi-craque-e-falso-nove/#respond Tue, 12 May 2020 12:50:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8469

Foto: Acervo / Corinthians

Em 1990, o Corinthians já tinha 20 dos seus 30 títulos que o tornam o líder absoluto de troféus no Paulistão. Mas ainda faltava uma conquista nacional que não foi alcançado em 1976, perdendo a decisão para o Internacional bicampeão. Nem pelo time de Sócrates, Zenon e Casagrande no início dos anos 1980 – apenas duas semifinais, em 1982 caindo para o Grêmio e 1984, eliminado pelo Fluminense.

Coube a uma equipe desacreditada, que começou a campanha com derrotas para Grêmio (3 a 0) e Cruzeiro (1 a 0), foi irregular no desempenho durante praticamente toda a trajetória, mas que ganhou confiança e consistência na reta final até as duas vitórias por 1 a 0 no Morumbi sobre o rival São Paulo de Telê Santana na decisão.

O Corinthians de Nelsinho Baptista, treinador que vinha de um vice-campeonato paulista com o Novorizontino e assumiu o time depois da demissão de Zé Maria, o técnico das duas primeiras derrotas.

Uma equipe que sequer chegara à decisão dos dois últimos estaduais e, na edição de 1989 do Brasileiro decepcionou após um bom primeiro turno, perdendo a vaga na final para o São Paulo. Na recém fundada Copa do Brasil, eliminação nas quartas-de-final de 1989 para o Flamengo. Como na época só entravam o campeão e o vice do estadual, acabou ficando de fora da edição de 1990.

Campanha de 12 vitórias, oito empates e cinco derrotas. Apenas 23 gols marcados, média inferior a um por partida. Vinte sofridos. Fechou a primeira fase classificatória com um revés até vexatório para o Internacional por 3 a 0 no Pacaembu. Garantindo a oitava e última vaga por conta da derrota do Goiás para a Portuguesa por 2 a 0.

Nas quartas contra o Atlético Mineiro e na semifinal diante do Bahia, vitórias por 2 a 1 no Pacaembu e empates sem gols fora, sempre decidindo como visitante. Vivendo da força da torcida, das defesas do goleiro Ronaldo e do sacrifício coletivo da equipe. Mas fundamentalmente de José Ferreira Neto.

O camisa dez que chegou em 1989, vindo do Palmeiras em uma saída traumática para o jogador. Depois de se destacar em 1988 pelo Guarani vice-campeão paulista, com direito a golaço de bicicleta na ida da final contra o próprio Corinthians. Sempre enfrentando problemas físicos e a luta para não ganhar peso.

Mas muito talento em chutes, lançamentos e, especialmente, na bola parada. O problema, na época, era posicioná-lo em campo. Neto não tinha gás para fazer a ida e volta de meia no típico 4-2-2-2 daquele período. Também não tinha velocidade para ser um segundo atacante. E não gostava de jogar de costas para a defesa adversária como centroavante. Queria liberdade para circular.

A solução de Nelsinho durante a maior parte da campanha foi um 4-3-3 que sacrificava o centroavante – Paulo Sérgio, Dinei ou Tupãzinho – voltando na marcação e deixando Neto mais adiantado quando o time perdia a bola. Na retomada, o camisa nove retomava seu posicionamento e o dez ficava solto em campo para criar e finalizar. Em poucas partidas, um 4-4-2 com Tupãzinho no meio e Dinei no ataque.

Foram nove gols, cinco em cobranças de falta, e duas assistências. Participação em quase metade dos gols do Corinthians na campanha. Mas nos últimos jogos o fôlego e a força nas pernas para a bola parada pareciam no fim. A ponto de ser substituído na Fonte Nova contra o Bahia. O esforço tinha sido enorme nas duas vitórias em casa, com três gols e muita entrega.

Na final contra o São Paulo, a entrada de Wilson Mano no meio-campo ao lado de Márcio Bittencourt para proteger a defesa. Tupãzinho com a camisa nove e Fabinho e Mauro pelas pontas, mas também voltando para marcar a equipe de Telê Santana, que se destacava justamente pelo volume de jogo. Era o rascunho do time que venceria tudo nos anos seguintes.

E Neto? Totalmente liberado. Sem bola chegava a caminhar em campo, protegido por seus companheiros. Bola roubada, o mais talentoso procurava os flancos, zonas menos congestionadas, para arriscar lançamentos ou até chutes de longa distância.

Articulava e era ultrapassado pelo trio ofensivo, que preenchia a área adversária. Assim saiu a bela tabela entre Fabinho e Tupãzinho, que marcou o gol que selou a conquista. Depois da vitória também por 1 a 0 na ida, gol de Wilson Mano completando o cruzamento de Neto em cobrança de falta pela esquerda.

O termo “falso nove” obviamente não foi citado por Nelsinho, nem Neto em 1990. Só foi popularizado em 2011, com Messi no Barcelona. Mas a função era a mesma: ser o jogador mais adiantado da equipe sem a bola e ficar livre para se movimentar por todo campo e chegar à área adversária para concluir quando o time atacava.

Assim Neto viveu o grande momento de sua carreira errática e que o hoje apresentador e comentarista reconhece que poderia ter sido bem mais brilhante e vitoriosa. Ele mesmo e muitos torcedores e jornalistas cobram até hoje de Sebastião Lazaroni a presença do meia na Copa do Mundo daquele ano, mas o melhor futebol só apareceu no segundo semestre, depois do Mundial. No Brasileiro.

Destaque absoluto daquela edição e escreveu seu nome em uma das páginas mais importantes da história do Corinthians. O primeiro dos sete títulos de um gigante do futebol nacional. Não é pouco e merece ser lembrado e respeitado.

O Corinthians das vitórias sobre o São Paulo por 1 a 0 na decisão: um 4-3-3 que dava liberdade total a Neto, que ficava mais adiantado na fase defensiva e se movimentava procurando os flancos e sendo ultrapassado por Fabinho, Tupãzinho e Mauro quando o time atacava (Tactical Pad).

 

 

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Clubes forçam volta e futebol brasileiro mostra sua face escravocrata http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/03/clubes-forcam-volta-e-futebol-brasileiro-mostra-sua-face-escravocrata/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/03/clubes-forcam-volta-e-futebol-brasileiro-mostra-sua-face-escravocrata/#respond Sun, 03 May 2020 18:35:03 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8424 “Jogador que não quiser jogar pede demissão”. Palavras do presidente do Internacional, Marcelo Medeiros.

No momento em que a pandemia deve acentuar a curva de contágio e colapsar de vez o sistema de saúde do país, os clubes brasileiros forçam a volta das atividades. No caso do Rio Grande do Sul, amparado pela irresponsável autorização da prefeitura de Porto Alegre. Mesmo sem contato físico, mas com circulação desnecessária.

Para viabilizar o retorno precoce, a aquisição de testes é obrigatória, assim como os equipamentos de proteção individual. Justo no Brasil de tamanha subnotificação dos casos por causa da limitação do material para confirmar se os sintomas são mesmo de Covid-19 e médicos e enfermeiros estão morrendo no trabalho por falta desta proteção.

Junte a isso as demissões de funcionários humildes no rico Flamengo, a dispensa de jovens da base no Corinthians e outras ações que escancaram a incompetência e/ou a insensibilidade dos gestores e temos a cara do futebol brasileiro: um ambiente que se acha descolado da sociedade, mas, no fundo, demonstra apenas a sua pior face.

Uma espécie de escravocracia moderna, na qual os agentes abaixo do guarda-chuva de quem manda são apenas números em uma planilha e precisam manter a roda girando. Mesmo que alguns paguem com a própria miséria e outros com a vida mesmo.

A ponto do Grêmio passar por cima da visão do ídolo maior, Renato Gaúcho, que desaconselhou a volta do futebol ao próprio Presidente da República, que admitiu a conversa publicamente. Dando mais uma prova de que um mínimo de racionalidade independe de posições políticas.

É preciso ressalvar as exceções, como Palmeiras, Bahia, Fluminense e outros, que tomaram medidas preventivas com reduções de salários e, cada um dentro de sua realidade orçamentária, aguardam a sinalização das autoridades de Saúde para retomar as atividades com segurança para todos. Física e financeira.

Inclusive dos próprios “artistas do espetáculo”. Porque voltar a jogar não envolve apenas o risco de contaminação. Um choque, um mal estar por desgaste, uma lesão grave terá que levar o atleta ao hospital para uma intervenção cirúrgica. E mesmo os mais modernos, voltados para as classes mais abastadas, estão sobrecarregados por causa da pandemia. E podem contaminar os jogadores.

Por maior que seja a saudade da bola rolando ao vivo e se compreenda que o cenário é complexo, inédito e precisa de um plano de ação, é preciso ter visão coletiva e bom senso. Exatamente o que falta ao futebol brasileiro desde sempre. Um meio onde a “síndrome de Macunaíma” sempre existiu. O microcosmo em que vence o mais esperto, onde crimes como racismo são relativizados pela “catarse” que acontece em um jogo.

Principalmente, onde privilégios são aceitos sem resistência e vale tudo para o show continuar. Mesmo que seja o circo sem pão no meio de uma crise sem precedentes. Para a qual ninguém se preparou. Muito menos os clubes que no papel são instituições sem fins lucrativos e resistem para se tornar empresas. Porque não querem perder as benesses históricas. Nem a licença para o absurdo que agora é usada como coringa para autorizar a insensibilidade máxima.

O Ministério da Saúde, acompanhando tendência do atual governo federal, adota posicionamento dúbio. Sugere a volta para tornar o distanciamento social menos degradante emocionalmente, mas dentro das normas estabelecidas. Ora, se for para seguir as regras não há como retomar um esporte de contato permanente!

E o mais triste é que há quem aprove. Os torcedores de dirigentes, os fanáticos acríticos ou os puxa-sacos mesmo. Dos que oprimem e ameaçam com desemprego quem apenas quer sobreviver ou só proteger os entes queridos.

Que a conta seja cobrada quando os caixões baixarem às sepulturas. Ou nem haja buracos para enfiar os corpos. Mas quem se importa? “E daí?”

 

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Grenal das Américas não foi só pancadaria e Coudet tem mais a comemorar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/13/grenal-das-americas-nao-foi-so-pancadaria-e-coudet-tem-mais-a-comemorar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/13/grenal-das-americas-nao-foi-so-pancadaria-e-coudet-tem-mais-a-comemorar/#respond Fri, 13 Mar 2020 03:29:29 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8155 A rivalidade entre Grêmio e Internacional é a maior do Brasil. Não só por dividir uma capital do país, mas pela maior concentração local de torcedores. Um duelo especial.

Na Libertadores mais ainda, até pela tradição copeira de cinco títulos conquistados e uma cultura que valoriza demais as disputas continentais. Por isso tanta expectativa pelo Grenal 424 válido pela competição sul-americana.

Também por isso a carga sufocante de tensão que faz os times aumentarem a concentração para evitar o erro e serem ainda mais intensos para se impor no campo. Desta a vez a Arena do Grêmio.

O mandante com sua proposta de trabalhar a bola com o meio-campo mais controlador – Lucas Silva, Matheus Henrique e Maicon – e o Colorado de Eduardo Coudet mantendo a intensidade como principal característica. Com um jogo de transições por conta do contexto do clássico e da formação, novamente com Boschilia, Marcos Guilherme e Thiago Galhardo.

Só podia resultado em um duelo eletrizante, com as equipes tentando impor o estilo. E Coudet, que era o “fato novo”, acabou sendo o grande vencedor da noite, mesmo em um empate sem gols que será mais lembrado pela pancadaria que resultou em oito expulsões. Lamentável e que nunca deve ser incentivada, mas que era até esperada pelas circunstâncias. Uma questão cultural, não só do Rio Grande do Sul. O país é violento.

O Grêmio terminou com mais finalizações – 13 a 10, cinco a um no alvo. O Internacional teve mais a posse de bola (53%), mesmo sem tanto controle. Mas muito volume, ganhando divididas, antecipando, defendendo e atacando com muitos jogadores. E acertando a trave com Edenilson, de novo o destaque como meia onipresente na linha de três no 4-1-3-2, enquanto houve jogo. Lucas Silva, destaque do Grêmio, também chutou no travessão de Marcelo Lomba, mas quando tinha virado uma pelada de oito contra oito no final.

Coudet pode lamentar a chance cristalina desperdiçada por Boschilia no primeiro tempo com uma cavadinha desnecessária e imprecisa. Depois finalizaria na trave à frente de Vanderlei. Renato Gaúcho tem que pensar em uma vaga para Pepê, que entrou na vaga de Alisson e quase marcou um gol antológico em arrancada espetacular rabiscando da direita para esquerda. Luciano perdeu oportunidade clara também.

O Internacional lidera o Grupo E pelo saldo até a Libertadores voltar, se voltar… Até lá, o treinador argentino tem mais a celebrar. Para quem encarou o torneio desde fevereiro, o trabalho vem apresentando evolução de desempenho e resultados satisfatórios na competição que importa neste momento da temporada. Não é pouco.

(Estatísticas: SofaScore)

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Dupla Grenal aquece ainda mais o clássico histórico, cada um ao seu estilo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/#respond Wed, 04 Mar 2020 02:34:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8089 O Internacional de Eduardo Coudet, ainda no segundo mês de trabalho, aproveitou a experiência “forçada” das duas etapas classificatórias antes da fase de grupos da Libertadores. Em casa, contra a Universidad Católica bicampeã chilena, e sem D’Alessandro, suspenso, apostou tudo na intensidade.

Principalmente na pressão no campo de ataque. Com mais agilidade e vigor, optando por Thiago Galhardo na vaga do camisa dez veterano ao lado de Paolo Guerrero na frente. Deixando Rodrigo Lindoso no banco para Edenilson centralizar à frente de Musto, porém com muita liberdade para chegar à frente. Pelos lados, Marcos Guilherme ganhou oportunidade pela direita e Boschilia mantido à esquerda.

Testes realizados contra Universidad de Chile e Tolima, com pressão de jogo decisivo. Importantes para se impor na primeira rodada do duro Grupo E. Sufocando o adversário, roubando bolas no campo de ataque e finalizando 28 vezes, nove no alvo. E não permitindo uma conclusão na direção da meta de Marcelo Lomba. Um massacre.

Mas com um pouco de sorte, sempre bem-vinda. Na cobrança de falta de Guerrero que desviou na barreira e saiu do alcance de Matias Dituro, abrindo o placar e acabando com a angústia no Beira Rio por um domínio absoluto sem bola na rede. Tranquilidade para aproveitar erro na reposição do goleiro adversário para Galhardo servir Guerrero e o centroavante, aí sim em bela jogada trabalhada, servir Marcos Guilherme para fechar os 3 a 0 com autoridade.

E Edenilson resgatando o melhor de sua imposição física em momento importante. A tendência é o camisa oito, grande destaque ao lado de Guerrero, crescer ainda mais dentro da proposta de jogo de Coudet. A começar pelo clássico histórico na próxima rodada.

Na Arena do Grêmio, que estreou de fato no torneio em jogo complicado fora de casa. Diante do América de Cali, campeão do Clausura na Colômbia,  que arriscava em um 4-3-3 que na maior parte do tempo se defendeu com sete homens, deixando o trio Pisano-Rangel-Vergara mais adiantado.

Um convite para a circulação de bola do time de Renato Gaúcho. Ainda mais com Lucas Silva se juntando a Matheus Henrique e Maicon num meio-campo móvel, variando o desenho de um volante mais plantado (Lucas), ou dois fixos e Maicon adiantado como meia. Assim alternando o desenho de 4-2-3-1 para 4-3-3.

Na frente, Diego Souza se movimentava fazendo pivô e buscando espaços às costas do volante Rodrigo Ureña para acionar os ponteiros. Especialmente Everton, que perdeu duas chances cristalinas, porém foi novamente a grande válvula de escape e preocupação da defesa adversária com as infiltrações em diagonal.

Os gols, porém, saíram dos construtores de trás. Victor Ferraz, impedido, aproveitando cobrança de falta de Lucas Silva que bateu em Diego Souza. Para acalmar o jogo, mas também atrair o América, que poderia ter empatado com Pisano, que bateu no travessão, e, na sequência, com Sierra em cabeçada que Vanderlei salvou.

E Matheus Henrique, para premiar um Grêmio que retomou o controle do jogo na segunda etapa. Com Thaciano na vaga de Maicon, mas foi o meio-campista jogando de área a área que marcou um golaço e murchou os colombianos, inclusive a torcida.

O Grêmio terminou com menos posse (45%) e finalizações- dez contra 15, três a cinco no alvo. Mas venceu à sua maneira, com a vivência de campeão de 2017 e vagas nas semifinais nas duas últimas edições. Experiência para “congelar” a bola.

Agora recebe o maior rival em um duelo que, se já era esperado, Porto Alegre agora vai respirar ainda mais o Grenal até a bola rolar na próxima quinta, dia 12. Que venha logo!

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A melhor notícia no Beira-Rio é que vai ter Grenal na Libertadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/a-melhor-noticia-no-beira-rio-e-que-vai-ter-grenal-na-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/a-melhor-noticia-no-beira-rio-e-que-vai-ter-grenal-na-libertadores/#respond Thu, 27 Feb 2020 04:33:00 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8038 Foram 62% de posse de bola, 16 finalizações e momentos de bom volume de jogo contra as duas linhas de quatro do Tolima que tentava acionar Francisco Rodriguez na frente.

Mas o Internacional ainda depender fundamentalmente da criatividade de D’Alessandro para criar espaços em um sistema defensivo que negava brechas para a chance cristalina pode cobrar o preço dentro de um mesmo jogo.

O argentino recordista de jogos na história da Libertadores, com 86 partidas disputadas, jogou solto como atacante ao lado de Paolo Guerrero no 4-1-3-2 que Eduardo Coudet insiste como sistema tático “de cabeceira”.

E o “Cabezon” foi decisivo na jogada individual pela direita que terminou na assistência para Guerrero no gol único da partida.

Mas aos 38 anos, a consistência no desempenho não é mais a mesma. Porque falta gás, simples assim. Apesar das menores responsabilidades sem bola, a reação pós-perda já desgasta.

E ser a mente lúcida solitária complica ainda mais. D’Alessandro acabou sentindo, pisando em Robles e sendo expulso pelo segundo cartão amarelo.

O Inter precisa de soluções além das infiltrações de Edenilson. Rodinei e Uendel, substituto de Moisés, não entregam profundidade com qualidade. Com Boschilia no lugar de Patrick o time ganhou agilidade na intermediária ofensiva e Marcos Guilherme sempre melhora a aceleração na frente. Mas a carência ainda é grande.

O trabalho defensivo vai ganhando solidez com Musto protegendo Bruno Fuchs e Victor Cuesta, porém 12 finalizações do Tolima, quatro no alvo fazendo Marcelo Lomba trabalhar, ainda parece um número elevado.

E preocupante na disputa do Grupo E da Libertadores. Já sem D’Alessandro contra a Universidad Católica na estreia. E precisando evoluir para encarar o Grêmio nos dias 12 de março e oito de abril. Primeiro na Arena, depois no Beira-Rio.

O revés no primeiro duelo pelo estadual deve servir de aprendizado. Entre tantas outras coisas que precisam melhorar. Porque na noite no Beira-Rio a melhor notícia é que teremos a maior rivalidade do país desta vez em clássicos  continentais.

Não é pouco. Desfrutamos, pois.

(Estatisticas: SofaScore)

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Diego Souza! “Martelinho mágico” de Renato funciona no Grenal 423 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/15/diego-souza-martelinho-magico-de-renato-funciona-no-grenal-423/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/15/diego-souza-martelinho-magico-de-renato-funciona-no-grenal-423/#respond Sat, 15 Feb 2020 23:06:23 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7979 O trabalho mais longo e estruturado de Renato Gaúcho no Grêmio pesou a favor do Grêmio no primeiro Grenal de 2020, o 423º, valendo pela semifinal do primeiro turno do Gaúcho no Beira-Rio.

Modelo de jogo assimilado, base entrosada. Apesar de uma mudança de características no meio-campo, com jogadores que trabalham mais entre as intermediárias, sem a presença de um típico meia, como Luan e Jean Pyerre. Com Maicon um pouco à frente de Lucas Silva e Matheus Henrique, mas muita movimentação para acionar os ponteiros Alisson e Everton Cebolinha.

E Diego Souza na referência. Aparentemente já em forma física superior à dos últimos anos. Fazendo o pivô, girando mais fácil sobre Bruno Fuchs do que contra Victor Cuesta. Finalizando mal na primeira chance, depois servindo Everton no gol bem anulado, justamente pelo impedimento do novo centroavante gremista. O Cebolinha ainda faria mais um irregular, pela posição de Bruno Cortez ao receber pela esquerda.

Faltou o gol no primeiro tempo bem acima do tricolor sobre um Internacional ainda buscando adaptação ao 4-1-3-2 de Eduardo Coudet. Com Boschilia na vaga do lesionado Patrick, mas desta vez com dificuldades para articular pela meia esquerda, abrindo corredor para Moisés. A maior dificuldade era mesmo no meio-campo, muitas vezes com Musto e Lindoso sofrendo no duelo por dentro com o trio de meio-campistas do Grêmio. A posse de bola era maior, porém inócua para acionar Paolo Guerrero na frente.

Por incrível que possa parecer, melhorou para o Inter no segundo tempo, depois da expulsão de Damian Musto aos 45 minutos da primeira etapa. O volante argentino sofria quando pressionado e com a mobilidade do adversário. Repaginado no óbvio 4-4-1 com um homem a menos, o time coordenou melhor os setores, qualificou a saída de bola e ganhou espaços com o avanço natural do rival.

Coudet tentou aproveitar a velocidade de Marcos Guilherme, que entrou no lugar de Boschilia, mas desta vez o ponta velocista não conseguiu ser decisivo como na Libertadores contra Universidad de Chile. Coudet não foi feliz também na troca de Lindoso por Zé Gabriel, já que o jovem volante errou tudo que tentou e se complicou também no posicionamento defensivo. Para piorar, o cansaço foi aumentando com o tempo. Ainda assim, poderia ter ido às redes em finalizações de Edenilson.

Renato teve o mérito de ser  corajoso para avançar o time progressivamente, mesmo quando enfrentava dificuldades na defesa que não teve Geromel e Kannemann novamente – Paulo Miranda e David Braz foram os titulares. Thiago Neves entrou no lugar de Maicon e cabeceou uma bola na trave. Pepê e Caio Henrique substituíram Lucas Silva e Bruno Cortez.

Circulando a bola mais fácil e com mais gente pisando na área do Inter, o Grêmio reagiu a ponto de reequilibrar as forças. Quando a decisão por pênaltis parecia inevitável, Everton levantou na cabeça de Diego Souza. Gol de centroavante, da aposta de Renato no centro do ataque para a temporada. Para recuperar um jogador em curva descendente na carreira.

O “martelinho mágico” do treinador do Grêmio funciona e coloca o bicampeão em mais uma final de turno.

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Internacional mais leve e intenso cumpre primeira missão na Libertadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/11/internacional-mais-leve-e-intenso-cumpre-primeira-missao-na-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/11/internacional-mais-leve-e-intenso-cumpre-primeira-missao-na-libertadores/#respond Wed, 12 Feb 2020 00:20:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7952 O debate na estreia do Internacional na Libertadores contra a Universidad de Chile foi a execução do 4-1-3-2 do treinador argentino Eduardo Coudet.

Na confusão muito comum no Brasil entre posição x função, a visão simplista de que o time gaúcho jogou na “retranca” com “quatro volantes, um meia e um atacante” não teve relação com o que aconteceu na partida em Santiago. Mas o empate sem gols relativizou a proposta ofensiva com valorização da posse de bola da equipe brasileira.

A volta do Beira-Rio teve uma mudança forçada no início com a lesão de Patrick, que deu lugar a Boschilia. Não alterou o desenho tático, nem o posicionamento em campo. Boschilia era o meia pela esquerda que cortava para dentro buscando as jogadas com Guerrero e D’Alessandro, abrindo o corredor para o lateral Moisés. O mesmo que Edenilson fazia do lado oposto com Rodinei.

A substituição significou perda de força física, mas não de infiltração. Nem intensidade. Ainda ganhou agilidade, tanto na movimentação quanto na pressão depois da perda da bola. Assim descomplicou um primeiro tempo de domínio, mas poucas oportunidades claras, para roubar a bola do zagueiro Carrasco na saída da defesa e tocar na saída do goleiro Campos. Para aliviar a tensão na saída para o intervalo.

Também ganhar espaços para acelerar na segunda etapa. Com Marcos Guilherme na vaga de D’Alessandro. A opção de velocidade pelos flancos deixou o time ainda mais leve. Explodindo em um golaço do ponteiro chegando antes do zagueiro Del Pino, limpando o goleiro e indo às redes.

Os dois destaques da partida saindo do banco. Boas novidades do elenco mais encorpado. Menção honrosa também ao zagueiro Victor Cuesta, seguro atrás e auxiliando na construção pela esquerda. Colaborando na dinâmica ofensiva.

O Internacional segue na rota do maior rival Grêmio na fase de grupos. Mas ainda tem pela frente o vencedor de Tolima x Macará na próxima etapa. Só que agora com mais confiança e aliviando a pressão de jogar a vida pouco mais de um mês depois da volta das férias.

2 a 0 condizente com os 63% de posse e as oito finalizações contra três – seis a zero no alvo. Consequência de uma atuação equilibrada, sem dar maiores chances ao adversário. Mantendo desenho tático e proposta, porém mais leve e intenso. Cumprindo a primeira missão importante na temporada.

(Estatísticas: SofaScore)

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Coudet impõe intensidade máxima no Internacional apressado por Libertadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/15/coudet-impoe-intensidade-maxima-no-internacional-apressado-por-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/15/coudet-impoe-intensidade-maxima-no-internacional-apressado-por-libertadores/#respond Wed, 15 Jan 2020 14:04:02 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7830

Foto: Ricardo Duarte / Divulgação Internacional

Eduardo Coudet é discípulo de Marcelo Bielsa, o argentino que na virada para os anos 2000 já colocava suas equipes para sufocar os adversários fazendo pressão logo após a perda da bola e se instalando no campo de ataque. Por isso, Pep Guardiola foi conversar com Bielsa antes de começar a carreira de treinador. Uma conexão que passa por Cruyff, Rinus Michels e, no caso argentino, de Cesar Luis Menotti, campeão mundial de 1978 com a seleção utilizando tática semelhante.

Além do perde-pressiona, o modelo de jogo tem como base a movimentação dos jogadores e a circulação rápida da bola. Justamente para fugir da possível pressão do adversário e entrar no campo do oponente com igualdade ou até superioridade numérica. Há um cuidado com a posse e a busca pela precisão dos passes, mas não exatamente para controlar o jogo. O objetivo é ter volume, atacar mais vezes que o rival.

Coudet, campeão argentino com o Racing, impressiona dirigentes e jogadores com seu estilo nos primeiros treinos no Internacional. Até por necessidade, já que o time gaúcho vai disputar a tão temida etapa classificatória da Libertadores, anterior à fase de grupos. No dia 4 de fevereiro, o Colorado já joga a vida contra o vencedor de Unión Española x Universidad de Chile.

Por isso é preciso queimar etapas de preparação no CT do Parque Gigante. Intensidade máxima. Para competir em nível aceitável no início do ano. Sempre um problema para quem já sofre com a pré-temporada curta – a reapresentação aconteceu no dia 8 e a estreia no estadual é no dia 23, contra o Juventude.

Para tornar o cenário ainda mais complexo, o elenco passou por uma reformulação, com muitos jogadores deixando o clube, especialmente no ataque: Rafael Sóbis, Nico López, Tréllez, Neilton, Guilherme Parede e Pedro Lucas. Zeca foi trocado por Moisés com o Bahia. O zagueiro Bruno Fuchs está na seleção pré-olímpica.

O argentino Damián Musto chega para reforçar o meio-campo, que deve ter Edenilson como pilar nesse jogo mais físico, talvez como um meia central no 4-1-3-2 que Coudet costuma armar suas equipes. As outras contratações até aqui: Rodinei na lateral direita, Thiago Galhardo como meia-atacante e Marcos Guilherme para acelerar pelas pontas. Talvez nem todos como titulares.

Paolo Guerrero será a referência na frente, ainda que Coudet goste de atuar com uma dupla de ataque. A dúvida é qual será a função de D’Alessandro. Experiente, ídolo e também “tradutor” das ordens do compatriota para quem não tem intimidade com o idioma do treinador. Mas como se encaixar em uma proposta tão intensa? O camisa dez será o contraponto, alguém para quebrar o ritmo?

Dúvidas que precisam ser resolvidas logo. Porque o Internacional tem pressa e agora um treinador que quer muito e o mais rápido possível.

 

 

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Fluminense e Odair Hellmann: parceria em busca de identidade http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/20/fluminense-e-odair-hellmann-parceria-em-busca-de-identidade/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/20/fluminense-e-odair-hellmann-parceria-em-busca-de-identidade/#respond Fri, 20 Dec 2019 11:16:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7757

Foto: Mailson Santana / Fluminense

O Fluminense viveu 2019 sob as impressões digitais de Fernando Diniz. O treinador colocou em prática seu modelo de jogo particularíssimo logo no início da temporada e, com os maus resultados no Brasileiro, acabou demitido. O discurso no clube era a necessidade de fazer um jogo mais direto e ser eficiente nas finalizações, maior problema da “Era Diniz”.

Chegou Oswaldo de Oliveira, escolha infeliz da direção, que teve resistência desde o primeiro dia pelas diferenças nos métodos de treinamento e no trato pessoal com os atletas. Não durou muito e Marcão foi de interino a efetivo até o fim da principal competição nacional.

O que se viu em campo foi uma equipe com posse, até pelas características de jogadores como Allan, Caio Henrique, Paulo Henrique Ganso, Nenê e Daniel, porém sendo mais efetiva quando compactava os setores sem bola e acelerava as transições ofensivas com Yonny González. Parecia mais incerteza do que convicção de que a versatilidade era a melhor escolha.

Odair Hellmann foi auxiliar técnico de Rogério Micale na conquista do ouro olímpico no Rio de Janeiro em 2016. Interino no final de 2017 no Internacional, depois da demissão de Guto Ferreira, garantiu o acesso à Série A que já estava bem encaminhado, mesmo sem título, e acabou efetivado para a temporada seguinte após a recusa de Abel Braga.

Tentou construir um time que valorizava o controle de bola, embora as características dos jogadores fossem mais propícias a um jogo de imposição física e definição rápida das jogadas. Acabou cedendo ao óbvio e, em 2019, o protagonismo foi de Edenilson e Patrick, meio-campistas de área a área com intensidade, se aproximando de Paolo Guerrero.

Acabou pagando por escolhas questionáveis, mas, principalmente, pelo excesso de cautela no Maracanã contra um Flamengo de Jorge Jesus ainda não tão dominante, nas quartas da Libertadores e também na final da Copa do Brasil diante do Athletico. Mesmo sendo premiado pela coragem ao eliminar o favorito Palmeiras na semifinal do mata-mata nacional. Talvez o resultadismo que impera no futebol brasileiro e o apego ao cargo tenham interferido no trabalho.

Na coletiva de apresentação nas Laranjeiras, o novo técnico tricolor, que foi jogador do clube em 1999, disse que rejeita rótulos e busca um time equilibrado na defesa e no ataque. De fato, chamar o treinador de “retranqueiro” é um exagero. A pequena amostragem de sua carreira como treinador não sinaliza uma prioridade ao sistema defensivo.

O discurso inicial está correto, mas as ideias precisam ser claras, até para dar segurança aos jogadores. A partir de um modelo de jogo, as adaptações são feitas de acordo com contextos e adversários. Mas sem fugir muito da proposta central. Inclusive pelas dificuldades financeiras para contratar. Não dá para ser na base da tentativa e erro.

Qual será o Fluminense de 2020? E que Odair vai comandar o time? O da posse no campo de ataque ou da segurança defensiva com rápidas transições? As respostas virão no ano que vem, mas já vale a reflexão na busca de identidade. Saber o que se quer é sempre um bom começo.

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