joelsantana – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por que Edmundo não deu certo no Flamengo em 1995? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/19/por-que-edmundo-nao-deu-certo-no-flamengo-em-1995/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/19/por-que-edmundo-nao-deu-certo-no-flamengo-em-1995/#respond Tue, 19 May 2020 14:25:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8517

Foto: Acervo / Flamengo

Há 25 anos, Edmundo chegava ao Flamengo como a principal contratação do início da gestão Kléber Leite, depois da vinda de Romário. Recebido com festa e desfile em carro do Corpo de Bombeiros. Como não podia mais ser inscrito no Carioca e na Copa do Brasil, o atacante só poderia jogar o Brasileiro e a Supercopa Libertadores.

Nenhum problema para o presidente, nem para o treinador Vanderlei Luxemburgo. Embora a ambição no centenário do clube fosse conquistar todos os títulos, a conquista do Brasileiro era o principal objetivo, até para voltar a disputar a Libertadores. Por isso a contratação do técnico e do grande destaque individual do Palmeiras, bicampeão em 1993/94.

Só que a perda do estadual para o Fluminense, no lendário gol de barriga de Renato Gaúcho, fez explodir a crise de relacionamento entre Luxemburgo e Romário. E Kléber Leite deixou a corda estourar do lado do treinador, que não suportou a pressão de resultados ruins e a clara cisão no grupo. O melhor jogador do planeta em 1994, com a moral de campeão do mundo pela seleção, foi colocado naquele momento acima do clube e venceu a queda de braço.

Luxemburgo pediu demissão e o time foi ladeira abaixo. Não só porque Edinho não era o treinador para o momento que vivia o clube e o radialista Washington Rodrigues foi uma solução populista para acalmar a torcida, mas porque a autoridade de Romário transformou a gestão do futebol em uma bagunça generalizada.

Além disso, a sanha por contratações de Kléber Leite gerou uma reformulação no elenco que praticamente descartou a base que fizera a melhor campanha geral no Carioca – o Fluminense venceu o octagonal decisivo, mas o time rubro-negro conquistou a Taça Guanabara  – e foi semifinalista da Copa do Brasil, caindo para o forte Grêmio de Felipão que seria campeão da Libertadores.

O zagueiro Jorge Luiz, por exemplo, que havia feito um bom Carioca com gols e atuações destacadas foi um dos responsabilizados pelo fracasso no estadual  e partiu para o Atlético Mineiro. Para retornar no ano seguinte e ser um dos pilares do time campeão invicto do Rio de Janeiro.

Tudo ruiu sem Luxemburgo. Inclusive o encaixe de Edmundo no time. O treinador planejou e testou a equipe com três atacantes, colocando Mazinho, ex-Bragantino, como uma espécie de “dublê” da nova estrela. No jogo final contra o Fluminense errou ao trazer William de volta ao meio-campo. No segundo tempo, com Mazinho em campo, o Fla reagiu.

No plano de Luxa, Sávio seria adaptado como uma espécie de “enganche” em um 4-3-1-2 que teria Djair como a peça que faltou ao Fla no primeiro semestre e foi uma das chaves da reação do Fluminense de Joel Santana e Renato Gaúcho: o meio-campista organizador que faz o time jogar. O técnico rubro-negro tentou encaixar Válber e até Branco na função, porém sem sucesso.

Edmundo jogaria solto, se movimentando em torno de Romário, que ficaria mais fixo como centroavante. Não deu tempo e Luxemburgo e Edmundo sequer fizeram um jogo oficial juntos pelo Flamengo. “Interrompeu um projeto que poderia ter sido bem sucedido, todos saíram perdendo”, lembrou Luxemburgo em entrevista anos depois.

Já Edmundo, que se transformaria em desafeto do treinador, culpa a desorganização do clube: “o marketing ficou maior que o futebol e nossas viagens eram uma farra, não era sério”, afirmou em entrevista a Teo José para o Fox Sports, canal que tem o ex-jogador como comentarista.

Edinho montou um time engessado com Edmundo e Sávio nas pontas e Romário no centro e Washington Rodrigues “ganhou” uma suspensão de dois jogos do “Animal” pela famosa confusão com Zandoná em um jogo contra o Vélez Sarsfield, e ainda uma lesão: fratura do osso do pé esquerdo do camisa sete em disputa com o zagueiro Gamarra em Porto Alegre contra o Internacional, ficando de fora do resto da temporada.

Assim o “Apolinho”, amparado pelo auxiliar e treinador Arthur Bernardes, pôde montar um time mais equilibrado e competitivo, com meio-campo preenchido, e ao menos chegar à decisão da Supercopa contra o Independiente. O título esperado, porém, não veio e a campanha no Brasileiro foi pífia.

A saída de Luxemburgo foi decisiva para o fracasso do Flamengo no ano do centenário.  O projeto de “melhor ataque do mundo” virou piada e Edmundo, que ainda se envolveu em um acidente grave que matou três pessoas e feriu outras três, partiria para o Corinthians. Mesmo com Joel Santana, então o treinador em 1996, pedindo sua permanência. Simplesmente não havia mais clima. O “casamento” tinha terminado.

Edmundo faria sua história no Vasco como grande algoz do Flamengo. Foi o que ficou para a eternidade e ganhou força ao longo dos anos com o agora comentarista sempre demonstrando seu amor pela Cruz de Malta. Mas não foi o coração cruzmaltino que atrapalhou o atacante no rival. Ele apenas foi o craque certo na hora errada. Por culpa da bagunça rubro-negra em ano histórico. Um desperdício.

 

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Regulamento bizarro impede que Valentim esteja a um jogo de repetir Abel http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/29/regulamento-bizarro-impede-que-valentim-esteja-a-um-jogo-de-repetir-abel/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/29/regulamento-bizarro-impede-que-valentim-esteja-a-um-jogo-de-repetir-abel/#respond Fri, 29 Mar 2019 10:58:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6242

Foto: Vitor Silva/SSPress

O Vasco venceu o Bangu por 1 a 0 e está na final da Taça Rio. Por ter vencido a Taça Guanabara, deveria estar a um jogo do título estadual. Foi assim tantas vezes na história do Campeonato Carioca, mas um regulamento esdrúxulo obriga a disputar ainda uma fase semifinal.

Ao menos garante o time cruzmaltino na decisão do campeonato caso vença o Flamengo na final do segundo turno. Deixa, porém, os rubro-negros na situação inusitada de poder escolher o adversário: se ganhar a Taça Rio enfrenta o Fluminense, mas caso seja derrotado elimina o tricolor, que tem a quarta melhor campanha, e encara o Bangu.

Abel Braga sofreu uma arritmia cardíaca no Fla-Flu da quarta-feira, vai passar por procedimento cirúrgico e não estará no Maracanã domingo. O treinador é o último bicampeão carioca, em 2004/05. Por dois clubes diferentes, Flamengo e Fluminense. Feito que pode ser repetido por Alberto Valentim, vencedor no ano passado com o Botafogo. Sem conquistar nenhum turno. Agora corre o risco de ficar sem o título mesmo se ganhar os dois.

O último a passar por esta situação foi Joel Santana, no Botafogo em 1997. Conquistou a Taça GB com 11 vitórias, depois a Taça Rio. Mas havia um terceiro turno a disputar e o Vasco foi o campeão, forçando uma decisão. No primeiro jogo, vitória cruzmaltina por 1 a 0, com a famosa “reboladinha” de Edmundo na frente do zagueiro Gonçalves. Na segunda partida, a “vingança” alvinegra com gol de Dimba fazendo justiça ao melhor time da competição.

Agora o Flamengo de Abel é que tem a melhor campanha geral. Caso seja derrotado no domingo evita novos duelos com o Fluminense depois de confrontos tensos e intensos. Se poupar titulares pensando no jogo contra o Peñarol pela Libertadores e perder para o Vasco, os tricolores vão reclamar por se sentirem prejudicados.

No fundo ninguém pode ser beneficiado pela fórmula bizarra de uma competição já sem grandes atrativos além da rivalidade histórica e de curiosidades como a que envolve os dois treinadores finalistas do segundo turno.

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Vanderlei Luxemburgo deve parar de reclamar de “hoje em dia” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/01/vanderlei-luxemburgo-deve-parar-de-reclamar-de-hoje-em-dia/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/01/vanderlei-luxemburgo-deve-parar-de-reclamar-de-hoje-em-dia/#respond Wed, 01 Aug 2018 10:30:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5006

Santos e Palmeiras pensaram em Vanderlei Luxemburgo para o comando técnico de suas equipes. Fecharam com Cuca e Felipão, respectivamente. Mais uma oportunidade de reflexão para o treinador veterano, fora do mercado desde outubro do ano passado ao ser demitido pelo Sport. Ou, melhor ainda, de uma reciclagem. Buscar um “turning point” sinalizando mudanças na visão de futebol e no comportamento.

Mas Vanderlei prefere estar na mídia. Quase onipresente nos programas esportivos, em TV aberta e fechada. Agora também no Youtube. Apenas para escancarar sua estagnação. Não sai do lugar porque está com os olhos sempre voltado para o passado. Seus feitos, suas sacadas, conquistas. Todos históricos e respeitáveis, ainda mais se considerarmos de onde veio e que patamar alcançou. Só que passaram.

Quanto ao presente, apenas reclamações. Do “hoje em dia”. “Não temos mais o drible”, “falta talento”, “não há nada de novo em termos táticos”, “tudo isso eu já fazia”.  Também lamenta a geração atual: “só querem saber de rede social”, “são mimados, não aceitam bronca”. Chega ao ponto de criticar os treinadores que estudam. Fazer curso? Nunca! Ele é quem deveria ser o professor…

Vanderlei foi um dos melhores do país, para este que escreve o melhor, quando vivia intensamente o presente e, principalmente, sinalizava o futuro. Queria a seleção brasileira e depois trabalhar na Europa. Conseguiu, porém falhou nos dois projetos. Agora, aos 66 anos, parece sem objetivo. Ou apenas voltar a trabalhar. Afirmou que faria o Santos voar se o clube fechasse com ele.

Mas como acreditar? Se não há nada novo, o que ele pode oferecer de diferente em relação aos concorrentes? Experiência sem conceitos atuais? Liderança sem jogo de cintura para lidar com os atletas? Para complicar, a dificuldade de trabalhar em equipe sem se intrometer nos outros setores do clube. Em especial nas negociações de jogadores.

Luxemburgo corre o risco de entrar no ciclo de Joel Santana: ser tratado como fenômeno de entretenimento e não mais um treinador de futebol. Há muitas pessoas que assistem aos vídeos do seu canal do Youtube para se divertir. De fato, ele sempre foi carismático. Um personagem sensacional. O conteúdo, porém, fica em segundo plano. Até porque ele está em todos os lugares falando as mesmas coisas que diz há anos.

Não há nada de novo no futebol para Luxemburgo. Logo, o Vanderlei não pode apresentar uma novidade ou algo interessante. Para quem quer voltar ao mercado e ser respeitado, o cenário está complexo. Seria melhor preservar a imagem e, principalmente, tentar se atualizar. Não em frente às câmeras ou na internet, mas no campo de jogo.

Afinal, insistir com as mesmas práticas esperando resultados diferentes nunca deu muito certo. Para qualquer um, em qualquer área. Mesmo que em breve apareça um clube interessado, as chances de dar certo são bem remotas. Vanderlei Luxemburgo se acha diferente. O mercado também o vê assim, mas não do jeito que ele pensa. Ainda há tempo para mudar, mas tem que ser rápido.

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Você rejeitaria Tite depois da Copa do Mundo ou só vale para os “gringos”? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/10/voce-rejeitaria-tite-depois-da-copa-do-mundo-ou-so-vale-para-os-gringos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/10/voce-rejeitaria-tite-depois-da-copa-do-mundo-ou-so-vale-para-os-gringos/#respond Wed, 10 Jan 2018 02:22:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3973

Reinaldo Rueda conduziu mal a saída do Flamengo para comandar a seleção chilena. Agora não vem mais ao caso, mas, observando à distância, havia várias maneiras, em tese, de ser mais transparente com o clube brasileiro.

Só que o caso de mais um treinador sul-americano deixando o país para aceitar uma proposta de seleção, se juntando a Osório, que saiu do São Paulo para o México, e Bauza, do mesmo clube para a Argentina, está construindo uma imagem de que os técnicos estrangeiros não cumprem  contratos e usam o Brasil como “trampolim”.

O nome disso, sem meias palavras, é xenofobia. Um pouco de reserva de mercado por parte dos treinadores daqui, tema que volta sempre que surge uma oportunidade. No caso de Rueda, na chegada e na saída – será por ter “tomado” um emprego tão cobiçado como ser o treinador do time de maior torcida do país?

Muito também pela visão de que treinadores de outros países do continente nada tem a acrescentar por aqui, enfrentam a barreira do idioma e não apresentam grande vantagem nos aspectos táticos e estratégicos. Talvez pela falta de tempo para trabalhar num calendário inchado, com imediatismo, resultadismo e pressão desproporcional. Os que já estão aqui se acostumaram com o ciclo. Para o “forasteiro” requer mais tempo.

Simplesmente não faz sentido. Principalmente a acusação de não cumprirem contrato. Quem cumpre? Os clubes, que demitem por qualquer sequência de resultados ruins? Como esquecer da demissão de Jorge Fossati do Internacional classificado para a semifinal da Libertadores de 2010? Ou Ricardo Gareca do Palmeiras, Diego Aguirre do Atlético Mineiro e Paulo Bento do Cruzeiro? Nem é questão de discutir cada caso, mas os clubes não hesitaram na hora de descartar os profissionais.

Os treinadores brasileiros, que cansados de levar um pé no traseiro agora deixam os clubes por qualquer proposta mais vantajosa estão errados também? Como Guto Ferreira, da Chapecoense para o Bahia e deste para o Internacional? Ou Fernando Diniz, sem disputar um jogo sequer pelo Guarani e partindo para o Atlético Paranaense?

Sem contar os casos dos brasileiros que saíram para seleções. Como Joel Santana em 2008, deixando o Flamengo para comandar a África do Sul que seria anfitriã da Copa do Mundo dois anos depois. Se pensarmos em “seleções” mundiais como o Real Madrid, como esquecer Vanderlei Luxemburgo abandonando o Santos campeão brasileiro em 2004 para comandar o Real Madrid?

E Tite? Ele mesmo admite e pede perdão ao Corinthians por ter “deixado o clube na mão” no ano passado para comandar a seleção brasileira. Não deixa de ser o mesmo caso: treinador que encerra seu contrato com um clube para acertar com uma federação. No caso, a CBF, entidade que o próprio Tite via com reservas e assinou manifesto de repúdio às suas práticas. E como ficou o ano do então campeão brasileiro, que já havia sofrido um desmanche no início da temporada?

Questão de ponto de vista. Este que escreve até discordou na época da decisão do melhor treinador brasileiro, mas depois compreendeu que era a realização de um sonho. O contexto também mostrou que acabou sendo melhor para a seleção, já que o risco de ficar de fora do Mundial era real.

Mas se ele deixar a CBF ao final da Copa da Rússia você ficaria com um pé atrás ou mesmo rejeitaria no caso do seu time de coração fechar contrato com Tite por ele não ter cumprido o acordo com o Corinthians? Foi exatamente o mesmo caso de Bauza, que foi servir ao futebol do seu país. Ou a crítica só vale para os “gringos”?

Rueda foi mal no fim do ciclo do Flamengo, mas daí a generalizar e rotular o caráter de profissionais estrangeiros vai uma distância enorme. Do tamanho do preconceito de tantas vozes que estão gritando desde o anúncio da saída do colombiano. Tudo muito conveniente.

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Há um “atalho” para Jair Ventura vencer respeitando o DNA do Santos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/04/ha-um-atalho-para-jair-ventura-vencer-respeitando-o-dna-do-santos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/04/ha-um-atalho-para-jair-ventura-vencer-respeitando-o-dna-do-santos/#respond Thu, 04 Jan 2018 03:34:48 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3936

Imagem: Divulgação Santos

Joel Santana adora citar em entrevistas, programas de TV e rádio e eventos dos quais participa o Vasco que comandou em 1987, num período curto mas marcante, como exemplo de time ofensivo que armou para contestar a fama de “retranqueiro”.

De fato era uma equipe com vocação para o ataque. Apesar de ter durado apenas uma Taça Guanabara, a escalação ficou na memória deste blogueiro que viu este time ao vivo, algumas vezes no estádio: Acácio; Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Dunga, Geovani e Tita; Mauricinho, Roberto Dinamite e Romário.

Mas havia um segredo típico do treinador, já malandro e “matreiro” aos 39 anos em sua primeira chance como treinador no Brasil. Mesmo contra times pequenos em São Januário, a equipe cruzmaltina recuava as linhas cinicamente, Dinamite voltava atraindo a atração dos zagueiros e Geovani ou o próprio centroavante lançava os ponteiros Mauricinho e Romário em velocidade com a chegada rápida de Tita. Assim marcou 24 gols em 13 partidas.

Joel tem razão ao dizer que seu Vasco campeão do primeiro turno e que depois, treinado por Sebastião Lazaroni, conquistaria o estadual tinha, na prática, quatro atacantes. Mas a maneira de jogar era baseada em organização defensiva e contragolpes. Quando precisou sair para o jogo contra o Fluminense ainda com a base tri carioca e campeã brasileira, levou um contundente 3 a 0 em contra-ataques.

A mesma dificuldade que fez penar o Botafogo de Jair Ventura desde que o jovem treinador de 38 anos sucedeu Ricardo Gomes em 2016, na primeira oportunidade no comando de um time profissional. Quase sempre que adiantou suas linhas, tentou trocar mais passes e não definir a jogada mais rapidamente, o desempenho teve uma queda significativa.

O melhor cenário no Estádio Nilton Santos, especialmente na Libertadores, era quando o “abafa” inicial com marcação no campo adversário fazia o alvinegro abrir o placar e depois ficar confortável atraindo o oponente e aproveitando as transições ofensivas em velocidade.

Mesmo sem títulos e a vaga no torneio continental para 2018, o bom trabalho em uma avaliação geral deu visibilidade a Jair. Também despertou o interesse do Santos, agora presidido por José Carlos Peres. Novo mandatário que afirmou várias vezes que o perfil do novo treinador deveria ser de respeito ao DNA ofensivo do clube e trabalho com os jovens oriundos das divisões de base.

A segunda exigência de Peres não é problema para Jair, que, até pelas limitações orçamentárias do Botafogo, deu chances à garotada e obteve boas respostas. No Santos é empreitada que costuma dar certo com quem tem sensibilidade para mandar a campo no momento certo. Mas quanto ao DNA…

O trabalho de Jair não o credencia a armar um Santos que crie espaços nas defesas rivais através de troca de passes com paciência e mobilidade. O treinador sempre afirmou que não mudava sua proposta no Botafogo porque as características dos jogadores não casavam com o estilo. Argumento legítimo, mas quando tentou mudar faltou repertório. Não só do time, mas também do comandante.

O que não significa que não possa se reinventar. Ou entregar um time competitivo, bem coordenado atrás para não fazer o goleiro Vanderlei trabalhar tanto. Mas também é possível ser forte no ataque. Ou no contragolpe. Acionando Bruno Henrique pelos flancos. Mesmo sem os passes de Lucas Lima e a presença de área de Ricardo Oliveira.

No Paulista pode aproveitar o status de “zebra” – já estão chamando de “quarta força”, o que pode ser um bom presságio – por conta da menor capacidade de investimento em comparação com os rivais. Mas na falta de recursos é preciso ter criatividade para repor ausências importantes. Inclusive de Zeca, que interessa ao Flamengo.

Se alcançar vitórias, alguma conquista relevante e muitos gols, mesmo nos contra-ataques, quem vai se importar na Vila Belmiro com uma mera questão filosófica? Nem o novo presidente…

Jair Ventura não conta neste início de trabalho com o talento que sobrava no Vasco de Joel Santana há mais de três décadas, mas pode usar o mesmo “atalho”, com uma dose de pragmatismo, para se adequar respeitando a tradição santista de marcar muitos gols. Com ou sem estrelas.

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Zé Ricardo é mais um que cai no conto do estadual, a ilusão do Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/08/07/ze-ricardo-e-mais-um-que-cai-no-conto-do-estadual-a-ilusao-do-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/08/07/ze-ricardo-e-mais-um-que-cai-no-conto-do-estadual-a-ilusao-do-flamengo/#respond Mon, 07 Aug 2017 09:20:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3068

No on e no off da entrevista que Zé Ricardo concedeu a este blog antes da estreia no Brasileiro (leia AQUI), ficou claro que o jovem treinador sentia mais confiança no próprio trabalho depois da conquista do Campeonato Carioca.

O papo foi entremeado por colocações como “agora posso arriscar mais” e “depois do título tenho mais respaldo”. A que mais chamou atenção, porém, foi a de que dormiu mal durante as semanas que antecederam os clássicos contra o Fluminense e “ainda tinha o jogo contra a Universidad Católica”.

Hoje, com a distância do olhar, é impossível, guardando todas as proporções, não lembrar da despedida de Joel Santana em 2008. Um jogo eliminatório de oitavas de final da Libertadores tratado como um amistoso festivo pela conquista do estadual e de lamento pela saída do treinador que iria para a África do Sul. O América do México e Cabañas tornaram aquela noite de triste memória para os flamenguistas.

De novo a prioridade, ainda que intuitiva, que o Flamengo dá ao Carioca. Um torneio irrelevante na análise da temporada que no calor da disputa ganha importância desmedida. Talvez pela rivalidade criada na cidade, que naturalmente é mais forte de Vasco, Botafogo e Fluminense contra o rubro-negro. Ou por encarar como uma chance de título mais palpável e imediata, ainda mais agora com a Libertadores sendo decidida apenas no final do ano. Ou simplesmente algo cultural.

Zé Ricardo se sentiu aliviado pelo primeiro título da carreira. Mas exatamente uma semana depois da entrevista viria o golpe mais duro e inesperado: a derrota para o San Lorenzo em Buenos Aires combinada com a vitória do Atlético Paranaense no Chile sobre a Universidad Católica que decretou a eliminação da Libertadores ainda na fase de grupos.

Algo que não passava pela cabeça do técnico porque considerava que seus atletas também haviam tirado um peso das costas com o título. Já fazia planos com Conca, talvez Everton Ribeiro. Voos mais altos. Tudo desabou naquela noite no Nuevo Gasometro. Para não voltar mais.

Campanha decepcionante no primeiro turno do Brasileiro, duas classificações suadas e cercadas de críticas pelo desempenho contra Atlético-GO e Santos na Copa do Brasil e o consolo da Sul-Americana apenas começando contra o Palestino, algoz no ano passado. A única surpresa desagradável de um 2016 em que Zé Ricardo surgiu como uma boa nova na Gávea, sucedendo Muricy Ramalho e organizando uma equipe que parecia perdida.

Assim como agora dá a impressão de estar sem rumo. Contratações importantes no meio da temporada, sem tempo para treinar e ganhar entrosamento. Também não podem colaborar na Copa do Brasil, competição em tese com mais chances de título por já estar na fase semifinal. Não estão inscritos. Chegaram tarde.

A conclusão a que se pode chegar é que, sem perceber, o Flamengo se prepara mesmo é para a disputa do estadual. Porque é na pré-temporada que as contratações do segundo semestre do ano anterior têm tempo para se preparar. E na fase decisiva o clube se mobiliza tratando todo resto como secundário.

O trabalho de Zé Ricardo pereceu nesta ilusão. Assim como Ney Franco há dez anos. Campeão carioca, eliminado pelo Defensor nas oitavas do torneio sul-americano e depois perdendo o emprego por uma sequência ruim no Brasileiro. Para Joel voltar, construir uma fantástica arrancada que terminou com a improvável vaga na Libertadores. Até a noite de Cabañas.

Os nomes aventados para a sucessão não empolgam: Jorginho, Paulo César Carpegiani..ou tentar demover Roger Machado da decisão de não mais trabalhar no Brasil em 2017. Arriscar um treinador estrangeiro como Reinaldo Rueda, atual campeão da Libertadores com o Atlético Nacional. Ou mesmo efetivar novamente Jayme de Almeida na esperança de repetir 2013 na Copa do Brasil.

De qualquer forma, a trajetória de Zé Ricardo não tinha mais como prosseguir. Não por pressão de torcida ou apenas pelos resultados. Mas por não entregar o básico em qualquer avaliação de um profissional: margem de evolução. Perdeu conteúdo e confiança. Sem chance de recuperação.

Porque em maio foi mais um treinador do Fla a cair no conto do estadual. Um engano que trava o clube na busca de protagonismo no cenário nacional e sul-americano.

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Gol de goleiro, olímpico de Zico, Tevez… As histórias do Fla na nova casa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/11/22/gol-de-goleiro-olimpico-de-zico-tevez-as-historias-do-fla-na-nova-casa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/11/22/gol-de-goleiro-olimpico-de-zico-tevez-as-historias-do-fla-na-nova-casa/#respond Tue, 22 Nov 2016 10:07:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=1914 Flamengo_Coritiba_2005

O Flamengo fechou acordo por três anos para a utilização da Arena da Ilha do Governador como sua casa a partir de 2017.

A indefinição do Maracanã e a rivalidade com o Botafogo que inviabiliza uma parceria com o Engenhão fizeram o clube rubro-negro se antecipar e garantir um estádio no Rio de Janeiro para evitar o desgaste de tantas viagens que desgastaram o time nesta temporada.

Arena da Ilha que foi inaugurada como Estádio Luso Brasileiro em 1965, e já foi Arena Petrobrás – adaptada para receber 30 mil pessoas, foi muito utilizada em 2005, já que o Engenhão ainda não existia e o Maracanã estava em obras para receber o Pan-Americano dois anos depois.

Tudo isso constrói uma história do Flamengo por lá que começa em 1969 até os 3 a 3 com o Botafogo este ano. Foram 35 partidas, com 19 vitórias, oito empates e oito derrotas. Considerando três pontos por vitória para facilitar o cálculo, o aproveitamento seria de 62%. Marcou 68 gols, sofreu 41. Zico marcou seis gols e é o artilheiro do clube no estádio.

Além dos números, o blog apresenta algumas histórias interessantes do rubro-negro na Ilha do Governador.

1 – Jovem Bandeira viu primeiro gol de Doval

O presidente Eduardo Bandeira de Mello lembrou ontem na celebração do acordo que, então com 16 anos, viu o primeiro jogo do Fla no Estádio Luso Brasileiro em 4 de maio de 1969. Também foi o primeiro gol do ídolo Doval com a camisa rubro-negra, na vitória por 4 a 1 sobre a Portuguesa da Ilha;

2 – Gol do goleiro Ubirajara

Na segunda partida do clube no estádio, um fato histórico: o gol do goleiro Ubirajara Alcântara. Aproveitando-se dos fortes ventos na região que acabaram virando lenda, bateu um tiro de meta e encobriu o goleiro do Madureira na vitória por 2 a 0 em maio de 1970. Na preliminar, um menino chamado Zico, aos 17 anos, marcou quatro gols na Portuguesa pelos juvenis;

3 – Conquista de título

Em 1979, ano da conquista dos dois títulos estaduais por conta de um calendário esdrúxulo, o Flamengo confirmou o título da Taça Guanabara, o quinto de sua história, com os 2 a 0 sobre a Portuguesa. Dois gols de Zico, já no auge da carreira aos 26 anos;

4 – Gol olímpico, mas primeira derrota

O primeiro revés viria na sétima partida disputada no estádio. Em outubro de 1982, um Flamengo dividido entre o Estadual e a Libertadores foi ao Luso Brasileiro para enfrentar a Portuguesa com time misto. Mas com Zico, que aproveitou o mesmo vento que ajudara Ubirajara em 1970 para marcar um histórico gol olímpico, já que ele fez apenas dois desta forma em toda a carreira. Mas não evitou os 3 a 2 para o time mandante;

5 – “Prazer, sou o Tevez”

Um Flamengo irregular sofria no Brasileiro de 2005. Bravateiro, o presidente Márcio Braga resolveu promover o clássico contra o Corinthians com provocação ao argentino Carlos Tevez, contratado a peso de ouro pelo time paulista ao Boca Juniors: “Tevez? Quem é Tevez? Pensei que fosse o juiz da partida”. O resultado foi a vitória do Corinthians por 3 a 1 na então Arena Petrobras e a resposta do craque que seria campeão no final do ano: “Agora ele me conhece”;

6 – A maior derrota no estádio

O time claudicante sofreu diante de outro gigante paulista em 2005. O São Paulo campeão da Libertadores e que ganharia o mundo em dezembro contra o Liverpool vinha oscilando no Brasileiro, chegou até a entrar na zona de rebaixamento, mas resolveu despertar logo diante do rubro-negro: 6 a 1 que gerou profunda crise no clube;

7 – A salvação com Joel Santana

Após a derrota por 2 a 1 para o Vasco em São Januário, o treinador Andrade, interino que acabou efetivado, voltou a ser auxiliar e Joel Santana foi contratado para uma missão que parecia impossível: evitar o rebaixamento faltando nove rodadas. Das seis vitórias que junto com os três empates garantiram a equipe na Série A, duas aconteceram na Ilha do Governador: a primeira com Joel, nos 2 a 1 sobre o Coritiba, gols de Renato (foto) e Fellype Gabriel, e ainda os 3 a 0 sobre o Fortaleza. A confirmação viria com o triunfo fora de casa por 1 a 0 sobre o Paraná. O primeiro milagre do Natalino.

 

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