jorginho – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Muito além da Juventus: futebol italiano vive melhor momento na década http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/16/muito-alem-da-juventus-futebol-italiano-vive-melhor-momento-na-decada/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/16/muito-alem-da-juventus-futebol-italiano-vive-melhor-momento-na-decada/#respond Mon, 16 Dec 2019 10:42:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7734

Foto: Sergei Supinsky / AFP

O choro de Gianluigi Buffon em novembro de 2017 com a eliminação da Itália na repescagem para a Copa do Mundo na Rússia era comovente, devastador. Mas também passava uma imagem de terra arrasada no futebol quatro vezes campeão do mundo.

Apesar da Juventus, uma ilha de excelência com estádio próprio, trabalho sério e profissional e time forte, uma verdadeira seleção transnacional. Mas mesmo o domínio absoluto da então hexacampeã, hoje octa, era um sinal de fracasso geral. Também atrapalhou, de certa forma, a “Vecchia Signora” em suas duas tentativas de vencer a Liga dos Campeões. Sem competição em bom nível no país, como duelar com os gigantes Barcelona (2014/15) e Real Madrid (2016/17)? A impressão era de que o teto havia chegado. Consequência também do fundo do poço da Azzurra.

A transformação começou a acontecer com a chegada de Cristiano Ronaldo à Juve para a jornada 2018/19. Pelo simbolismo de contar com um dos dois grandes protagonistas do futebol mundial na década, rivalizando com Messi. Depois com a reconstrução da seleção com Roberto Mancini, tentando tirar proveito do esforço de renovação e de se jogar um futebol mais atual no país, algo eclipsado pela superioridade da Juventus.

2019 vai se encerrando com o melhor momento do futebol italiano na década. O vice-campeonato da Eurocopa em 2012 foi muito mais um espasmo, com a emblemática vitória sobre a Alemanha, que seria campeã mundial dois anos depois no Brasil, construída muito mais com lampejos de Pirlo e Balotelli e na tradição em confrontos com o grande rival europeu do que pela consistência. Tanto que cairia na primeira fase na Copa de 2014.

Agora a liga ganha equilíbrio, apesar da queda do Napoli – sem Carlo Ancelotti, demitido mesmo não perdendo para o dominante Liverpool na fase de grupos da Champions e agora sucedido por Genaro Gattuso, uma escolha para lá de questionável. A Internazionale é que tenta tirar o protagonismo da Juventus, agora comandada por Maurizio Sarri, e disputa ponto a ponto pela liderança do campeonato nacional.

O time de Antonio Conte, Romelu Lukaku e Lautaro Martínez é forte, com capacidade para se tornar mais competitivo a médio/longo prazo. Apesar da decepcionante eliminação na fase de grupos da Liga dos Campeões. Como atenuante, a falta de sorte ao cair com Barcelona e Borussia Dortmund. Sim, o time alemão que teve seu último grande momento no continente em 2013, comandado por Jurgen Klopp, com o vice-campeonato para o rival Bayern de Munique, mas que em 2016/17 superou o Real Madrid e na temporada passada ficou acima do Atlético de Madrid em seus grupos. Os nerazzurri não foram superados por qualquer um.

A Inter vai para a Liga Europa, se juntando à Roma. Ao contrário da surpreendente Atalanta, que conseguiu a segunda vaga no grupo do Manchester City, atropelando fora de casa o Shakhtar Donetsk por 3 a 0 e ultrapassando na última rodada o time ucraniano e o Dinamo Zagreb. Acompanhando Juventus e Napoli no mata-mata. Mais um sintoma da evolução do futebol no país. Sem tanto pragmatismo e dosando a cultura defensiva com mais posse e ocupação do campo de ataque.

Crescimento que se reflete na seleção. Ainda sem uma clara demonstração de força, mas muita esperança por conta da ótima campanha nas eliminatórias da Eurocopa. Nenhum adversário entre as principais forças do continente: Finlândia, Grécia, Bosnia, Armênia e Liechtenstein. Mas não é todo dia que se consegue 100% de aproveitamento em dez jogos, marcando 37 gols e sofrendo apenas quatro.

A equipe de Roberto Mancini tem vocação ofensiva e busca jogar com posse de bola, no ritmo do “regista” Jorginho, brasileiro naturalizado que atua no Chelsea, e de Verratti, que organiza o meio-campo no trabalho entre as intermediárias. Mas também sabe explorar transições rápidas,  com solidez defensiva e acionando na frente jogadores como o jovem Zaniolo, revelação da Roma, e mais Immobile, Insigne e Belotti. Um 4-3-3 que ainda precisa de um grande teste, mas renova esperanças.

Principalmente pelo crescimento do nível geral. Ainda que o gigante Milan derrape na sua tentativa de retomada e a Juventus tenha decepcionado ao cair na última edição da Champions para a sensação Ajax, os sinais são claros. A rodada no meio da semana encerra o ano na Itália que parece respirar novos ares, ao menos no esporte.  Um ensaio de redenção que faz bem ao futebol mundial.

 

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Com ou sem Rafinha, Flamengo precisa resgatar força histórica nas laterais http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/22/com-ou-sem-rafinha-flamengo-precisa-resgatar-forca-historica-nas-laterais/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/22/com-ou-sem-rafinha-flamengo-precisa-resgatar-forca-historica-nas-laterais/#respond Wed, 22 May 2019 09:32:27 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6573

O presidente Rodolfo Landim afirmou em redes sociais que a torcida terá boas notícias muito em breve quanto ao anúncio oficial da contratação de Rafinha, que se despediu do Bayern de Munique com o heptacampeonato alemão. O lateral está apalavrado com o Flamengo desde o início de 2019 para um contrato de dois anos, mas nos seguintes termos: se voltar ao Brasil será para atuar pelo rubro-negro. A questão é que, apesar dos 33 anos, o brasileiro tem mercado na Europa. Ainda assim, o negócio parece mesmo muito bem encaminhado.

O Fla ainda tenta convencer Filipe Luís a retornar ao Brasil, mas neste caso parece menos viável pelo mercado ainda mais amplo do lateral esquerdo do Atlético de Madrid e a vontade da família de permanecer no Velho Continente. Mesmo com a solidez financeira do clube carioca, a crise do país em todas as instâncias não encoraja muito o retorno às origens.

Seja como for, o Flamengo precisa qualificar o trabalho pelos lados do campo. Pela direita, Pará e Rodinei são alvos da torcida por atuações fracas em jogos decisivos. À esquerda, Renê apresenta regularidade, a ponto de ter sido eleito o melhor da posição na última edição do Brasileiro, mas não é brilhante no apoio. O reserva, Trauco, é o contrário: ataca bem, mas tem dificuldades no trabalho defensivo.

A história mostra que o time costuma ser bem sucedido quando conta com bons laterais. Ou craques, como foram Leandro e Júnior no maior time da história do clube com o auge em 1981. No ano anterior campeão brasileiro com Toninho Baiano, que fez parte do grupo da seleção na Copa do Mundo de 1978, pela direita. Em 1984, quando Leandro virou zagueiro por problemas nos joelhos e Júnior foi ser meio-campista na Itália, o Fla contratou Jorginho ao América e promoveu Adalberto da base, ambos campeões mundiais sub-20 no ano anterior.

Adalberto – pai do atacante Rodrigo Moreno, naturalizado espanhol e atuando pelo Valencia – foi destaque até uma fratura na perna comprometer sua carreira. Sucedido por Leonardo na equipe campeão da Copa União de 1987. No time que venceu o Carioca de 1991 e o Brasileiro no ano seguinte, Charles Guerreiro e Piá não eram talentosos, mas contribuíam com velocidade na parceria com os ponteiros Paulo Nunes e Nélio e precisão nos cruzamentos.

No tricampeonato estadual iniciado em 1999 e na conquista da Copa Mercosul no mesmo ano, destaque para Athirson pela esquerda e mais a contribuição de Fabio Baiano, Maurinho ou Pimentel do lado oposto. Até chegar ao domínio de Leonardo Moura e Juan, titulares absolutos em outro tri carioca (2007/2009), mais a Copa do Brasil 2006 e o Brasileiro de 2009, além da incrível campanha de recuperação com Joel Santana que levou o time da zona de rebaixamento à vaga na Libertadores com o terceiro lugar em 2007. Com o jogo baseado na qualidade dos seus alas.

Agora o Fla se ressente da ausência de jogadores mais técnicos para servir os atacantes e/ou com velocidade para chegar ao fundo. O jogo não flui, especialmente pela direita. Com Everton Ribeiro, um ponta articulador canhoto que costuma trabalhar por dentro, o setor precisa de alguém abrindo o campo e chegando de trás com rapidez e inteligência. Pará não é tão ágil e falta leitura de jogo a Rodinei. Mesmo veterano e sem o vigor de outros tempos, Rafinha já seria um enorme “upgrade”. João Lucas, jovem contratado ao Bangu depois de boas atuações no estadual, pode ser útil pela intensidade. Mapear o mercado sul-americano também ajuda.

Pela esquerda, mesmo sem reforços é possível compor com Bruno Henrique aberto ou buscando as infiltrações em diagonal e Renê apoiando por dentro, como nos melhores momentos da formação que chegou à liderança do Brasileiro do ano passado sob o comando de Maurício Barbieri. A solução criava superioridade no meio e Vinícius Júnior garantia amplitude e possibilidade de jogadas individuais para desarticular a marcação.

Na verdade do campo, porém, a carência nas laterais salta aos olhos. No Flamengo isto causa ainda mais estranheza. É preciso resgatar uma das grandes virtudes dos times mais vencedores da história do clube. Com urgência para não amargar mais uma temporada sem títulos relevantes.

 

 

 

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City campeão e Sarri sem estilo, título e moral. Terá emprego no Chelsea? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/city-campeao-e-sarri-sem-estilo-titulo-e-moral-tera-emprego-no-chelsea/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/city-campeao-e-sarri-sem-estilo-titulo-e-moral-tera-emprego-no-chelsea/#respond Sun, 24 Feb 2019 20:04:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6012 O Manchester City é campeão da Copa da Liga Inglesa. Vitória nos pênaltis, apesar de uma atuação pouca inspirada da equipe de Pep Guardiola. Com domínio pela posse de bola (61%), mas muitos erros técnicos e dificuldades para infiltrar. Em 120 minutos, correu riscos diante de um adversário em nível inferior na temporada e vivendo uma crise que ficou ainda mais nítida na decisão em Wembley.

Maurizio Sarri abriu mão de seu estilo e aderiu ao pragmatismo. Nítido temor de sofrer outra goleada, depois dos 6 a 0 pela Premier League, que seria ainda mais histórica por acontecer numa decisão. Compreensível até, mas um sintoma da complexidade do contexto no time londrino.

No 4-1-4-1, deixou Hazard na frente para jogar por uma bola na velocidade dos contragolpes. Difícil entender a presença de Jorginho atrás de Kanté e Barkley, se a proposta era priorizar o trabalho defensivo. Acabou pagando com o pênalti perdido pelo meio-campista brasileiro naturalizado italiano. David Luiz carimbou a trave de Ederson e praticamente sepultou as chances dos Blues. Sterling converteu a última cobrança, a do sexto título do City da competição. Quatro nas últimas seis edições.

Era a possibilidade mais palpável de conquista do Chelsea na temporada, apesar da classificação para as oitavas da Liga Europa – enfrenta o Dynamo de Kiev. Seria o primeiro título da carreira de Sarri. Muito oportuno para recuperar alguma confiança da direção do clube afundado numa crise, incluindo a punição da FIFA, que proibiu o clube de contratar até o final de janeiro de 2020 por não ter respeitado o regulamento das transferência de jogadores menores de idade.

Mas o pior para o treinador italiano foi a prova material da falta de moral como comandante nos últimos minutos da prorrogação. O goleiro Kepa sentiu um problema físico e Sarri mandou Caballero aquecer e entrar. Com a substituição pronta, a placa preparada para subir, o goleiro titular fez o gesto de negativo – lembrando Paulo Henrique Ganso na final do Paulista de 2010 contra o Santo André – e se negou a sair.

Sarri ficou possesso, mas foi contido pelo auxilar Zola e depois pelo zagueiro Rüdiger. Caballero não recolocou o agasalho, nem voltou para o banco, dando a impressão que o treinador faria valer a sua autoridade e trocaria no fim da prorrogação. Kepa ficou para a decisão nas penalidades e não se dirigiu a Sarri. Só defendeu a cobrança de Sané e deixou a bola passar embaixo do seu corpo na cobrança ruim de Aguero.

Difícil prever as consequências de tudo que aconteceu em Wembley. Ou servirá apenas para confirmar o que hoje parece inevitável: a saída de Sarri. A dúvida é se acontecerá agora ou no final da temporada. Porque a tensão chegou no seu nível máximo e o técnico italiano vive uma situação humilhante: sem estilo, título e moral. Ainda terá o emprego?

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Pior que não cumprimentar é Sarri deixar de aprender com Guardiola http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/11/pior-que-nao-cumprimentar-e-sarri-deixar-de-aprender-com-guardiola/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/11/pior-que-nao-cumprimentar-e-sarri-deixar-de-aprender-com-guardiola/#respond Mon, 11 Feb 2019 08:27:11 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5889

Imagem: Reprodução Premier League/Sky Sports

O impacto da goleada histórica do Manchester City sobre o Chelsea por 6 a 0 dividiu os holofotes no Brasil com os memes zombando de David Luiz e no mundo todo com a cena do italiano Maurizio Sarri se negando a cumprimentar Pep Guardiola na saída para os vestiários ao final do jogo, deixando o catalão no “vácuo”.

Causou estranhamento pelo tratamento cordial que um treinador sempre dispensou ao outro, com elogios mútuos. A justificativa de que não viu o colega de profissão soa como desculpa esfarrapada, já que é um protocolo, algo quase mecânico, automático. Nem o abalo por ver seu time atropelado no Etihad Stadium pode explicar tamanha bola fora.

Mas pior que a falta de educação com Guardiola é a demonstração de que em sua primeira temporada na Inglaterra, Sarri parece não ter aprendido nada com o comandante do atual campeão inglês.

Na primeira temporada de Premier League, Guardiola teve um bom começo, mas sabia que o trabalho não seria simples. Tentou ser competitivo, mas se dedicou mais a aprender. Rodada a rodada, observando o ritmo alucinante, as transições constantes das equipes ao longo da partida. A mistura insana de técnica, jogo físico, intensidade, rapidez.

Perdeu para o Chelsea de Antonio Conte, também em seu “debut” no Campeonato Inglês. Conviveu com as críticas, lutou para garantir vaga na Champions seguinte e não atrapalhar o planejamento do clube. Levou outra pancada no torneio continental do surpreendente Monaco de Mbappé. Ao longo das partidas, porém, foi testando e adaptando a sua maneira de armar as equipes às particularidades dos jogos da liga.

Ainda a posse de bola, porém com trocas de passes e triangulações mais rápidas. O “perde-pressiona” com intensidade, mas guardando mais a última linha para não ser varrido em contragolpes letais. Bola roubada, a aposta em definição mais rápida das jogadas quando os atacantes percebessem os espaços para infiltrar. Atenção também com as jogadas aéreas em bola parada, ofensiva e defensiva, para ganhar os jogos mais complicados.

Com elenco mais jovem e equilibrado e a base do elenco mais habituada ao estilo personalíssimo do comandante, o City voou na temporada seguinte dominando a liga como nenhum outro time e empilhando recordes. Guardiola viu, se adequou com humildade, “temporizou” seu estilo de acordo com o timing da Premier League e se impôs com autoridade.

Domínio que se repetiu na goleada sobre o Chelsea que protegeu mal a entrada da própria área. Se surpreendeu no início do campeonato, incluindo a vitória por 2 a 0 encerrando a invencibilidade do City, a tentativa de criar uma versão atualizada do Milan de Ancelotti – Jorginho emulando o “regista” Andrea Pirlo e Kanté e Barkley ou Kovacic como Gattuso e Ambrosini, marcando e entregando dinâmica ao meio-campo – foi mapeada, neutralizada e tratada como “elo fraco” dos Blues. Mas Sarri insiste, sem tentar se adequar ao contexto.

Os citizens dominaram na execução do 4-3-3 que tem Fernandinho armando de trás e os meias, desta vez Gundogan e Kevin De Bruyne, explorando os espaços entre defesa e meio-campo do adversário. Justamente às costas de Kanté e Barkley que Jorginho não é o encarregado de cobrir, mesmo em um 4-1-4-1. Bernardo Silva circulava por todo ataque, Sterling atropelava Azpilicueta pela esquerda e abria a defesa para Kun Aguero, destaque do duelo com três gols.

Resultado: com 25 minutos o placar apontava 4 a 0. Fechou seis, com dois de Sterling e um de Gundogan, porque o time azul de Manchester, talvez por ordem de Guardiola, equilibrou o respeito ao público e ao adversário triturado moralmente. Trocou passes com calma até o apito final.

Sem um currículo que ao menos explique o comportamento mais “bélico”, Sarri tem batido de frente e reclamado publicamente de alguns jogadores e a gestão do grupo dá sinais de desgaste. Ajuda a explicar a campanha que pode levar o Chelsea de novo à Liga Europa e coloca em risco o emprego do treinador. Se ficar, a chance de salvar a temporada é o próprio torneio europeu e a final da Copa da Liga Inglesa. Logo contra o City…

Até lá, o que se espera do italiano é consciência, bom senso e habilidade para lidar com os problemas. Talvez um papo com Guardiola regado a bom vinho, mas não sem antes um pedido de desculpas.

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Empate entre a força do elenco do Liverpool e o Chelsea pragmático de Sarri http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/29/empate-entre-a-forca-do-elenco-do-liverpool-e-o-chelsea-pragmatico-de-sarri/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/29/empate-entre-a-forca-do-elenco-do-liverpool-e-o-chelsea-pragmatico-de-sarri/#respond Sat, 29 Sep 2018 18:41:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5281 Maurizio Sarri não fez o Chelsea voltar a utilizar a linha de cinco na defesa dos tempos de Antonio Conte, especialmente na conquista do título inglês na temporada 2016/17, para encarar o lider Liverpool, então com 100% de aproveitamento na Premier League.

Os Blues atuaram no habitual 4-3-3 dentro do Stamford Bridge, com Jorginho “regista” protegido por Kanté e Kovacic. Valorizando a posse de bola, mas com cuidados defensivos condizentes com a qualidade e o volume de jogo do adversário.

Porque a equipe de Jurgen Klopp domina o jogo pela pressão no campo do oponente, controle dos rebotes e por finalizar muito dentro do seu estilo de definir rapidamente as jogadas, acelerando em busca do tridente Salah-Firmino-Mané. Sempre um perigo, mesmo com a atuação sem brilho do atacante egípcio, que perdeu chance cristalina no primeiro tempo e mais tarde deu lugar a Shaqiri. Suíço que perdeu gol feito na segunda etapa.

Hazard também perdeu, ao receber de Kanté, disparar livre, mas ter o ângulo da finalização fechado pelo goleiro Alisson. No primeiro tempo, porém, o camisa dez belga concluiu com precisão num chute cruzado em rápida transição ofensiva que começou com um “tapa” dele mesmo, passe de Jorginho para Kovacic, que encontrou Hazard na frente. De novo desequilibrante.

O time da casa recolheu as linhas, teve apenas 47% de posse e nove finalizações – quatro no alvo. Tentou acelerar contragolpes com Moses na vaga de Willian, que também perdeu boas chances em contra-ataques, Morata no lugar de Giroud e ainda Barkley substituindo Kovacic. Marcos Alonso, sempre ofensivo, só pisou na área dos Reds em bolas paradas.

O Liverpool com a fome de sempre, em qualquer campo. Klopp ainda trocou Henderson e Milner por Keita e Sturridge. Uma mostra da força do elenco que o treinador alemão não ostentava na temporada passada. Fez o goleiro Kepa trabalhar e David Luiz salvar sobre a linha cabeçada de Firmino.

Intimidou os donos da casa com autoridade até o golaço de Sturridge, encobrindo Kepa. Ao menos para manter a invencibilidade na liga, comprovar a força e se redimir da derrota na Copa da Liga Inglesa por 2 a 1. Um ponto precioso em sequência complicada que terá Napoli fora de casa pela Liga dos Campeões e o duelo com o Manchester City de Guardiola, o novo/velho líder pelo saldo de gols, em Anfield Road.

O Chelsea tentou ser mais pragmático. Ou não teve outra opção. Podia ter resolvido o jogo, mas pelo valor do rival não pode tratar o empate como dois pontos perdidos. Longe disso.

(Estatísticas: BBC)

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Classe de Jorginho no Chelsea de Sarri mostra o tamanho do vacilo de Tite http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/11/classe-de-jorginho-no-chelsea-mostra-o-tamanho-do-vacilo-de-tite/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/11/classe-de-jorginho-no-chelsea-mostra-o-tamanho-do-vacilo-de-tite/#respond Sat, 11 Aug 2018 15:54:55 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5056 Não foi surpresa para quem acompanhava  o Napoli comandado por Maurizio Sarri, que só não venceu o Italiano porque existe a Juventus. Na estreia pelo Chelsea na Premier League, o ítalo-brasileiro Jorginho ditou o ritmo no meio-campo atuando fixo à frente da defesa e ainda marcou o segundo gol sobre o Huddersfield cobrando pênalti.

O primeiro da vitória por 3 a 0 fora de casa foi de Kanté, jogando como meia pela direita no 4-3-3. Pisando na área adversária para finalizar bela jogada pela esquerda de Willian, já que Hazard, voltando de férias, começou no banco de reservas. Entrou na vaga do brasileiro e num rápido contragolpe serviu Pedro para fechar o placar.

Para quem viu o Milan da “árvore de Natal” de Carlo Ancelotti e com Kaká no auge vai lembrar de Pirlo armando o jogo de trás e Gattuso e Ambrosini marcando por ele para que o “regista” recebesse a bola limpa. É a mesma lógica com Jorginho, Kanté e Barkley. O primeiro é o que pensa. Com classe e inteligência.

Ainda que a dinâmica do futebol atual, especialmente o inglês, não garanta tanta liberdade para os jogadores mais recuados. Há muito mais pressão, no campo todo. O Chelsea de Sarri teve alguns problemas para transformar a posse de bola (64%) em infiltrações.

Subiu de três finalizações para doze,  quatro no alvo, na segunda etapa com mais espaços para os contragolpes. Mas ainda precisa se adaptar ao jogo de transições, bate-volta na Inglaterra. Para uma estreia como visitante, porém, já foi bem interessante. Inclusive para o goleiro Kepa, milionária reposição a Courtois. David Luiz também foi bem na última linha defensiva, agora com quatro homens. Mais responsável no balanço defensivo.

Tudo no ritmo de Jorginho. O volante que pensa e passa. Que o futebol brasileiro não vinha produzindo até Arthur. O novo camisa cinco dos Blues foi moldado na Itália. Mesmo antenado e atento ao que acontece nas principais ligas europeias, Tite demorou a perceber. Quando notou, ele já estava identificado com o futebol italiano e percebeu mais chances de ser titular na Azzurra. Mesmo ficando fora da Copa do Mundo. Um vacilo sem tamanho do treinador da CBF e sua comissão técnica.

Não que a seleção possa abrir mão de Casemiro, mas seria possível compor, adaptar. Bastava demonstrar interesse real de contar com ele entre os convocados com regularidade. Não deu tempo. Como atenuante para Tite, o fato de assumir com dois anos de atraso e gastar um ano para colocar o Brasil na Copa e outro para se colocar como uma seleção competitiva em alto nível. Sem muitas brechas para experiências.

Seja como for, a boa atuação no Chelsea é a prova de que adaptação rápida não é problema para Jorginho. Desfrutemos então de sua classe pela TV no futebol europeu. É o que resta.

(Estatísticas: BBC)

 

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São Paulo agora é líder, com a mão de Diego Aguirre e um toque de humildade http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/05/sao-paulo-agora-e-lider-com-a-mao-de-diego-aguirre-e-um-toque-de-humildade/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/05/sao-paulo-agora-e-lider-com-a-mao-de-diego-aguirre-e-um-toque-de-humildade/#respond Sun, 05 Aug 2018 21:15:40 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5025 O gol de Joao Rojas no primeiro minuto do jogo no Morumbi era tudo que o São Paulo precisava para não complicar o duelo contra o Vasco como aconteceu na derrota para o Colón pela Sul-Americana. O jogo parecia ficar à feição da equipe que trabalha melhor com espaços para acelerar as transições ofensivas.

Mas o tricolor deu a impressão de se acomodar dentro de uma proposta de atrair o adversário para o seu campo, controlar espaços e esperar que o contragolpe ou uma bola parada surgisse naturalmente para ampliar a vantagem no placar.

Só que este São Paulo de Diego Aguirre precisa de agressividade na marcação e não recuar tanto as linhas para se defender na execução do 4-2-3-1. Porque Rojas e Everton ocupam a segunda linha de quatro e se ficarem no próprio campo deixando Diego Souza e Nenê na frente o time perde velocidade. Precisa que a dupla de veteranos retenha a bola na frente à espera dos companheiros.

Talvez a intenção tenha sido administrar o fôlego depois do desgaste físico e mental na quinta diante de um oponente que teve uma semana cheia de trabalho. Mas desperdiçou a chance de aproveitar o estádio quente e tentar definir o jogo com intensidade nos primeiros 45 minutos.

Pior foi a desconcentração na volta do intervalo, com muitos espaços entre os setores. Bem aproveitados por Andrés Ríos e Giovanni Augusto, o meia central do 4-2-3-1 cruzmaltino, que entrava às costas de Liziero e Hudson para servir os companheiros. Passe preciso e o sétimo gol de Yago Pikachu, a grande estrela vascaína na competição, entrando às costas de Bruno Alves.

O São Paulo foi da letargia ao desespero. Muitos passes errados cedendo contragolpes seguidos ao Vasco, que desperdiçou boas chances. Chute perigoso de Giovanni Augusto e em várias situações o lateral improvisado Luiz Gustavo se juntando a Pikachu fazendo dois contra o lateral Reinaldo.

Aguirre precisava mexer e teve coragem. Tirou Nenê e Diego Souza e colocou Carneiro e Tréllez. Mudanças que poderiam gerar reclamações das estrelas – socos no banco de reservas, chutes nos copos de água. Nada disso, apenas apoio. De todos. Até porque estava claro que o ataque precisava de gás.

Mas o gol do desafogo saiu na jogada com protagonistas que estavam em campo e já desgastados. Arrancada de Liziero, Everton ganhou de Luiz Gustavo e cruzou para Tréllez. Desta vez a bola aérea funcionou, com o toque que tirou de Martin Silva. A quinta assistência do ex-jogador do Flamengo. Gols em dois dos 30 cruzamentos em 90 minutos.

Na beira do campo, Nenê e Diego Souza comemoraram com Aguirre. Um detalhe que vira clichê nas vitórias e conquistas, mas que em qualquer ocasião tem seu simbolismo. E deixa claro que o São Paulo, mesmo oscilante, está mobilizado atrás do título que não vem há uma década.

Fundamental em jogo que se mostrou mais equilibrado que o esperado: nove finalizações para cada lado e 52% de posse de bola do time de Jorginho. Mas 24 desarmes certos dos são-paulinos, o dobro do Vasco. Tão simbólico quanto a ascensão à liderança logo na primeira rodada do campeonato no temido agosto para o Flamengo. Para o clube paulists, depois de três anos.

Se mantiver a mão firme do treinador e a humildade dos jogadores priorizando o coletivo é possível ampliar a vantagem no topo da tabela. Mesmo com o sofrimento e a ansiedade de um gigante que não levanta taças desde 2012.

(Estatísticas: Footstats)

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Na estreia de Jorginho, a vitória do “Clube de Regatas Yago Pikachu” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/09/na-estreia-de-jorginho-a-vitoria-do-clube-de-regatas-yago-pikachu/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/09/na-estreia-de-jorginho-a-vitoria-do-clube-de-regatas-yago-pikachu/#respond Sun, 10 Jun 2018 00:27:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4684 Na entrevista à beira do campo em São Januário, Claudinei Oliveira, treinador do Sport, já previa um Vasco transformado animicamente por conta da estreia de Jorginho no comando técnico. O tradicional “fato novo” que movimenta o clube e muda o ambiente. Ao menos no início.

Claudinei certamente também sabia que, apesar das mudanças no time cruzmaltino, uma coisa não mudaria: a dependência das jogadas de Yago Pikachu. Só não esperava que o meia pela direita no 4-2-3-1 armado por Jorginho seria tão decisivo.

Abriu o placar completando passe de Giovanni Augusto, depois sofreu e converteu o pênalti que colocou o Vasco novamente à frente no placar depois do gol contra de Paulão. Michel Bastos, que entrou no lugar de Fellipe Bastos, empatou em bela virada. Mas Pikachu apareceu para chutar forte e, no rebote de Magrão, Ramon, substituto de Bruno Cosendey, definiu os 3 a 2.

Triunfo valorizado pela boa atuação do Sport, mesmo sem Anselmo, volante negociado pelo Internacional ao Al-Wheda de Fabio Carille. Justificando a vice-liderança antes do início da 11ª rodada. Organizado num 4-2-3-1 muitas vezes com a última linha de defesa bem estreita, com os defensores próximos, e os ponteiros Rogério e Marlone voltando como laterais negando espaços a Luiz Gustavo e Henrique. Terminou com mais posse de bola (55%) e apenas uma finalização a menos: 11 contra 12. Mas apenas duas na direção da meta de Fernando Miguel.

Das seis do Vasco no alvo, quatro foram de Pikachu. Dois gols, o chute que deu o rebote do terceiro e ainda um lindo voleio que Magrão salvou. Definitivamente, o camisa 23 desequilibrou. Mais uma vez. Desta vez com a vitória do “Clube de Regatas Yago Pikachu”. Para Jorginho iniciar em paz sua segunda passagem pelo Vasco como treinador.

(Estatísticas: Footstats)

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Primeira vitória do São Paulo fora passa por Araruna, o “ponta-volante” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/28/primeira-vitoria-do-sao-paulo-fora-passa-por-araruna-o-ponta-volante/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/28/primeira-vitoria-do-sao-paulo-fora-passa-por-araruna-o-ponta-volante/#respond Mon, 28 May 2018 12:48:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4648 No Brasileiro que em sete rodadas apresenta um cenário de apenas três pontos separando o líder Flamengo do Sport, nono colocado, vencer fora de casa pode ser a chave para brigar no topo e não se contentar com o final da primeira página da tabela. Ou nem isso.

Por isso a importância do triunfo do São Paulo sobre o América por 3 a 1 no Estádio Independência. Também foi o primeiro revés do time mineiro em seus domínio. Podia estar em quarto, caiu para 11º.

O protagonista foi Nenê, com dois gols de bola parada, mas fundamental não só tecnicamente, mas também na liderança em campo que influi na transformação anímica da equipe desde a chegada de Diego Aguirre. A invencibilidade é apenas uma indicação nos resultados que hoje não é fácil se impor diante do tricolor como em outros tempos.

Diego Souza abriu o placar completando assistência de Everton. Com Nenê formaram o trio ofensivo que vai ganhando liga. Antes fechando o quarteto com Marcos Guilherme pela direita. Ponteiro que tem contrato até 30 de junho e, sem acordo com o Atlético Paranaense, dosa as partidas para não chegar a sete e ele não poder mais atuar pelo Brasileiro. Em Belo Horizonte entrou Araruna, titular depois de quatro meses. Um volante aberto pela direita.

Com Araruna, São Paulo preencheu melhor o meio-campo no 4-2-3-1 com um “ponta-volante” pela direita no auxilío a Militão e, principalmente, deu liberdade ao trio Nenê-Everton-Diego Souza (Tactical Pad).

Não é novidade. No momento em que o 4-2-3-1 virou moda no mundo e chegou ao Brasil, uma das grandes preocupações dos treinadores era com o preenchimento do meio-campo. Um meia de criação, dois ponteiros e o centroavante. Um volante mais fixo na proteção da defesa e sobrava um imenso pedaço de campo a ser preenchido pelo volante mais adiantado.

Dunga e Jorginho encontraram uma solução com Elano para auxiliar Gilberto Silva e Felipe Melo e dando liberdade a Kaká e Robinho se juntando a Luis Fabiano. Ramires era a reposição em função que se tornou fundamental na execução do misto de 4-2-3-1 com o losango no meio-campo. Ou um 4-3-1-2 sem sacrificar tanto os laterais, motivo pelo qual o desenho caiu em desuso.

Até hoje Dunga lamenta não ter sacado Ramires com a vitória garantida sobre o Chile nas oitavas. Cartão amarelo, suspensão e, com Daniel Alves, o meio enfraquecido que sucumbiu diante da Holanda.

Ficou o legado desta variação tática, que Dunga colocou em prática na sua passagem pelo Internacional em 2013. Com Fred, hoje na seleção brasileira e de partida para o Manchester United. Fez eco em outras equipes e hoje é uma das marcas do rival colorado, o Grêmio.

Ramiro é o “ponta volante” de Renato Gaúcho. Que tem função parecida com a do ponteiro “armador”, que parte do flanco para o centro, porém é menos ofensivo. Participa da construção um pouco mais recuado, perto da dupla de volantes. Tem liberdade de movimentação e abre o corredor para o lateral, além de liberar o meia central e o ponta do lado oposto para se juntar ao centroavante. Também deixa um espaço para que alguém infiltre como elemento surpresa.

Na prática, a lógica é a mesma da origem da inclusão de um terceiro homem no meio-campo que ganhou o mundo com Zagallo mais claramente na Copa de 1962, embora já se fizesse notar quatro anos antes na Suécia. Reforça o meio-campo ao lado de Zito e Didi e o espaço pela esquerda é aproveitado por alguém do trio ofensivo. Na Copa realizado no Chile, Amarildo, o substituto do lesionado Pelé, foi quem apareceu por ali, inclusive para marcar o primeiro gol dos 3 a 1 na final sobre a Tchecoslováquia.

Voltando ao São Paulo em 2018, Araruna ajudou Militão a fechar o setor direito e equilibrou o meio-campo com Jucilei e Hudson. Nada especial, até pela falta de costume na função e o desentrosamento com os companheiros. Segundo o Footstats, acertou 13 passes, errou dois. Nenhum desarme correto, nenhuma interceptação. Dois cruzamentos errados. Não finalizou nenhuma jogada.

Importante foi o posicionamento em campo que deu um encaixe melhor ao time e facilitou o trabalho do trio da frente. No primeiro gol, o contragolpe é trabalhado por Nenê, que aciona Everton e este serve Diego Souza aparecendo pela direita para completar.

No contragolpe do primeiro gol, Nenê aciona Everton, que vai servir Diego Souza aparecendo do lado oposto. Na imagem, Araruna chega por trás porque estava mais próximo dos volantes que dos companheiros do setor ofensivo (reprodução Premiere).

Aguirre é adepto do rodízio e das mudanças táticas de acordo com o adversário e dependendo do contexto. Mas pode usar  mais vezes Araruna ou outro jogador como o “ponta-volante” que equilibra o time e distribui melhor as peças em campo.

(Estatísticas: Footstats)

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Ventura? Itália brinca com a sorte e pune geração nem tão fraca assim http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/14/ventura-italia-brinca-com-a-sorte-e-pune-geracao-nem-tao-fraca-assim/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/14/ventura-italia-brinca-com-a-sorte-e-pune-geracao-nem-tao-fraca-assim/#respond Tue, 14 Nov 2017 11:44:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3693

Foto: Divulgação/FIGC

A Itália não tem uma geração talentosa para duelar com a renovada Espanha por uma vaga na Copa do Mundo. Mas não precisava de tanto assim para superar uma Suécia sem Ibrahimovic na repescagem das eliminatórias.

Buffon na meta, uma defesa experiente, Jorginho e Verratti no meio-campo e bons nomes como Bernardeschi, Belotti e Insigne na frente. Mais que suficiente para colocar a Azzurra em mais uma Copa do Mundo. O que aconteceria na sequência dependeria do sorteio e de como a seleção chegaria à Rússia.

Em 2010 chegou na África do Sul em crise. No Brasil em 2014, o calor e o grupo complicado, com a surpreendente Costa Rica terminando na liderança, frustraram os planos.

Mas há uma referência mais recente que mostra que a crise não deveria ser tão feia: a Eurocopa 2016. Da grande atuação contra a então envelhecida Espanha e do belo duelo tático contra a Alemanha nas quartas-de-final. Perdendo apenas nos pênaltis para a atual campeã mundial. Há pouco mais de um ano, com praticamente os mesmos jogadores. E Antonio Conte no comando técnico.

Eis o ponto de desequilíbrio. Ainda que a saída do treinador para o Chelsea tenha sido traumática, a escolha do sucessor não podia ter sido tão aleatória. Giampiero Ventura, aos 69 anos, assumiu a seleção quatro vezes campeã mundial com a seguinte sequências de times no currículo nos últimos dez anos: Verona, Pisa, Bari e Torino.

Com todo respeito que essas equipes merecem, principalmente a história do clube de Turim, é muito pouco para o peso do cargo. Ainda que se compreenda a lógica diferente na Europa, na qual os melhores treinadores trabalham em clubes e não nas seleções, a federação italiana foi, no mínimo, infeliz. Com um Maurizio Sarri ali tão perto…

O resultado prático foi uma seleção armada num 4-4-2 com jeito de 4-2-4, com o meio-campo esvaziado logo diante da Espanha de Busquets, Isco, Iniesta, David Silva.. Se não há tantas opções de qualidade é obrigatório fazer o simples: organização e eficiência nas transições, defensivas e ofensivas. O que a Itália ensinou para o mundo e virou sua marca, até um clichê para falar do futebol praticado no país. Difícil entender.

Na decisão contra a Suécia no San Siro, a escolha de Immobile, um atacante de velocidade que precisa de espaço para receber às costas da retaguarda, para enfrentar uma equipe com sistema defensivo posicionado na maior parte do tempo para administrar a vantagem mínima construída no jogo de ida. Nos minutos finais, a imagem patética do volante De Rossi apontando para Insigne, talvez o mais talentoso atacante, como o jogador que deveria entrar e não ele. Apenas mostrando o óbvio.

É claro que, ainda assim, era possível fazer dois gols nos suecos em Milão e ao menos garantir o básico. Mas a Itália brincou com a sorte ao escolher Ventura. Agora paga com as lágrimas de Buffon, que não merecia se aposentar com tamanha decepção, e um dos grandes vexames de sua história. Repetindo o insucesso de 1957 ao perder a vaga para o Mundial da Suécia para a Irlanda do Norte e superando o papelão da constrangedora eliminação para a Coréia do Norte na Copa de 1966.

Vão falar em “geração fraca”, crise no Calcio e outras teses apocalípticas. Mas a liga, apesar do domínio da Juventus, tem mostrado evolução no futebol jogado, não só por causa dos estrangeiros. Basta ver o Napoli para notar que os conceitos mais atuais do jogo estão presentes. O erro maior foi a falta de cuidado e respeito com a própria história na hora de definir quem lideraria um dos maiores patrimônios do futebol mundial à beira do campo. Pecado mortal.

 

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