leandrodamiao – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Resultado ruim para Santos e Internacional empatados em erros e virtudes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/22/resultado-ruim-para-santos-e-internacional-empatados-em-erros-e-virtudes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/22/resultado-ruim-para-santos-e-internacional-empatados-em-erros-e-virtudes/#respond Tue, 23 Oct 2018 01:32:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5400 Ricardo Marques Ribeiro quase sempre protagoniza arbitragens confusas e marcadas pela vaidade de ser o centro das atenções. A demora de oito minutos para anular o gol de Leandro Damião, apesar da dificuldade de interpretar o passe de Victor Cuesta ou desvio (ou falta) de Carlos Sánchez dentro ou fora da área, foi constrangedora. E pior: errou. Se o uruguaio do Santos não tocou na bola para configurar o impedimento, então foi falta. Ou pênalti.

A arbitragem foi o ponto fraco de um jogo divertido e com bons momentos, mas o empate em 2 a 2 no Beira-Rio não foi interessante para ninguém. Menos mal para o Santos, que somou um ponto e está a três do Atlético Mineiro para chegar ao G-6, metade plausível do clube paulista no Brasileirão.

As equipes de Odair Hellmann e Cuca alternaram o domínio e foram semelhantes em erros e virtudes. Santos no 4-2-3-1 com Sánchez aberto à direita, Rodrygo por dentro atrás de Gabriel Barbosa e Bruno Henrique pela esquerda. Diego Pituca mais recuado qualificando a saída de bola. No contragolpe em velocidade, passe de Sánchez e chute do “Gabigol” no travessão. O melhor ataque do primeiro tempo.

O Internacional ganhou posse e cadência com D’Alessandro no lugar de William Pottker no mesmo 4-1-4-1. O argentino casa melhor as características com Damião na referência, Nico López circulando pelos flancos com técnica e inteligência e Edenilson e Patrick infiltrando. Muita mobilidade e sintonia cada vez maior.

Times com bom volume ofensivo, mas sem consistência defensiva nem capacidade de controlar o jogo negando espaços quando o placar e o cenário eram favoráveis. Especialmente os donos da casa, que estiveram duas vezes à frente no placar.

Passe de Fabiano, Edenilson apareceu pela direita e finalizou. Luiz Felipe salvou sobre a linha e Damião completou. Gabigol empatou em chute característico de canhota com efeito tirando de Marcelo Lomba. 15º do artilheiro da competição. Na segunda etapa, o alvinegro praiano se empolgou com a chance de virar, cedeu espaços e, num contragolpe de manual, López serviu Patrick.

Quando a vitória que levaria o Inter à vice-liderança parecia encaminhada, um festival de trapalhadas de Fabiano no rebote de Lomba terminou no gol contra que tirou os dois pontos que o Colorado contava para se enfiar entre Flamengo e Palmeiras e ter a chance de se aproximar de vez da ponta da tabela em caso de vitória rubro-negra no duelo de sábado no Maracanã. Ainda assim, segue muito na briga. Até pela recuperação no desempenho.

Disputa com 13 finalizações do Inter, nove no alvo. Santos com 52% de posse, apenas seis finalizações, porém metade no alvo e uma nas redes. Volume contra eficiência. Mas pouco valeram os 56 passes certos em 60 de D’Alessandro e as quatro finalizações do Gabigol, três na direção da meta de Lomba.

Empate tão frustrante quanto a longa espera para um árbitro se exibir em rede nacional circulando pelo campo até tomar uma decisão. Tão infeliz quanto a noite dos times.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Corinthians desconcentrado é mais preocupante que derrota para o Inter http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/27/corinthians-desconcentrado-e-mais-preocupante-que-derrota-para-o-inter/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/27/corinthians-desconcentrado-e-mais-preocupante-que-derrota-para-o-inter/#respond Sun, 27 May 2018 21:38:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4644 Uma derrota para o Internacional no Beira-Rio não é nada desesperador, mesmo no atual momento do Colorado e sem D’Alessandro. A transição de Fabio Carille para Osmar Loss, mesmo dentro de uma mesma linha de trabalho, também não é simples, automático.

Junte a isso as ausências de Cássio, Fagner e Rodriguinho, além do volante Gabriel, e temos um cenário complexo para o Corinthians que pareceu menos complicado na bela assistência de Romero para Mateus Vital logo aos quatro minutos de jogo.

O time de Odair Hellmann, porém, acabou paradoxalmente criando um problema para a retaguarda corintiana por conta de suas próprias limitações. Sem criação no meio, os ataques do time da casa se limitavam aos cruzamentos na área procurando Leandro Damião. Foram 44 no total.

Explorando uma fragilidade da equipe desde a queda de produção no returno da edição 2017. A bola aérea vem sendo um problema para a retaguarda corintiana. As oportunidades criadas dentro das 17 finalizações e dos 60% de posse de bola construíram um domínio que manteve o Inter no ataque e foi minando as forças corintianas. Também porque o time paulista se entrincheirou cedo demais para quem não tem a solidez de outros tempos.

Pagou no gol de Damião, que podia ter marcado o segundo em vacilo de Henrique. A virada no final que parecia improvável pelo cansaço do times saiu na falha de Mantuan que tirou o goleiro Walter da jogada e facilitou o trabalho de Rossi.

Faltou concentração no lance. Também na partida como um todo. E aí está um motivo de preocupação para Loss. A grande marca desta trajetória vitoriosa é justamente a capacidade de minimizar erros. Na defesa concedendo poucas oportunidades e na frente sendo preciso, mesmo quando poucas chances são criadas.

Na derrota para o Millonarios, o pecado maior foi na frente, não transformando as 20 finalizações em gols. Menos danoso por conta da primeira colocação do grupo garantida. Agora na defesa, impedindo a ascensão na tabela que dividiria a liderança com o Flamengo. Nada para condenar o jovem lateral, mas um sinal de alerta.

Oscilar é normal. Perder um pilar da identidade vencedora dos últimos anos pode ser trágico.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Tempo será maior aliado do Internacional. Primeira impressão não é boa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/19/tempo-sera-maior-aliado-do-internacional-primeira-impressao-nao-e-boa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/19/tempo-sera-maior-aliado-do-internacional-primeira-impressao-nao-e-boa/#respond Fri, 19 Jan 2018 11:13:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4023 Volta da Série B sem título, treinador sem “grife” e, portanto, estofo para manter alguma estabilidade num revés de maior impacto. O elenco não contou com grande reformulação por conta de dificuldades financeiras. Para aumentar a irritação da torcida, 2017 foi de tricampeonato da Libertadores para o rival Grêmio.

Se em outros anos, especialmente, 2016, o campeonato gaúcho mais iludiu que trouxe soluções para o Internacional, desta vez pode funcionar como um aliado. Para ganhar tempo.

Tempo para assimilar a proposta de Odair Hellmann que foi interino após a saída de Guto Ferreira e acabou efetivado com as recusas de Roger Machado e Abel Braga. Jogos para vencer e ganhar confiança, mesmo sem um desempenho consistente, como no triunfo por 1 a 0 sobre o Veranópolis na estreia oficial da temporada no Beira-Rio. Uma sequência de trabalho para reavaliar o elenco, podendo ir ao mercado ou buscar nas divisões de base – o Inter é semifinalista da Copa São Paulo depois de golear o Santos por 4 a 0.

A primeira impressão não é boa, mesmo considerando o pouco tempo de preparação. A equipe ainda encontra dificuldades para criar espaços no campo adversário, como quer o treinador numa proposta valorizando a posse de bola. O 4-2-3-1 tem D’Alessandro, ídolo mas já na reta final de carreira aos 36 anos, como articulador central. Eventualmente procurando o lado direito para fugir da pressão mais intensa na marcação. Camilo atua como um meia aberto à esquerda procurando o centro para articular ou finalizar. Vem faltando o passe diferente, que encontra o companheiro em condições de finalizar.

O Internacional sempre vai melhor quando acelera. Pelos flancos com William Pottker, autor do gol único em contragolpe veloz. Ou com Edenílson, que leva a equipe ao ataque conduzindo a bola. Rodrigo Dourado até tem bom passe, mas não é exatamente o volante organizador que faz o time jogar. Na dificuldade, saída pelas laterais com Cláudio Winck e Uendel, o que não garante qualidade na transição ofensiva. Ou ligação direta procurando Leandro Damião, que é finalizador e contribuiu pouco no trabalho de pivô.

Ou seja, é um time vivendo um paradoxo: quer a bola para controlar o jogo, mas funciona melhor explorando os espaços deixados pelos adversários. Para mudar é preciso trabalho e tentar combinar as características dos atletas com o modelo de jogo escolhido.

Roger, contratado ao Botafogo, deve funcionar melhor a médio prazo. Assim como a habilidade de Wellington Silva, que veio do Fluminense, pode abrir defesas fechadas com dribles. Nico López é a opção para quando D’Alessandro cansa, mas também pode funcionar como “falso nove”.

Não é de todo ruim, mas também não parece o suficiente para o Inter voltar forte à Série A do Brasileiro. O tempo será o maior aliado até abril para ganhar equilíbrio e resgatar em campo o respeito por um gigante do futebol brasileiro.

 

 

 

 

]]>
0
Há 40 anos, a paciência foi de ouro para o Flamengo. Vale o mesmo agora http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/11/ha-40-anos-a-paciencia-foi-de-ouro-para-o-flamengo-vale-o-mesmo-agora/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/11/ha-40-anos-a-paciencia-foi-de-ouro-para-o-flamengo-vale-o-mesmo-agora/#respond Sun, 11 Jun 2017 23:35:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2805

Foto: Acervo O Globo

Em 1977, o estadual tinha o mesmo peso, ou até maior, que o campeonato brasileiro na temporada. O Flamengo tinha nova diretoria, com Márcio Braga em seu primeiro mandato no clube. Liderando a FAF – Frente Ampla pelo Flamengo. Na época vista por muitos rubro-negros como pessoas que entendiam muito de Direito, Televisão e Marketing, mas nada de futebol.

Contava também com uma geração promissora e um jovem treinador: Claudio Coutinho, em sua primeira experiência no comando de um time profissional. Mas que não conseguia um título desde o Carioca de 1974. Na final da Taça Guanabara de 1976, derrota nos pênaltis. Com Zico desperdiçando sua cobrança.

Bicampeonato da máquina do Fluminense armada por Francisco Horta. No ano seguinte, nova derrota na disputa das penalidades. No segundo turno. Como o Vasco vencera também o primeiro, ficou com o título. Desta vez, o vilão foi Tita, então um garoto com potencial que entrara exatamente para participar da disputa de pênaltis.

Depois da partida, o grupo se encontrou em um bar para demonstrar união, apoiar Tita e firmar um pacto de vitórias. Os conselheiros que tomaram conhecimento da reunião criticaram os jogadores, como se eles fossem indiferentes ao sofrimento da torcida, que pressionou por mudanças.

Agora é simples imaginar que era mais fácil apoiar aqueles jogadores talentosos. Na época, só Zico e alguns poucos foram poupados. Talvez hoje fossem lançados à fogueira como “amarelões”, “pipoqueiros” ou “time sem vergonha”. E lembre-se: o clube na época não tinha sequer um título nacional, mesmo antes de 1971.

A diretoria manteve elenco e treinador, avaliou o trabalho como bom e que era questão de tempo, tranquilidade para trabalhar e reforços pontuais para que os resultados aparecessem. O resto está na história como a fase mais vencedora e marcante do time mais popular do país.

Corte para 2017. Não há um Zico vestindo a camisa dez. Nem uma geração vinda da base tão talentosa. Mas está lá uma diretoria que revolucionou o clube, saneando finanças e mudando a imagem de mau pagador. Que pecou por decisões no futebol, algumas intempestivas, seguindo os humores da torcida.

Massa que hoje tem vários canais para se manifestar. Mas continua resultadista, imediatista, instável. Com três vitórias seguidas é o melhor time da galáxia; em caso de derrota, todos devem ser demitidos, do presidente ao funcionário mais humilde. Os surtos foram para as redes sociais. Do “cheirinho” ao “Fora todo mundo!”

A eliminação na Libertadores instaurou um clima de caos, logo depois da conquista estadual que criou uma ilusão de “melhor elenco do Brasil”, favoritíssimo a todos os títulos. A confiança se dissolveu e jogadores marcados, como Muralha, Rafael Vaz e Márcio Araújo passaram a errar demais.

O time segue organizado, mas não tem coragem para arriscar. Pior, joga com medo. De errar, de ser perseguido por uma turba insana. Isso tudo com desfalques, os últimos Trauco e Guerrero, a serviço da seleção peruana. Não há relativização de mais nada.

A derrota para o Sport com má atuação foi tratada como o fim dos tempos. A diferença em relação a do ano passado, na abertura do returno, foi um gol a mais do time pernambucano. Talvez com desempenho abaixo daquela vez. Mas o time disputava a liderança, então foi logo esquecida.

Agora há Donatti para voltar, Conca e Everton Ribeiro e Rhodolfo para estrear e ainda a possibilidade de contratar Geuvânio. Rafael Vaz foi barrado, agora Muralha perdeu a vaga para Thiago. Sobra Márcio Araújo, que segue jogando para compensar com velocidade as suas próprias limitações e a lentidão dos zagueiros e dos concorrentes na função.

Contra o Avaí, novamente faltou confiança. Mas mesmo na casa do adversário a equipe teve mais posse de bola (55%) e as mesmas dez finalizações do adversário na Ressacada. Uma a mais no alvo. Novamente sofreu um gol por falhas individuais – Leandro Damião que perdeu a bola, Juan que errou na tática de impedimento e deu condições a Romulo para abrir o placa.

Podia ter saído derrotado por conta do pênalti absurdo de Everton em Diego Tavares que a arbitragem confirmou, depois voltou atrás – mais um caso de acerto que deixou a nítida impressão de ter sido influenciado por uma interferência externa, de quem viu a imagem e notou que não houve a infração. Novo erro em uma regra que já devia ter sido alterada para minimizar os equívocos.

O Flamengo teve chances com Mancuello e Vinicius Júnior para ir às redes. Empatou com um golaço de bicicleta do mesmo Damião, que deixou a equipe em um dilema: se habituou, na ausência de Diego, a trabalhar ofensivamente a partir do pivô de Guerrero. Agora teve a volta do meia, que já mostrou mais desenvoltura, mas Damião tem dificuldades para dar sequência às jogadas. É atacante do último toque.

Zé Ricardo foi infeliz na troca de Vinicius Júnior, irregular entrando de início, por Filipe Vizeu. A equipe perdeu o lado direito, com e sem a bola. Tentou corrigir no final com Ederson na vaga de Damião. Mas teve a chance de uma vitória fora de casa. Com uma sequência que está por vir no Rio de Janeiro e um elenco mais encorpado em breve.

Ou seja, há lastro de evolução. O Flamengo de Zé Ricardo continua sendo uma equipe que perde pouco. Precisa de mais criatividade e efetividade na frente e segurança atrás. Questão de ajuste, algum tempo para treinar – inviável em junho, com rodadas de três em três dias – e peças mais qualificadas.

Acima de tudo, uma questão de paciência. Sem se deixar seduzir pela solução mais fácil: o “fato novo” que sempre é demitir o treinador. Às vezes funciona, como em 2007 na troca de Ney Franco por Joel Santana. Da zona de rebaixamento à vaga na Libertadores. Na maioria das vezes, porém, é uma solução de curtíssimo prazo. Dura o tempo da “chacoalhada” no elenco.

É a chance de fazer diferente. Não com conformismo, mas cobrando no tom certo. Sem apocalipse ou megalomania. Avaliando o trabalho e acertando internamente. Sem alarde, nem populismo. Há quatro décadas, a paciência foi de ouro para o Flamengo. Vale o mesmo agora.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

]]>
0
Damião e Diego: obsoletos na Europa, mas ainda podem funcionar no Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/07/15/damiao-e-diego-obsoletos-na-europa-mas-ainda-podem-funcionar-no-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/07/15/damiao-e-diego-obsoletos-na-europa-mas-ainda-podem-funcionar-no-brasil/#respond Fri, 15 Jul 2016 11:53:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=1170 Leandro Damião já se apresentou e vestiu a camisa rubro-negra. Diego Ribas negocia saída do Fenerbahçe e, no Brasil, quer jogar no Flamengo.

Investimentos de um clube que ganha fôlego com austeridade financeira, mas não vem sendo feliz nas decisões tomadas no departamento de futebol. Embora a efetivação de Zé Ricardo como treinador, mesmo tardia, tenha sido um acerto.

A contratação confirmada e a possível aquisição são apostas. Caras, mas dentro do orçamento do clube. Se Emerson Sheik e Guerrero deixarem o elenco, o custo da folha segue praticamente o mesmo. Dois tiros considerados certos, no vácuo do atraso de salários no Corinthians, foram na água.

Agora a crença em Damião. Centroavante formado na várzea, sem o burilamento das divisões de base. Explosão no Internacional, artilharia nas Olimpíadas, aval de Ronaldo Fenômeno como sucessor na seleção. Lambreta no Clássico das Américas. Ficou valioso no mercado, quase foi parar no Tottenham, virou contratação milionária no Santos quando já estava em queda no time gaúcho.

Caiu de produção porque passou a ser estudado e marcado como um atacante com seu status. Aí faltaram os recursos que deviam ter sido trabalhados na base. A técnica, o desmarque, a leitura de jogo, o ataque no espaço vazio. Por isso o fracasso no Real Betis. No mais alto nível, camisas nove como Damião estão em extinção.

A Eurocopa mostrou que o típico centroavante, como Mario Gomez e Giroud, precisa ter mobilidade. Usar o corpo na proteção e no pivô, mas girar rápido, sair para os lados, chamar lançamento às costas da defesa adversária mais adiantada. Ser inteligente e adaptável.

No Brasil que vai caminhando como pode no jogo de compactação e marcação por zona, Damião ainda pode funcionar. No Flamengo, como o finalizador de no máximo dois toques. Completando as jogadas pelos flancos – Rodinei e Cirino à direita, Jorge e Everton ou Fernandinho do lado oposto – ou fazendo parede para as chegadas de Arão e Alan Patrick ou Mancuello.

No Flamengo, Leandro Damião pode ser o centroavante de, no máximo, dois toques na bola. Finaliza as jogadas pelos flancos ou prepara para quem chega de trás (Tactical Pad).

No Flamengo, Leandro Damião pode ser o centroavante de, no máximo, dois toques na bola. Finaliza as jogadas pelos flancos ou prepara para quem chega de trás (Tactical Pad).

Ou Diego Ribas. DNA do típico camisa dez brasileiro do início dos anos 2000. O meia central no 4-2-3-1 do Santos campeão brasileiro que nem Emerson Leão sabia explicar o funcionamento. Mas deu liga e às vezes fez mágica. Também funcional como a ligação com o ataque na ponta de um losango. O que os italianos chamam de “trequartista”.

No Santos campeão brasileiro de 2002, Diego, com 17 anos, era o meia central do 4-2-3-1. Talentoso, mas nunca vingou na Europa pela inconstância e por conta da falta de senso coletivo (Tactical Pad).

No Santos campeão brasileiro de 2002, Diego, com 17 anos, era o meia central do 4-2-3-1. Talentoso, mas nunca vingou na Europa pela inconstância e por conta da falta de senso coletivo (Tactical Pad).

Não foi na Juventus. Nem conseguiu responder como esperado na Alemanha, Espanha, Turquia e seleção brasileira. Primeiro pela irregularidade combinada com as altas expectativas. Talentoso, viveu de lampejos, alguns golaços. Sem consistência, porém.

Quando o futebol mudou, seu estilo de dominar e girar para, de frente para a marcação, conduzir e só depois pensar perdeu tempo e espaço. Diego não soube se reinventar circulando pelos flancos como, por exemplo, Ozil e James Rodríguez. Nem recuou como Toni Kroos. No Fenerbahçe perdeu espaço e a paciência da torcida. É visto como individualista, exatamente porque precisa de muitos toques na bola antes de fazê-la circular como um facilitador, exigência dos meias atuais. Ficou obsoleto.

No Brasil, o jogo tem intensidade. Mas a ocupação dos espaços ainda é um tanto descoordenada. Os zagueiros recuam instintivamente e deixam brechas às costas dos volantes. No primeiro gol de Filipe Vizeu contra o Atlético-MG no Mané Garrincha, Mancuello teve liberdade para receber entre as linhas e, nas costas do zagueiro que saiu vendido, servir o centroavante. Buraco que Diego pode aproveitar muito bem. Em qualquer time brasileiro.

O Flamengo quer seus serviços, para abastecer Damião. Futuro incerto de uma dupla que falhou na Europa, mas que pode funcionar no retorno ao país de origem. A conferir.

 

]]>
0