leoduarte – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Um olhar cético sobre Jorge Jesus na véspera da estreia pelo Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/09/um-olhar-cetico-sobre-jorge-jesus-na-vespera-da-estreia-pelo-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/09/um-olhar-cetico-sobre-jorge-jesus-na-vespera-da-estreia-pelo-flamengo/#respond Tue, 09 Jul 2019 20:59:23 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6841

Foto: Nathália Almeida/90min

A saída de Abel Braga do comando técnico do Flamengo se mostrou necessária, principalmente porque o trabalho não apresentava margem de evolução, mesmo com resultados satisfatórios dentro do planejamento do clube: título carioca, classificação para as oitavas da Libertadores como líder do seu grupo, vaga encaminhada nas quartas de final da Copa do Brasil e campanha aceitável no Brasileiro, considerando que haveria uma pausa durante a Copa América.

Mas, a rigor, era um time inconstante, que tinha como proposta, ao menos no início, definir mais rapidamente as jogadas aproveitando o campo cedido pelo adversário ao recuar as linhas. Valorizar menos a posse de bola e ser mais contundente no ataque. No entanto, a defesa sofria mesmo diante de times fracos, como os de menor investimento no Rio de Janeiro, e o treinador veterano, apesar do controle do vestiário, não conseguia tirar o melhor das estrelas contratadas para a temporada 2019.

Chega Jorge Jesus. Iniciativa arrojada da diretoria, trazendo um treinador português que conhecia o futebol brasileiro apenas como admirador da qualidade técnica dos jogadores e espectador das competições nacionais, mesmo nas madrugadas de Lisboa. Mas que vai tomar contato de fato só agora, vivenciando as agruras de um calendário inchado e as incertezas dentro de um cenário de enorme equilíbrio de forças e a imprevisibilidade no mata-mata.

Tudo isso temperado com muita pressão. Interna pela necessidade de um título para a nova diretoria que foi alvo de críticas por, em um primeiro momento, aceitar e avalizar declarações polêmicas de Abel. Também por conta da emissão de notas oficiais estapafúrdias e escorregar na própria comunicação. Sem contar o caso do incêndio em instalações do Ninho do Urubu que vitimou dez jovens no início do ano e até agora segue sem solução que ampare de fato as famílias.

Ainda uma torcida desesperada por uma conquista relevante para calar as provocações dos rivais locais e interestaduais, especialmente o “cheirinho” que virou galhofa. Mais os críticos da demissão do antecessor e aqueles que se apavoram toda vez que um estrangeiro chega para comandar um time de grande popularidade.

Diante de todo esse cenário é necessário um olhar cético para as possibilidades do time rubro-negro na temporada. Mesmo considerando a opção por Jorge Jesus válida e até necessária, pensando na evolução do futebol jogado no país.  Porque há algumas ações neste período sem jogos que merecem atenção especial, já pensando no momento em que a sequência de partidas será intensa e não haverá tempo para treinamentos.

Jorge Jesus avaliou o elenco como desequilibrado e pediu um zagueiro para atuar pelo lado esquerdo, um meio-campista dinâmico pensando na função de meia central na linha de três dentro da execução do 4-1-3-2 que vem sendo treinado. Também um centroavante mais típico para atuar como referência. Mais a possibilidade de repatriar Filipe Luís e qualificar também a lateral esquerda.

Ninguém chegou até agora e a temporada vai recomeçar. Com o jogo decisivo contra o Athletico pela Copa do Brasil já na quarta-feira. Léo Duarte e Rodrigo estarão em campo formando a zaga, Diego Ribas no papel desgastante de auxiliar o volante na marcação por dentro e ainda a missão de municiar os atacantes, além de se apresentar para as finalizações. Será que o meia suporta tantas atribuições em uma reta final de carreira? Na frente segue a dupla Bruno Henrique-Gabriel Barbosa.

Ou seja, no momento em que as possíveis contratações se apresentarem não haverá tempo para adaptação e entrosamento. A entrada no time será a forceps, com outras decisões pelo caminho. Como o confronto com o Emelec pela Libertadores no final do mês. É claro que o elenco, já com Rafinha integrado, tem condições de superar esses primeiros obstáculos, mas é inegável que há um atraso dentro do planejamento da comissão técnica.

A proposta de jogo exige intensidade máxima, principalmente na pressão logo após a perda da bola. Muita concentração e um desgaste mental tão grande quanto o físico. Até pela reunião de jogadores técnicos, mas pouco acostumados, ao menos no Brasil, com tamanha dedicação sem a bola. Jorge Jesus está testando seus novos comandados dentro de um período só de treinamentos. Fica a dúvida quanto a dura sequência de partidas em meio às viagens, muitas delas cruzando um país continental.

E se os resultados não forem os esperados, o treinador agora elogiado por seu temperamento forte, liderança e energia,interferindo até na estrutura do centro de treinamento, certamente será questionado. E ninguém sabe exatamente como repercute no vestiário as broncas públicas, como o “tá mal, Arão!” que se ouviu na Gávea durante o jogo-treino contra o Madureira. Willian Arão e seus companheiros já demonstraram em outros momentos claro incômodo com críticas e cobranças internas e um certo gosto pelo paternalismo. Por enquanto, Jesus tem respaldo total, mas como será em outro contexto?

Por tudo isso é recomendável um pouco de cautela nesta véspera de estreia oficial do novo comandante. Apesar da euforia de uma torcida sempre otimista a cada mudança, em um eterno “agora vai!” Ninguém sabe como será quando a calmaria dos últimos dias sem competições virar a panela de pressão que é o Flamengo querendo transformar a capacidade de investimento em conquistas relevantes. A missão de Jesus não é simples. Por enquanto a salvação está apenas no sobrenome.

 

]]>
0
Flamengo de Dorival faz mais gols com menos cruzamentos e finalizações http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/13/flamengo-de-dorival-faz-mais-gols-com-menos-cruzamentos-e-finalizacoes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/13/flamengo-de-dorival-faz-mais-gols-com-menos-cruzamentos-e-finalizacoes/#respond Sat, 13 Oct 2018 23:16:39 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5352 Desde o início do Fla-Flu no Maracanã estava claro que o lado forte ofensivamente do time rubro-negro seria o esquerdo, com Renê, Lucas Paquetá e Vitinho para cima de Mateus Norton, volante tricolor improvisado na direita substituindo o suspenso Léo, titular depois da lesão de Gilberto.

Marcelo Oliveira tentou compensar abrindo Marcos Júnior no setor para auxiliar e Ibañez na cobertura. Um 3-4-2-1 que até começou bem, com finalização de longe de Luciano, aproveitando falha de Rever que proporcionou o contragolpe.

Mas depois o time de Dorival Júnior dominou inteiramente o primeiro tempo. Posse de bola, volume de jogo e intensidade na marcação em contraste com a postura passiva do rival. Criou chances, teve posse girando em torno de 60% – terminou os primeiros 45 minutos com 58%.

Finalizou 11 vezes, quatro no alvo. Mas gols apenas nas jogadas aéreas. Duas assistências de Vitinho, novamente um dos destaques. A primeira na jogada característica, cortando para dentro e levantando com efeito. Para Uribe desviar, a bola bater no zagueiro Digão e sair do alcance de Julio César. Depois a cobrança de escanteio pela direita que passou por Réver e encontrou Léo Duarte.

Dez cruzamentos, sete corretos. No total foram 21, nova certos. Menos que a média total de 24 e quase o dobro dos cinco que encontram os companheiros. Melhora também na relação finalização/gol: 15 nos 90 minutos, seis no alvo. Três gols. Uma a cada cinco. Contra o Corinthians, também três gols em 12. Quatro conclusões para ir às redes.

Eficiência que Uribe enfim demonstrou com a camisa do Fla: três finalizações, todas na direção da meta de Julio César, duas nas redes. A última um tanto atabalhoada, mas aproveitando de novo um ataque pela esquerda. Mesmo com Marcelo Oliveira trocando no intervalo Mateus Norton por Danielzinho, deslocando Jadson para a ala direita.

Depois os rubro-negros controlaram o jogo, ganharam velocidade nos contragolpes com a entrada de Berrío na vaga de Everton Ribeiro. Rever, contundido, já havia saído para a entrada de Rhodolfo e Dorival trocou Uribe por Rômulo para reforçar a marcação no meio.

Também para dar um refresco para Willian Arão, que levou cartão amarelo por falta dura em Ayrton Lucas e flertou com o vermelho na segunda etapa. O volante até apareceu como opção pela direita e por dentro em alguns momentos, entrando no espaço certo, mas errou demais nas finalizações.

Destoou na boa atuação coletiva do Fla. Mostrando evolução além do “fato novo” na mudança de treinador. Até aqui, a melhora no desempenho é reflexo também do tempo maior para treinamentos. Os cruzamentos não são a esmo, as finalizações não são tão truncadas. Há mais fluência nas ações ofensivas.

Dorival vai corrigindo deficiências, dando confiança a jogadores desacreditados. Fazendo o Flamengo sonhar com uma arrancada na reta final do Brasileiro.

(Estatísticas: Footstats)

 

]]>
0
Jogaço no Mineirão deixa lições importantes para Cruzeiro e Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/30/jogaco-no-mineirao-deixa-licoes-importantes-para-cruzeiro-e-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/30/jogaco-no-mineirao-deixa-licoes-importantes-para-cruzeiro-e-flamengo/#respond Thu, 30 Aug 2018 03:14:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5141 Ao escalar titulares no empate com o América no Brasileiro parecia que o Flamengo tinha jogado a toalha na Libertadores, estabelecido as outras competições como prioridades e poderia até poupar titulares no Mineirão.

Engano. A única mudança de Maurício Barbieri foi uma experiência para tentar compensar a grave carência no centro do ataque: Marlos Moreno na vaga de Henrique Dourado, mas com Vitinho atuando mais adiantado no 4-1-4-1. Complicado testar em uma partida decisiva, mas o jogo mostrou ser absolutamente compreensível.

O fato é que mesmo com a vitória por 1 a 0 e a bela atuação coletiva, falta “punch” ao time rubro-negro. Termo que vem do boxe que significa a capacidade de encaixar golpes e derrubar o oponente. É uma equipe que precisa de muito volume de jogo e posse de bola para finalizar e muitas conclusões para ir às redes.

Tentou com Vitinho na frente e no final com Dourado e mais Lincoln e Geuvânio. Foram nove finalizações, mesmo com 58% de posse. Apenas duas no alvo. Gol só na bola parada, com Léo Duarte. Novamente o ataque ficou devendo. Foi o que pesou.

Melhor para o Cruzeiro, que deve lamentar a derrota mais pelas chances cristalinas perdidas. Especialmente de Barcos e Thiago Neves. Pararam em Diego Alves. Difícil entender a opção por Barcos deixando Raniel na reserva. Foram apenas oito finalizações, três no alvo. Mesmo considerando o contexto da vantagem obtida no Maracanã, a atuação no aspecto ofensivo ficou devendo.

Já defensivamente, no 4-2-3-1 habitual, mais uma vez foi sólido e organizado. Principalmente pela estratégia de pressionar Diego e Lucas Paquetá, meio-campistas que notoriamente prendem a bola e quase sempre precisam dominar e girar para decidir a jogada, assim que a bola chegava. Vários botes certos sobre os dois entre os 25 desarmes corretos do time celeste.

O desempenho geral, porém, é preocupante se pensarmos na reta final da temporada se o time precisar reverter desvantagem em casa. Mano Menezes é pragmático e tem a conquista da Copa do Brasil no ano passado como crédito, mas aconteceu também contra o Santos no torneio nacional, só decidindo nos pênaltis. Flertar com o perigo constantemente pode terminar bem mal.

Já a trajetória do Fla na competição sul-americana termina sem grandes traumas, mas deixando claro novamente que depende demais dos titulares. Faltou Paquetá no Maracanã e o desempenho caiu vertiginosamente. O elenco não consegue encontrar respostas no mais alto nível.

O saldo final é de copo meio cheio para ambos. O Cruzeiro pelo resultado, o Flamengo pelo desempenho considerando que a expectativa por classificação era baixa. Mas o jogaço deixa lições e exige atenção para tentar finalizar 2018 com algum título.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
A inteligência por trás da liderança do Flamengo no Brasileirão http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/a-inteligencia-por-tras-da-lideranca-do-flamengo-no-brasileirao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/a-inteligencia-por-tras-da-lideranca-do-flamengo-no-brasileirao/#respond Mon, 04 Jun 2018 01:37:10 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4669

Na coletiva depois da vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians no Maracanã, o treinador (ainda) interino Maurício Barbieri dividiu os méritos do triunfo e da manutenção da liderança do Brasileiro com os jogadores pela mudança de atitude, com a torcida pela comunhão com a equipe, com o CEP Fla (Centro de Excelência em Performance) pelo trabalho de recuperação dos atletas para jogos em sequência em um elenco que tem rodado pouco.

Um relato de Barbieri, porém, chamou atenção: “ontem, na véspera do jogo, nós fomos para o campo, mas só marcamos espaços. Os que o Corinthians oferecia, por onde a gente devia jogar. Onde devíamos ter atenção e quais movimentos o adversário fazia. Foi um ensaio sem bola e depois fomos para a sala de vídeo. Fico muito satisfeito e até surpreso com o grau de entendimento deles”.

O Flamengo em vários momentos demonstrou apatia e um certo conformismo nas derrotas. Mas sempre passou a impressão de ser uma equipe que não sabia bem o que fazer em campo para explorar o máximo de seu potencial. Faltava inteligência na montagem do time e, consequentemente, na execução em campo.

Não falta mais. Barbieri conseguiu encontrar o equilíbrio e a melhor combinação das características dos jogadores. Léo Duarte foi um dos destaques do triunfo sobre o atual campeão brasileiro porque é o zagueiro mais rápido do elenco e tem sido preciso na cobertura de Rodinei. O lateral que tem liberdade para descer bem aberto, aproveitando o corredor deixado por Everton Ribeiro que, agora sim, atua como um autêntico ponta armador.

Do lado oposto, a lógica inversa. Vinícius Júnior com sua habilidade fica bem aberto para manter no mínimo um defensor preocupado e espaçando a última linha da retaguarda. Renê então ataca por dentro, muitas vezes criando com Everton Ribeiro, Diego e Paquetá uma superioridade numérica pelo centro dificultando a marcação dos volantes adversários.

Para evitar os espaços às costas dos volantes que costumam ser bem explorados por Jadson e Rodriguinho, Barbieri fixou Jonas à frente da defesa num 4-1-4-1 e negou as brechas aos “falsos noves” corintianos. O sistema defensivo do Fla novamente deixou o campo sem ser vazado. No duelo com o time que tem em sua identidade vencedora nos últimos anos a concentração minimizando erros atrás, os rubro-negros conseguiram se sair melhor. Foram 29 desarmes corretos, quase o dobro em relação ao oponente.

Também pela excelente atuação de Diego. Não fosse um certo destempero exagerando nas reclamações com a arbitragem de Anderson Daronco que podia ter rendido um cartão vermelho além do amarelo que tira o meia do Fla-Flu, o desempenho mereceria até uma nota dez. Liderança, entrega, fibra, disciplina tática. Tudo que demonstrou na maioria das partidas que disputou pelo clube. Mas agora adicionando o essencial para um jogador com a sua função em campo: leitura de jogo e tomada de decisão corretas. Soltando mais rapidamente a bola o rendimento cresceu naturalmente. Foi o melhor em campo. Também o que mais finalizou, comprovando seu futebol mais objetivo.

Mais uma vez, Henrique Dourado destoou. E muito. Acabou deixando o campo no segundo tempo depois de errar um passe simples para Vinicius Júnior em um contragolpe que podia ter sido muito perigoso. Entrou Filipe Vizeu, o autor do gol único. Aproveitando o rebote estranho do goleiro Walter e o vacilo de Mantuan, que deixou o atacante adversário finalizar livre no seu setor. Quem diria…o Fla concentrado aproveitando um erro do Corinthians, o outrora campeão da atenção aos detalhes.

O equilíbrio está também nas estatísticas do campeonato. É o time que mais acerta desarmes e a terceira defesa menos vazada, com apenas seis gols – três contra a Chapecoense, na última derrota quando utilizou mais reservas. Ao mesmo tempo é o quarto em posse de bola e finalizações e o ataque mais positivo, com 16 gols. Defende e ataca.

O Flamengo está no topo da tabela, mas é difícil fazer qualquer projeção. Há muitas incógnitas, como o comportamento de jogadores e do inexperiente treinador em momentos mais complicados na temporada, ainda mais em ano de eleição no clube. Assim como as soluções dentro de um elenco que se mostra curto e não entrega a qualidade que promete, obrigando o treinador a mexer pouco nas peças. E ainda há as dúvidas quanto ao futuro de Vinicius Júnior e também de Paquetá, que já chama atenção de clubes europeus.

Só há uma certeza: se o time está mais intenso e ligado e a torcida está apoiando, toda esta transformação passa pela inteligência. De treinador, comissão e dos jogadores. Um time sem rumo cansa e desiste mais rapidamente. Quando se sabe o que fazer a motivação é natural para executar o planejado. Como Barbieri ensaiou na véspera e os atletas compreenderam. O resto foi consequência no Maracanã.

(Estatisticas: Footstats)

]]>
0