levirculpi – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Clubes demitem técnicos porque falta convicção, não por força dos estaduais http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/23/clubes-demitem-tecnicos-porque-falta-conviccao-nao-por-forca-dos-estaduais/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/23/clubes-demitem-tecnicos-porque-falta-conviccao-nao-por-forca-dos-estaduais/#respond Tue, 23 Apr 2019 10:36:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6356

Foto: Marcelo Theobald/Agência O Globo

Alberto Valentim, Lisca e Mauricio Barbieri. Treinadores demitidos logo após as derrotas de Vasco, Ceará e Goiás, respectivamente, nas finais dos estaduais. Os três clubes se juntam a São Paulo, Atlético Mineiro, Chapecoense, Botafogo e Bahia como os da Série A que mudaram o comando técnico com a temporada chegando ao seu quarto mês.

Relevância dos torneios locais? Nem tanto. Observando caso a caso é possível notar a já habitual falta de convicção na hora de contratar ou manter a comissão técnica para o início do ano.

A começar por Claudinei Oliveira na Chape. “Gratidão” por ter mantido o clube na primeira divisão nacional, mas bastou uma oscilação e a surpreendente eliminação na primeira fase da Sul-Americana para o desconhecido Unión La Calera do Chile para o clube fazer a troca no comando com a chegada de Ney Franco.

O mesmo valeu para Levir Culpi no Atlético, Enderson Moreira no Bahia, Zé Ricardo no Botafogo, Lisca no Ceará e Valentim no Vasco. A direção não se sente segura para mudar de treinador quando é preciso alterar a meta. Então o “bombeiro” de ocasião se transforma em solução para o ano seguinte, muitas vezes sem ter a mesma qualidade para planejar a médio/longo prazo e montar o elenco.

Ainda assim, Levir caiu no Galo mais por conta da goleada sofrida na Libertadores para o Cerro Porteño que deixou o time praticamente sem condições de classificação, Zé Ricardo foi demitido pela eliminação na Copa do Brasil, o mesmo com Enderson na Copa do Nordeste. Já Valentim foi questionado no Vasco não só pelos reveses para o Flamengo, incluindo a final da Taça Rio contra os reservas rubro-negros, mas também por ter sido presa fácil para o Santos no torneio nacional de mata-mata.

Há também as apostas, treinadores escolhidos na base da tentativa e erro, na busca do “moderno”. Como André Jardine no São Paulo e Barbieri no Goiás. Jovens que precisam de respaldo e tempo, mas que entram na roda vida, no “vamos ver se dá certo”. Na maioria das vezes sem avaliar se as características dos atletas encaixam na visão de futebol do novo técnico. Difícil funcionar.

Aos poucos os clubes vão entendendo a necessidade de pensar a temporada e investir em trabalhos a longo prazo. Como os bem sucedidos Mano Menezes no Cruzeiro e Renato Gaúcho no Grêmio. Campeões em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas como partes de projetos mais ambiciosos. Não há outro caminho para quem pode investir.

Os estaduais causam demissões de técnicos porque os dirigentes só conseguem enxergar o jogo seguinte, o imediato. O Athletico bicampeão paranaense com a equipe sub-23 deveria ser referência. Poupa esforços para o que é importante e trata a competição menos relevante como um laboratório.

Em 2018 revelou Bruno Guimarães, Léo Pereira e Renan Lodi, além do técnico Tiago Nunes, sucessor do projeto abortado com Fernando Diniz. Campeões da Sul-Americana e agora destaques do time que enfiou 3 a 0 no Boca Juniors pela Libertadores. Pensando a temporada, não os primeiros meses para depois refazer tudo acreditando no tal “fato novo”.

O Brasileirão começa no fim de semana. Com novidades nos clubes que demitiram, mas também treinadores sustentados pela ilusão de um título que vira questão de honra pela rivalidade local, mas que quase ninguém lembra que conquistou em dezembro. Qual será a próxima vítima da máquina de moer do futebol brasileiro?

 

 

 

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Respeitar demais o rival é virtude e defeito do Cruzeiro de Mano Menezes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/15/respeitar-demais-o-rival-e-virtude-e-defeito-do-cruzeiro-de-mano-menezes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/15/respeitar-demais-o-rival-e-virtude-e-defeito-do-cruzeiro-de-mano-menezes/#respond Mon, 15 Apr 2019 09:36:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6326 Este blogueiro não teria anulado o gol de Fred que decretaria os 3 a 1 do Cruzeiro sobre o Atlético no Mineirão, já que o atacante faz o movimento em disputa com Leonardo Silva no escanteio e a bola apenas desvia na mão. Questão de interpretação em meio às confusas novas orientações que tiram os critérios da análise dos lances. Mas também deixaria de marcar o tiro de canto que terminou no gol de Léo, o da vitória cruzeirense na primeira partida da final estadual. Na disputa entre Fabio Santos e Adilson com Marquinhos Gabriel, último toque do atacante celeste.

Polêmicas de arbitragem à parte, inevitáveis mesmo com o VAR, o que fica do primeiro clássico da decisão e o segundo do ano é que no confronto direto entre os grandes de Minas Gerais o equilíbrio é bem maior do que a diferença entre desempenho e resultados na temporada até aqui.

Méritos do Atlético comandado pelo interino Rodrigo Santana, que se recobrou rápido da goleada sofrida para o Cerro Porteño na Libertadores e a consequente demissão de Levir Culpi cumprindo uma atuação digna, com entrega e a concentração para se organizar minimamente e enfrentar o melhor time do país “da última semana”.

Apesar dos problemas defensivos de Guga pela direita com a lenta cobertura de Leonardo Silva, como no gol de Marquinhos Gabriel com a bola desviando no zagueiro veterano. Também as dificuldades na proteção da defesa do volante Adilson, que acabou expulso, assim como o cruzeirense Rafinha. Deficiências que poderiam ter sido melhor aproveitadas pelo adversário.

Mas o Cruzeiro de Mano Menezes tem o costume de respeitar demais os rivais em jogos grandes. Basta construir uma vantagem mínima no placar para recolher as linhas e tentar controlar a partida negando espaços com linhas compactas. Em 2019, Mano tenta acrescentar um pouco mais de posse de bola para afastar o oponente do campo de defesa, mas sempre perde agressividade, fluência e não resiste à tentação de tentar especular em contragolpes e bolas paradas.

O atual campeão mineiro e bi da Copa do Brasil terminou com 56% de posse e 92% de efetividade nos passes. Doze finalizações, uma a mais que o Atlético, porém quatro no alvo para cada lado. A melhor do Galo, para variar, de Ricardo Oliveira. 12 gols em 15 partidas no ano, média de 0,8 gol por jogo. O camisa nove parece inesgotável, mesmo perto de completar 39 anos.

O empate poderia ter saído na jogada pela direita de Geuvânio, que entrou na vaga do centroavante e serviu Yimmi Chará, mas o colombiano perdeu livre. Sustos demais para um Cruzeiro que segue forte no meio com Robinho auxiliando Henrique e Lucas Romero no combate e na construção. Também conta com Egídio como boa opção nas inversões de bola para os cruzamentos, além da parceria com Marquinhos Gabriel, que evolui a cada jogo. Rodriguinho é sempre perigoso quando pisa na área adversária e se aproxima de Fred, outro experiente em boa forma como finalizador e pivô.

Só faltou um pouco de coragem para tentar encaminhar o título aproveitando a semana complicada do rival. O respeito é sempre saudável, defende o time do “oba oba” e tem mais chances de evitar surpresas desagradáveis. Mas o excesso de cautela pode não derrubar o adversário desnorteado e trazê-lo de volta à disputa. Mesmo com alguns riscos desnecessários, o saldo de Mano tem sido positivo. A conferir no duelo derradeiro no sábado.

(Estatísticas: Footstats)

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Galo e Cruzeiro: finalistas em Minas, separados por abismo na Libertadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/10/galo-e-cruzeiro-finalistas-em-minas-separados-por-abismo-na-libertadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/10/galo-e-cruzeiro-finalistas-em-minas-separados-por-abismo-na-libertadores/#respond Thu, 11 Apr 2019 02:34:03 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6311 A atuação do Atlético Mineiro em Assunção na derrota por 4 a 1 para o Cerro Porteño foi constrangedora. A ponto de deixar Levir Culpi atordoado na coletiva, trocando o nome do adversário por Peñarol e o estadual que disputa – mineiro por gaúcho. Lembrou o Brasil de Felipão nos 7 a 1, sofrendo quatro gols em 13 minutos no primeiro tempo depois de abrir o placar com Ricardo Oliveira.

Time espaçado, com a lenta zaga formada por Leonardo Silva e Igor Rabello sofrendo também por falta de proteção de um meio-campo que define rápido as jogadas em um bate-volta que faz a equipe sangrar quando o adversário é eficiente nos seus golpes. O Cerro do veterano meio-campista Victor Cáceres foi organizado e cirúrgico. Não por acaso chega aos 12 pontos e está classificado para o mata-mata da Libertadores.

Assim como o Cruzeiro, vivendo realidade oposta à do rival e adversário na final do estadual. Equipe com moral pelo bicampeonato da Copa do Brasil e ajustada por conta do trabalho de Mano Menezes desde 2016. Com Fred evoluindo a cada jogo – marcou três nos 4 a 0 sobre o Huracán no Mineirão –  e elenco que ganhou Rodriguinho, Marquinhos Gabriel, Jadson e Dodô para ficar ainda mais qualificado e homogêneo.

Quatro vitórias, oito gols marcados, nenhum sofrido. Por mais que cada grupo no torneio continental tenha o seu contexto, os resultados do time celeste são consequência de um desempenho consistente. Modelo de jogo assimilado, identidade clara e um acréscimo de repertório ofensivo, justamente o que vinha faltando nos últimos anos.

Já o Galo não por acaso está virtualmente eliminado, com três pontos e dependendo de uma derrocada histórica e improvável do Nacional, que tem nove pontos, para sobreviver no Grupo E. A rigor, não apresentou rendimento nem margem de evolução desde as fases preliminares. O estilo “briga de rua” se mostrou insuficiente, ainda mais com tantos atletas acima dos 30 anos.

No clássico, porém, tudo pode se equilibrar. Como no 1 a 1 da primeira fase. Jogo de difícil avaliação pensando nos próximos confrontos por ter sido disputado às 11h da manhã e no início da temporada. Agora só mesmo a tradição e a rivalidade para tornar a disputa mais parelha. Com as oscilações de Flamengo, Grêmio e Palmeiras, o Cruzeiro está sobrando no futebol nacional.

Mas no mundo paralelo das finais de estaduais tudo pode mudar a partir de domingo. Mesmo com os gigantes mineiros separados por um abismo.

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Atlético de Levir está classificado, mas sem “briga de rua” é chato de ver http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/27/atletico-de-levir-esta-classificado-mas-sem-briga-de-rua-e-chato-de-ver/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/27/atletico-de-levir-esta-classificado-mas-sem-briga-de-rua-e-chato-de-ver/#respond Thu, 28 Feb 2019 02:51:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6038 O Atlético Mineiro é o único brasileiro classificado para a fase de grupos da Libertadores depois das etapas preliminares. Superou Danubio e Defensor e entra no Grupo E, com Cerro Porteño, Nacional e Zamora. Acessível, com boas possibilidades de classificação.

Mas o empate sem gols contra o Defensor no Independência lotado depois dos 2 a 0 no Uruguai foi decepcionante. Posse inócua, muitos passes no campo de defesa. Adílson e José Welison na frente da retaguarda e Elias pela esquerda na linha de meias do 4-2-3-1 de Levir Culpi. Uma ou outra infiltração de Fabio Santos no corredor, um chute de Cazares na trave e pouco de Ricardo Oliveira.

O Galo tentou controlar o jogo, administrar a vantagem construída. Mas foi chato de ver. Mesmo com alguns momentos de jogo aleatório, atacando e deixando espaços para o oponente. Baixa intensidade de um time experiente, mas que sentiu falta dos sprints de Chará.

O colombiano ficou no banco e entrou em campo quando o Atlético já tinha um homem a menos, depois da expulsão de José Welison. Na vaga de Ricardo Oliveira, tentou acelerar alguns contragolpes, mas o jogo foi conduzido intuitivamente com lentidão.

O Atlético cumpre seu objetivo, mas também deixa a impressão que o time precisa da troca de “golpes” para render. No modo “briga de rua”. Na Libertadores até aqui funcionou melhor como visitante, atacando com volume e rapidez. Mesmo levando sustos atrás. É a cultura do “Galo Doido” que Levir não parecia muito disposto a mudar. Tentou desta vez e não funcionou.

Pelo que jogou no Independência, talvez não seja o caso, ao menos por enquanto.

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Não há time mais aleatório no Brasileirão que o Santos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/10/12/nao-ha-time-mais-aleatorio-no-brasileirao-que-o-santos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/10/12/nao-ha-time-mais-aleatorio-no-brasileirao-que-o-santos/#respond Thu, 12 Oct 2017 23:28:52 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3509 Gol sofrido aos quatro minutos de jogo no Moisés Lucarelli, numa rara hesitação do goleiro Vanderlei que Naldo aproveitou. Depois um domínio territorial com média de 63% de posse e seis finalizações contra duas da Ponte Preta, mas sem muitas ideias e deixando brechas entre os setores na execução confusa do 4-2-3-1 habitual para contragolpes que o adversário não soube dar acabamento.

O time de Eduardo Baptista tentava controlar os espaços num 4-1-4-1 organizado e forte pela direita com Nino Paraíba e Emerson para cima do frágil Zeca. Pelo setor, a estocada que encontrou Lucca livre na área para perder gol feito. Na volta, a nona assistência de Bruno Henrique, desta vez pela direita, e mais um gol de Ricardo Oliveira. No minuto final do primeiro tempo transformando um 2 a 0 que não seria nada absurdo em um empate por 1 a 1 que também carregava uma certa lógica.

Porque não há time mais aleatório nesta edição do Brasileiro que o Santos. Time da trocação, do jogo aberto, da aposta na qualidade do quarteto ofensivo, da dupla de zaga formada por Lucas Veríssimo e David Braz, ainda que expostos, e do goleiro Vanderlei.

E por que ainda disputa o título, ao menos na matemática? Porque o nível geral é fraco e nesta proposta de bater e levar cria mais problemas para os adversários mais reativos que outros quando tem a obrigação de atacar. Como não há uma equipe tão superior no trabalho coletivo, nem o líder Corinthians, o Santos vai pontuando e se mantendo no pelotão da frente.

Podia ter vencido em Campinas. No segundo tempo de postura mais agressiva da Ponte, com Eduardo Baptista trocando Emerson Sheik por Leo Gamalho e deslocando Lucca para o lado direito. Depois tirando os meias Naldo e Jean Patrick e colocando Jadson e Felipe Saraiva para reoxigenar o meio-campo e seguir atacando. Mesmo depois da tola expulsão de Fernando Bob que reagrupou o time num 4-4-1.

Levir seguiu em silêncio, pelos problemas de saúde, e não fez nenhuma substituição. Zero. Mesmo com o desgaste por conta da intensidade do oponente e até por necessidade em uma equipe não ajustada.

E quase saiu com a vitória, se o “garçom” Bruno Henrique não perdesse gol feito completando mal centro preciso de Lucas Lima da direita. Na 12ª finalização de um time com inegável vocação ofensiva, mas que parece tomar decisões sem um plano. O tempo todo. Como se contasse com o acaso para proteger o talento e a vontade de vencer.

Quem entende esse Santos?

(Estatísticas: Footstats)

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Vanderlei, Bruno Henrique e legado de Dorival explicam “milagre” do Santos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/10/02/vanderlei-bruno-henrique-e-legado-de-dorival-explicam-milagre-do-santos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/10/02/vanderlei-bruno-henrique-e-legado-de-dorival-explicam-milagre-do-santos/#respond Mon, 02 Oct 2017 08:56:36 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3438

Foto: Djalma Vassão (Gazeta Press)

A vitória sobre o Palmeiras no molhado Allianz Parque no sábado por 1 a 0 fez o Santos tomar do rival alviverde a condição, subjetiva, de principal desafiante do líder Corinthians. Ainda que o Grêmio tenha vencido e siga na luta, apenas um ponto atrás do alvinegro praiano. Mas com Libertadores e, provavelmente, pontos preciosos deixados pelo caminho utilizando reservas.

O time de Levir Culpi, de fato, é um mistério. Não chama atenção pela consistência defensiva, mas tem a segunda defesa menos vazada com 16 gols, um a mais que Corinthians. Muito menos pelo ímpeto do ataque, que só foi às redes 27 vezes em 26 rodadas.

O estilo não encanta as retinas. Não controla a disputa com a bola, embora seja o segundo em posse e o terceiro que acerta mais passes – 90,7% de efetividade. Nem os espaços, pois a coordenação dos setores não é tão acertada. O jogo é no modo “briga de rua” (como você já leu AQUI), com trocação de golpes até derrubar ou ser nocauteado.

Quando tentou ser mais estratégico para administrar o empate sem gols na Vila Belmiro contra o Barcelona de Guayaquil pelas quartas de final da Libertadores o desempenho e o resultado foram trágicos. Dominado, vencido e eliminado em seus domínios. O mesmo na ida das quartas da Copa do Brasil contra o Flamengo na Ilha do Governador. Derrota por 2 a 0 com postura mais cautelosa. Faltou um gol nos 4 a 2 em casa com o time no estilo “Peixe Doido”.

O que explica, então, a eficiência no Brasileiro? Os números podem indicar algumas respostas.

Primeiro o goleiro Vanderlei. Quinto mais acionado da competição. Entre os times do G-6 só fica atrás de Cássio. Muitas intervenções fundamentais, tantos pontos garantidos. Não é absurdo dizer que a segunda defesa menos vazada está na conta dele. Porque na troca de ataques ele garante o zero do outro lado do placar.

Depois Bruno Henrique. Líder de assistências ao lado de Gustavo Scarpa com oito, a última na cabeça de Ricardo Oliveira para vencer Fernando Prass. Mais seis gols. Válvula de escape pelos flancos, especialmente à esquerda. Ponto de referência para as saídas em velocidade. O ponteiro que no Wolfsburg em 2016 fez Marcelo do Real Madrid sofrer  numa disputa de quartas de final de Liga dos Campeões. Não por acaso é quem mais acerta dribles na Série A. Não é atacante top, muito menos uma solução para  Tite na seleção brasileira. Mas por aqui vem desequilibrando.

A outra explicação é o legado de Dorival Júnior no cuidado que o time mantém com os passes. O elenco é praticamente o mesmo do antecessor de Levir e a posse garante volume de jogo, especialmente com Lucas Lima em campo. Toques certos que qualificam as ações ofensivas em meio à loucura do bate-volta. Com espaços, o time que rodava a bola para criá-los encontra mais facilidade para superar as defesas adversárias. A exigência de precisão agora é menor.

Qual o mérito de Levir no “milagre” santista? A capacidade de mobilização, o pragmatismo na busca dos resultados e a busca da velocidade, grande lacuna do time vagaroso e inócuo de Dorival na reta final de sua passagem pela Vila Belmiro. Assim como a leitura correta de que assumir protagonismo e se instalar no campo de ataque, no futebol brasileiro de hoje, é se tornar presa fácil para as equipes mais reativas.

Ah, e também a sorte, que nunca pode ser desprezada em qualquer jogo e está no irônico título do livro lançado pelo treinador em 2015: “Um Burro com Sorte?”.

Sem outra competição para dividir esforços, o Santos vai tentar aumentar o aproveitamento de 60,3% e torcer por uma queda ainda mais acentuada do rendimento corintiano, hoje em 70,5%. Para tirar os oito pontos de vantagem e alcançar uma virada que seria histórica.

Contra si há o fato de não mais ter o confronto direto. Derrota em Itaquera, ainda com Dorival Júnior, vitória na Vila Belmiro no início de setembro. A favor, três trunfos que devem garantir ao menos o retorno ao principal torneio continental em 2018, diretamente na fase de grupos. Por mais incrível que possa parecer.

(Estatísticas: Footstats)

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Com Levir Culpi, Santos cresce no modo “briga de rua”: jogo de trocação http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/07/23/com-levir-culpi-santos-cresce-no-modo-briga-de-rua-jogo-de-trocacao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/07/23/com-levir-culpi-santos-cresce-no-modo-briga-de-rua-jogo-de-trocacao/#respond Sun, 23 Jul 2017 16:41:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2993 O Santos de Dorival Júnior prezava posse de bola e troca de passes. Na reta final do trabalho de quase dois anos, o domínio era inócuo pela baixa efetividade da equipe que rodava, tocava, mas não finalizava e deixava a defesa exposta.

Levir chegou e não mudou o DNA ofensivo da equipe, algo até cultural no clube. Nas últimas partidas, incluindo os 3 a 0 sobre o Bahia, até arriscou mais encaixando Emiliano Vecchio no lugar de Thiago Maia, negociado com o Lille.

A execução do 4-3-3, porém, é vertical, direta. Não controla o jogo com a bola, ainda que seja o líder em posse e o segundo em acertos de passes na competição – muito mais pelo volume de jogo e pela vontade de atacar, dentro ou fora de casa, sem contar os altos índices nas quatro partidas ainda sob o comando do antecessor.

Também não há controle de espaços, com o time bem posicionado na fase defensiva. Por isso Vanderlei trabalha tanto e é o melhor goleiro da Série A. Assim como explica os muitos erros de Lucas Lima em lançamentos e cruzamentos. Força a assistência o tempo todo, buscando Kayke no centro do ataque ou os pontas Copete e Bruno Henrique jogando invertidos para infiltrar em diagonal.

O camisa dez tem só dois passes para gols – Bruno Henrique tem cinco. Mas é quem faz o time acelerar o tempo todo, agora com auxílio de Vecchio e a proteção de Yuri à frente da retaguarda.

O Bahia terminou o jogo no Pacaembu lotado com 51% de posse e 14 finalizações contra onze do time mandante. Mas Bruno Henrique aproveitou uma trinca de ações ofensivas rápidas, com pelo menos três santistas na área adversária para resolver a partida. O alvinegro praiano melhorou muito sua relação finalizações/gols: agora precisa de oito conclusões para ir às redes.

O Santos cresce e luta na parte de cima do Brasileiro no modo “briga de rua”. Aposta na trocação, no jogo aberto acreditando na força de seu ataque e no momento espetacular de seu goleiro para derrubar os rivais.  Até porque o mantra atual do futebol nacional é não ficar com a bola e jogar em transições o tempo todo.

Não chega a ser um “Peixe Doido”, como o Galo de Cuca que Levir herdou e manteve a intensidade no topo. Mas torna o time mais imprevisível e eficiente. Dorival caiu com uma vitória e três derrotas. Com Levir são oito triunfos, três empates e apenas um revés. 75% de aproveitamento que só ficaria atrás do líder Corinthians. Não é pouco.

 

(Estatísticas: Footstats)

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Levir Culpi pode ser o “Renato Gaúcho” de Dorival Júnior no Santos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/15/levir-culpi-pode-ser-o-renato-gaucho-de-dorival-junior-no-santos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/06/15/levir-culpi-pode-ser-o-renato-gaucho-de-dorival-junior-no-santos/#respond Thu, 15 Jun 2017 03:23:48 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2824 Estrear técnico num período sem tempo para treinamentos, com partidas a cada três dias, é sempre uma missão inglória. Não foi diferente para Levir Culpi que recebeu de Elano o Santos de Dorival Júnior.

No clássico da Vila Belmiro, foi possível ver uma equipe mais atenta, intensa e buscando um jogo mais vertical – na vitória sobre o Atlético-PR já havia chamado atenção a efetividade. Nem sinal da posse estéril de vários momentos da temporada.

Mas a proposta de não ser tão protagonista, definindo mais rapidamente a jogada tem efeitos colaterais, como a pressão palmeirense no segundo tempo que transformou Vanderlei no melhor jogador em campo. Triunfo com arbitragem polêmica no gol de Kayke em disputa com Edu Dracena  Impressão de falta do atacante no zagueiro, que reclamou de infração sobre ele também no segundo tempo, mas na área santista.

Passe de Jean Motta, improvisado novamente na lateral esquerda e sofreu na defesa com os seguidos ataques palmeirenses. Faltou também mais mobilidade de Lucas Lima, vigiado pelo volante Thiago Santos. O 4-2-3-1 mantido por Levir teve problemas de compactação.

O Santos terminou com 49% de posse, apenas oito finalizações contra 14 do rival – cinco a oito no alvo. Por outro lado, foram 29 desarmes certos contra 16. Uma clara mudança de perfil e de postura.

Primeira vitória em clássicos na temporada. De um alvinegro praiano que pode viver experiência parecida com a do Grêmio. Assim como Roger Machado, Dorival Júnior deixa um estilo assimilado num trabalho de quase dois anos, porém desgastado.

Levir não é o maior ídolo do Santos, como Renato Portaluppi no time gaúcho. Mas sua visão de futebol e gestão de vestiário podem trazer ao time um complemento às práticas do antecessor. Alternando a valorização do controle da bola com mais rapidez na transição ofensiva, contundência no ataque e o modo Levir de lidar com todos: direto e franco, sem os laços que Dorival construiu naturalmente pelo tempo de convivência. A concorrência vai ficar mais aberta. o ambiente mais competitivo.

Em junho será difícil ver uma mudança mais significativa, pela sequência de jogos. Por ora, importante é pontuar para mudar o patamar na disputa. Com os nove pontos nas últimas três rodadas, já se aproximou do G-4. Sem alarde, o atual vice-campeão pode voltar a brigar no topo. Com Levir como o “Renato Gaúcho” da Vila Belmiro.

(Estatisticas: Footstats) 

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O patrão ficou maluco! E não é Black Friday http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/11/25/o-patrao-ficou-maluco-e-nao-e-black-friday/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/11/25/o-patrao-ficou-maluco-e-nao-e-black-friday/#respond Fri, 25 Nov 2016 13:58:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=1960 Daniel Nepomuceno Galo

Primeiro foi Levir Culpi, demitido do Fluminense faltando quatro rodadas para o final do campeonato.  Entrou o eterno interino Marcão. Todos imaginavam que seria a última dispensa de treinador do Brasileiro 2016.

Mas na rodada seguinte o Internacional trocou Celso Roth por “Lisca Doido”. Para ter a primeira finalização contra o Corinthians em Itaquera aos 15 minutos do segundo tempo. Precisando da vitória.

Agora o São Paulo, depois de garantir Ricardo Gomes no cargo com os 4 a 0 sobre o Corinthians no Morumbi, muda os planos e demite o treinador para dar a primeira oportunidade a Rogério Ceni. Uma clara decisão política porque não há como imaginar o desempenho do ídolo na nova função.

Já o Galo dispensa Marcelo Oliveira antes do segundo jogo da decisão da Copa do Brasil e com o time ainda com chances de G-3 no Brasileiro. Assume Diego Giacomini, da base. Precisou levar um gol “de rachão” de Pedro Rocha e cair a mística de imbatível em Belo Horizonte para acordar.

O que mais impressiona é que, com exceção de Rogério Ceni, nenhum dos substitutos foi escolhido já pensando no planejamento de 2017, o que seria o mais lógico. No caso do Colorado é desespero mesmo.

A visão imediatista de dirigentes, torcedores e jornalistas já é notória, até virou clichê. Mas desta vez os clubes se superaram. Talvez o sucesso de Renato Gaúcho, contratado por apenas três meses e muito próximo de conquistar o título que o Grêmio busca há 15 anos, esteja influenciando nessas decisões intempestivas de contratar a curto prazo. Mas é uma exceção à regra, com todos as suas particularidades.

De tudo que foi dito sobre estas demissões, o que mais chamou a atenção foi a declaração de Daniel Nepomuceno, presidente do Galo: “A gente está vendo o processo. Ah, demitiu, mas demitiu tarde, ah, mas demitiu cedo. Não é simples assim. Nunca é 100%. Para quem acompanha futebol há tantos anos como vocês não é fácil.”

Alguém entendeu?

O patrão ficou maluco! E não é Black Friday…

 

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Já é hora do Fluminense deixar a Era da Incerteza http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/11/08/ja-e-hora-do-fluminense-deixar-a-era-da-incerteza/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/11/08/ja-e-hora-do-fluminense-deixar-a-era-da-incerteza/#respond Tue, 08 Nov 2016 09:35:16 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=1828 Peter Siemsen Fluminense

Dezesseis anos não são duas semanas e dois dias. Era previsível e é possível compreender a dura transição no Fluminense depois do fim da parceria com a Unimed. Ainda mais pelo desinteresse do patrocinador em ajudar o clube a se tornar autossustentável.

Cortar o cordão umbilical sem uma preparação foi como largar o filho juvenil no mundo para tomar suas próprias decisões. E o Fluminense nem se saiu tão mal no início do processo, buscando outras fontes de receita, equacionando dívidas, renegociando contratos. Segundo um ex-dirigente, “pilotar o próprio carro popular e não a BMW alheia”.

Até que o jovem se sentindo independente, ou o senhor maduro novamente solteiro, resolveu bancar uma festa cedo demais. Sim, Ronaldinho Gaúcho. Segundo o presidente Peter Siemsen em entrevista ao UOL, sem o aval do então treinador Enderson Moreira. O velho equívoco de achar que o craque por si só, sem um time forte, é capaz de se pagar.

A equipe competitiva do início do Brasileiro se perdeu, mesmo com o craque boêmio entrando pouco em campo. Porque é difícil se achar sem uma convicção mínima, uma linha de raciocínio. Sempre no caso a caso.

Envolvendo até Fred, que foi considerado descartável quando o time venceu a Primeira Liga sem ele. Na coletiva de despedida do artilheiro, o blogueiro esteve nas Laranjeiras e a leitura foi de que a permanência do ídolo no clube se deu pelo salário que ainda era alto para os padrões brasileiros, mas principalmente por se sentir parte do processo decisório como imagem e referência.

Quando colocado como uma peça da engrenagem, importante mas sem tratamento especial, e tolhido pela hierarquia, preferiu um Galo mais estelar, competitivo e com melhor estrutura.

Agora o Levir Culpi fortalecido de outrora é demitido. Também porque o clube não se preparou para caminhar sem Fred – figura midiática, lider e conselheiro dos mais jovens. Artilheiro que acostumou a todos com o papel de coadjuvante, assistente. O resultado prático é um time inconstante, hesitante.

Para complicar, a demora em definir um estádio como “casa” no Rio de Janeiro sem o Maracanã e as viagens que dificultaram o planejamento da temporada. A relação cíclica com a FERJ e a frágil parceria com o Flamengo são outros exemplos da falta de convicções que respinga no campo.

Quando Levir sai dizendo que o Fluminense é “o clube que mais demite” e “um dos mais oscilantes no convívio entre vitória e derrota” reflete a visão de um profissional que percebe a insegurança geral que agora apela para a velha “chacoalhada”. Muito conveniente num ano eleitoral.

Colocar o centro de treinamento para funcionar e, enfim, sair das Laranjeiras é passo importante para o futuro. Mas vital mesmo para clube e time de futebol é enfim escolher um norte e acreditar nele, mesmo com as turbulências no caminho. Deixar para trás a Era da Incerteza e seguir adiante.

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