lucaspaqueta – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Reinier lembra Raúl e parece mais pronto para Europa que Vinicius e Paquetá http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/07/reinier-lembra-raul-e-parece-mais-pronto-para-europa-que-vinicius-e-paqueta/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/07/reinier-lembra-raul-e-parece-mais-pronto-para-europa-que-vinicius-e-paqueta/#respond Tue, 07 Jan 2020 05:13:52 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7803

Foto: Reprodução / Instagram

A venda de Reinier para o Real Madrid por cerca de 35 milhões de euros depende apenas de acertos finais e do anúncio oficial. Como o jogador faz 18 anos no dia 19, já pode seguir para a Espanha caso seja a decisão do contratante.

Camisa dez e capitão na seleção sub-17, ficou de fora do Mundial da categoria, mas a serviço do Flamengo nos profissionais fez seis gols e serviu duas assistências em 14 jogos. O que faltava para o gigante espanhol sacramentar o que já vinha se ensaiando há pelo menos três anos.

Uma rápida evolução no time principal que gerou uma precoce convocação para a seleção sub-23 que vai disputar o Pré-Olímpico. Beneficiado, logicamente, pelo ótimo momento do campeão brasileiro e da Libertadores e aproveitando as orientações de Jorge Jesus para se adaptar à uma intensidade de jogo parecida com a que vai encontrar na Europa.

Com direito à bronca do português por “notas artísticas”, ou excesso de preciosismo, logo depois do apito final na vitória por 1 a 0 sobre a Chapecoense na Arena Condá. Encarada com naturalidade e oportunidade de aprendizado. Maturidade que rendeu elogios de Jesus e, mais recentemente, até uma crítica do técnico ao clube brasileiro por cobrar aquém da capacidade do jogador.

Reinier é um típico meia-atacante que joga atrás do centroavante. Mais como dupla na frente do que na meia pelo centro em um 4-2-3-1, por exemplo. Objetivo, inteligente, com boa leitura de espaços e capacidade de definir a jogada com poucos toques. Boa técnica no acabamento das jogadas – finalização e assistência – e intensidade para participar da pressão no ataque logo após a perda da bola. Também aproveita o 1,85 m no jogo aéreo – a destacar o gol de cabeça contra o Bahia no Maracanã, o que iniciou a virada por 3 a 1, concluindo como centroavante o cruzamento de Gabriel Barbosa pela direita.

No estilo e nas características lembra, sem comparar e guardando as devidas proporções, o ídolo do Real Madrid Raúl González. O maior jogador já revelado no clube merengue e justamente o treinador que aguarda Reinier no Real Castilla. Movimentação parecida na aproximação com o centroavante e a personalidade e precisão para decidir.

Por ser mais letal parece mais pronto que Vinícius Júnior. Na objetividade e senso coletivo dá a impressão de estar acima de Lucas Paquetá. Apesar das funções diferentes em relação às duas joias que encheram os cofres rubro-negros recentemente.

Ainda muito a evoluir para um jovem e, óbvio, nada garante o sucesso. Até porque não depende apenas do potencial, o extra-campo conta muito. Mas o Real Madrid, na luta constante com o Barcelona pelos grandes talentos do planeta e escaldado pela perda de Neymar no início da década, parece ter feito um ótimo negócio.

Porque Reinier não é do tipo que vai aprender tudo na Europa. O “estágio” no Flamengo já ensinou algumas coisas que serão muito úteis em Madrid, inclusive levantar taças.

]]>
0
Seleção brasileira sofre com a “síndrome do campeão mundial de amistosos” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/24/selecao-brasileira-sofre-com-a-sindrome-do-campeao-mundial-de-amistosos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/24/selecao-brasileira-sofre-com-a-sindrome-do-campeao-mundial-de-amistosos/#respond Sun, 24 Mar 2019 10:45:17 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6208

Foto: Pedro Nunes/Reuters

Dunga voltou à seleção brasileira em 2014, logo depois dos 7 a 1, e emendou dez vitórias em amistosos. Em muitas delas segurando resultado, fazendo substituições nos últimos minutos para ganhar tempo e comemorando no apito final como se valessem três pontos. Perdeu várias chances de fazer testes e quando vieram as Eliminatórias e a Copa América não tinha um time para competir de fato.

Como esquecer as vitórias sobre Inglaterra, França e Alemanha na famosa excursão à Europa em 1981 que alçaram o Brasil de Telê Santana à condição de favorito ao título na Copa da Espanha? De novo jogos que não valiam pontos tratados como competições oficiais. A campeã Itália não venceu os últimos três amistosos antes do Mundial e só foi ganhar outra partida um ano depois da conquista.

O resultadismo do brasileiro, em geral, transforma qualquer joguinho em decisão. É olhar para o placar e fazer o diagnóstico, sem maiores avaliações de desempenho e análises em perspectiva. Só importa o hoje. Agora.

Tite é mais uma vítima dessa mentalidade. Não porque o empate por 1 a 1 com o fraquíssimo Panamá tenha que ser relativizado. De fato foi pífio, um vexame para a camisa cinco vezes campeã do mundo. Mas porque ao ficar tão preocupado em conquistar a vitória a seleção esqueceu…de jogar.

A troca de posicionamento entre Philippe Coutinho e Lucas Paquetá ainda no primeiro tempo, com o meia do Milan sendo enviado para a ponta esquerda e o jogador do Barcelona vindo armar por dentro, foi sintomática. Tite perdeu a oportunidade de observar o jovem meio-campista trabalhando com Arthur e Casemiro para ganhar vigor e presença física no ataque contra a linha de cinco defensores do adversário.

Paquetá marcou o gol da seleção completando cruzamento de Casemiro, mas jogou pouco e se irritou muito em choques com os adversários que um trabalho com mais trocas de passes e movimentação poderia evitar. Tite preferiu trazer Coutinho para jogar como meia e apelar para bolas longas em busca de Richarlison e Roberto Firmino.

Dupla que ficou enfiada na área panamenha esperando cruzamentos. Foram muitos, quase quarenta bolas alçadas. Nenhuma combinação com Firmino recuando, como faz no Liverpool, e abrindo espaço para a infiltração em diagonal de Richarlison, o atacante de profundidade partindo da direita. O que realmente merecia ser testado e observado.

Cenário que não mudou com Felipe Anderson, Gabriel Jesus e Everton em campo. A desentrosada defesa, com Militão e Alex Telles, escalados para atrair a torcida do Porto no Estádio do Dragão, quase cedeu o segundo gol no ataque final do Panamá. Algo que tornaria a virada épica e o revés uma das maiores vergonhas do escrete canarinho.

Sim, o gol do zagueiro Machado foi em impedimento ignorado pela arbitragem. Mas novamente a retaguarda falhou em jogada aérea com bola parada. São sete sofridos desta maneira entre os nove que a seleção levou na Era Tite. Outra informação mais importante que o placar final.

No pós-Copa agora são seis vitórias e um empate. Nenhuma atuação satisfatória em 90 minutos. Mas como venceu o discurso era calçado na busca de evolução e renovação. Agora tem que ganhar de qualquer maneira da República Tcheca em Praga na terça-feira para que o apocalipse não chegue antes da Copa América disputada em casa.

Já ecoam os clichês de sempre: “falta amor à camisa”, “jogadores ricos e preguiçosos”, “só querem saber da Europa”, “atuação apática”, “time sempre padrão”, “cadê a ginga do brasileiro?” e por aí vai. Tite carrega o ônus de perder a Copa do Mundo com apenas dois anos de trabalho. Antes era visto até como nome ideal para a Presidência da República.

Porque aqui é assim que funciona e a seleção segue sofrendo com a “síndrome do campeão mundial de amistosos”. É preciso vencer sempre, mesmo sem desempenho condizente. Uma hora a conta chega.

]]>
0
Convocação de Vinícius Jr. é justa, mas há um “perigo”… http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/28/convocacao-de-vinicius-jr-e-justa-mas-ha-um-perigo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/28/convocacao-de-vinicius-jr-e-justa-mas-ha-um-perigo/#respond Thu, 28 Feb 2019 14:43:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6040

A lista de Tite para os amistosos contra Panamá e República Tcheca nos dias 23 e 26 de março é interessante pelas oportunidades a Éder Militão (como zagueiro, segundo Tite), Fabinho, Felipe Anderson, Allan e Lucas Paquetá. Também o retorno de Daniel Alves, dentro da carência na lateral direita.

Mas é impossível não destacar a convocação de Vinícius Júnior. Justo no momento da ausência do lesionado Neymar. A presença se explica pela sequência de jogos em alto nível pelo Real Madrid, seja Liga dos Campeões ou clássicos contra o Barcelona. Mesmo com afobação e erros técnicos naturais para um jovem de 18 anos que queimou etapas nas divisões de base.

A tendência, pelo estilo do treinador da seleção brasileira, é que Vinícius comece na reserva e Coutinho faça a função de Neymar pela esquerda. Mas considerando a má fase do meia do Barcelona, o garoto pode entrar e, pelas fragilidades dos adversários, ir muito bem. Até desequilibrar, pela velocidade e habilidade impressionantes.

Eis o perigo. Ou “perigo”. Em um momento de baixa de Neymar, não só pela contusão mas também por questionamentos pela Copa do Mundo, pode surgir uma pressão ou “oba oba” em torno de Vinícius para que seja tratado como solução pensando na Copa América, competição chave para a sequência do trabalho de Tite.

Mesmo com o último registro de relativa facilidade nas eliminatórias sul-americanas, o torneio continental não será tranquilo. Até pela responsabilidade de jogar em casa. Pode ficar grande e pesado demais para Vinícius e desgastar um talento mais que promissor.

Mais uma questão para Tite administrar.  Assim como combinar juventude e experiência, além das características dos atletas. Um desafio, mas certamente bem melhor do que não ter opções. As gerações continuam de bom nível e Vinícius sinaliza o futuro.

 

]]>
0
Paquetá deve ser o ponto de partida para Tite armar meio-campo da seleção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/18/paqueta-deve-ser-o-ponto-de-partida-para-tite-armar-meio-campo-da-selecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/18/paqueta-deve-ser-o-ponto-de-partida-para-tite-armar-meio-campo-da-selecao/#respond Mon, 18 Feb 2019 09:13:46 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5951

Foto: Divulgação/Milan

Neymar e Arthur lesionados, Philippe Coutinho, Douglas Costa e Willian em baixa, Gabriel Jesus na reserva do City, Richarlison oscilando no Everton. Casemiro é parte da irregularidade do Real Madrid na temporada. Vinícius Júnior é a boa nova, mas ainda parece verde para assumir grandes responsabilidades. Fred na reserva do Manchester United.

Tite tem poucas certezas para a montagem da seleção brasileira a partir do meio-campo já pensando na Copa América. Talvez a única seja Roberto Firmino, constante no Liverpool. Mas dentro do 4-1-4-1 que é a base tática do treinador só tem vaga no centro do ataque, ainda que no clube inglês venha exercendo a função de “dez”.

É neste “vácuo” que o nome de Lucas Paquetá cresce. O meia chegou ao Milan, assumiu a titularidade e já contribui para a nítida evolução da equipe de Gennaro Gattuso. Invencibilidade de seis partidas na temporada desde a derrota para a Juventus e já sonhando com vaga na Liga dos Campeões.

É claro que o atacante polonês Krzysztof Piatek é o grande protagonista e artilheiro desta virada rossonera desde que chegou do Genoa para substituir Higuaín, que foi para o Chelsea. Mas o brasileiro vem entregando outra dinâmica no trabalho entre as intermediárias.

Em cinco partidas pela Série A, o jogador de 21 anos marcou um gol e serviu uma assistência. Finalizou seis vezes e acertou oito dribles. No 4-3-3 de Gattuso, atua como meia pela esquerda, ao lado de Kessiê e à frente de Bakayoko. Com personalidade, dribla e participa da organização com o turco Çalhanoglu, que sai da ponta esquerda para dentro e ajuda na articulação das jogadas.

Participa ativamente do trabalho defensivo (tem 12 desarmes e três interceptações), mas já não é mais o “peladeiro” dos tempos do Flamengo de Mauricio Barbieri atuando num 4-1-4-1 e circulando aleatoriamente por todos os setores. Já havia melhorado com Dorival Júnior jogando mais avançado e agora lê com mais clareza os espaços que precisa ocupar em campo. Também arrisca menos os dribles desnecessários com o time saindo para o ataque.

Paquetá ainda está em processo de adaptação ao futebol praticado na Europa, mas considerando a carência de jogadores na função que exerce, Tite deve partir dele para o acerto do meio-campo da seleção. Com Casemiro, ainda intocável na proteção da defesa, e Arthur, que deve voltar em março e, com suas características de controlar a bola e ditar o ritmo, tem tudo para se entender muito bem com Paquetá, mais dinâmico e que aparece na área para finalizar.

A comissão técnica está atenta. O auxiliar Sylvinho vem monitorando o atleta e é só elogios: “O Milan é um grande clube, bem organizado pelo Gattuso e possui movimentos táticos parecidos com o da Seleção. Essas primeiras avaliações do Paquetá na Europa são muito positivas e sem dúvidas é um jogador com muita margem de crescimento”, afirmou em entrevista após acompanhar os jogos do meia contra Napoli e Roma.

Se continuar nesse processo de evolução será nome certo nas próximas listas de convocados. Talvez já esteja presente  na que será divulgada no dia 28 para os amistosos contra Panamá e República Tcheca. Em meio a tantas dúvidas e preocupações, Tite pode depositar suas fichas em Paquetá para dar liga à seleção que, até pelo contexto, precisa urgentemente de renovação.

(Estatisticas: Whoscored.com)

]]>
0
Afinal, De Arrascaeta vale toda essa guerra entre Cruzeiro e Flamengo? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/08/afinal-de-arrascaeta-vale-toda-essa-guerra-entre-cruzeiro-e-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/08/afinal-de-arrascaeta-vale-toda-essa-guerra-entre-cruzeiro-e-flamengo/#respond Tue, 08 Jan 2019 12:36:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5727

Foto: Uarlen Valério – O Tempo/Estadão

A ideia deste post não é avaliar o comportamento dos dirigentes de Cruzeiro e Flamengo no imbróglio por De Arrascaeta. Os colegas Rodrigo Mattos e Julio Gomes já abordaram o tema e a opinião deste blogueiro fica entre as duas visões: o Fla poderia ter sido mais transparente e se dirigido primeiro ao clube mineiro, que deveria ter honrado o compromisso e não contraído uma dívida com o Defensor. Não há santos nesse caso. Nem o jogador, que força a saída com seu agente de maneira pouco ética.

O que o blog propõe é uma análise sobre a importância de contar com o meia uruguaio na equipe. O time carioca oferece um salário bem superior ao que o atleta recebe no Cruzeiro, que luta como pode para mantê-lo em seu elenco ou ao menos receber a melhor compensação financeira possível, ainda que não tenha pagado integralmente por seus direitos econômicos.

De Arrascaeta é o típico meia que agrada a maioria dos treinadores brasileiros. Camisa dez que “pisa na área”. Marcou quinze gols em 2018. Atua centralizado ou cortando da esquerda para dentro. Combina técnica e timing para aparecer na área e finalizar. Ou servir seus companheiros. No Brasileiro, em 20 jogos foi responsável por seis assistências. Com 24 anos, ainda tem muita lenha para queimar.

Um ótimo parceiro para Thiago Neves no Cruzeiro. O meia que o Flamengo deseja para substituir Lucas Paquetá, artilheiro da equipe na temporada passada com 12 gols, junto com Henrique Dourado. Com a provável saída de Diego Ribas para o Orlando City, a camisa dez ficará vaga.

Mas talvez a virtude que mais justifique essa guerra seja a capacidade de decidir jogos grandes. O Fla sentiu na própria carne, com o uruguaio marcando o gol do empate por 1 a 1 na ida da final da Copa do Brasil 2017 que não complicou a vida dos mineiros para o jogo em Belo Horizonte. No ano passado, novo confronto pelas oitavas da Libertadores e mais um gol de Arrascaeta no Maracanã na vitória por 2 a 0.

Em 2018 o meia também foi protagonista na final do Mineiro, marcando o gol que abriu o caminho para a vitória por 2 a 0 sobre o rival Atlético no Mineirão, e na decisão da Copa do Brasil. O Cruzeiro fez um enorme esforço para contar com o atleta, a serviço da seleção uruguaia, e o camisa dez saiu do banco para ir às redes e não só confirmar a virada sobre o Corinthians, mas também garantir a campanha histórica com 100% de aproveitamento como visitante.

Tudo que Abel Braga precisa para tirar do Fla o rótulo de “arame liso” e “pecho frio” em finais. Justamente o que Mano Menezes não quer perder para manter seu time competitivo. Ainda que o meia se ausente em muitas datas FIFA e não seja um jogador regular, constante. Tanto nas competições quanto nas próprias partidas. Às vezes peca também na intensidade do trabalho defensivo, mesmo atuando com mais liberdade. A reação rápida com pressão logo após a perda da bola hoje é fundamental para os que atuam mais adiantados.

O futebol tem seus mistérios e De Arrascaeta pode não ser feliz numa possível, até provável, mudança de clube. Mas para o nível da bola jogada no Brasil a resposta à pergunta do título deste post é simples: vale muito o investimento. Mesmo com toda polêmica que já arranhou a relação entre dois dos maiores clubes do país.

]]>
0
Torcida não merece esse Flamengo. Atlético-PR merece título histórico http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/01/torcida-nao-merece-esse-flamengo-atletico-pr-merece-titulo-historico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/01/torcida-nao-merece-esse-flamengo-atletico-pr-merece-titulo-historico/#respond Sat, 01 Dec 2018 23:20:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5607 Mais de 60 mil pessoas no Maracanã em uma partida que nada valia e marcava despedida de uma temporada sem conquistas. Para terminar o Brasileiro com a melhor média de público como mandante, acima dos 50 mil pagantes.

Por mais que Dorival Junior, em entrevista a este blog, tenha exaltado a recuperação e a força do elenco, não há como confiar na força mental desse Flamengo. Depois de um primeiro tempo com alguma intensidade no embalo do apoio da massa e o gol de Rhodolfo na cobrança de escanteio de Diego, a desconcentração total na segunda etapa que permitiu a virada.

Na última partida com a camisa do clube que o formou, Lucas Paquetá nada produziu de útil atuando pela esquerda, deixando Vitinho no banco. Mas o símbolo de mais uma derrota foi Willian Arão. Até criou algumas situações pela direita com Pará e Everton Ribeiro e arriscou um chute perigoso no segundo tempo. Para logo em seguida acabar expulso por duas faltas bobas com reclamações da arbitragem. Desconcentrado sem a bola, sobrecarregou Piris da Motta, que não tem o mesmo nível de desempenho nem o entrosamento com os companheiros de Cuéllar.

Derrota emblemática no final da gestão Bandeira de Mello. Transformadora nas finanças, porém incompetente e paternalista na condução do futebol. A torcida não merece esse Flamengo.

Já o Atlético Paranaense consolida uma maneira de jogar agora com a confiança por afastar de vez a imagem de que só rende na Arena da Baixada. Volta do Rio de Janeiro com duas vitórias utilizando praticamente todo o elenco. Ainda que tenha precisado de Pablo e Lucho González saindo do banco para construir a virada no segundo tempo. O centroavante na vaga de Cirino e o argentino para qualificar o toque no meio e surgir como elemento surpresa na construção dos dois gols.

Saída com bola no chão, inteligência para acelerar ou cadenciar o jogo quando necessário e golaços de Matheus Rossetto e Rony. O primeiro pela jogada coletiva e o derradeiro em chute espetacular. O atacante acabou expulso na confusão depois do vermelho para Arão. Rigor da arbitragem para fazer média e tirar um de cada lado. Nada que impedisse o grande triunfo da equipe paranaense.

Pela maneira como se reconstruiu na temporada, efetivando Tiago Nunes que aprimorou e complementou os ideais de Fernando Diniz adicionando mais rapidez e contundência no ataque, o Atlético faz por merecer o título da Copa Sul-Americana. Decide contra o Junior Barranquilla uma taça histórica.

Se vencer servirá como bom exemplo de que não se deve recomeçar trabalhos praticamente do zero, descartando tudo do antecessor como acontece rotineiramente no futebol brasileiro. Mas principalmente para provar que é possível por estas bandas combinar  a competitividade e um jogo que agrada as retinas. No Maracanã fez bonito e não perdoou um time que sempre parece pronto para o fracasso.

]]>
0
Dorival Júnior, exclusivo: “Flamengo é um time pronto para grandes títulos” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/30/dorival-junior-exclusivo-flamengo-e-um-time-pronto-para-grandes-titulos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/30/dorival-junior-exclusivo-flamengo-e-um-time-pronto-para-grandes-titulos/#respond Fri, 30 Nov 2018 11:55:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5602

Foto: Getty Images

11 jogos, sete vitórias, três empates e uma derrota. 24 pontos conquistados. 72% de aproveitamento, acima dos 69,4% do campeão Palmeiras. Se contarmos o tempo em que trabalhou efetivamente, depois da estreia no empate contra o Bahia em Salvador um dia depois da confirmação como novo treinador, o aproveitamento de Dorival Júnior no Flamengo sobe para 77%. Atuações consistentes com a oscilação de desempenho no único revés, diante do Botafogo.

Contra o Atlético Paranaense no Maracanã encerra sua segunda passagem pelo clube, ao menos na gestão Bandeira de Melo. Sem a conquista almejada, porém com um novo patamar no mercado. Que corre por fora, mas com Renato Gaúcho renovando com o Grêmio e Abel Braga aberto a propostas de Santos e outros clubes, pode ser a solução “caseira” da chapa vencedora das eleições no dia oito de dezembro.

O rendimento da equipe e a gestão de grupo, recuperando jogadores como Willian Arão e a personalidade para enfrentar Diego Alves e convencer Diego Ribas, Everton Ribeiro e Lucas Paquetá a ficarem no banco e colaborarem são credenciais importantes para as metas a partir de 2019.

Esses são os principais pontos abordados nesta entrevista exclusiva para o blog, além de sua visão crítica sobre o futebol praticado no Brasil em relação aos grandes centros.

 

BLOG – Qual é o saldo desses dois meses de trabalho?

DORIVAL JÚNIOR – Não ficamos satisfeitos com a colocação final do campeonato. É uma frustração. Mas a alegria é grande pelo trabalho desenvolvido e a evolução dele em tão pouco tempo. Os atletas acreditaram na proposta, que já vinha com o Maurício Barbieri. Eu acrescentei um olhar de fora e dei umas pinceladas. Hoje a maior conquista, a meu ver, é eles perceberem que possuem uma qualidade superior ao que acreditavam ter. Acredito que é um grupo pronto para grandes conquistas que virão no momento certo.

BLOG – O time marcou 20 gols em 11 partidas sob seu comando, melhorando muito a média de gols – com Barbieri foram 38 em 26 partidas. Você saiu de Santos e São Paulo criticado porque seu time tinha a bola, porém infiltrava pouco. O que foi diferente agora, o time ou o Dorival?

DORIVAL JÚNIOR – O Santos em 2016, quando tive uma temporada completa de trabalho, criava de 12 a 16 chances de gol por partida. O ano seguinte foi complicado por muitas baixas num elenco que não era grande. No São Paulo o time saiu da zona de rebaixamento para a terceira melhor campanha no returno. Perdemos Hernanes e Pratto e emendamos o Paulista e estreia na Copa do Brasil com poucos treinamentos. Eu preciso do campo para trabalhar e no calendário brasileiro isso é impossível. Mas tive no Flamengo e focamos o trabalho em ajustar a última linha de defesa e, principalmente, o ataque através de tabelas, infiltrações, jogadores atacando espaços. Os atletas têm um cognitivo muito bom, pegaram rápido. Com a repetição de treinos e escalações veio a confiança.

BLOG – Você reclamou do calendário, mas quando aceita um trabalho num time grande brasileiro tem conhecimento das condições. Acaba virando um ciclo vicioso com transferência de responsabilidade. Como minimizar os problemas do excesso de jogos na prática?

DORIVAL JÚNIOR – O nosso trabalho é muito atropelado. No início do ano o jogador entra em campo longe das condições mínimas para estar atuando. É uma ciranda muito prejudicial e a gente acaba se acostumando, criando uma couraça. Entre jogos desgastantes fazemos treinos de posicionamento, sem intensidade, apenas de repetição de movimentos. O grande problema é que a maioria dos envolvidos não entende os processos e só cobram resultados imediatos. A pré-temporada ideal é de 40 a 45 dias. Tivemos um período de 28 a 30 dias e já foi bem melhor, mas agora regrediu novamente. Fica impossível trabalhar bem dessa forma.

BLOG – Uma solução seria escalar reservas e jovens da base nos estaduais, como o Atlético-PR faz durante todo o campeonato e o Flamengo com Carpegiani numa fase inicial para os titulares completarem os 30 dias de férias?

DORIVAL JÚNIOR – Seria uma adaptação. O ideal é que dirigentes, torcedores e jornalistas entendam e não pressionem por resultado já na primeira rodada. Eu sou defensor dos estaduais, acho fundamental para o surgimento de novos jogadores e sustentação dos times do interior. Mas já voltei de férias dia três de janeiro e no dia nove estava com o time disputando três pontos. Nós terminamos a temporada com 25 ou 26 jogos a mais que os principais times europeus. Aí dizem que o treinador brasileiro não tem qualidade. Precisamos debater isso melhor. Esses últimos jogos do Flamengo provam que com tempo a qualidade aparece.

BLOG – Nesses dois meses você teve um problema sério a solucionar: a insatisfação do Diego Alves com a reserva. O César virou titular contra o Paraná meio “no susto” e depois veio uma sequência de desentendimento com o goleiro e a pior série de resultados, com empates com Palmeiras e São Paulo e derrota para o Botafogo. Foi coincidência ou o problema disciplinar de um líder no elenco interferiu no rendimento da equipe?

DORIVAL JÚNIOR – A minha experiência diz que se tivesse que ocorrer algum problema seria no jogo contra o Paraná. Nós tivemos domínio das ações contra Palmeiras e São Paulo e criamos chances claras para vencer. Contra o Botafogo, sim, foi nosso pior momento. Honestamente não vejo nenhuma ligação. Sem contar a qualidade dos adversários, especialmente o campeão Palmeiras, time muito pragmático, que se defende muito bem e sabe acionar suas individualidades no ataque. A nossa tabela não foi fácil, com sete jogos como visitante em onze.

BLOG – Esse grupo de jogadores é muito criticado pela torcida por falhar em momentos decisivos. Que cenário você encontrou quando assumiu e qual a diferença hoje?

DORIVAL JÚNIOR – São grandes jogadores e a resposta sempre foi positiva. Posso citar o exemplo do Diego Ribas. De início discordou da minha decisão de colocá-lo no banco porque estava voltando de contusão. Expliquei meus motivos e pedi a ele que continuasse treinando e acreditasse no que estava dizendo. Era uma decisão técnica e tática, não má vontade. Ele foi leal, correto e profissional. Trabalhou, não reclamou externamente e voltou a ganhar oportunidades pelos próprios méritos. Foi fundamental nessa reta final.

BLOG – E o Paquetá, reagiu da mesma forma ao voltar da expulsão contra o Sport no banco?

DORIVAL JÚNIOR – Ele reconheceu que errou. O jogador é inteligente e sabe quando se equivoca. O Everton Ribeiro ficou no banco contra o Sport e nos ajudou demais no segundo tempo com um homem a menos. Aí entra a importância do exemplo. Como o Paquetá poderia reclamar de ficar fora depois de um erro se o Diego aceitou voltando de lesão e modificou jogos a nosso favor saindo do banco?

BLOG – Mas no geral o grupo é forte mentalmente?

DORIVAL JÚNIOR – São profissionais abertos a melhorar conceitos. No aspecto de liderança, jogadores como Rever, Rhodolfo e Rômulo dão muita sustentação ao grupo pela experiência. Todos são atletas de bom nível de concentração e que aos poucos foram acreditando no trabalho. Não ficamos satisfeitos com o segundo lugar, mas temos que reconhecer os muitos méritos do campeão. Somos o segundo melhor ataque, a segunda defesa menos vazada. Só uma derrota, recorde de pontos do clube nos pontos corridos, acima até do título que conquistou em 2009. Logicamente com muitos méritos também do Barbieri, a quem agradeço pelo trabalho que é alinhado à minha forma de pensar futebol. Repito: é um grupo pronto para grandes títulos muito em breve.

BLOG – Você é fã do Guardiola, que desde o Bayern de Munique e agora no Manchester City procura ampliar o repertório em relação ao Barcelona. Tem posse, mas agora adiciona contra-ataques e jogadas aéreas. O futebol mundial parece caminhar para a versatilidade, com treinadores intensos como Klopp e Simeone buscando mais controle do jogo com a bola quando necessário. Você também busca esse jogo mais inteligente, capaz de se adaptar às demandas de uma partida?

DORIVAL JÚNIOR – Há formas e formas de ganhar partidas e campeonatos. Eu tenho 13 anos de carreira e dez títulos conquistados. Tirei equipes de rebaixamentos praticamente certos. Meus times sempre buscaram essa versatilidade. O Santos de 2015/16 tinha posse, mas também um contra-ataque veloz que foi considerado o mais rápido do mundo, por chegar à área adversária em pouco tempo e com poucos passes. Para isso você precisa dos jogadores certos, que foi o que faltou no São Paulo. Sem velocidade tentávamos infiltrar com trocas de passes. No Flamengo eu tenho o Berrío que ataca espaços em velocidade e tento aproveitar o máximo de minutos que ele pode estar em campo com alta intensidade.

Quanto ao Guardiola é uma evolução natural. Tudo depende do grupo de atletas. Se eu fosse o Klopp também jogaria acelerando para acionar o seu trio de ataque com Salah, Firmino e Mané. No Bayern e agora no City o Guardiola coloca mais intensidade na pressão assim que a equipe perde a bola. Os jogadores estão sempre muito próximos. É uma maneira competitiva e agradável de jogar desde os tempos de Barcelona. Exatamente o que busco nos meus times. Mas para isso o tempo é essencial. Guardiola implantou seu modelo na primeira temporada na Inglaterra e só foi vencer na segunda. Aqui teria essa chance? No Brasil é utopia. Nossos contratos deveriam ser semanais e não anuais. Treinamos mais os reservas, porque os titulares quase sempre estão no regenerativo. Aqui cobram qualidade na quantidade. A grande pergunta que gostaria de deixar para refletirmos é: você está satisfeito com o nível de futebol apresentado em nosso país?

BLOG – E o futuro?

DORIVAL JÚNIOR – É o jogo contra o Atlético Paranaense no sábado para terminarmos bem o ano e deixarmos o nosso torcedor satisfeito com o rendimento, já que o resultado esperado não veio. Depois veremos.

]]>
0
Apesar de Paquetá, Flamengo adia título do Palmeiras e complica Sport http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/18/apesar-de-paqueta-flamengo-adia-titulo-do-palmeiras-e-complica-sport/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/18/apesar-de-paqueta-flamengo-adia-titulo-do-palmeiras-e-complica-sport/#respond Sun, 18 Nov 2018 22:54:15 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5531 O Palmeiras decepcionou ao empatar com o lanterna Paraná, sim. Atuação fraquíssima, mesmo com a atenuante da forte chuva. Mas objetivamente pontuou fora e aumentou a invencibilidade para 20 partidas. Com a derrota do Internacional para o Botafogo no Nílton Santos ainda manteve os cinco pontos de vantagem na liderança.

O ponto fora da curva foi a vitória do Flamengo na Ilha do Retiro sobre o Sport que evoluía em desempenho e resultados com Milton Mendes no comando técnico e vinha de cinco rodadas de invencibilidade.

Mudanças forçadas nos dois lados, cenário mais complicado para Dorival Júnior sem Rodinei e Pará na lateral direita, Diego, Uribe e ainda Everton Ribeiro, desgastado, no banco de reservas. Léo Duarte foi improvisado como lateral e Rhodolfo entrou na zaga. Milton Mendes também deslocou um zagueiro: Ernando na lateral esquerda.

Primeiro tempo de equilíbrio e o Flamengo, mesmo com 40% de posse de bola, uma raridade na competição, finalizou cinco vezes e teve boa oportunidade com Vitinho, completando jogada de Paquetá e Renê pela esquerda. O Sport também incomodava mais com Mateus Gonçalves para cima de Léo Duarte. O time carioca agredia pouco do lado oposto, mais com Willian Arão que nas jogadas de Geuvânio, novamente errando muito tecnicamente.

Disputa parelha na segunda etapa até a tola expulsão de Paquetá. Por mais que Dorival defenda seu jovem atleta e o camisa onze até tenha participado bem de alguns ataques, a dispersão do meia depois da negociação com o Milan é nítida. A cabeça não está mais na disputa do Brasileiro. A desconcentração permite faltas bobas como a que cometeu sobre Ernando. Ainda na intermediária do Sport, sem nenhum perigo de contragolpe. Já com cartão amarelo.

Atrapalhou ainda mais porque Dorival preparava as entradas de Berrío e Everton Ribeiro. Mesmo surpreendido, o treinador sacou Geuvânio e Henrique Dourado. No 4-4-1 alternando os dois substitutos no centro do ataque, o Fla cresceu porque ganhou espaços para acelerar as transições ofensivas. O Sport se lançou à frente naturalmente com a vantagem numérica e pela necessidade de três pontos para se afastar do Z-4.

O Flamengo “arame liso” pareceu dar as caras em Recife quando Berrío cabeceou na trave completamente livre. Até que surgiu o heroi improvável: Willian Arão. O volante que costuma fraquejar mentalmente quando o jogo fica mais duro e não tem o jogo aéreo como ponto forte aproveitou cobrança de escanteio de Vitinho para desviar de cabeça na primeira trave e definir o jogo.

Os minutos finais foram de Piris da Motta no lugar de Vitinho e o abafa descoordenado do Sport com Fellipe Bastos, Marlone e Matheus Peixoto, que ridiculamente tentou cavar pênalti em disputa com o goleiro César desperdiçando mais um ataque. Muitos cruzamentos, pouca eficiência. O rubro-negro pernambucano deve lutar até o fim para se manter na Série A.

O Fla ganhou uma rodada. Agora vai seguir na busca que só não é impossível por ser futebol. Jogo duro contra o Grêmio no Maracanã e o Palmeiras em casa encarando o América, que venceu o Santos e pode até dar trabalho. Mas o fato é que o campeonato pode acabar na quarta-feira – se o Internacional também não vencer em casa o Atlético-MG.

A boa notícia para o Fla é que Lucas Paquetá está suspenso. Sério desfalque em outros tempos, agora pode fazer o time render mais e tentar virar a lógica do avesso no Brasileirão. O mundo gira como a bola. Mas não deve mudar o campeão de 2018.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Só um improvável “efeito São Paulo” pode tirar o título do Palmeiras http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/05/so-um-improvavel-efeito-sao-paulo-pode-tirar-o-titulo-do-palmeiras/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/05/so-um-improvavel-efeito-sao-paulo-pode-tirar-o-titulo-do-palmeiras/#respond Mon, 05 Nov 2018 08:51:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5461 As chances de reação do Flamengo de Dorival Júnior em busca do título voaram longe como os chutes de Lucas Paquetá contra o Palmeiras e Vitinho diante do São Paulo no Morumbi. Fraqueza mental que deve minar ainda mais as forças em uma tabela complicada nos seis jogos que restam – Botafogo, Sport e Cruzeiro como visitante e Santos, Grêmio, Atlético-PR em casa.

Sobra o Internacional, novo vice-líder depois da virada dramática sobre o Atlético-PR no Beira-Rio com gol no final em pênalti mais que discutível sobre Rossi. Com o ânimo de quem chegou mais longe que imaginava pode sonhar com uma virada. A tabela é acessível: América, Atlético-MG e Fluminense em Porto Alegre e Ceará, Botafogo e Paraná fora.

Mas depois da vitória no sábado sobre o Santos por 3 a 2 em um jogo maluco com gol de falta de Victor Luis num frango de Vanderlei quando o adversário parecia mais próximo da virada, é impossível não ver o título se encaminhando para Luiz Felipe Scolari e seus comandados.

A única chance de surpresa desagradável seria um “efeito São Paulo”. Ou seja, cair vertiginosamente de produção quando passa a se dedicar exclusivamente ao Brasileiro por conta de eliminações no mata-mata. As semanas cheias jogando contra pelo tempo para pensar no peso do favoritismo. A ansiedade sufocante fazendo o desempenho despencar e os resultados seguirem a trilha ladeira abaixo.

Algo bastante improvável. Primeiro porque o Palmeiras, mesmo carregando a pressão por grandes conquistas depois que o investimento no elenco aumentou,  foi campeão brasileiro há dois anos. Não carrega o fardo de falta de títulos do Tricolor do Morumbi. Ainda há no grupo remanescentes da conquista de 2016 com Cuca. E mesmo que Felipão não tenha um título por pontos corridos no país, a experiência do treinador para lidar com essa responsabilidade também cria ambiente mais sereno. Há um escudo.

Sem contar a qualidade. É claro que a ausência de Dudu, por exemplo, seria um duro golpe, mas não do tamanho da de Everton para Diego Aguirre pela falta de reposição. Com todos à disposição é possível armar o time em função de cada adversário.

Nada muito complicado: visita Atlético-MG, Paraná e Vasco e enfrenta Fluminense, América e Vitória em São Paulo. Com cinco pontos de vantagem sobre o Inter. Uma rodada e mais dois pontos. Fruto da campanha espetacular no returno até aqui: dez vitórias e três empates. Incríveis 85% de aproveitamento. Para perder o título teria que cair para 66% – ou seja, ganhar apenas 12 dos 18 que restam –  e o Internacional responder com 100%.

Se derrapar só não será mais vexatório que em 2009, quando o time comandado por Muricy Ramalho era favorito absoluto e perdeu até a vaga na Libertadores. Nada leva a crer que possa acontecer. Parece questão de tempo. A tendência é que a matemática faça seu serviço na antepenúltima ou penúltima rodada.

]]>
0
O que mudou no meio-campo do Flamengo com Willian Arão na vaga de Diego http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/30/o-que-mudou-no-meio-campo-do-flamengo-com-willian-arao-na-vaga-de-diego/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/30/o-que-mudou-no-meio-campo-do-flamengo-com-willian-arao-na-vaga-de-diego/#respond Tue, 30 Oct 2018 04:26:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5418

Foto: André Durão/Globoesporte.com

O Flamengo não conseguiu a vitória que contava para encostar de vez no Palmeiras e brigar pelo título brasileiro. Mas o Maracanã viu o time comandado por Dorival Júnior mais organizado, concentrado e intenso. Não se abateu com o gol de Dudu e podia ter virado na bola que Lucas Paquetá mandou na lua.

O crescimento passa inegavelmente pelo “fato novo”da mudança do comando, o olhar de alguém de fora que efetuou algumas correções na dinâmica de jogo – ainda que os rubro-negros tenham novamente exagerado nos cruzamentos e sofrido para ir às redes, mesmo finalizando muito, em um jogo grande. O desgaste também vem sendo menor com a dedicação exclusiva à principal competição nacional.

Mas um detalhe tático também ajuda a explicar a evolução coletiva. Dorival desfez o 4-1-4-1 com a ausência de Diego por lesão nas primeiras partidas e voltou ao 4-2-3-1 com a entrada de Willian Arão e o avanço de Paquetá, mais próximo de Uribe, centroavante que ganhou a vaga no ataque com o novo treinador.

Arão é um volante de chegada à frente. Um tanto disperso na marcação, com deficiências no jogo aéreo ofensivo e defensivo e que oscila muito na parte mental. Mas oferece ao time um passe mais vertical e, principalmente, sua capacidade de infiltração. Tanto por dentro quanto pela direita. Quando o canhoto Everton Ribeiro corta da direita para dentro, muitas vezes é Arão quem ataca o espaço às costas do lateral do oponente e chega ao fundo. Até porque Pará não tem a mesma velocidade e vigor que Rodinei nas ultrapassagens, embora defenda melhor.

Flagrante de Willian Arão recebendo de Everton Ribeiro e infiltrando às costas do lateral adversário. Pará dá o apoio por dentro. (Reprodução Premier)

Com isso as funções ficam mais definidas no meio-campo e mantém Paquetá avançado, sem correr pelo campo todo como nos tempos em que dividia a articulação com Diego. Fica mais focado, menos “peladeiro”. Defensivamente, Arão vem cobrindo os momentos em que Cuéllar sai à caça na intermediária do adversário. Antes se o colombiano não conseguisse o desarme ou cometesse a falha a última linha de defesa ficava totalmente exposta.

A principal mudança, porém, foi na circulação de bola ficou mais rápida, já que Arão sabe jogar tocando de primeira, enquanto Diego normalmente precisa dominar, girar, dar mais um toque e só então soltar a bola, o que atrasa muitos ataques.

Contra o Palmeiras, o time empatou com Diego na vaga de Arão. Até por necessidade. Mas a diferença foi Marlos Moreno, veloz e objetivo na vaga do lesionado Vitinho. A tendência é Dorival manter a estrutura inicial para a sequência da competição, começando pelo duelo contra o São Paulo no Morumbi.

Willian Arão não é craque, nem solução para um time que briga por grandes conquistas. Mas dentro de um elenco caro, porém desequilibrado, vai dando encaixe na maneira de jogar com Dorival Júnior. O tão sonhado título para encerrar a Era Bandeira de Mello ficou bem mais longe, mas é possível sonhar com o milagre nas últimas sete rodadas. Ou ao menos a vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2019.

No 4-2-3-1 armado por Dorival Júnior, Willian Arão é o volante que infiltra se juntando ao quarteto ofensivo, mas também volta para colaborar com Cuéllar (Tactical Pad).

]]>
0