mauriciobarbieri – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Desafio de Jorge Jesus é unir os pontos do que o Flamengo já fez de bom http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/27/desafio-de-jorge-jesus-e-unir-os-pontos-do-que-o-flamengo-ja-fez-de-bom/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/27/desafio-de-jorge-jesus-e-unir-os-pontos-do-que-o-flamengo-ja-fez-de-bom/#respond Thu, 27 Jun 2019 09:41:29 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6763

Foto: Alexandre Vidal/Site do Flamengo

Quando Jorge Jesus foi especulado e depois anunciado como novo treinador do Flamengo, sucedendo Abel Braga, este blog foi cauteloso na análise da contratação por dois motivos básicos: os trabalhos anteriores do profissional experiente servem como referência para avaliar o que o novo comandante pode fazer, mas o contexto do futebol brasileiro é muito particular. Ele provavelmente já sabe que terá que simplificar alguns processos e queimar etapas.

Ao mesmo tempo, pelo padrão de suas equipes, especialmente Benfica e Sporting, a possibilidade de contratação de jogadores com características específicas, particularmente um centroavante de maior força física para atuar na referência do ataque, é bem grande. Apesar de não ser um técnico adepto do jogo direto, com muitos lançamentos, é uma função importante em seu modelo de jogo.

Sem Cuéllar e De Arrascaeta, ainda envolvidos com a Copa América, é difícil vislumbrar um time base, mesmo considerando que este elenco deve rodar bastante para dar conta de Brasileiro e mais Libertadores e Copa do Brasil em afunilamento. Este que escreve também pensa que um meio-campista de área a área deveria ser tratado como prioridade por técnico e diretoria. Só Arão e Ronaldo podem não ser o suficiente para os duros confrontos que estão por vir.

Então no momento o que cabe é uma reflexão sobre o que esse “novo” Flamengo deve ter como meta na volta da temporada 2019 no Brasil. Desde o segundo semestre de 2015, com a chegada da dupla Paolo Guerrero/Emerson Sheik, o patamar de contratações mudou e, consequentemente, de expectativas também. Só que o tempo passou e nenhuma conquista relevante afirmou no futebol essa reabilitação do clube em termos de gestão.

Porque sempre faltou algo ao time. Quando havia peso e experiência no comando técnico, com mentalidade vencedora ao menos no discurso, faltou o conteúdo no campo – Muricy Ramalho, Paulo César Carpegiani, Abel Braga e pontualmente de Reinaldo Rueda. Com Zé Ricardo e Mauricio Barbieri, conceitos mais atuais, porém inexperiência natural de jovens treinadores na condução de um vestiário complexo e muita pressão externa, contrastando com um certo paternalismo na direção do futebol.

A solidez defensiva que faltou tantas vezes veio de onde menos se esperava: o interino Marcelo Salles optou por uma formação com Arão mais próximo de Cuéllar (ou Piris da Motta) e entregou a equipe sem sofrer gols. Fundamental na vitória sobre o Corinthians por 1 a 0 que garantiu a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil. Mais sete pontos no Brasileiro.

O trabalho mais completo, sem dúvida alguma, foi o de Dorival Júnior no final do ano passado. Mas dentro de um cenário muito particular: fim da gestão Bandeira de Mello, possibilidade de permanência apenas em caso de título brasileiro e só 12 jogos para duelar com o forte Palmeiras de Felipão. O Flamengo foi organizado, competitivo e teve posse de bola agressiva, sem “arame liso”. Venceu sete, empatou três e perdeu duas. 66% de aproveitamento.

A gestão de vestiário foi forte, peitando e colocando na reserva lideranças como os Diegos, Ribas e Alves. Mas a oscilação no aspecto mental pesou na derrota para o Botafogo, a despedida foi péssima com a fraca atuação diante do Athletico no Maracanã e ainda teve o chute na lua de Lucas Paquetá no confronto direto com os alviverdes. A dúvida que fica é se dentro de um contrato com prazo mais longo Dorival arriscaria tanto.

É evidente que não se exige de Jorge Jesus uma equipe perfeita. Ou melhor, os críticos da demissão de Abel e aqueles que torcem o nariz para estrangeiros treinando as principais equipes do país vão, sim, cobrar tudo do português. Mas o fato é que sempre houve um “gargalo” que impediu o time rubro-negro de alcançar o tão almejado título – cariocas à parte. Na técnica, na tática, no ânimo ou mesmo na gestão do futebol, permitindo, por exemplo, que o Fla chegasse a uma final de Copa do Brasil sem um goleiro confiável.

Cabe ao novo treinador juntar os pontos do que o Flamengo fez de bom nos últimos anos. É um desafio pela atmosfera muito particular do clube. A torcida quer tudo para ontem,  mas a base e o investimento são suficientes para tornar o time mais competitivo até o final de 2019. Vencedor ao menos em um dos campeonatos a disputar.

Com Rafinha, já integrado ao elenco e com a missão de cobrir uma carência de anos na lateral direita, além contribuir com sua experiência internacional. Provavelmente mais um zagueiro para jogar pela esquerda e um centroavante. Também Reinier, o jovem talento da base que pode ganhar oportunidades no meio-campo.

Conteúdo, qualidade, liderança, cobrança de profissionalismo, discurso forte e ambicioso. O Flamengo nunca pareceu tão pronto. Vejamos se passa da teoria à prática desta vez.

]]>
0
Clubes demitem técnicos porque falta convicção, não por força dos estaduais http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/23/clubes-demitem-tecnicos-porque-falta-conviccao-nao-por-forca-dos-estaduais/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/23/clubes-demitem-tecnicos-porque-falta-conviccao-nao-por-forca-dos-estaduais/#respond Tue, 23 Apr 2019 10:36:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6356

Foto: Marcelo Theobald/Agência O Globo

Alberto Valentim, Lisca e Mauricio Barbieri. Treinadores demitidos logo após as derrotas de Vasco, Ceará e Goiás, respectivamente, nas finais dos estaduais. Os três clubes se juntam a São Paulo, Atlético Mineiro, Chapecoense, Botafogo e Bahia como os da Série A que mudaram o comando técnico com a temporada chegando ao seu quarto mês.

Relevância dos torneios locais? Nem tanto. Observando caso a caso é possível notar a já habitual falta de convicção na hora de contratar ou manter a comissão técnica para o início do ano.

A começar por Claudinei Oliveira na Chape. “Gratidão” por ter mantido o clube na primeira divisão nacional, mas bastou uma oscilação e a surpreendente eliminação na primeira fase da Sul-Americana para o desconhecido Unión La Calera do Chile para o clube fazer a troca no comando com a chegada de Ney Franco.

O mesmo valeu para Levir Culpi no Atlético, Enderson Moreira no Bahia, Zé Ricardo no Botafogo, Lisca no Ceará e Valentim no Vasco. A direção não se sente segura para mudar de treinador quando é preciso alterar a meta. Então o “bombeiro” de ocasião se transforma em solução para o ano seguinte, muitas vezes sem ter a mesma qualidade para planejar a médio/longo prazo e montar o elenco.

Ainda assim, Levir caiu no Galo mais por conta da goleada sofrida na Libertadores para o Cerro Porteño que deixou o time praticamente sem condições de classificação, Zé Ricardo foi demitido pela eliminação na Copa do Brasil, o mesmo com Enderson na Copa do Nordeste. Já Valentim foi questionado no Vasco não só pelos reveses para o Flamengo, incluindo a final da Taça Rio contra os reservas rubro-negros, mas também por ter sido presa fácil para o Santos no torneio nacional de mata-mata.

Há também as apostas, treinadores escolhidos na base da tentativa e erro, na busca do “moderno”. Como André Jardine no São Paulo e Barbieri no Goiás. Jovens que precisam de respaldo e tempo, mas que entram na roda vida, no “vamos ver se dá certo”. Na maioria das vezes sem avaliar se as características dos atletas encaixam na visão de futebol do novo técnico. Difícil funcionar.

Aos poucos os clubes vão entendendo a necessidade de pensar a temporada e investir em trabalhos a longo prazo. Como os bem sucedidos Mano Menezes no Cruzeiro e Renato Gaúcho no Grêmio. Campeões em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas como partes de projetos mais ambiciosos. Não há outro caminho para quem pode investir.

Os estaduais causam demissões de técnicos porque os dirigentes só conseguem enxergar o jogo seguinte, o imediato. O Athletico bicampeão paranaense com a equipe sub-23 deveria ser referência. Poupa esforços para o que é importante e trata a competição menos relevante como um laboratório.

Em 2018 revelou Bruno Guimarães, Léo Pereira e Renan Lodi, além do técnico Tiago Nunes, sucessor do projeto abortado com Fernando Diniz. Campeões da Sul-Americana e agora destaques do time que enfiou 3 a 0 no Boca Juniors pela Libertadores. Pensando a temporada, não os primeiros meses para depois refazer tudo acreditando no tal “fato novo”.

O Brasileirão começa no fim de semana. Com novidades nos clubes que demitiram, mas também treinadores sustentados pela ilusão de um título que vira questão de honra pela rivalidade local, mas que quase ninguém lembra que conquistou em dezembro. Qual será a próxima vítima da máquina de moer do futebol brasileiro?

 

 

 

]]>
0
Os três grandes desafios e o maior obstáculo para Dorival no Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/30/os-tres-grandes-desafios-e-o-maior-obstaculo-para-dorival-no-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/30/os-tres-grandes-desafios-e-o-maior-obstaculo-para-dorival-no-flamengo/#respond Sun, 30 Sep 2018 12:58:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5286

Dorival Júnior foi anunciado oficialmente na sexta à noite, saiu de Florianópolis e chegou a Salvador na madrugada do sábado. Concedeu coletiva pela manhã e às 21h estava à beira do campo para comandar o Flamengo contra o Bahia.

O empate sem gols vai para as estatísticas como a sua estreia, mas o trabalho começa mesmo a partir de segunda. A missão é clara: onze jogos para tirar o time agora da quinta colocação do Brasileiro e entregar o título relevante esperado pela gestão Bandeira de Mello desde a Copa do Brasil 2013. Para isso há três grandes desafios e um enorme obstáculo, o maior de todos.

A primeira meta muito clara é tornar o time menos lento. Na transição defensiva a equipe até tem um comportamento interessante assim que perde a bola: pressiona e tenta retomá-la o mais rápido possível. Mas quando o adversário consegue sair dessa “blitz” a recomposição é vagarosa, deixando espaços generosos entre os setores.

Lento também na circulação da bola. O time valoriza a posse, mas troca passes sem muita objetividade. Porque como não acelera e arrisca para furar as linhas de marcação, quase sempre encontra o sistema defensivo do oponente bem postado e, na falta de espaços, toca, toca…abre no lateral e tome cruzamentos! O problema passa muito por Diego e Lucas Paquetá, que conduzem, driblam, mas na maior parte do tempo não soltam com a velocidade exigida no futebol atual.

Falta também uma referência de velocidade para os contragolpes. Como era Vinícius Júnior. O desafogo, o atacante que intimida a defesa adversária a acompanhar o avanço dos outros setores. Não é Vitinho, nem Marlos Moreno. Pode ser Berrío, incógnita pelo longo tempo de inatividade em função de uma grave lesão.

O outro grande desafio é transformar domínio em gols. O melhor desempenho da equipe na temporada foi o segundo tempo contra o Grêmio no jogo de ida pela Copa do Brasil. Mais de 70% de posse de bola, muito volume de jogo. Finalizações também, mas sem a chance cristalina. Porque é raro o ataque bem construído, com começo, meio e fim. A jogada trabalhada que chega ao fundo e serve o atacante bem posicionado. Acabamento perfeito: assistência e finalização. No Fla é raríssimo. Aconteceu no gol do Lincoln.

A queda pós-Copa do Mundo tem a ver com a ausência da joia que partiu para o Real Madrid, mas passa também pela maior dificuldade dos jogos. No returno a grande maioria já sabe qual é o seu objetivo no campeonato e as partidas ficam mais duras, disputadas. Os adversários entram em campo com a certeza de que o Flamengo vai se instalar no campo de ataque e tocar a bola. Negam os espaços para infiltração e exploram os espaços cedidos. A proposta de jogo exige mais eficiência no ataque.

A média de finalizações necessárias para fazer um gol no campeonato nem é tão alta: 9,1. Igual a do Internacional e abaixo apenas de São Paulo, Atlético Mineiro e Palmeiras. Mas em jogos grandes, parelhos é nítida a dificuldade para ir às redes.

O terceiro aspecto que precisa de uma melhora urgente é a força mental. O Flamengo é um time pressionado por torcida e boa parte da imprensa, mas carrega muitas frustrações recentes. Desde 2015, quando a capacidade de investimento aumentou, o clube conquistou apenas o Carioca de 2017. Só. As seguidas eliminações e derrotas em finais criaram um estigma de perdedor em boa parte do elenco.

Para piorar, a postura de Bandeira de Mello é de muito carinho e quase nenhuma cobrança. Não precisa fazer terrorismo, mas um elenco caro, com salários em dia e boas condições de trabalho, pode e deve entregar mais. Sem vitórias para respaldar, algumas lideranças ganharam poder para, por exemplo, manter Mauricio Barbieri como treinador. Exatamente porque o jovem profissional ficaria “refém” dos atletas e seria mais permissivo, assim como aconteceu com Zé Ricardo.

Na prática, os jogadores desanimam fácil nas partidas e se acomodam no dia a dia. Um cenário terrível para uma camisa pesada, com tanta história e visibilidade. Justamente o oposto dos momentos mais vencedores do clube.

O grande obstáculo para Dorival Júnior é o tempo. Dois meses para lidar com tantos problemas e ainda o cenário político conturbado por conta da eleição, com a situação desesperada pela glória no último instante para garantir a vitória do sucessor de Bandeira. Ainda que o treinador ganhe algumas semanas livres para recuperar e treinar parece pouco. A solução deve ser foco total no desempenho, blindar os jogadores do extra-campo e trabalhar jogo a jogo. Só metas a curto prazo, até porque o longo não existe.

Dorival terá que subverter o seu último trabalho, no São Paulo. Sofreu com os mesmos problemas no Morumbi e sucumbiu. O tempo fora do mercado pode ter ajudado a entender a sua cota de responsabilidade no fracasso. É preciso fazer diferente. A atuação ruim em Salvador, especialmente no primeiro tempo,  foi o choque de realidade que faltava. Agora é trabalhar para virar quase tudo do avesso e fazer história.

(Estatísticas: Footstats)

 

]]>
0
Corinthians e Cruzeiro: a cultura de vitória na final da Copa do Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/27/corinthians-e-cruzeiro-a-cultura-de-vitoria-na-final-da-copa-do-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/27/corinthians-e-cruzeiro-a-cultura-de-vitoria-na-final-da-copa-do-brasil/#respond Thu, 27 Sep 2018 03:13:42 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5270 O último campeão brasileiro e paulista. O último campeão da Copa do Brasil e mineiro. Os jogos de volta das semifinais do torneio mata-mata nacional foram parelhos, com momentos de pressão no final de Palmeiras e Flamengo, mesmo como visitantes.

Mas a cultura de vitória está na final da Copa do Brasil. Conceito subjetivo, mas que transmite confiança para quem conquista títulos e muitas vezes “encolhe” a perna dos jogadores da equipe que coleciona fracassos e sofre pressão. Exatamente o perfil atual dos derrotados, embora o Alviverde tenha taças mais recentes para ostentar. Só que depois de aumentar ainda mais o poder de investimento está devendo em resultados. Ao menos por enquanto.

Já o Corinthians sofre por restrições no orçamento e baixas seguidas no elenco e na comissão técnica. Mas se desta vez não encontrou forças para ser competitivo nos pontos corridos, especialidade nos últimos anos, chega na Copa do Brasil. Nove anos depois do terceiro e último título.

Em 2009 com Mano Menezes. Treinador na segunda final consecutiva, semifinalista em 2016. Com um Cruzeiro pragmático, que novamente não venceu o jogo de volta no Mineirão e vai se garantindo fora de casa. No 4-2-3-1 sólido, mas nem sempre constante. Péssima notícia para a volta contra o Boca Juniors pela Libertadores, mas carrega favoritismo para o bi e a sexta conquista do torneio nacional.

Porque o time de Jair Ventura foi inferior ao Flamengo nos 180 minutos. Mas teve eficiência em Itaquera, desde a bela inversão de Jadson, novamente jogando mais adiantado, que pegou Pará com Clayson e Danilo Avelar nas costas de Everton Ribeiro para abrir o placar.

Depois o jovem e promissor Pedrinho, que entrara na vaga de Clayson, decidiu no talento, com a ajuda da passividade no combate de Willian Arão e Trauco –  as surpresas de Mauricio Barbieri que adiantou Paquetá para jogar com Henrique Dourado e abriu Diego na ponta esquerda num 4-2-3-1 – e do sacrifício de Diego Alves para seguir em campo depois de uma lesão no primeiro tempo.

O gol rubro-negro foi contra, mais uma vez. De Henrique, desviando cruzamento de Pará. O lateral que acertou a trave no último ataque. A 11ª finalização rubro-negra contra seis do Corinthians – quatro a três no alvo.

No Mineirão a disputa foi mais econômica em conclusões: seis do Palmeiras, quatro do Cruzeiro. Também pelo excesso de ligações diretas e chutões – 45 do time mineiro, 30 dos visitantes. Roteiro esperado: Cruzeiro abrindo o placar na saída rápida, com Lucas Silva encontrando Barcos, que driblou Weverton e parecia encaminhar a classificação. Mas o gol de Felipe Melo, completando cobrança de escanteio, deixou tudo mais eletrizante até o final. O desfecho, porém, acaba com o sonho da “tríplice coroa” do Palmeiras de Luiz Felipe Scolari.

Porque os dois times mais vencedores do país nos últimos tempos, junto com o Grêmio, resistiram. Na fibra, no apoio de suas torcidas. Mas principalmente pela força mental de quem vem crescendo em momentos decisivos. Por isso mesmo devemos ter uma final imprevisível, até pela posição intermediária dos times no Brasileiro.

Foco total. O trabalho mais curto contra o mais longevo. Quem vai se impor?

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Vitória do Flamengo para encostar nos líderes e afirmar Paquetá no ataque http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/23/vitoria-do-flamengo-para-encostar-nos-lideres-e-afirmar-paqueta-no-ataque/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/23/vitoria-do-flamengo-para-encostar-nos-lideres-e-afirmar-paqueta-no-ataque/#respond Sun, 23 Sep 2018 21:03:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5242 O destaque do Flamengo na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético Mineiro no Maracanã foi Miguel Trauco. O lateral peruano aproveitou bem a oportunidade que ganhou de Maurício Barbieri, deixando Renê no banco, com duas assistências. No primeiro tempo com direito a caneta em Emerson Leite e passe para finalização precisa de Willian Arão. Depois a bola na cabeça de Lucas Paquetá que resolveu a partida.

Triunfo importante na 26ª rodada, com empates de São Paulo e Internacional. Com time alterado pelas ausências de Rodinei e Diego, mas encontrando soluções, inclusive pensando no duelo decisivo com o Corinthians em São Paulo pela semifinal da Copa do Brasil.

Barbieri pode e deve pensar em Paquetá no ataque, como centroavante. Assim ganhou as primeiras oportunidades consistentes nos tempos de Reinaldo Rueda no comando técnico. Finaliza bem, protege com técnica e inteligência e sua capacidade de reter a bola é mais útil na frente que entre as intermediárias. Foi bem como o meia central do 4-2-3-1 na falta de Diego, mas pode ser decisivo mais adiantado.

Já que Dourado, Uribe e o jovem Lincoln não conseguem se afirmar, é possível vislumbrar uma formação com a volta de Diego e Arão ou Piris da Motta, que não está inscrito na Copa do Brasil, no meio-campo. Ou trazer Everton Ribeiro para dentro e abrir Berrío ou Marlos Moreno pela direita. Vitinho é que parece ter perdido espaço ao errar tudo que tentou e ser substituído por Marlos, mesmo entrando na vaga de Matheus Sávio no intervalo.

O Flamengo ainda faz muita força para jogar e sofreu demais no jogo aéreo defensivo: além do gol de empate de Leonardo Silva ainda no primeiro tempo, em falha de Arão, a bola no travessão no último ataque do Galo. Teve 53% de posse, oito finalizações. Duas no alvo, os gols. Duas a menos que o time mineiro. O Atlético cresceu com Cazares no meio-campo e voltando ao 4-1-4-1. Faltou, porém, mais efetividade no ataque. Com a derrota deve lutar mesmo pela vaga no G-6.

Já o Fla define sua vida na semana. Se chegar à final da Copa do Brasil deve priorizar naturalmente o torneio e perder força na reta final do Brasileiro. Mas se ficar com apenas a competição por pontos corridos é possível tentar um “sprint” final. Com Paquetá na frente as chances aumentam.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Empate no clássico dos contrastes: Vasco surpreende, Fla é mais do mesmo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/15/empate-no-classico-dos-contrastes-vasco-surpreende-fla-e-mais-do-mesmo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/15/empate-no-classico-dos-contrastes-vasco-surpreende-fla-e-mais-do-mesmo/#respond Sun, 16 Sep 2018 00:34:41 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5220 Quando saiu a escalação do Vasco antes do clássico em Brasília foi difícil imaginar como os jogadores se distribuiriam em campo. A formação inusitada de Alberto Valentim, depois de sua primeira semana cheia para treinamentos, foi uma surpresa para Maurício Barbieri e seus comandados.

Na prática, um 4-3-1-2 com Maxi López na referência, Andrés Rios saindo da direita para dentro e abrindo o corredor para as descidas de Raul e Fabrício partindo da função de “enganche” e procurando o lado esquerdo para combinar com Ramon.

Foram 27 minutos de domínio cruzmaltino. Deixando a posse de bola para o Flamengo e chegando em velocidade, principalmente com Raul pela direita. Seis finalizações contra uma do rival. Duas chances claras com a dupla de ataque até Maxi disputar com Léo Duarte e a bola sobrar para Rios empurrar para as redes.

Só que a intensidade vascaína cobrou um preço ao longo do jogo: a resistência física foi acabando para jogadores que não tinham uma sequência de partidas e o Flamengo foi adiantando as linhas e rondando mais a área do oponente.

Só que o time rubro-negro talvez seja o mais lento da Série A brasileira. Não só pela ausência de Vinicius Júnior, a referência de velocidade no bom momento até a parada para a Copa do Mundo, mas principalmente pela morosidade para circular a bola e acelerar o jogo com passes para frente quebrando as linhas de marcação do adversário.

Paradoxalmente acabou melhorando com a expulsão de Diego. Mas o gol de empate logo após o cartão vermelho para o camisa dez não teve nenhuma relação com a mudança. Mais um dos muitos cruzamentos de Pará, infelicidade de Luiz Gustavo para ajudar um ataque nada contundente.

Mas com Berrío e Arão nas vagas de Vitinho e Uribe, Paquetá foi para a referência na frente e o Fla passou a dar sequência às jogadas e criar mais perigo para a meta de Martín Silva. Valentim fez as três substituições para reoxigenar seu time, mas perdeu Bruno Silva num choque que tirou o jogador numa ambulância que precisou ser empurrada (!). Com dez para cada lado, restou ao Vasco lutar com Máxi López. Impressionante como o argentino consegue levar vantagem nas típicas disputas de centroavante com os zagueiros. Podia ter feito o gol da vitória.

Foram 16 finalizações para cada lado – sete do Vasco no alvo, uma a mais que o Fla, novamente o dono da bola: 58% de posse.De novo exagerando nos cruzamentos, com 40 bolas levantadas. Muita esforço, pouca efetividade. Mais do mesmo, tendência de se afastar de vez da busca pelo título. Se o Atlético Mineiro vencer o clássico contra o Cruzeiro reserva, o Flamengo terá mais um concorrente se aproximando.

Outro empate no duelo entre desiguais que se equilibra no campo com seus contrastes. Alberto Valentim foi arrojado e alcançou seu primeiro ponto. Mas a luta para seguir na Série A, com vitórias na semana de Chapecoense e Ceará, será duríssima. Pode terminar a 25ª rodada em penúltimo lugar. Vem mais um drama por aí.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Jogaço no Mineirão deixa lições importantes para Cruzeiro e Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/30/jogaco-no-mineirao-deixa-licoes-importantes-para-cruzeiro-e-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/30/jogaco-no-mineirao-deixa-licoes-importantes-para-cruzeiro-e-flamengo/#respond Thu, 30 Aug 2018 03:14:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5141 Ao escalar titulares no empate com o América no Brasileiro parecia que o Flamengo tinha jogado a toalha na Libertadores, estabelecido as outras competições como prioridades e poderia até poupar titulares no Mineirão.

Engano. A única mudança de Maurício Barbieri foi uma experiência para tentar compensar a grave carência no centro do ataque: Marlos Moreno na vaga de Henrique Dourado, mas com Vitinho atuando mais adiantado no 4-1-4-1. Complicado testar em uma partida decisiva, mas o jogo mostrou ser absolutamente compreensível.

O fato é que mesmo com a vitória por 1 a 0 e a bela atuação coletiva, falta “punch” ao time rubro-negro. Termo que vem do boxe que significa a capacidade de encaixar golpes e derrubar o oponente. É uma equipe que precisa de muito volume de jogo e posse de bola para finalizar e muitas conclusões para ir às redes.

Tentou com Vitinho na frente e no final com Dourado e mais Lincoln e Geuvânio. Foram nove finalizações, mesmo com 58% de posse. Apenas duas no alvo. Gol só na bola parada, com Léo Duarte. Novamente o ataque ficou devendo. Foi o que pesou.

Melhor para o Cruzeiro, que deve lamentar a derrota mais pelas chances cristalinas perdidas. Especialmente de Barcos e Thiago Neves. Pararam em Diego Alves. Difícil entender a opção por Barcos deixando Raniel na reserva. Foram apenas oito finalizações, três no alvo. Mesmo considerando o contexto da vantagem obtida no Maracanã, a atuação no aspecto ofensivo ficou devendo.

Já defensivamente, no 4-2-3-1 habitual, mais uma vez foi sólido e organizado. Principalmente pela estratégia de pressionar Diego e Lucas Paquetá, meio-campistas que notoriamente prendem a bola e quase sempre precisam dominar e girar para decidir a jogada, assim que a bola chegava. Vários botes certos sobre os dois entre os 25 desarmes corretos do time celeste.

O desempenho geral, porém, é preocupante se pensarmos na reta final da temporada se o time precisar reverter desvantagem em casa. Mano Menezes é pragmático e tem a conquista da Copa do Brasil no ano passado como crédito, mas aconteceu também contra o Santos no torneio nacional, só decidindo nos pênaltis. Flertar com o perigo constantemente pode terminar bem mal.

Já a trajetória do Fla na competição sul-americana termina sem grandes traumas, mas deixando claro novamente que depende demais dos titulares. Faltou Paquetá no Maracanã e o desempenho caiu vertiginosamente. O elenco não consegue encontrar respostas no mais alto nível.

O saldo final é de copo meio cheio para ambos. O Cruzeiro pelo resultado, o Flamengo pelo desempenho considerando que a expectativa por classificação era baixa. Mas o jogaço deixa lições e exige atenção para tentar finalizar 2018 com algum título.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
São Paulo e Internacional sofrem com a “síndrome do favoritismo” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/27/sao-paulo-e-internacional-sofrem-com-a-sindrome-do-favoritismo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/27/sao-paulo-e-internacional-sofrem-com-a-sindrome-do-favoritismo/#respond Mon, 27 Aug 2018 10:42:50 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5122 Quantas vezes você já ouviu logo após alguma conquista ou grande vitória no futebol brasileiro um jogador ou treinador, ainda na emoção e adrenalina do triunfo, falar que “ninguém acreditava na gente, mas trabalhamos quietinhos e está aí o resultado!” ou coisa parecida?

É muito comum porque faz parte da nossa cultura. Dos cinco títulos mundiais da seleção brasileira, a rigor, apenas o de 1962 foi com o favoritismo da conquista de 1958 e da base mantida. Ainda assim, teve que superar o abalo da perda de Pelé por lesão no Mundial do Chile.

Ser zebra é cômodo, não traz grandes responsabilidades. O trabalho motivacional tem um alvo fácil: “eles”, os que não acreditam e menosprezam. Mais fácil mobilizar, manter todos concentrados. Até uma raiva no limite certo colabora para competir mais forte.

No cenário do favoritismo só há exigências. De resultados e, na maioria das vezes, de espetáculo. Uma cobrança estética que é inviável por aqui pela falta de continuidade dos trabalhos, as constantes mudanças no elenco e a saída para o exterior dos mais talentosos ou que estejam se destacando.

São Paulo e Internacional não podiam ser considerados favoritos antes do Brasileiro. Até o Flamengo era uma incógnita, pela perda do Carioca e a demissão de Paulo César Carpegiani, sucedido pelo jovem Maurício Barbieri. O rubro-negro acabou surpreendendo nas primeiras doze rodadas antes da Copa do Mundo. Mesmo com alto investimento, a liderança conquistada com bom desempenho era inesperada.

Bastou retornar com o peso da expectativa, associada à saída de Vinícius Júnior para o Real Madrid e alimentada pela galhofa da torcida com o mantra “Segue o líder!”, para o rendimento cair. Com o “agosto negro” emendando partidas da Série A com Libertadores e Copa do Brasil, o desgaste completou o serviço.

Subiu o São Paulo e, no “vácuo”, o Internacional. Dedicados apenas ao Brasileirão, se transformaram nos times a serem batidos. Responsabilidade desconfortável mesmo para clubes grandes, porém com torcidas sofridas e sem grandes expectativas a curto prazo. De repente todos os holofotes estavam virados para a dupla de redivivos.

Junte a isso os modelos de jogo de Diego Aguirre e Odair Hellmann mais voltados para o controle de espaços, marcação com intensidade e saídas para o ataque em velocidade e temos duas equipes que sofrem quando precisam ocupar o campo de ataque e criar. Sem contar a instabilidade emocional e a insegurança para se impor.

Mais uma vez, o paradoxo: os resultados são construídos de uma maneira até a equipe alcançar o topo. Uma vez lá, para mantê-los é preciso mudar o estilo. O contexto exige, com adversários fechados. Agora o “franco atirador” está do outro lado.

Não por acaso o São Paulo empatou com o Paraná fora de casa e sofreu para vencer o Ceará no Morumbi. Nem jogou mal, apesar das 36 bolas levantadas na área do oponente, mas a dificuldade imposta, mesmo por times lutando para se manter na primeira divisão, é maior. As virtudes e defeitos são mais estudados. Além disso, como estimular e mobilizar se agora todos respeitam e muitos até temem? Não há nada a superar quando se está no topo.

Ou mesmo perto dele. O Internacional encarou seu primeiro grande duelo dos seis que terá no Beira-Rio neste returno. Expectativa e favoritismo, até pela opção de Luiz Felipe Scolari de escalar um Palmeiras repleto de reservas no Brasileiro para priorizar os torneios de mata-mata. Para complicar, a pressão por conta da vitória do São Paulo no jogo das 11h.

Resultado: um time tenso e ainda mais travado pela postura ofensiva do visitante, que finalizou 15 vezes contra oito, mesmo com apenas 42% de posse de bola. O Colorado hesitou quando mais se esperava dele. Talvez a ansiedade pela busca de um título que não vem desde 1979 justamente no ano da volta do inferno da Série B tenha pesado. Mas a partir de agora, já escaldado e sem preocupar tanto os adversário, é possível que as partidas ganhem menos peso.

Porque o favoritismo joga contra, ainda mais nos pontos corridos. No mata-mata há a imprevisibilidade, a chance do time menos poderoso se impor em casa ou surpreender fora. Na liga quem está na frente passa a ser tratado como a referência.

Repare nos últimos campeões: o Corinthians era chamado de “quarta força” em 2017, mas quando disparou na ponta sofreu contra equipes menores, principalmente em casa, pela obrigação de atacar. A vitória chave, sobre o Palmeiras, veio quando o time, mesmo ainda na primeira colocação, foi tratado como “zebra” por conta má fase. Fabio Carille mexeu no time, voltou a unir todos em torno de um “inimigo” e o triunfo no clássico encaminhou o hepta.

No ano anterior, o Palmeiras de Cuca liderava, mas parecia o azarão com o Flamengo atraindo toda atenção para si com o papo do “cheirinho”. Justamente o que manteve todos no Alviverde ligados e sem dar chance ao azar. Com a conquista e o aumento de investimento no elenco, mudou de patamar e, pressionado, não venceu mais nada.

Voltando à exigência por espetáculo, curioso observar que com Roger Machado havia uma cobrança por um estilo vistoso que não se vê com a volta de Felipão. Agora é futebol de resultados e só. Com menos pressão é possível pensar em novas conquistas.

Veja o Flamengo. Quando Eduardo Bandeira de Mello assumiu em 2013, a promessa era de títulos em dois anos, depois de equacionar dívidas e aumentar as receitas. Pois foi justamente no primeiro ano, com o elenco que foi possível montar dentro da austeridade financeira, que veio o único título nacional desta gestão: a Copa do Brasil. Desacreditado e arrancando na reta final. Agora, com uma contratação de impacto por ano desde 2015, o Fla coleciona fracassos no mais alto nível.

Por aqui vale muito o dito popular “quem tudo quer nada tem”. Mais fácil fingir que não pode, fazer o papel de coitadinho. Antes São Paulo e Internacional podiam blefar, agora não têm para onde correr. É preciso conviver e saber lidar com a “síndrome do favoritismo” tipicamente brasileira. Na segunda rodada do returno, o tricolor do Morumbi se saiu melhor e aumentou a vantagem na liderança.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

]]>
0
Flamengo volta a se aproximar do topo, mas ainda faz força demais pra jogar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/23/flamengo-volta-a-se-aproximar-do-topo-mas-ainda-faz-forca-demais-pra-jogar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/23/flamengo-volta-a-se-aproximar-do-topo-mas-ainda-faz-forca-demais-pra-jogar/#respond Fri, 24 Aug 2018 00:50:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5110 Era jogo para goleada. Um Vitória sem confiança, agora sob o comando de Paulo César Carpegiani, no Maracanã com ótimo público mais uma vez. Time completo, Vitinho mais à vontade. Muito volume de jogo na maior parte do tempo.

Posse de bola de 68%, 25 desarmes corretos, quatro interceptações certas. Total de 15 finalizações, sete corretas. Mas apenas 1 a 0 no placar, gol de Diego no final do primeiro tempo. Meia que sempre rende mais atuando adiantado, entrando na área adversária. Mas no 4-1-4-1 montado por Mauricio Barbieri, o jogador de 33 anos participa da articulação, recua, pressiona a saída de bola do oponente. Ocupa um espaço grande de campo e se desgasta muito. Ainda mais quando prende a bola, conduz, gira. Ou seja, faz muita força para jogar.

Assim como todo a equipe. Em várias partidas precisa de um domínio muito amplo para vencer. A relação gol/finalização nem é tão ruim, só fica atrás de São Paulo, Atlético Mineiro e Palmeiras no Brasileiro. São oito conclusões para ir às redes. Mas para concluir tem que rodar muito a bola. Não por acaso é o segundo em posse, com média de 55%, atrás apenas do Grêmio.

Em jogos mais parelhos, especialmente fora de casa, nem sempre será possível impor esse domínio absoluto. Aconteceu no segundo tempo contra o Grêmio em Porto Alegre na Copa do Brasil. E mesmo lá, não fosse a finalização precisa de Lincoln no último ataque o Fla teria saído com derrota. Ou seja, falta contundência.

Mais uma vez o ataque não foi eficiente para abrir uma vantagem de dois ou três gols e depois administrar, dosando as energias. Henrique Dourado e Lucas Paquetá perderam chances cristalinas, uma em cada tempo. O Vitória finalizou quatro vezes, uma na direção da meta de Diego Alves. A de Lucas Fernandes, infiltrando no setor de Renê, normalmente o mais frágil defensivamente. Chute cruzado que o goleiro salvou. Podia ter sido o empate.

Final tenso, desgaste emocional e físico que se acumula na temporada. Quase nunca o jogo é tranquilo. Mesmo com Everton Ribeiro jogando muito bem, saindo da direita para pensar e articular, tocando fácil. Falta a fluência com começo, meio e fim das ações ofensivas com a bola terminando nas redes.

Uma solução seria adiantar Diego. Ideia deixada de lado logo no início do Brasileiro para que Paquetá tivesse mais liberdade e Cuéllar atuasse mais fixo à frente da defesa. Mas na falta de um exímio finalizador, ter um meia que conclui bem mais perto do centroavante pode ser um detalhe que muda um jogo ou mesmo um campeonato.

O Flamengo só não pode seguir correndo riscos desnecessários em jogos controlados. Nem ser presa fácil quando o adversário não permite um domínio tão grande. A conta vem sendo alta na volta da parada para a Copa do Mundo. Ainda que os três pontos façam a equipe voltar a se aproximar do líder São Paulo.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Gritaria por convocação de Paquetá se explica: Flamengo só tem os titulares http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/19/gritaria-por-convocacao-de-paqueta-se-explica-flamengo-so-tem-os-titulares/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/19/gritaria-por-convocacao-de-paqueta-se-explica-flamengo-so-tem-os-titulares/#respond Sun, 19 Aug 2018 16:47:29 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5092 Após o anúncio na sexta-feira da convocação de Lucas Paquetá para a seleção brasileira, alguma alegria pelo reconhecimento do talento do jovem meio-campista. Mas muito mais gritaria no Flamengo. Torcedores, jornalistas-torcedores e o próprio presidente Eduardo Bandeira de Mello fizeram um escândalo por conta da ausência do jogador em partidas importantes do clube durante o período em que ficar à disposição de Tite.

Tudo por causa de apenas um jogador convocado. Como Dedé no Cruzeiro, Fagner no Corinthians e outros. Numa data FIFA, oportunidade que a seleção tem de se reunir. No início do ciclo pensando em 2022. Contra Estados Unidos e El Salvador, sim. Qual seleção no mundo só enfrenta adversários de grande porte durante quatro anos?

Os questionamentos sobre o modus operandi da CBF na gerência da seleção brasileira através de uma empresa que promove os amistosos e o calendário inchado pelos estaduais que obriga os times a jogarem em datas FIFA são legítimos. E não são novos. E o Flamengo e outros clubes pouco fazem para modificar, no caso do calendário.

Mas estava claro que a revolta era pela ausência de um jogador importante. Porque não há reposição à altura. Para ele e praticamente todo o time titular. O elenco rubro-negro é frágil e isto está cada vez mais claro. No melhor momento da equipe, antes da Copa do Mundo, o treinador Maurício Barbieri até conseguiu manter o bom rendimento com uma ou outra ausência importante.

Só que agora qualquer baixa ou opção por poupar alguns titulares para administrar o desgaste por jogos seguidos vem se tornando um problema grave. Porque os reservas não mantêm o nível e os titulares estão no limite do esgotamento. Físico e mental.

Na Arena da Baixada, o Atlético Paranaense em reconstrução, agora sob o comando de Tiago Nunes depois da saída de Fernando Diniz, precisou de 20 minutos para colocar intensidade, fazer 3 a 0 e depois administrar com alguma folga e oportunidades para ampliar. Marcinho deitou e rolou no setor de Rodinei e desta vez a jovem zaga formada por Léo Duarte e Thuler não teve desempenho nem proteção para evitar o pior contra Pablo e Raphael Veiga, outros destaques do time mandante.

Natural os jovens oscilarem. Paquetá cumpriu sua pior atuação nos últimos tempos. Muitos erros por desconcentração e um pouco de autossuficiência. Natural para um jovem já tão exaltado, ainda mais depois da convocação. O que se cobra é que ele tenha um time para sustentá-lo quando vem o jogo ruim. As contratações milionárias precisam assumir a responsabilidade.

Mas bastou Barbieri não contar com Diego Alves, Réver e Diego para o rendimento, que já não tem sido tão bom, cair bruscamente. Até Henrique Dourado fez falta pela enorme dificuldade de Uribe para manter a bola no ataque. O Flamengo teve 65% de posse e só chegou a 15 finalizações, uma a mais que o Atlético e oito no alvo, porque no segundo tempo o adversário apenas administrou a vantagem diminuindo um pouco o ritmo. A atuação coletiva no geral foi sofrível.

Por isso a histeria com a perspectiva da ausência de Paquetá. Porque o Fla só tem o time titular. Ou seja, a formação que venceu o Grêmio no meio da semana. Ultrapassado por São Paulo e Internacional na tabela do Brasileiro, vai viver um dilema até o fim da temporada: exaurir os titulares até o limite ou poupar e sofrer pela queda de nível com os reservas? Para complicar, um treinador jovem para fazer escolhas complexas.

O futuro ficou bem duvidoso para o Flamengo.

]]>
0